expo

06-10-1999
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Desorganização e atropelos na visita do príncipe Carlos "It's ridiculous" Fernanda Ribeiro Não se sabe que nota deu o príncipe de Gales a quem programou a sua visita à Expo, mas o certo é que ela provocou atropelos vários e trocas de galhardetes pouco polidas entre ingleses e portugueses. Além de ter levantado barreiras. "It's ridiculous", ou "it's tipically portuguese", ouviu-se dizer. Carlos, o príncipe sorriu, sempre. Foi uma visita algo confusa, em matéria de organização, a do Príncipe de Gales, ontem à Expo, e que só por pouco não deu origem a um incidente pouco diplomático, motivado pelo impedimento levantado a grande parte dos repórteres portugueses de acederem ao pavilhão do Reino Unido, um dos pontos do percurso do príncipe Carlos. Ao longo da visita, ouviram-se mesmo algumas trocas de galhardetes pouco polidos, entre britânicos e portugueses, que se culpavam mutuamente pela desorganização que reinava no programa estabelecido. "It's tipically portuguese", diziam uns, referindo-se à desorganização, ainda que a visita tenha sido programada pelos ingleses, de acordo com a Parque Expo. E à porta do pavilhão do Reino Unido, face ao bloqueio imposto à maioria dos repórteres portugueses, houve mesmo quem em português incitasse os jornalistas a ultrapassarem as baias, desrespeitando as imposições levantadas pelos ingleses. "Saltem portugueses, não sejam estúpidos". berrava uma mulher loura, indignada com a situação. Mas da parte dos representantes da comunicação social britânica, também se ouviam queixas, em particular dos que tinham a seu cargo a imagem, que reclamavam junto da responsável pela imprensa. "It's ridiculous", comentava esta responsável, atribuindo aos portugueses a confusão reinante. No entanto, segundo João Palmeiro, responsável da Parque Expo, todo o programa do príncipe Carlos esteve a cargo dos britânicos, tal como a alteração de percurso subitamente decidida a dada altura da visita, e os impedimentos levantados, que desagradaram a muitos repórteres e público do país anfitrião. Mas, a tudo isto, o príncipe de Gales pareceu estar alheio, ainda que algumas vaias se tenham ouvido ecoar quando Carlos estava prestes a abandonar o pavilhão do Reino Unido - um momento ansiosamente aguardado pelos repórteres fotográficos, que previam poder captar um bom boneco, mas que em que de novo houve atropelos, entre ingleses e portugueses. É que no exterior do pavilhão, provocatoriamente três actores do Natural Theatre Company - a companhia que sabiamente tem conseguido animar os visitantes da Expo - aguardavam o príncipe Carlos. Vestidos a rigor, mas trazendo vasos de flores no lugar das cabeças, os actores da Natural Theatre Company não intimidaram porém o príncipe, que mantendo um sorriso os cumprimentou, à saída, antes de seguir a pé, para o pavilhão da Utopia. Nesse percurso, embora àquela hora nem sequer estivesse muita gente na Expo, gerou-se de novo alguma precipitação. E entre os repórteres houve até quem se magoasse, ao cair, com as máquinas fotográficas e tudo, nos degraus do pavilhão da Utopia. Nessa altura, registou-se uma das poucas intervenções faladas que ontem se ouviram ao príncipe Carlos - além do discurso que pronunciou logo no início, no pavilhão de Portugal, na sessão de boas-vindas. A observação feita sobre a calçada portuguesa, um pavimento que, em conversa com o comissário-geral da Expo, o Príncipe de Gales disse achar muito bonito - ainda que provavelmente não tenha sido a primeira vez que o viu, pois já anteriormente se deslocara a Lisboa. Humor britânico Além de Torres Campos, acompanharam o príncipe, nesta sua visita à Expo, a ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, a quem por diversas vezes o herdeiro do trono britânico dirigiu a palavra. Que conversa terão trocado não foi possível apurar, mas no final, a ministra disse ter ficado com a sensação de que o príncipe era "uma pessoa muito simpática, comunicativa e bastante acessível". Já na sessão de boas-vindas, no pavilhão de Portugal, depois de ter assinado o livro de honra, o príncipe de Gales tentou dar uma nota de bom humor, referindo-se ao presente que Torres Campos lhe iria dar, um peixe em prata, ainda antes de ele lhe ser entregue, o que provocou gargalhada geral. "O presente que...ainda não me deu, mas que me irá dar... vai ser uma recordação duradoura do dia nacional da Grã-Bretanha", disse, antecipando também a entrega de uma "pequena" lembrança daquele país - um enorme quadro, com um mapa antigo da costa portuguesa. Já num tom mais sério, o príncipe de Gales elogiou a Expo e destacou os efeitos da Exposição Mundial no futuro de Lisboa, criando um novo subúrbio, um novo centro exposições e conferências e um novo centro de lazer. (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

