JORNAL PUBLICO: A "equidistância negativa" de Monteiro

05-10-1999
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11/07/95

Lobo Xavier em campanha no distrito do Porto

A "equidistância negativa" de Monteiro

ANTÓNIO LOBO Xavier, vice-presidente do Partido Popular (PP) e cabeça de lista pelo círculo do Porto nas eleições legislativas, que ontem fez campanha na feira semanal de Santo Tirso, estabeleceu as diferenças entre o velho CDS e o novo PP, em relação a eventuais coligações governamentais ou acordos de incidência parlamentar a protagonizar pelo seu partido.

"A equidistância do professor Freitas do Amaral era uma equidistância pela positiva: admitia formar governo com o PS ou com o PSD. A nossa equidistância é pela negativa: temos tantas desconfianças do PS como temos do PSD. [E em relação às coligações] será uma equidistância de desconfiança...", declarou Lobo Xavier.

Para o candidato do PP, em Outubro, "é quase certo que não vai haver maioria absoluta de um só partido". A confirmar-se esta profecia, "o Partido Popular tanto pode viabilizar um governo do PS como do PSD". No entanto, o vice-presidente dos populares adverte que "tudo depende das circunstâncias concretas, dos votos que o partido tiver e da capacidade de fazer aceitar as suas teses". Deste modo, a introdução do referendo, "designadamente para a questão europeia", a adopção da política de segurança e a reestruturação do sector público são, segundo Lobo Xavier, as "condições essenciais" para que o PP viabilize um futuro governo socialista ou social-democrata. "Ideologicamente estamos mais próximos do PSD, mas isso não dá garantias nenhumas para um bom entendimento", precisou.

Ainda que um governo minoritário social-democrata ou socialista aceite tais condições dos populares, tal não significa que lhes seja passado um cheque em branco. "Não nos podemos comprometer em absoluto nas propostas concretas ao longo da legislatura...", avisa o número um dos populares pelo distrito do Porto. A hipótese de uma eventual participação do PP num futuro elenco governativo só se colocará se o partido conseguir "uma votação tão expressiva que mostre claramente que os portugueses querem que o PP participe no governo". Mas o candidato portuense estabelece parâmetros: "Dez por cento dos votos não correspondem a um interesse dos portugueses em que participemos no governo."

No contacto com o povo na feira de Santo Tirso, Lobo Xavier apresentava-se de forma invariável: "Posso dar-lhe um papelinho do dr. Manuel Monteiro?"

Era o panfleto alusivo à campanha da segurança e a foto do líder do PP servia para aproximar os candidatos populares às pessoas que circulavam na feira. A receptividade variava entre a indiferença e as demonstrações de adesão, mais à expressão fisionómica de Monteiro no papel - "desta vez temos lá um homem de tomates, que não é como o Freitas do Amaral...", foi um dos comentários que se ouviram -, ou aos sacos de plástico que eram distribuídos. "A popularidade [de Monteiro] é o nosso grande trunfo", reconheceu Lobo Xavier.

Questionado pelo PÚBLICO sobre a meta eleitoral no distrito do Porto, o cabeça de lista dos populares considerou que a eleição de dois deputados - que significaria a duplicação da votação de há quatro anos - já seria "um bom resultado": "Ficaria muito mais satisfeito com três ou quatro deputados, mas dois já seria um bom resultado, sem dúvida."

Luís Paulo Rodrigues

11/07/95

Lobo Xavier em campanha no distrito do Porto

A "equidistância negativa" de Monteiro

ANTÓNIO LOBO Xavier, vice-presidente do Partido Popular (PP) e cabeça de lista pelo círculo do Porto nas eleições legislativas, que ontem fez campanha na feira semanal de Santo Tirso, estabeleceu as diferenças entre o velho CDS e o novo PP, em relação a eventuais coligações governamentais ou acordos de incidência parlamentar a protagonizar pelo seu partido.

"A equidistância do professor Freitas do Amaral era uma equidistância pela positiva: admitia formar governo com o PS ou com o PSD. A nossa equidistância é pela negativa: temos tantas desconfianças do PS como temos do PSD. [E em relação às coligações] será uma equidistância de desconfiança...", declarou Lobo Xavier.

Para o candidato do PP, em Outubro, "é quase certo que não vai haver maioria absoluta de um só partido". A confirmar-se esta profecia, "o Partido Popular tanto pode viabilizar um governo do PS como do PSD". No entanto, o vice-presidente dos populares adverte que "tudo depende das circunstâncias concretas, dos votos que o partido tiver e da capacidade de fazer aceitar as suas teses". Deste modo, a introdução do referendo, "designadamente para a questão europeia", a adopção da política de segurança e a reestruturação do sector público são, segundo Lobo Xavier, as "condições essenciais" para que o PP viabilize um futuro governo socialista ou social-democrata. "Ideologicamente estamos mais próximos do PSD, mas isso não dá garantias nenhumas para um bom entendimento", precisou.

Ainda que um governo minoritário social-democrata ou socialista aceite tais condições dos populares, tal não significa que lhes seja passado um cheque em branco. "Não nos podemos comprometer em absoluto nas propostas concretas ao longo da legislatura...", avisa o número um dos populares pelo distrito do Porto. A hipótese de uma eventual participação do PP num futuro elenco governativo só se colocará se o partido conseguir "uma votação tão expressiva que mostre claramente que os portugueses querem que o PP participe no governo". Mas o candidato portuense estabelece parâmetros: "Dez por cento dos votos não correspondem a um interesse dos portugueses em que participemos no governo."

No contacto com o povo na feira de Santo Tirso, Lobo Xavier apresentava-se de forma invariável: "Posso dar-lhe um papelinho do dr. Manuel Monteiro?"

Era o panfleto alusivo à campanha da segurança e a foto do líder do PP servia para aproximar os candidatos populares às pessoas que circulavam na feira. A receptividade variava entre a indiferença e as demonstrações de adesão, mais à expressão fisionómica de Monteiro no papel - "desta vez temos lá um homem de tomates, que não é como o Freitas do Amaral...", foi um dos comentários que se ouviram -, ou aos sacos de plástico que eram distribuídos. "A popularidade [de Monteiro] é o nosso grande trunfo", reconheceu Lobo Xavier.

Questionado pelo PÚBLICO sobre a meta eleitoral no distrito do Porto, o cabeça de lista dos populares considerou que a eleição de dois deputados - que significaria a duplicação da votação de há quatro anos - já seria "um bom resultado": "Ficaria muito mais satisfeito com três ou quatro deputados, mas dois já seria um bom resultado, sem dúvida."

Luís Paulo Rodrigues

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