EXPRESSO

01-09-1999
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Depois de amanhã

«Os portugueses (...) vão dizer se acham que a criação de um 'terceiro poder', colocado entre o poder central e as câmaras municipais, vai simplificar ou complicar a administração do país. É isto o que se vai votar - e o voto é uma questão de fé. Porque ninguém, honestamente, pode provar uma coisa ou outra.»

REFERENDO O grande equívoco

«Haverá alguma reforma não política que seja fundada no sufrágio universal, directo e secreto - a maior de todas as legitimações em democracia? Sejam quais forem os poderes e competências que a lei atribua às regiões, as futuras juntas ou governos regionais constituir-se-ão num terceiro nível de poder político, se chegarem a ser instituídas.» AÇORES Ganhar na secretaria

«Verificando-se que o Governo do PS não tem condições para continuar, deve o ministro da República convocar eleições ou aceitar a alternativa de Governo que o PSD e o CDS/PP lhe ofereçam? Pode haver mil razões jurídicas a justificarem a segunda opção. Mas não se vê como hão-de os eleitores compreender que o partido mais votado seja afastado do Governo para dar lugar a outros sem novas eleições.» CATÁSTROFES Os pobres países pobres

«O que mais choca são as próprias explicações para o desleixo, a incompetência, o conformismo mais ou menos generalizados. 'Somos o país que somos', comentou o ministro Jorge Coelho num lamento, segundo o 'Público'. E não se pode transformá-lo? Afinal, as pessoas não estavam em primeiro lugar no discurso do actual Governo?»

Soares terá feito bem?

«Para uma opinião política ter hoje peso é preciso ser dita por alguém que está fora da política activa e é capaz de não repetir a cassete dos partidos. Era pois bom que em Portugal houvesse mais oportunidades para as 'opiniões divergentes' se manifestarem e os eleitores se libertarem do peso das 'posições oficiais' dos aparelhos partidários.»

MÁRIO SOARES

RAMALHO EANES

FREITAS DO AMARAL

CAVACO SILVA

PAULO PORTAS

FERNANDO GOMES

Por JOSÉ ANTÓNIO LIMA

800 anos de história

«A idade e a identidade do país e das regiões é irrelevante para a votação de domingo. Nada disto está em causa. Importa, sim, compreender que este país tem vivido à sombra de um Estado central napoleónico com uma sociedade civil que só recentemente dá sinais tímidos de vitalidade.» O que está em causa

«O que está em causa no referendo do próximo domingo é saber se queremos um país dividido, arbitrária e artificialmente, entre regiões mais ricas e regiões mais pobres, entre regiões do litoral e regiões do interior, entre regiões com o peso eleitoral de milhões de votos e regiões com a leveza eleitoral de algumas centenas de milhares de votos.» A ilusão

«Que ilusão é essa de pensar que regiões ricas e que passam a dispor de poder político irão praticar solidariedade, equilibrar social e economicamente o país, repartir o que quer que seja com as suas irmãs pobres - e, mercê da regionalização, também desavindas?»

A palavra

«Salvar a palavra pode muito bem ser, nos tempos que correm, a melhor forma de preservar a liberdade.»

Arrogância fatal

«É difícil negar que as retóricas (do nazismo e do comunismo) eram parcialmente diferentes. Mas essas diferenças deixam de parecer tão vincadas quando se observa o contraste entre elas e o seu inimigo comum: a tradição da liberdade.»

Guerreai-vos uns aos outros

«Depois do 'mirandês' e das regiões virão a escolha das capitais, o ensino das 'línguas minoritárias' e os 'media' específicos...» Generalizar a democracia António Vitorino «O meu apoio à regionalização decorre precisamente do entendimento de que este processo gradual e progressivo não amputa nem o poder do Parlamento nem o poder do Governo de definirem, em cada momento, a concreta evolução do próprio processo de regionalização.» Regionalização perigosamente ingénua Mário Patinha Antão

Economista, director do Gabinete de Estudos do PSD «Não há estimativas de custos; quanto às competências das regiões, depois se vê; e a escolha das capitais regionais e dos principais serviços públicos entrega-se à rivalidade tumultuosa das cidades candidatas.» A eterna esquerda Fernando Pereira Marques

Deputado do PSD «A esquerda só será nova se, de forma criativa e sem dogma, souber continuar o combate da teimosa e eterna esquerda, que é a daqueles que não se conformam, não se resignam, não desistem perante os que nos pretendem convencer ser 'natural' e inelutável uma sociedade dividida em ganhadores e perdedores, uma União Europeia com mais de 50 milhões de pobres e muitos outros milhões de desempregados.»