Desorganização e atropelos na visita do príncipe Carlos "It's ridiculous" Fernanda Ribeiro Não se sabe que nota deu o príncipe de Gales a quem programou a sua visita à Expo, mas o certo é que ela provocou atropelos vários e trocas de galhardetes pouco polidas entre ingleses e portugueses. Além de ter levantado barreiras. "It's ridiculous", ou "it's tipically portuguese", ouviu-se dizer. Carlos, o príncipe sorriu, sempre. Foi uma visita algo confusa, em matéria de organização, a do Príncipe de Gales, ontem à Expo, e que só por pouco não deu origem a um incidente pouco diplomático, motivado pelo impedimento levantado a grande parte dos repórteres portugueses de acederem ao pavilhão do Reino Unido, um dos pontos do percurso do príncipe Carlos. Ao longo da visita, ouviram-se mesmo algumas trocas de galhardetes pouco polidos, entre britânicos e portugueses, que se culpavam mutuamente pela desorganização que reinava no programa estabelecido. "It's tipically portuguese", diziam uns, referindo-se à desorganização, ainda que a visita tenha sido programada pelos ingleses, de acordo com a Parque Expo. E à porta do pavilhão do Reino Unido, face ao bloqueio imposto à maioria dos repórteres portugueses, houve mesmo quem em português incitasse os jornalistas a ultrapassarem as baias, desrespeitando as imposições levantadas pelos ingleses. "Saltem portugueses, não sejam estúpidos". berrava uma mulher loura, indignada com a situação. Mas da parte dos representantes da comunicação social britânica, também se ouviam queixas, em particular dos que tinham a seu cargo a imagem, que reclamavam junto da responsável pela imprensa. "It's ridiculous", comentava esta responsável, atribuindo aos portugueses a confusão reinante. No entanto, segundo João Palmeiro, responsável da Parque Expo, todo o programa do príncipe Carlos esteve a cargo dos britânicos, tal como a alteração de percurso subitamente decidida a dada altura da visita, e os impedimentos levantados, que desagradaram a muitos repórteres e público do país anfitrião. Mas, a tudo isto, o príncipe de Gales pareceu estar alheio, ainda que algumas vaias se tenham ouvido ecoar quando Carlos estava prestes a abandonar o pavilhão do Reino Unido - um momento ansiosamente aguardado pelos repórteres fotográficos, que previam poder captar um bom boneco, mas que em que de novo houve atropelos, entre ingleses e portugueses. É que no exterior do pavilhão, provocatoriamente três actores do Natural Theatre Company - a companhia que sabiamente tem conseguido animar os visitantes da Expo - aguardavam o príncipe Carlos. Vestidos a rigor, mas trazendo vasos de flores no lugar das cabeças, os actores da Natural Theatre Company não intimidaram porém o príncipe, que mantendo um sorriso os cumprimentou, à saída, antes de seguir a pé, para o pavilhão da Utopia. Nesse percurso, embora àquela hora nem sequer estivesse muita gente na Expo, gerou-se de novo alguma precipitação. E entre os repórteres houve até quem se magoasse, ao cair, com as máquinas fotográficas e tudo, nos degraus do pavilhão da Utopia. Nessa altura, registou-se uma das poucas intervenções faladas que ontem se ouviram ao príncipe Carlos - além do discurso que pronunciou logo no início, no pavilhão de Portugal, na sessão de boas-vindas. A observação feita sobre a calçada portuguesa, um pavimento que, em conversa com o comissário-geral da Expo, o Príncipe de Gales disse achar muito bonito - ainda que provavelmente não tenha sido a primeira vez que o viu, pois já anteriormente se deslocara a Lisboa. Humor britânico Além de Torres Campos, acompanharam o príncipe, nesta sua visita à Expo, a ministra da Saúde, Maria de Belém Roseira, a quem por diversas vezes o herdeiro do trono britânico dirigiu a palavra. Que conversa terão trocado não foi possível apurar, mas no final, a ministra disse ter ficado com a sensação de que o príncipe era "uma pessoa muito simpática, comunicativa e bastante acessível". Já na sessão de boas-vindas, no pavilhão de Portugal, depois de ter assinado o livro de honra, o príncipe de Gales tentou dar uma nota de bom humor, referindo-se ao presente que Torres Campos lhe iria dar, um peixe em prata, ainda antes de ele lhe ser entregue, o que provocou gargalhada geral. "O presente que...ainda não me deu, mas que me irá dar... vai ser uma recordação duradoura do dia nacional da Grã-Bretanha", disse, antecipando também a entrega de uma "pequena" lembrança daquele país - um enorme quadro, com um mapa antigo da costa portuguesa. Já num tom mais sério, o príncipe de Gales elogiou a Expo e destacou os efeitos da Exposição Mundial no futuro de Lisboa, criando um novo subúrbio, um novo centro exposições e conferências e um novo centro de lazer. (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

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