SAPO

27-08-1999
marcar artigo

01 de Maio de 1999 / Autor: "Correio da Manhã" / Nacionais

PSD estende 'tapete vermelho' a Durão Barroso O PSD vai hoje iniciar o seu XXII Congresso para eleger um novo líder, que, em boa verdade, já foi escolhido... Durão Barroso foi, até agora, o único a avançar com uma candidatura depois de Marcelo Rebelo de Sousa se demitir da presidência do PSD, por causa da extinção da Alternativa Democrática. O ex-ministro de Cavaco Silva tem a apoiá-lo, pelo menos, 12 dos 18 líderes distritais do PSD.

O apoio de Cavaco Silva e as recentes declarações de Luís Filipe Menezes, autarca de Gaia e um dos mais severos opositores de Durão Barroso há quatro anos, no Congresso do Coliseu que elegeu Fernando Nogueira, deixam entender que serão remotas as possibilidades de surgir uma candidatura alternativa.

Apesar de surgir no conclave de Coimbra como herdeiro do cavaquismo e de recolher uma maioria esmagadora de apoios entre os principais dirigentes social-democratas, Durão Barroso não parece estar condicionado na elaboração das listas para os futuros órgãos dirigentes do partido.

A alegria com que as bases receberam a candidatura do antigo delfim de Cavaco Silva, após a crise que acabou com a Alternativa Democrática e alterou por completo a lista social-democrata ao Parlamento Europeu, poderá sofrer um revés com o resultado do próximo acto eleitoral.

Os estudos de opinião teimam em não ser favoráveis para o PSD e um resultado desfavorável de Pacheco Pereira nas europeias poderá quebrar a dinâmica de Durão Barroso para as eleições legislativas.

O ex-governante insiste em afirmar que as eleições europeias não podem ser vistas como a primeira volta das legislativas. Será, porém, muito difícil que uma derrota nas europeias não afecte a moral de dirigentes e bases social-democratas para enfrentar o combate das legislativas.

Apesar de ter "apanhado a carruagem em andamento", Barroso não poderá deixar de partilhar um eventual desaire eleitoral. Neste cenário, tudo ficaria mais complicado para o PSD enfrentar as legislativas. Ganhar poderia então tornar-se quase impossível e uma hipotética maioria absoluta poderia implicar problemas para a liderança de Durão Barroso. Apoios e moções No Congresso que se inícia hoje e só termina domingo, Aveiro, Guarda, Santarém, Viseu, Portalegre, Évora, Coimbra, Castelo Branco, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Setúbal contam-se entre as comissões políticas distritais cujos líderes já declararam, em vários tons, o seu apoio ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cavaco Silva.

A distrital de Beja, do santanista José Raul dos Santos; a de Leiria, de Silva Marques; do Porto, de Valentim Loureiro; de Bragança, de Telmo Moreno; e Lisboa, de Duarte Lima; ou não definiram posição ou mostram uma resignada expectativa na eleição de Durão Barroso.

A distrital de Bragança, liderada por Telmo Moreno, não diz nem sim nem não a Durão, enquanto Valentim Loureiro, do Porto, fez declarações a favor do ex-ministro de Cavaco Silva. Miguel Relvas, líder desde 1995 da estrutura de Santarém, considera-se desde há muito um "barrosista".

Em "apoio total" a Durão Barroso estará Manuel Matos Rosa, líder da distrital de Portalegre. O mesmo apoio virá da distrital de Évora, onde está Maria do Céu Ramos. Lisboa, com Duarte Lima, também apoia Durão Barroso.

De fora fica o Algarve, de cuja liderança se demitiu este mês Mendes Bota, em protesto contra o lugar (inelegível) que lhe foi oferecido na lista europeia do PSD por Durão Barroso. A única candidata à distrital algarvia, a presidente da Câmara de Silves, Isabel Soares, ainda não revelou o seu posicionamento.

Os cerca de 900 delegados ao XXII Congresso Nacional do PSD vão debater 15 moções de estratégia globais apostadas na unidade do partido e na previsível eleição do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros José Manuel Durão Barroso.