E A SEGUIR ao anunciado fracasso da regionalização, a «reforma do século» do Partido Socialista, o que irá fazer António Guterres? Se na noite de 8 de Novembro se completar, como prevêem todas as sondagens, um ciclo de duas derrotas eleitorais em menos de seis meses, acompanhadas por uma catadupa de casos desgastantes para o Governo, como os da JAE e do embargo europeu à carne portuguesa, no meio de demissões e querelas entre ministros, como irá reagir o primeiro-ministro?

Algo vai mal no reino de Portugal

«O que Guterres também não referiu é como poderá um país evoluir de forma equilibrada quando apenas 321 das mais de 400 mil empresas existentes em Portugal são responsáveis pela quase totalidade dos lucros gerados e dos impostos cobrados. É caso para dizer que algo vai mal no reino de Portugal.»

Campanha triste

«Chegou ao fim a campanha do referendo à regionalização e o mínimo que se pode dizer é que os portugueses estão como estavam no início. Perplexos, hesitantes, sem compreender muito bem o que está em causa.»

Retoma x 5

«Mesmo com movimentos de sobe-e-desce, o mercado parece ter adoptado de vez uma tendência de confiança e optimismo.» Como qualifica o Orçamento

de Estado para 1999? Fogo fiscal

sobre

a classe

média Exercício

de rigor

e de

competência «O Orçamento de Estado deixa a classe média ajoujada por uma carga fiscal que pode muito bem tornar-se o seu algoz.» «Considero o OE 99 como o melhor orçamento apresentado nesta legislatura, porque não aumenta os impostos e contempla vários incentivos às empresas garantindo a confiança dos empresários.»

A morte do referendo?

«Se a abstenção voltar a ser a grande vencedora, (...) fará sentido, no futuro, a tese de que os deputados e os governantes devem tomar as decisões, sem estarem a perder tempo a consultar quem não quer ser consultado.»

Pollock

«Nunca ninguém tinha dançado esta dança de formas e reviravoltas, de pontos e chamas apagadas.»

E viva a Espanha?

«Os espanhóis acham graça que a gente lhes ache graça e riem-se, sem nunca saber de que diabo estamos a falar. Por este andar, a Espanha ainda há-de ser nossa outra vez.»

O sucesso das mulheres

«A atmosfera criada é o grande trunfo da iniciativa. As mulheres depois de beberem umas vodkas libertam-se e tudo é mais engraçado.»

Depois de amanhã

«Os portugueses (...) vão dizer se acham que a criação de um 'terceiro poder', colocado entre o poder central e as câmaras municipais, vai simplificar ou complicar a administração do país. É isto o que se vai votar - e o voto é uma questão de fé. Porque ninguém, honestamente, pode provar uma coisa ou outra.»

REFERENDO O grande equívoco

«Haverá alguma reforma não política que seja fundada no sufrágio universal, directo e secreto - a maior de todas as legitimações em democracia? Sejam quais forem os poderes e competências que a lei atribua às regiões, as futuras juntas ou governos regionais constituir-se-ão num terceiro nível de poder político, se chegarem a ser instituídas.» AÇORES Ganhar na secretaria

«Verificando-se que o Governo do PS não tem condições para continuar, deve o ministro da República convocar eleições ou aceitar a alternativa de Governo que o PSD e o CDS/PP lhe ofereçam? Pode haver mil razões jurídicas a justificarem a segunda opção. Mas não se vê como hão-de os eleitores compreender que o partido mais votado seja afastado do Governo para dar lugar a outros sem novas eleições.» CATÁSTROFES Os pobres países pobres

«O que mais choca são as próprias explicações para o desleixo, a incompetência, o conformismo mais ou menos generalizados. 'Somos o país que somos', comentou o ministro Jorge Coelho num lamento, segundo o 'Público'. E não se pode transformá-lo? Afinal, as pessoas não estavam em primeiro lugar no discurso do actual Governo?»

Soares terá feito bem?

«Para uma opinião política ter hoje peso é preciso ser dita por alguém que está fora da política activa e é capaz de não repetir a cassete dos partidos. Era pois bom que em Portugal houvesse mais oportunidades para as 'opiniões divergentes' se manifestarem e os eleitores se libertarem do peso das 'posições oficiais' dos aparelhos partidários.»

