SAPO

27-08-1999
marcar artigo

02 de Maio de 1999 / Autor: "Correio da Manhã" / Nacionais

Crimes violentos baixam 12 por cento "A criminalidade violenta e grave em Portugal desceu 12 por cento entre 1997 e 1998", afirmou ontem, numa cerimónia que decorreu no Centro Cultural de Belém, o ministro da Administração Interna. Na apresentação do Relatório Anual de Segurança Interna, documento agora tornado público e entregue à Assem-bleia da República, Jorge Coelho revelou também que a criminalidade global desceu 5,5 por cento quando comparados os dois anos em questão. A delinquência juvenil e os furtos de viaturas são os dois vectores da criminalidade que, segundo o documento, actualmente mais preocupam as autoridades. Por isso, em Junho e Julho, segundo o governante, PSP e GNR irão ver as suas fileiras engrossadas com mais dois mil homens.

De acordo com Jorge Coelho, os números da criminalidade registada no ano passado apresentam uma diminuição na maior parte dos casos quando comparados com 1997: "Houve menos 26 por cento de violações, os homicídios dolosos consumados reduziram em 11 por cento, foi anulado o crescimento das ofensas corporais graves, diminuiu em mais de 26 por cento o roubo por esticão - uma área que afecta bastante as pessoas e transmite forte sentimento de insegurança -, os assaltos a bancos baixaram 31 por cento, os crimes com engenhos explosivos foram escassos, houve menos 11 por cento de furtos em residências, uma forte diminuição de crimes com armas brancas e não há terrorismo no País."

O relatório apresenta dados conjuntos de todas as forças e serviços de segurança nacionais - PJ, GNR, PSP, SEF, Ministério Público e Autoridade Marítima - pelo que o governante não tem dúvidas em afirmar que melhorou a capacidade de acção das forças policiais, exemplificando: "Aumentaram as apreensões de droga, as detenções em flagrante delito, a investigação policial na criminalidade económico financeira, as acções de patrulhamento e a fiscalização do trânsito rodoviário. Além disso, deu-se também um aumento da recuperação de veículos furtados, a melhoria dos padrões de actuação policial, o aumento dos meios em instalações e viaturas, o maior crescimento da década com a formação de 6.100 novos agentes entre 1996 e 1998 e o aumento da comunicação de ocorrências." As excepções Apesar do quadro animador ontem apresentado por Jorge Coelho, alguns vectores da criminalidade continuam, à semelhança do Relatório de Segurança Interna do ano anterior, a merecer preocupações, aliás como o próprio ministro reconheceu: "Preocupa-nos muito a delinquência juvenil e grupal. Este tipo de criminalidade desacelerou nas grandes cidades, mas verifica-se uma tendência de transferência do centro para a periferia urbana. Por isso, essas áreas estão já a sofrer um reforço de policiamento e ainda terá mais, nomeadamente com o Corpo de Intervençao da PSP e com os Regimentos de Cavalaria e Infantaria da GNR."

O relatório revela igualmente que se deu um aumento do número de furtos de veículos - embora a taxa de carros recuperados também tenha aumentado - e o aumento conjuntural dos furtos em veículos, bem como "a manutenção de um elevado número de participações relacionadas com a conflitualidade interpessoal e intrafamiliar, particularmente pelas mulheres jovens, o que revela uma maior assunção dos seus direitos de cidadania".

O aumento dos condutores com uma taxa de alcoolemia superior à permitida - mais 2.537 casos detectados com uma taxa igual ou superior a 1,2 gramas por litro - é outra tendência que o Governo quer combater já ao longo do ano actualmente em curso.

O maior aumento, no entanto, registou-se nos roubos a motoristas de transportes públicos. Entre 1997 e 1998 este crime subiu qualquer coisa como 80,1 por cento, passando de 156 casos para 281.

O ministro Jorge Coelho minimizou de imediato o problema: "No primeiro trimestre deste ano o número de casos foi sustido devido às medidas drásticas tomadas pelas forças de segurança nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e à obrigatoriadade dos táxis passarem a ter pelo menos um mecanismo de segurança. A 'Carris' também implementou o sistema GPS - vigilância por satélite - na sua frota e os crimes contra motoristas de autocarros também já desceram."

