MAI ameaça demitir-se se ficar sem Protecção

02-09-1999
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Costa avança argumentos para justificar a sua posição: «Não vou subdelegar a resolução de problemas que podem dizer que foram criados por mim.» Implícito está o reconhecimento das críticas que lhe foram feitas por membros do próprio Executivo e que transpareceram em várias páginas de jornais, na sequência dos recentes temporais.

Armando Vara, o secretário de Estado da Administração Interna, chegou a afirmar que tinha sido «um erro» o Governo não se fazer representar nos funerais das vítimas. E a intenção de reforçar as competências de Vara em detrimento de Costa estava delineada no Governo há algum tempo.

Jorge Coelho, o ministro adjunto, confirmou-o ao EXPRESSO, embora dissociando tal intenção de qualquer crítica à actuação do MAI: «Havia uma orientação nesse sentido mas é normal porque os ministros não devem ter funções executivas operacionais.» Dentro do Governo, a passagem da tutela da Protecção Civil para Vara é, no entanto, associada em surdina a outros factores, como sejam o facto de ter sido ele quem primeiro deu a cara no terreno, quem foi chamado a coordenar os apoios e quem participou nos debates televisivos.

Vara contido

Armando Vara é lacónico no que toca a este assunto: «Desconheço qualquer intenção de transferência de tutelas», disse ao EXPRESSO, embora assuma que o ministro há longos meses que lhe tinha manifestado a intenção de operar mudanças na Protecção Civil.

Vara tem ligações especiais a este sector da Administração Interna por via do Serviço Nacional de Bombeiros que é tutelado por si. E as suas prestações, quer junto das populações, quer para os meios de comunicação social, pesaram progressivamente na decisão de lhe reforçar os poderes numa área sensível como esta.

Alberto Costa foi, no entanto, aconselhado por alguns socialistas a não ceder. Por um lado, se a transferência da tutela ocorresse na sequência das intempéries que puseram a Protecção Civil sob um cerrado fogo de críticas, todos iriam associar uma coisa à outra. Por outro lado, a Protecção Civil, desde que funcione bem, é um lado «simpático» da pasta do MAI, que sempre ajuda a compensar o lado mais repressivo e odioso da tutela das polícias.

Ainda que aceite remeter-se progressivamente a ministro das polícias, para já, Costa afirma que nem pensar. E quanto à delegação de competências, esclarece: «O PM delegou em mim. E quem decide as subdelegações sou só eu.»

ÂNGELA SILVA

Costa avança argumentos para justificar a sua posição: «Não vou subdelegar a resolução de problemas que podem dizer que foram criados por mim.» Implícito está o reconhecimento das críticas que lhe foram feitas por membros do próprio Executivo e que transpareceram em várias páginas de jornais, na sequência dos recentes temporais.

Armando Vara, o secretário de Estado da Administração Interna, chegou a afirmar que tinha sido «um erro» o Governo não se fazer representar nos funerais das vítimas. E a intenção de reforçar as competências de Vara em detrimento de Costa estava delineada no Governo há algum tempo.

Jorge Coelho, o ministro adjunto, confirmou-o ao EXPRESSO, embora dissociando tal intenção de qualquer crítica à actuação do MAI: «Havia uma orientação nesse sentido mas é normal porque os ministros não devem ter funções executivas operacionais.» Dentro do Governo, a passagem da tutela da Protecção Civil para Vara é, no entanto, associada em surdina a outros factores, como sejam o facto de ter sido ele quem primeiro deu a cara no terreno, quem foi chamado a coordenar os apoios e quem participou nos debates televisivos.

Vara contido

Armando Vara é lacónico no que toca a este assunto: «Desconheço qualquer intenção de transferência de tutelas», disse ao EXPRESSO, embora assuma que o ministro há longos meses que lhe tinha manifestado a intenção de operar mudanças na Protecção Civil.

Vara tem ligações especiais a este sector da Administração Interna por via do Serviço Nacional de Bombeiros que é tutelado por si. E as suas prestações, quer junto das populações, quer para os meios de comunicação social, pesaram progressivamente na decisão de lhe reforçar os poderes numa área sensível como esta.

Alberto Costa foi, no entanto, aconselhado por alguns socialistas a não ceder. Por um lado, se a transferência da tutela ocorresse na sequência das intempéries que puseram a Protecção Civil sob um cerrado fogo de críticas, todos iriam associar uma coisa à outra. Por outro lado, a Protecção Civil, desde que funcione bem, é um lado «simpático» da pasta do MAI, que sempre ajuda a compensar o lado mais repressivo e odioso da tutela das polícias.

Ainda que aceite remeter-se progressivamente a ministro das polícias, para já, Costa afirma que nem pensar. E quanto à delegação de competências, esclarece: «O PM delegou em mim. E quem decide as subdelegações sou só eu.»

ÂNGELA SILVA

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