MÁRIO SOARES

RAMALHO EANES

FREITAS DO AMARAL

CAVACO SILVA

PAULO PORTAS

FERNANDO GOMES

Por JOSÉ ANTÓNIO LIMA

800 anos de história

«A idade e a identidade do país e das regiões é irrelevante para a votação de domingo. Nada disto está em causa. Importa, sim, compreender que este país tem vivido à sombra de um Estado central napoleónico com uma sociedade civil que só recentemente dá sinais tímidos de vitalidade.» O que está em causa

«O que está em causa no referendo do próximo domingo é saber se queremos um país dividido, arbitrária e artificialmente, entre regiões mais ricas e regiões mais pobres, entre regiões do litoral e regiões do interior, entre regiões com o peso eleitoral de milhões de votos e regiões com a leveza eleitoral de algumas centenas de milhares de votos.» A ilusão

«Que ilusão é essa de pensar que regiões ricas e que passam a dispor de poder político irão praticar solidariedade, equilibrar social e economicamente o país, repartir o que quer que seja com as suas irmãs pobres - e, mercê da regionalização, também desavindas?»

A palavra

«Salvar a palavra pode muito bem ser, nos tempos que correm, a melhor forma de preservar a liberdade.»

Arrogância fatal

«É difícil negar que as retóricas (do nazismo e do comunismo) eram parcialmente diferentes. Mas essas diferenças deixam de parecer tão vincadas quando se observa o contraste entre elas e o seu inimigo comum: a tradição da liberdade.»

Guerreai-vos uns aos outros

«Depois do 'mirandês' e das regiões virão a escolha das capitais, o ensino das 'línguas minoritárias' e os 'media' específicos...» Generalizar a democracia António Vitorino «O meu apoio à regionalização decorre precisamente do entendimento de que este processo gradual e progressivo não amputa nem o poder do Parlamento nem o poder do Governo de definirem, em cada momento, a concreta evolução do próprio processo de regionalização.» Regionalização perigosamente ingénua Mário Patinha Antão

Economista, director do Gabinete de Estudos do PSD «Não há estimativas de custos; quanto às competências das regiões, depois se vê; e a escolha das capitais regionais e dos principais serviços públicos entrega-se à rivalidade tumultuosa das cidades candidatas.» A eterna esquerda Fernando Pereira Marques

Deputado do PSD «A esquerda só será nova se, de forma criativa e sem dogma, souber continuar o combate da teimosa e eterna esquerda, que é a daqueles que não se conformam, não se resignam, não desistem perante os que nos pretendem convencer ser 'natural' e inelutável uma sociedade dividida em ganhadores e perdedores, uma União Europeia com mais de 50 milhões de pobres e muitos outros milhões de desempregados.»

E A SEGUIR ao anunciado fracasso da regionalização, a «reforma do século» do Partido Socialista, o que irá fazer António Guterres? Se na noite de 8 de Novembro se completar, como prevêem todas as sondagens, um ciclo de duas derrotas eleitorais em menos de seis meses, acompanhadas por uma catadupa de casos desgastantes para o Governo, como os da JAE e do embargo europeu à carne portuguesa, no meio de demissões e querelas entre ministros, como irá reagir o primeiro-ministro?

Algo vai mal no reino de Portugal

«O que Guterres também não referiu é como poderá um país evoluir de forma equilibrada quando apenas 321 das mais de 400 mil empresas existentes em Portugal são responsáveis pela quase totalidade dos lucros gerados e dos impostos cobrados. É caso para dizer que algo vai mal no reino de Portugal.»

Campanha triste

«Chegou ao fim a campanha do referendo à regionalização e o mínimo que se pode dizer é que os portugueses estão como estavam no início. Perplexos, hesitantes, sem compreender muito bem o que está em causa.»

Retoma x 5

«Mesmo com movimentos de sobe-e-desce, o mercado parece ter adoptado de vez uma tendência de confiança e optimismo.» Como qualifica o Orçamento

de Estado para 1999? Fogo fiscal

sobre

a classe

média Exercício

de rigor

e de

competência «O Orçamento de Estado deixa a classe média ajoujada por uma carga fiscal que pode muito bem tornar-se o seu algoz.» «Considero o OE 99 como o melhor orçamento apresentado nesta legislatura, porque não aumenta os impostos e contempla vários incentivos às empresas garantindo a confiança dos empresários.»

A morte do referendo?

«Se a abstenção voltar a ser a grande vencedora, (...) fará sentido, no futuro, a tese de que os deputados e os governantes devem tomar as decisões, sem estarem a perder tempo a consultar quem não quer ser consultado.»

Pollock

«Nunca ninguém tinha dançado esta dança de formas e reviravoltas, de pontos e chamas apagadas.»

E viva a Espanha?

«Os espanhóis acham graça que a gente lhes ache graça e riem-se, sem nunca saber de que diabo estamos a falar. Por este andar, a Espanha ainda há-de ser nossa outra vez.»

O sucesso das mulheres

«A atmosfera criada é o grande trunfo da iniciativa. As mulheres depois de beberem umas vodkas libertam-se e tudo é mais engraçado.»

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