O Relatório de Segurança Interna revela que em 1998 desceu a criminalidade económico financeira: "Registaram-se menos 10.351 ocorrências em crimes de emissão de cheques sem cobertura, abuso de confiança, falsificação de títulos de crédito ou valores selados e extorsão, esta última com menos 23 por cento de ocorrências. Em sinal contrário há a assinalar o aumento da falsificação e passagem de moeda falsa, embora estes casos tenham estado relacionados com a Expo'98 e incidido no distrito de Lisboa. Vamos tentar criar formas de controlar com maior rigor o uso de máquinas fotocopiadoras de grande qualidade, pois a maioria da moeda falsa foi produzida através deste sistema", concluiu Jorge Coelho. 'Afirmações gratuitas' O Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata, força política mais representativa da oposição, já fez saber que o relatório apresentado pelo Governo escamoteia a realidade da criminalidade no País. Segundo Carlos Encarnação, deputado do PSD, o relatório foi elaborado com base em critérios estatísticos novos e que, por isso, não pode ser comparado com os relatórios de anos anteriores, pelo que o ministro Jorge Coelho terá feito "afirmações gratuitas".

"Entre os relatórios de 1995 e 1997, feitos todos da mesma forma, assistiu-se a uma subida assustadora de toda a criminalidade. O relatório agora apresentado foi feito com outros critérios e, por isso, não pode ser comparado com nenhum outro, sob pena de se estarem a manipular números", afirmou ao Correio da Manhã Carlos Encarnação.

De acordo com este deputado, o ministro "não tem razões para estar contente pois a situação criminal permanece negra".

"Continuam a existir 24,4 por cento de crimes contra as pessoas, quando na Europa esse número é muito inferior. Vários estudos revelaram já que 68 por cento dos portugueses acha a segurança pior. Dos 16 mil polícias que deviam ter sido formados para suprir necessidades só 6.100 é que preencheram os quadros da PSP e GNR, pelo que não há mais polícias na rua. O ministro esqueceu-se de falar no aumento da violência contra os taxistas e da delinquência juvenil. A violência contra os polícias também aumentou. Enfim, o senhor ministro é muito bom a fazer propaganda, mas pouco eficaz no combate à criminalidade", concluiu Carlos Encarnação. Carlos Tomás

Envie esta notícia a um amigo. Especifique o seu nome e o E-Mail de destino.

Nome: E-Mail: Voltar à listagem de notícias

02 de Maio de 1999 / Autor: "Correio da Manhã" / Nacionais

Crimes violentos baixam 12 por cento "A criminalidade violenta e grave em Portugal desceu 12 por cento entre 1997 e 1998", afirmou ontem, numa cerimónia que decorreu no Centro Cultural de Belém, o ministro da Administração Interna. Na apresentação do Relatório Anual de Segurança Interna, documento agora tornado público e entregue à Assem-bleia da República, Jorge Coelho revelou também que a criminalidade global desceu 5,5 por cento quando comparados os dois anos em questão. A delinquência juvenil e os furtos de viaturas são os dois vectores da criminalidade que, segundo o documento, actualmente mais preocupam as autoridades. Por isso, em Junho e Julho, segundo o governante, PSP e GNR irão ver as suas fileiras engrossadas com mais dois mil homens.

De acordo com Jorge Coelho, os números da criminalidade registada no ano passado apresentam uma diminuição na maior parte dos casos quando comparados com 1997: "Houve menos 26 por cento de violações, os homicídios dolosos consumados reduziram em 11 por cento, foi anulado o crescimento das ofensas corporais graves, diminuiu em mais de 26 por cento o roubo por esticão - uma área que afecta bastante as pessoas e transmite forte sentimento de insegurança -, os assaltos a bancos baixaram 31 por cento, os crimes com engenhos explosivos foram escassos, houve menos 11 por cento de furtos em residências, uma forte diminuição de crimes com armas brancas e não há terrorismo no País."

