Monteiro desiste da liderança

24-08-1999
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No «núcleo duro» do Caldas ainda houve quem tentasse demovê-lo, mas a discussão acabou por centrar-se na oportunidade em que este deveria tornar pública a sua saída, tendo ficado assente que só o faria no Conselho Nacional que convocasse o Congresso.

Agora, as únicas incertezas recaem apenas sobre se Monteiro vai ou não à assembleia magna que escolherá o seu sucessor e se, após o abandono, manterá ou não o seu assento na bancada parlamentar do PP.

Para o «núcleo duro» monteirista, a decisão de adiar a comunicação da demissão deve-se apenas à necessidade de evitar que o «partido entre em ruptura», já que foram vários os presidentes de distritais que, na reunião que se seguiu à da Directiva, ameaçaram sair se Monteiro se demitisse. A confirmarem-se as demissões em série, que obrigariam a eleições antecipadas para as estruturas locais antes do Congresso, o processo de convocação do mesmo poderia prolongar-se por meses.

«Nessa altura, das duas uma: ou Monteiro entregava a presidência do partido a uma comissão de gestão, o que era de todo evitável porque poderia pôr em risco o próprio partido, ou teria de manter-se vários meses numa situação pessoal e politicamente insustentável», disse ao EXPRESSO um membro do «núcleo duro».

Bancada sem líder

Entretanto, a findar o prazo para a entrega de candidaturas à liderança da bancada popular, ainda não há concorrentes para o lugar actualmente ocupado por Maria José Nogueira Pinto. E, aparentemente, o fim-de-semana não deverá trazer novidades.

Jorge Ferreira, que antecedeu no cargo a actual líder parlamentar e era um dos nomes apontados como eventual candidato, assume-se fora da corrida: «Não sou candidato nestas eleições para a liderança parlamentar». Também Luís Queiró, outro dos nomes falados, não mostra interesse em se apresentar à votação.

Assim, na reunião dos deputados populares, convocada por Nogueira Pinto para quarta-feira, se não existir qualquer candidato, a actual líder da bancada irá propor que esta seja «governada» transitoriamente por uma comissão composta por si e por outros dois deputados, recaindo a sua preferência em Luís Queiró e Ferreira Ramos.

Quanto às eleições para escolher o novo líder da bancada, ficariam adiadas para depois do Congresso. A solução não é partilhada por Jorge Ferreira que é contra o do adiamento do escrutínio, mas caso tal venha a acontecer considera que «a melhor solução» é que Nogueira Pinto assegure a liderança da bancada «até às novas eleições».

Já Luís Queiró afirma que irá esperar «tranquilamente pelo termo do prazo de apresentação de candidaturas», mas o EXPRESSO apurou que o deputado não estará inclinado a aceitar a sugestão de Nogueira Pinto para integrar uma «troika» para gerir o grupo até novas eleições.

E, em relação à situação que actualmente se vive na bancada, um deputado faz o paralelismo com a vivida em 1996, quando Ferreira esteve demissionário desde Outubro daquele ano até Janeiro de 97, altura em que Nogueira Pinto foi eleita, já depois de realizado o Congresso dos populares.

Lisboa discute resultados eleitorais

Sem revelar se vai ou não abandonar a liderança da distrital, Jorge Ferreira adiantou ao EXPRESSO que a reunião, que deverá ter lugar no próximo dia 21, tem por «objectivo proceder a uma análise, como mandam os estatutos, dos resultados eleitorais do distrito».

«Tudo o que eu penso dizer sobre isso, inclusive sobre o meu futuro na distrital, só o direi nessa assembleia, que é o local próprio», acrescentou Jorge Ferreira, que apenas garante que exercerá o seu mandato de deputado «até ao fim da legislatura».

No Porto, Álvaro Castelo Branco vai afastar-se da presidência da Concelhia do PP e deixou o líder da Distrital portuense com mais um problema nas vésperas de ser confrontado com uma moção de censura. Castelo Branco tomou a decisão de convocar eleições antecipadas logo a seguir às autárquicas, mas os militantes do Porto só souberam esta semana que haverá eleições no próximo dia 29.

Apesar desta decisão, Castelo Branco nega estar a preparar um golpe para derrubar Cervan, ao mesmo tempo que garante que apoiará o líder da Distrital nas guerras que se aproximam.

A moção de censura a Cervan parte do grupo de dissidentes da Concelhia do Porto e da Distrital, onde pontuam Carlos Abreu Amorim, Carla Teixeira Dias e Orlando Monteiro da Silva.

A Distrital do Porto fica assim dividida entre o grupo que gostaria de ver Paulo Portas liderar o PP, encabeçado por Sílvio Cervan, o grupo dos monteiristas, com Tomé Fernandes à frente, e a terceira via, dos dissidentes da equipa de Cervan e que agora gostariam de ver uma alternativa à solução Portas ou Monteiro na Direcção Nacional.

Elementos desta terceira via estão no centro de um grupo que se prepara para apresentar duas moções no Congresso Nacional. Este grupo é constituído por dirigentes locais e distritais do Porto, Braga e Vila Real, que se mostram desiludidos com a forma de funcionamento do partido.

A primeira moção é de estratégia e defende uma nova ideia de Direita. A segunda moção propõe uma nova revisão dos estatutos do partido, alegando que as regras em vigor têm prestado um mau serviço à organização interna do Partido Popular.