Os documentos, que na esmagadora maioria deverão ser retirados de votação, de modo a deixar aberto o caminho a Durão Barroso, apostam na renovação do PSD e na vitória nas legislativas de Outubro.

As dezenas de propostas programáticas para levar o PSD ao poder são completadas, em alguns casos, com elogios à governação do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva e ao papel desempenhado pelo líder demissionário, Marcelo Rebelo de Sousa. 'É Tempo de Mudar' A moção de Durão Barroso, intitulada "É Tempo de Mudar", não deixa dúvidas quanto aos objectivos a prosseguir pelo partido: reconquistar a confiança dos portugueses e ganhar a eleições legislativas. "Estamos preparados para, nos termos ditados pela vontade dos portugueses, o mandato para governar Portugal", acentua o texto do único candidato à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa.

Durão Barroso alerta, contudo, que "as eleições europeias não devem ser vistas como a primeira volta das legislativas". O principal objectivo do PSD é o de, "tão breve quanto possível, ganhar a confiança dos portugueses de modo a formar Governo", sublinha o documento apresentado pelo ex-ministro de Cavaco Silva.

Barroso classifica a escolha de Mário Soares para cabeça-de-lista do PS às europeias de "desajeitado e demagógico exercício de confusão entre aquilo que é uma eleição partidária e uma pretensa candidatura suprapartidária".

"Para as eleições europeias, a nossa aposta é clara. Apresentamos uma equipa para trabalhar pela Europa e, nesta, por Portugal", salienta o documento, sem nunca pedir a vitória no escrutínio para o Parlamento Europeu. Pelo contrário, Durão Barroso considera que "são as eleições legislativas que constituem a oportunidade por excelência para Portugal recuperar do atraso acumulado a partir de 1995".

O ex-ministro adverte, contudo, que "os portugueses não reconhecerão ao PSD a capacidade para voltar a dirigir os destinos do país, se o partido der de si próprio a imagem de uma casa em permanente desordem". Defende, por isso, a "autoridade interna no partido" como "indispensável sinal de credibilidade". Considera, por outro lado, necessário fazer um "esforço particular em direcção aos jovens, reforçar a componente laboral do PSD, consolidando a sua base de apoio nos trabalhadores por conta de outrém" e "alargar a sua base de influência na sociedade", dando mais atenção aos autarcas.

"Torna-se incompreensível que o PSD não tenha até agora sabido valorizar adequadamente o papel dos seus autarcas", os quais devem estar "na primeira linha dos combates políticos", escreve o ex-chefe da diplomacia portuguesa. Marcelo distante O líder cessante do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, já excluiu a hipótese de acompanhar os trabalhos do congresso extraordinário do PSD desde o princípio até ao fim. Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo membro da comissão política demissionária Horta e Costa. Admitiu, contudo, que Marcelo possa deslocar-se a Coimbra para assistir à sessão de encerramento do congresso.

Quanto ao futuro, Marcelo Rebelo de Sousa vai aproveitar a disponibilidade de tempo que ganhou ao abandonar a liderança do PSD para se dedicar mais aos problemas de Celorico de Basto, onde continua a ser presidente da Assembleia Municipal.

O presidente demissionário do PSD fez saber que tenciona cumprir o seu mandato autárquico "até ao fim", garantindo que, agora que tem mais tempo livre, não vai "apenas ficar à espera da próxima reunião da Assembleia Municipal".

A intenção de Marcelo Rebelo de Sousa é "apoiar o desenvolvimento do concelho", desenvolvendo os seus esforços para "melhorar as condições de vida na região", um objectivo que terá de passar necessariamente pela questão das acessibilidades.

Marcelo foi eleito para a Assembleia Municipal de Celorico de Basto nas autárquicas de 1997 com cerca de 60 por cento dos votos, encabeçando a lista social-democrata.

Envie esta notícia a um amigo. Especifique o seu nome e o E-Mail de destino.

