DN Presidenciais 96

02-11-1996
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Manuel Alegre acusa ex-primeiro-ministro

de violar a constituição

ERAM DEZ E MEIA da noite quando o apresentador gritou: «Vamos todos com Sampaio até à Praça da República.» Foi a euforia. Apesar da chuva intensa, milhares acompanharam o candidato nessa «marcha tolerante, pacífica e forte». Para Sampaio era a desforra em relação a Faro, onde o seu adversário conseguira mais gente. Ontem à noite, em Coimbra, o entusiasmo estava claramente do seu lado.

Cavaco Silva esteve no pavilhão da Académica. Antes da política, as vedetas do Chuva de Estrelas aqueciam, a custo, o ambiente ainda muito frio, apesar de já lá estar um filho da terra e fundador do PSD - Barbosa de Melo. Cerca das dez da noite, eram ainda muitas as clareiras, mas, garantiam os organizadores, o pavilhão iria encher-se com a entrada do candidato. O ambiente só animou quando Cavaco Silva chegou.

Na rua, as bandeiras da candidatura misturavam-se com as do PSD e do CDS. O tema de conversa ia dar, inevitavelmente, a Paulo Portas.

Cavaco Silva fez uma referência ao voto dos emigrantes nas presidenciais para acusar os socialistas de «chegarem tarde ao encontro com a história».

«Os que agora defendem que o meu sucessor como Presidente venha a ser eleito com os votos dos emigrantes foram os mesmo que sempre estiveram contra», afirmou Cavaco, lamentando que seja o povo português a «pagar essa factura». O comício teve a ajuda do líder do PSD, que fez uma saudação aos militantes e apoiantes do PP presentes e que estão, dia a dia, a »engrossar cada vez mais a candidatura» de Cavaco. «Porque não há barreira que traia a sua consciência e o seu amor a Portugal».

No comício de Sampaio, Manuel Alegre quebrou o espírito de tolerância apregoado pelo candidato. Cavaco Silva «voltou à Idade Média, ao espírito da Inquisição» e «violou a Constituição». A acusação do poeta teve como pretexto a querela religiosa que Cavaco suscitou ao usar como argumento contra o candidato do PS o facto de este não ser cristão.

Paulo Portas foi outro dos alvos de Alegre: «Estou cheio de pena dele. Vai votar no mal menor, vai votar em Cavaco. Nós temos um bem, que não é menor. É maior. Um democrata que se chama Jorge Sampaio.» O candidato, por seu turno, disse ter uma «grande ambição». A de «que não seja possível mais arrogância, mais pessoas eliminadas». «Reconciliemo-nos com a política, passemos a algo de nobre e profundo», apelou.

No comício, o penúltimo da campanha, discursaram ainda Manuel Machado (presidente da Câmara de Coimbra), o mandatário distrital, Adelino Vaz Serra, e Boaventura Sousa Santos.

Longe do duelo de Coimbra, o PCP, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, fazia um derrradeiro apelo ao voto em Sampaio.

Jerónimo de Sousa subiu ao palco para dizer o que era esperado desde o anúncio da sua candidatura: «Transmitimos um veemente apelo do PCP, a todos os portugueses, para que logo na primeira volta concentrem os seus votos para a eleição de Jorge Sampaio como Presidente da República».

Mantendo presente a ideia de que os comunistas não devem votar envergonhados, nem apagar as suas diferenças em relação a Sampaio, Carlos Carvalhas pediu também «a todos os que confiam no PCP que concentrem os seus votos em Jorge Sampaio, barrando o caminho à conquista da presidência por um político arrogante e autoritário».

Manuel Alegre acusa ex-primeiro-ministro

de violar a constituição

ERAM DEZ E MEIA da noite quando o apresentador gritou: «Vamos todos com Sampaio até à Praça da República.» Foi a euforia. Apesar da chuva intensa, milhares acompanharam o candidato nessa «marcha tolerante, pacífica e forte». Para Sampaio era a desforra em relação a Faro, onde o seu adversário conseguira mais gente. Ontem à noite, em Coimbra, o entusiasmo estava claramente do seu lado.

Cavaco Silva esteve no pavilhão da Académica. Antes da política, as vedetas do Chuva de Estrelas aqueciam, a custo, o ambiente ainda muito frio, apesar de já lá estar um filho da terra e fundador do PSD - Barbosa de Melo. Cerca das dez da noite, eram ainda muitas as clareiras, mas, garantiam os organizadores, o pavilhão iria encher-se com a entrada do candidato. O ambiente só animou quando Cavaco Silva chegou.

Na rua, as bandeiras da candidatura misturavam-se com as do PSD e do CDS. O tema de conversa ia dar, inevitavelmente, a Paulo Portas.

Cavaco Silva fez uma referência ao voto dos emigrantes nas presidenciais para acusar os socialistas de «chegarem tarde ao encontro com a história».

«Os que agora defendem que o meu sucessor como Presidente venha a ser eleito com os votos dos emigrantes foram os mesmo que sempre estiveram contra», afirmou Cavaco, lamentando que seja o povo português a «pagar essa factura». O comício teve a ajuda do líder do PSD, que fez uma saudação aos militantes e apoiantes do PP presentes e que estão, dia a dia, a »engrossar cada vez mais a candidatura» de Cavaco. «Porque não há barreira que traia a sua consciência e o seu amor a Portugal».

No comício de Sampaio, Manuel Alegre quebrou o espírito de tolerância apregoado pelo candidato. Cavaco Silva «voltou à Idade Média, ao espírito da Inquisição» e «violou a Constituição». A acusação do poeta teve como pretexto a querela religiosa que Cavaco suscitou ao usar como argumento contra o candidato do PS o facto de este não ser cristão.

Paulo Portas foi outro dos alvos de Alegre: «Estou cheio de pena dele. Vai votar no mal menor, vai votar em Cavaco. Nós temos um bem, que não é menor. É maior. Um democrata que se chama Jorge Sampaio.» O candidato, por seu turno, disse ter uma «grande ambição». A de «que não seja possível mais arrogância, mais pessoas eliminadas». «Reconciliemo-nos com a política, passemos a algo de nobre e profundo», apelou.

No comício, o penúltimo da campanha, discursaram ainda Manuel Machado (presidente da Câmara de Coimbra), o mandatário distrital, Adelino Vaz Serra, e Boaventura Sousa Santos.

Longe do duelo de Coimbra, o PCP, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, fazia um derrradeiro apelo ao voto em Sampaio.

Jerónimo de Sousa subiu ao palco para dizer o que era esperado desde o anúncio da sua candidatura: «Transmitimos um veemente apelo do PCP, a todos os portugueses, para que logo na primeira volta concentrem os seus votos para a eleição de Jorge Sampaio como Presidente da República».

Mantendo presente a ideia de que os comunistas não devem votar envergonhados, nem apagar as suas diferenças em relação a Sampaio, Carlos Carvalhas pediu também «a todos os que confiam no PCP que concentrem os seus votos em Jorge Sampaio, barrando o caminho à conquista da presidência por um político arrogante e autoritário».

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