expo

06-10-1999
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Bactéria, e não stress, foi a causadora de morte Tubarões do Oceanário morreram por doença DR Fernanda Ribeiro Uma infecção provocada por uma bactéria esteve na origem da morte dos tubarões do Oceanário. A zona já foi esterilizada e um biólogo partiu para os Estados Unidos para encontrar novos exemplares que possam viajar até Lisboa a tempo da abertura da Expo, a 22 de Maio. Afinal, o que esteve na origem da morte dos tubarões de pontas brancas do Oceanário de Lisboa foi mesmo uma doença, a vibriosis, provocada por uma bactéria que não é habitual ser causadora de morte para esta espécie de peixes, disse ao PÚBLICO Mark Smith, o director do departamento de biologia da Idea, a empresa responsável pelos conteúdos do Oceanário. "A vibriosis é uma doença comum nos peixes, mas não é habitualmente tão forte. E embora possa provocar a morte, é pouco usual que isso ocorra no caso de tubarões", explicou Mark Smith. Esta doença não afectou até agora outras espécies que já se encontram no Ocenanário, seja nos tanques de exibição, onde o público os vai ver, seja entre os exemplares que estão em quarentena, nos tanques de aclimatação. Aliás, explicou Mark Smith, nos tanques onde estavam os tubarões de pontas brancas que morreram, já haviam estado outras espécies de peixes, que não revelaram até aqui quaisquer sintomas de doença. E o mais pequeno tubarão que morreu estava no tanque central, onde se encontram também outras espécies de peixes que não foram atingidas. O director de biologia do Oceanário aguarda ainda o resultado de algumas análises feitas aos animais mortos, mas isso não deverá, em seu entender, alterar muito o diagnóstico já feito - que aponta como causa a vibriosis, uma doença provocada por uma bactéria, o vibrião, que faz parte da família das espiraláceas. Mark Smith explicou também quais os procedimentos que o aparecimento da doença implicou no Oceanário - medidas genericamente tomadas nestas circunstâncias. "Monitoriza-se o ambiente onde se encontram os animais e tenta-se melhorá-lo, nomeadamente reduzindo o stress". Mas, como "os sinais externos da doença apareceram tardiamente, quando se conseguiu apurar de que doença se tratava, e encontrar o antibiótico aplicável para a tratar, já foi tarde", disse Mark Smith, pois "infelizmente não se conseguiu impedir que vários exemplares morressem" - um número que é superior a três, mas que este biólogo não especificou. "O número não é o mais importante, pois basta que morra um para representar uma perda. Ora habitualmente há perdas quando se tenta fazer um aquário com os objectivos que este tem, que são educacionais e se prendem com a conservação da vida marinha", acrescentou este biólogo, que já esteve à frente do aquário de Barcelona e também do "Seaworld" na Austrália. Esterilização dos tanques Outro procedimento levado a cabo no Oceanário, mas já após a morte dos peixes, foi a esterilização dos tanques por onde haviam passado os tubarões de pontas brancas - um lote cuja proveniência Mark Smith não conseguiu especificar. "Penso que faziam parte de um lote vindo da Europa, eventualmente fornecido por outro país, mas para ser honesto não posso garantir qual seja a origem exacta. Porém, estes exemplares não eram seguramente da África do Sul, até porque os tubarões de pontas brancas são peixes tropicais, não aparecem naquela região", disse, referindo-se a uma informação incorrecta anteriormente prestada pela Parque Expo sobre a origem destes tubarões. O facto de só aquele lote ter sido afectado pela vibriosis leva a supor que aqueles exemplares já vinham doentes quando chegaram ao Oceanário. Mas, para Mark Smith "não é possível garantir que isso tenha acontecido", pelo que mantém-se também de pé a possibilidade de eles terem adoecido já em Lisboa. "Nunca é possível garantir que outros casos de doença não voltem a aparecer entre os peixes do Oceanário, mas para tentar evitar que isso aconteça é que está uma vasta equipa da Idea a trabalhar, em conjunto com equipas portuguesas". Além de biólogos especialistas em tubarões, em mamíferos, em aves e em invertebrados, a equipa da Idea, que inclui quase 30 pessoas, trabalha também com biólogos portugueses especializados na área dos elasmobrânquios (tubarões) existentes na costa de Portugal. Mas a área que aparentemente é mais frágil na introdução dos conteúdos no Oceanário é a da captura e fornecimento das espécies, como aliás o demonstra o facto de não ser conhecida com rigor a área de proveniência do lote de tubarões que adoeceram. Actualmente, várias espécies que vão povoar o Oceanário estão a fazer quarentena em instalações dos países e regiões de onde vêm, sejam eles os Estados Unidos, a África do Sul ou a Europa, explicou Mark Smith. À procura de novos tubarões nos EUA Nos Estados Unidos, encontra-se ainda João Pedro Correia, biólogo português que trabalha na equipa do Oceanário e que está, segundo Mark Smith, a tratar da substituição dos tubarões de pontas brancas que morreram. Além daquela espécie, o Oceanário terá outro tipo de tubarões, como o galhudo, o tubarão cinzento dos recifes, o tubarão sardo, o zorro e o marracho, entre outros. Até aqui, e desde que há quase ano e meio esta equipa da Idea está a trabalhar no Oceanário de Lisboa, os problemas surgidos na adaptação dos animais não se limitou apenas aos tubarões. Já há alguns meses atingiu também as primeiras aves marinhas trazidas para Lisboa, que morreram, tal como sucedeu a uma lontra do Alaska que acompanhava o casal de lontras (Amália e Eusébio) que actualmente se encontram de boa saúde no habitat do Pacífico. (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