Nome: E-Mail: Voltar à listagem de notícias

01 de Maio de 1999 / Autor: "Correio da Manhã" / Nacionais

PSD estende 'tapete vermelho' a Durão Barroso O PSD vai hoje iniciar o seu XXII Congresso para eleger um novo líder, que, em boa verdade, já foi escolhido... Durão Barroso foi, até agora, o único a avançar com uma candidatura depois de Marcelo Rebelo de Sousa se demitir da presidência do PSD, por causa da extinção da Alternativa Democrática. O ex-ministro de Cavaco Silva tem a apoiá-lo, pelo menos, 12 dos 18 líderes distritais do PSD.

O apoio de Cavaco Silva e as recentes declarações de Luís Filipe Menezes, autarca de Gaia e um dos mais severos opositores de Durão Barroso há quatro anos, no Congresso do Coliseu que elegeu Fernando Nogueira, deixam entender que serão remotas as possibilidades de surgir uma candidatura alternativa.

Apesar de surgir no conclave de Coimbra como herdeiro do cavaquismo e de recolher uma maioria esmagadora de apoios entre os principais dirigentes social-democratas, Durão Barroso não parece estar condicionado na elaboração das listas para os futuros órgãos dirigentes do partido.

A alegria com que as bases receberam a candidatura do antigo delfim de Cavaco Silva, após a crise que acabou com a Alternativa Democrática e alterou por completo a lista social-democrata ao Parlamento Europeu, poderá sofrer um revés com o resultado do próximo acto eleitoral.

Os estudos de opinião teimam em não ser favoráveis para o PSD e um resultado desfavorável de Pacheco Pereira nas europeias poderá quebrar a dinâmica de Durão Barroso para as eleições legislativas.

O ex-governante insiste em afirmar que as eleições europeias não podem ser vistas como a primeira volta das legislativas. Será, porém, muito difícil que uma derrota nas europeias não afecte a moral de dirigentes e bases social-democratas para enfrentar o combate das legislativas.

Apesar de ter "apanhado a carruagem em andamento", Barroso não poderá deixar de partilhar um eventual desaire eleitoral. Neste cenário, tudo ficaria mais complicado para o PSD enfrentar as legislativas. Ganhar poderia então tornar-se quase impossível e uma hipotética maioria absoluta poderia implicar problemas para a liderança de Durão Barroso. Apoios e moções No Congresso que se inícia hoje e só termina domingo, Aveiro, Guarda, Santarém, Viseu, Portalegre, Évora, Coimbra, Castelo Branco, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Setúbal contam-se entre as comissões políticas distritais cujos líderes já declararam, em vários tons, o seu apoio ao antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cavaco Silva.

A distrital de Beja, do santanista José Raul dos Santos; a de Leiria, de Silva Marques; do Porto, de Valentim Loureiro; de Bragança, de Telmo Moreno; e Lisboa, de Duarte Lima; ou não definiram posição ou mostram uma resignada expectativa na eleição de Durão Barroso.

A distrital de Bragança, liderada por Telmo Moreno, não diz nem sim nem não a Durão, enquanto Valentim Loureiro, do Porto, fez declarações a favor do ex-ministro de Cavaco Silva. Miguel Relvas, líder desde 1995 da estrutura de Santarém, considera-se desde há muito um "barrosista".

Em "apoio total" a Durão Barroso estará Manuel Matos Rosa, líder da distrital de Portalegre. O mesmo apoio virá da distrital de Évora, onde está Maria do Céu Ramos. Lisboa, com Duarte Lima, também apoia Durão Barroso.

De fora fica o Algarve, de cuja liderança se demitiu este mês Mendes Bota, em protesto contra o lugar (inelegível) que lhe foi oferecido na lista europeia do PSD por Durão Barroso. A única candidata à distrital algarvia, a presidente da Câmara de Silves, Isabel Soares, ainda não revelou o seu posicionamento.

Os cerca de 900 delegados ao XXII Congresso Nacional do PSD vão debater 15 moções de estratégia globais apostadas na unidade do partido e na previsível eleição do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros José Manuel Durão Barroso.