O relatório apresenta dados conjuntos de todas as forças e serviços de segurança nacionais - PJ, GNR, PSP, SEF, Ministério Público e Autoridade Marítima - pelo que o governante não tem dúvidas em afirmar que melhorou a capacidade de acção das forças policiais, exemplificando: "Aumentaram as apreensões de droga, as detenções em flagrante delito, a investigação policial na criminalidade económico financeira, as acções de patrulhamento e a fiscalização do trânsito rodoviário. Além disso, deu-se também um aumento da recuperação de veículos furtados, a melhoria dos padrões de actuação policial, o aumento dos meios em instalações e viaturas, o maior crescimento da década com a formação de 6.100 novos agentes entre 1996 e 1998 e o aumento da comunicação de ocorrências." As excepções Apesar do quadro animador ontem apresentado por Jorge Coelho, alguns vectores da criminalidade continuam, à semelhança do Relatório de Segurança Interna do ano anterior, a merecer preocupações, aliás como o próprio ministro reconheceu: "Preocupa-nos muito a delinquência juvenil e grupal. Este tipo de criminalidade desacelerou nas grandes cidades, mas verifica-se uma tendência de transferência do centro para a periferia urbana. Por isso, essas áreas estão já a sofrer um reforço de policiamento e ainda terá mais, nomeadamente com o Corpo de Intervençao da PSP e com os Regimentos de Cavalaria e Infantaria da GNR."

O relatório revela igualmente que se deu um aumento do número de furtos de veículos - embora a taxa de carros recuperados também tenha aumentado - e o aumento conjuntural dos furtos em veículos, bem como "a manutenção de um elevado número de participações relacionadas com a conflitualidade interpessoal e intrafamiliar, particularmente pelas mulheres jovens, o que revela uma maior assunção dos seus direitos de cidadania".

O aumento dos condutores com uma taxa de alcoolemia superior à permitida - mais 2.537 casos detectados com uma taxa igual ou superior a 1,2 gramas por litro - é outra tendência que o Governo quer combater já ao longo do ano actualmente em curso.

O maior aumento, no entanto, registou-se nos roubos a motoristas de transportes públicos. Entre 1997 e 1998 este crime subiu qualquer coisa como 80,1 por cento, passando de 156 casos para 281.

O ministro Jorge Coelho minimizou de imediato o problema: "No primeiro trimestre deste ano o número de casos foi sustido devido às medidas drásticas tomadas pelas forças de segurança nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e à obrigatoriadade dos táxis passarem a ter pelo menos um mecanismo de segurança. A 'Carris' também implementou o sistema GPS - vigilância por satélite - na sua frota e os crimes contra motoristas de autocarros também já desceram."

O Relatório de Segurança Interna revela que em 1998 desceu a criminalidade económico financeira: "Registaram-se menos 10.351 ocorrências em crimes de emissão de cheques sem cobertura, abuso de confiança, falsificação de títulos de crédito ou valores selados e extorsão, esta última com menos 23 por cento de ocorrências. Em sinal contrário há a assinalar o aumento da falsificação e passagem de moeda falsa, embora estes casos tenham estado relacionados com a Expo'98 e incidido no distrito de Lisboa. Vamos tentar criar formas de controlar com maior rigor o uso de máquinas fotocopiadoras de grande qualidade, pois a maioria da moeda falsa foi produzida através deste sistema", concluiu Jorge Coelho. 'Afirmações gratuitas' O Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata, força política mais representativa da oposição, já fez saber que o relatório apresentado pelo Governo escamoteia a realidade da criminalidade no País. Segundo Carlos Encarnação, deputado do PSD, o relatório foi elaborado com base em critérios estatísticos novos e que, por isso, não pode ser comparado com os relatórios de anos anteriores, pelo que o ministro Jorge Coelho terá feito "afirmações gratuitas".

"Entre os relatórios de 1995 e 1997, feitos todos da mesma forma, assistiu-se a uma subida assustadora de toda a criminalidade. O relatório agora apresentado foi feito com outros critérios e, por isso, não pode ser comparado com nenhum outro, sob pena de se estarem a manipular números", afirmou ao Correio da Manhã Carlos Encarnação.

De acordo com este deputado, o ministro "não tem razões para estar contente pois a situação criminal permanece negra".

"Continuam a existir 24,4 por cento de crimes contra as pessoas, quando na Europa esse número é muito inferior. Vários estudos revelaram já que 68 por cento dos portugueses acha a segurança pior. Dos 16 mil polícias que deviam ter sido formados para suprir necessidades só 6.100 é que preencheram os quadros da PSP e GNR, pelo que não há mais polícias na rua. O ministro esqueceu-se de falar no aumento da violência contra os taxistas e da delinquência juvenil. A violência contra os polícias também aumentou. Enfim, o senhor ministro é muito bom a fazer propaganda, mas pouco eficaz no combate à criminalidade", concluiu Carlos Encarnação. Carlos Tomás

Envie esta notícia a um amigo. Especifique o seu nome e o E-Mail de destino.

Nome: E-Mail: Voltar à listagem de notícias

marcar artigo