Bactéria, e não stress, foi a causadora de morte Tubarões do Oceanário morreram por doença DR Fernanda Ribeiro Uma infecção provocada por uma bactéria esteve na origem da morte dos tubarões do Oceanário. A zona já foi esterilizada e um biólogo partiu para os Estados Unidos para encontrar novos exemplares que possam viajar até Lisboa a tempo da abertura da Expo, a 22 de Maio. Afinal, o que esteve na origem da morte dos tubarões de pontas brancas do Oceanário de Lisboa foi mesmo uma doença, a vibriosis, provocada por uma bactéria que não é habitual ser causadora de morte para esta espécie de peixes, disse ao PÚBLICO Mark Smith, o director do departamento de biologia da Idea, a empresa responsável pelos conteúdos do Oceanário. "A vibriosis é uma doença comum nos peixes, mas não é habitualmente tão forte. E embora possa provocar a morte, é pouco usual que isso ocorra no caso de tubarões", explicou Mark Smith. Esta doença não afectou até agora outras espécies que já se encontram no Ocenanário, seja nos tanques de exibição, onde o público os vai ver, seja entre os exemplares que estão em quarentena, nos tanques de aclimatação. Aliás, explicou Mark Smith, nos tanques onde estavam os tubarões de pontas brancas que morreram, já haviam estado outras espécies de peixes, que não revelaram até aqui quaisquer sintomas de doença. E o mais pequeno tubarão que morreu estava no tanque central, onde se encontram também outras espécies de peixes que não foram atingidas. O director de biologia do Oceanário aguarda ainda o resultado de algumas análises feitas aos animais mortos, mas isso não deverá, em seu entender, alterar muito o diagnóstico já feito - que aponta como causa a vibriosis, uma doença provocada por uma bactéria, o vibrião, que faz parte da família das espiraláceas. Mark Smith explicou também quais os procedimentos que o aparecimento da doença implicou no Oceanário - medidas genericamente tomadas nestas circunstâncias. "Monitoriza-se o ambiente onde se encontram os animais e tenta-se melhorá-lo, nomeadamente reduzindo o stress". Mas, como "os sinais externos da doença apareceram tardiamente, quando se conseguiu apurar de que doença se tratava, e encontrar o antibiótico aplicável para a tratar, já foi tarde", disse Mark Smith, pois "infelizmente não se conseguiu impedir que vários exemplares morressem" - um número que é superior a três, mas que este biólogo não especificou. "O número não é o mais importante, pois basta que morra um para representar uma perda. Ora habitualmente há perdas quando se tenta fazer um aquário com os objectivos que este tem, que são educacionais e se prendem com a conservação da vida marinha", acrescentou este biólogo, que já esteve à frente do aquário de Barcelona e também do "Seaworld" na Austrália. Esterilização dos tanques Outro procedimento levado a cabo no Oceanário, mas já após a morte dos peixes, foi a esterilização dos tanques por onde haviam passado os tubarões de pontas brancas - um lote cuja proveniência Mark Smith não conseguiu especificar. "Penso que faziam parte de um lote vindo da Europa, eventualmente fornecido por outro país, mas para ser honesto não posso garantir qual seja a origem exacta. Porém, estes exemplares não eram seguramente da África do Sul, até porque os tubarões de pontas brancas são peixes tropicais, não aparecem naquela região", disse, referindo-se a uma informação incorrecta anteriormente prestada pela Parque Expo sobre a origem destes tubarões. O facto de só aquele lote ter sido afectado pela vibriosis leva a supor que aqueles exemplares já vinham doentes quando chegaram ao Oceanário. Mas, para Mark Smith "não é possível garantir que isso tenha acontecido", pelo que mantém-se também de pé a possibilidade de eles terem adoecido já em Lisboa. "Nunca é possível garantir que outros casos de doença não voltem a aparecer entre os peixes do Oceanário, mas para tentar evitar que isso aconteça é que está uma vasta equipa da Idea a trabalhar, em conjunto com equipas portuguesas". Além de biólogos especialistas em tubarões, em mamíferos, em aves e em invertebrados, a equipa da Idea, que inclui quase 30 pessoas, trabalha também com biólogos portugueses especializados na área dos elasmobrânquios (tubarões) existentes na costa de Portugal. Mas a área que aparentemente é mais frágil na introdução dos conteúdos no Oceanário é a da captura e fornecimento das espécies, como aliás o demonstra o facto de não ser conhecida com rigor a área de proveniência do lote de tubarões que adoeceram. Actualmente, várias espécies que vão povoar o Oceanário estão a fazer quarentena em instalações dos países e regiões de onde vêm, sejam eles os Estados Unidos, a África do Sul ou a Europa, explicou Mark Smith. À procura de novos tubarões nos EUA Nos Estados Unidos, encontra-se ainda João Pedro Correia, biólogo português que trabalha na equipa do Oceanário e que está, segundo Mark Smith, a tratar da substituição dos tubarões de pontas brancas que morreram. Além daquela espécie, o Oceanário terá outro tipo de tubarões, como o galhudo, o tubarão cinzento dos recifes, o tubarão sardo, o zorro e o marracho, entre outros. Até aqui, e desde que há quase ano e meio esta equipa da Idea está a trabalhar no Oceanário de Lisboa, os problemas surgidos na adaptação dos animais não se limitou apenas aos tubarões. Já há alguns meses atingiu também as primeiras aves marinhas trazidas para Lisboa, que morreram, tal como sucedeu a uma lontra do Alaska que acompanhava o casal de lontras (Amália e Eusébio) que actualmente se encontram de boa saúde no habitat do Pacífico. (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

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