A reentrada de Vitorino

29-08-1999
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António Vitorino: a direcção do PS vai ser reforçada no próximo congresso e tudo «gira» à volta do ex-ministro regressado da «travessia do deserto»

ANTÓNIO Vitorino ainda não recebeu de Guterres o convite formal para ocupar o lugar de porta-voz do PS, mas o EXPRESSO apurou que o ex-ministro da Presidência e da Defesa deverá aceitar as novas funções num quadro de reforço substancial da Comissão Permanente do partido. Jorge Coelho deverá voltar à Permanente, a par do próprio Vitorino e de outros pesos-pesados, como Ferro Rodrigues, António Costa e João Cravinho, entre outros. António José Seguro, que já manifestou a intenção de se candidatar ao Parlamento Europeu, deverá manter-se, apesar disso, como coordenador da Comissão Permanente nos próximos meses. E deste triângulo - Comissão Permanente reforçada, Seguro nos contactos com o aparelho e Vitorino a porta-voz -, Guterres esperará o compromisso de empenhamento reforçado num combate permanente até às legislativas. Esta é, pelo menos, a convicção de fontes muito próximas do secretário-geral do PS, embora sublinhem que o próprio ainda não se debruçou claramente sobre o assunto. A circunstância de a discussão ainda mal ter começado não invalida que as pessoas com maior poder de decisão junto do líder tenham já ideias claras quanto a dois pontos essenciais: o reforço urgente da Comissão Permanente (actualmente presidida por António José Seguro e composta também por José Junqueiro, Francisco Assis, António Galamba, Fausto Correia, Narciso Miranda, José Lamego, Carlos Zorrinho e Edite Estrela) e a subida ao Secretariado de figuras que permitam dar uma imagem de renovação sem estragos. Neste capítulo, Pina Moura, Vitalino Canas, Alberto Martins e Augusto Santos Silva são nomes apontados como muito prováveis para engrossar o Secretariado Nacional, embora algumas resistências dos socialistas mais ligados ao aparelho não tenham deixado de se fazer sentir esta semana. Houve mesmo quem chegasse a apontar uma impossibilidade estatutária de aumentar o número de membros do Secretariado, o que obrigaria Guterres a retirar alguém, caso quisesse mesmo apostar em gente nova naquele órgão. Esta hipótese não está definitivamente afastada, embora o equilíbrio de poderes que conseguiu manter no Secretariado seja algo de precioso que Guterres não gostaria de comprometer, o que poderá levá-lo a optar por «engordar» ainda mais este órgão da direcção nacional. Assim, o registo das mudanças nos órgãos nacionais do partido deverá ser, tudo o indica, de alguma renovação mas sem comprometer a continuidade de fundo, já que, em ano eleitoral, não convém ressuscitar sensibilidades antigas. Por outro lado, na dança dos nomes, Armando Vara poderá ficar reservado para as listas ao Parlamento Europeu, a par de António José Seguro Seguro, de Maria Carrilho e, eventualmente, de Sérgio Sousa Pinto. Quanto às listas de deputados à Assembleia da República, a discussão ainda está no limbo, mas parece certa a determinação das cúpulas de evitar qualquer caça às bruxas - muito embora também esteja assente a necessidade de reforçar a qualidade do grupo parlamentar. Encontros temáticos O que fazer aos Estados-Gerais é algo que ainda não está decidido no PS. Há quem preferisse arrumá-los de vez e é seguro que a repetição do figurino de há quatro anos está afastada. Mas Guterres não quererá desistir da mais-valia dos independentes, sobretudo quando se sabe que Marcelo também vai lançar-se nesta conquista, e a realização de quatro ou mais encontros temáticos a nível nacional é uma hipótese em estudo. Do congresso deverá sair luz verde para que se volte a promover uma iniciativa agregadora de votos. E não é caso para menos, tendo em conta que o congresso promete dar o pontapé de saída para uma maioria absoluta pela qual ninguém no PS põe as mãos no fogo. Ângela Silva Pavilhão de recurso A FÉ dos socialistas na Expo é tal que o Pavilhão Multiusos, ex-Pavilhão da Utopia, foi o primeiro lugar pensado por Fausto Correia - responsável máximo da Comissão Organizadora do Congresso (COC) - para acolher a reunião magna dos socialistas, inicialmente prevista para 30 e 31 de Janeiro e agora adiada por uma semana. Os custos elevados - 10 mil contos só para assegurar o espaço no novo Parque das Nações, segundo o próprio disse ao EXPRESSO - levaram a COC a desistir da ideia. Depois de ponderadas as alternativas - Coliseu, FIL e Pavilhão Carlos Lopes -, acabou por vingar esta última, a única que estava disponível nos dias mais perto da data desejada, embora tenha obrigado, mesmo assim, a adiar o congresso para 6 e 7 de Fevereiro. As moções globais ou candidaturas a secretário-geral (capítulo onde não se prevêem alternativas ao texto e candidatura de Guterres) podem ser apresentadas até 31 de Dezembro. As moções sectoriais poderão surgir até 23 de Janeiro. E a eleição dos delegados decorre a 14, 15 e 16 de Janeiro. A.S.

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