MÁRIO RAMIRES

com TERESA OLIVEIRA

e RICARDO JORGE PINTO

No «núcleo duro» do Caldas ainda houve quem tentasse demovê-lo, mas a discussão acabou por centrar-se na oportunidade em que este deveria tornar pública a sua saída, tendo ficado assente que só o faria no Conselho Nacional que convocasse o Congresso.

Agora, as únicas incertezas recaem apenas sobre se Monteiro vai ou não à assembleia magna que escolherá o seu sucessor e se, após o abandono, manterá ou não o seu assento na bancada parlamentar do PP.

Para o «núcleo duro» monteirista, a decisão de adiar a comunicação da demissão deve-se apenas à necessidade de evitar que o «partido entre em ruptura», já que foram vários os presidentes de distritais que, na reunião que se seguiu à da Directiva, ameaçaram sair se Monteiro se demitisse. A confirmarem-se as demissões em série, que obrigariam a eleições antecipadas para as estruturas locais antes do Congresso, o processo de convocação do mesmo poderia prolongar-se por meses.

«Nessa altura, das duas uma: ou Monteiro entregava a presidência do partido a uma comissão de gestão, o que era de todo evitável porque poderia pôr em risco o próprio partido, ou teria de manter-se vários meses numa situação pessoal e politicamente insustentável», disse ao EXPRESSO um membro do «núcleo duro».

Bancada sem líder

Entretanto, a findar o prazo para a entrega de candidaturas à liderança da bancada popular, ainda não há concorrentes para o lugar actualmente ocupado por Maria José Nogueira Pinto. E, aparentemente, o fim-de-semana não deverá trazer novidades.

Jorge Ferreira, que antecedeu no cargo a actual líder parlamentar e era um dos nomes apontados como eventual candidato, assume-se fora da corrida: «Não sou candidato nestas eleições para a liderança parlamentar». Também Luís Queiró, outro dos nomes falados, não mostra interesse em se apresentar à votação.

Assim, na reunião dos deputados populares, convocada por Nogueira Pinto para quarta-feira, se não existir qualquer candidato, a actual líder da bancada irá propor que esta seja «governada» transitoriamente por uma comissão composta por si e por outros dois deputados, recaindo a sua preferência em Luís Queiró e Ferreira Ramos.

Quanto às eleições para escolher o novo líder da bancada, ficariam adiadas para depois do Congresso. A solução não é partilhada por Jorge Ferreira que é contra o do adiamento do escrutínio, mas caso tal venha a acontecer considera que «a melhor solução» é que Nogueira Pinto assegure a liderança da bancada «até às novas eleições».

Já Luís Queiró afirma que irá esperar «tranquilamente pelo termo do prazo de apresentação de candidaturas», mas o EXPRESSO apurou que o deputado não estará inclinado a aceitar a sugestão de Nogueira Pinto para integrar uma «troika» para gerir o grupo até novas eleições.

E, em relação à situação que actualmente se vive na bancada, um deputado faz o paralelismo com a vivida em 1996, quando Ferreira esteve demissionário desde Outubro daquele ano até Janeiro de 97, altura em que Nogueira Pinto foi eleita, já depois de realizado o Congresso dos populares.

Lisboa discute resultados eleitorais

Sem revelar se vai ou não abandonar a liderança da distrital, Jorge Ferreira adiantou ao EXPRESSO que a reunião, que deverá ter lugar no próximo dia 21, tem por «objectivo proceder a uma análise, como mandam os estatutos, dos resultados eleitorais do distrito».

«Tudo o que eu penso dizer sobre isso, inclusive sobre o meu futuro na distrital, só o direi nessa assembleia, que é o local próprio», acrescentou Jorge Ferreira, que apenas garante que exercerá o seu mandato de deputado «até ao fim da legislatura».

No Porto, Álvaro Castelo Branco vai afastar-se da presidência da Concelhia do PP e deixou o líder da Distrital portuense com mais um problema nas vésperas de ser confrontado com uma moção de censura. Castelo Branco tomou a decisão de convocar eleições antecipadas logo a seguir às autárquicas, mas os militantes do Porto só souberam esta semana que haverá eleições no próximo dia 29.

Apesar desta decisão, Castelo Branco nega estar a preparar um golpe para derrubar Cervan, ao mesmo tempo que garante que apoiará o líder da Distrital nas guerras que se aproximam.

A moção de censura a Cervan parte do grupo de dissidentes da Concelhia do Porto e da Distrital, onde pontuam Carlos Abreu Amorim, Carla Teixeira Dias e Orlando Monteiro da Silva.

A Distrital do Porto fica assim dividida entre o grupo que gostaria de ver Paulo Portas liderar o PP, encabeçado por Sílvio Cervan, o grupo dos monteiristas, com Tomé Fernandes à frente, e a terceira via, dos dissidentes da equipa de Cervan e que agora gostariam de ver uma alternativa à solução Portas ou Monteiro na Direcção Nacional.

Elementos desta terceira via estão no centro de um grupo que se prepara para apresentar duas moções no Congresso Nacional. Este grupo é constituído por dirigentes locais e distritais do Porto, Braga e Vila Real, que se mostram desiludidos com a forma de funcionamento do partido.

A primeira moção é de estratégia e defende uma nova ideia de Direita. A segunda moção propõe uma nova revisão dos estatutos do partido, alegando que as regras em vigor têm prestado um mau serviço à organização interna do Partido Popular.

MÁRIO RAMIRES

com TERESA OLIVEIRA

e RICARDO JORGE PINTO

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