Os documentos, que na esmagadora maioria deverão ser retirados de votação, de modo a deixar aberto o caminho a Durão Barroso, apostam na renovação do PSD e na vitória nas legislativas de Outubro.

As dezenas de propostas programáticas para levar o PSD ao poder são completadas, em alguns casos, com elogios à governação do ex-primeiro-ministro Cavaco Silva e ao papel desempenhado pelo líder demissionário, Marcelo Rebelo de Sousa. 'É Tempo de Mudar' A moção de Durão Barroso, intitulada "É Tempo de Mudar", não deixa dúvidas quanto aos objectivos a prosseguir pelo partido: reconquistar a confiança dos portugueses e ganhar a eleições legislativas. "Estamos preparados para, nos termos ditados pela vontade dos portugueses, o mandato para governar Portugal", acentua o texto do único candidato à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa.

Durão Barroso alerta, contudo, que "as eleições europeias não devem ser vistas como a primeira volta das legislativas". O principal objectivo do PSD é o de, "tão breve quanto possível, ganhar a confiança dos portugueses de modo a formar Governo", sublinha o documento apresentado pelo ex-ministro de Cavaco Silva.

Barroso classifica a escolha de Mário Soares para cabeça-de-lista do PS às europeias de "desajeitado e demagógico exercício de confusão entre aquilo que é uma eleição partidária e uma pretensa candidatura suprapartidária".

"Para as eleições europeias, a nossa aposta é clara. Apresentamos uma equipa para trabalhar pela Europa e, nesta, por Portugal", salienta o documento, sem nunca pedir a vitória no escrutínio para o Parlamento Europeu. Pelo contrário, Durão Barroso considera que "são as eleições legislativas que constituem a oportunidade por excelência para Portugal recuperar do atraso acumulado a partir de 1995".

O ex-ministro adverte, contudo, que "os portugueses não reconhecerão ao PSD a capacidade para voltar a dirigir os destinos do país, se o partido der de si próprio a imagem de uma casa em permanente desordem". Defende, por isso, a "autoridade interna no partido" como "indispensável sinal de credibilidade". Considera, por outro lado, necessário fazer um "esforço particular em direcção aos jovens, reforçar a componente laboral do PSD, consolidando a sua base de apoio nos trabalhadores por conta de outrém" e "alargar a sua base de influência na sociedade", dando mais atenção aos autarcas.

"Torna-se incompreensível que o PSD não tenha até agora sabido valorizar adequadamente o papel dos seus autarcas", os quais devem estar "na primeira linha dos combates políticos", escreve o ex-chefe da diplomacia portuguesa. Marcelo distante O líder cessante do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, já excluiu a hipótese de acompanhar os trabalhos do congresso extraordinário do PSD desde o princípio até ao fim. Esta posição foi transmitida à agência Lusa pelo membro da comissão política demissionária Horta e Costa. Admitiu, contudo, que Marcelo possa deslocar-se a Coimbra para assistir à sessão de encerramento do congresso.

Quanto ao futuro, Marcelo Rebelo de Sousa vai aproveitar a disponibilidade de tempo que ganhou ao abandonar a liderança do PSD para se dedicar mais aos problemas de Celorico de Basto, onde continua a ser presidente da Assembleia Municipal.

O presidente demissionário do PSD fez saber que tenciona cumprir o seu mandato autárquico "até ao fim", garantindo que, agora que tem mais tempo livre, não vai "apenas ficar à espera da próxima reunião da Assembleia Municipal".

A intenção de Marcelo Rebelo de Sousa é "apoiar o desenvolvimento do concelho", desenvolvendo os seus esforços para "melhorar as condições de vida na região", um objectivo que terá de passar necessariamente pela questão das acessibilidades.

Marcelo foi eleito para a Assembleia Municipal de Celorico de Basto nas autárquicas de 1997 com cerca de 60 por cento dos votos, encabeçando a lista social-democrata.

Envie esta notícia a um amigo. Especifique o seu nome e o E-Mail de destino.

Nome: E-Mail: Voltar à listagem de notícias

marcar artigo