Retratos das paixões pelo golfe

18-10-1999
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José Carlos Agrellos

PAIXÕES: Histórias de Golfe na Primeira Pessoa não é bem um livro. Pela sua natureza, seria mais correcto chamar-lhe uma «colectânea», já que o volume a lançar pela Unibanco e pela Abril/Controljornal, no próximo dia 19 de Setembro, reúne trinta relatos de adeptos verdadeiramente apaixonados por este desporto. Muitos deles, figuras públicas a quem já era conhecido o «fraquinho». Os testemunhos estão cheios de expressões que só os entendidos conseguirão decifrar (como «tees», «swing» e «putt»), ainda que neles seja bem perceptível o gosto pela modalidade, que a Portugal chegou pelas mãos dos ingleses em 1890.

José Bento dos Santos

Ele há episódios caricatos: «Depois da oitava bola entrar na água, o infeliz jogador, que até então aparentara uma certa calma e alguma dignidade no meio de tanta humilhação, agarrou no saco e atirou-o para a água», recorda Mercedes Balsemão, a propósito de um japonês que viu jogar na Quinta da Marinha. Ou mesmo a prestação desastrosa que Carlos Barbosa menciona, e que aconteceu durante o Trophée Lancôme, em 1996, por causa de o profissional que jogava consigo ter entrado «num processo de divórcio litigioso», deprimindo toda a equipa ao falar o tempo todo da mulher e dos filhos. Um ferro por estrear

João Ribeiro da Fonseca

António Galvão Lucas vive numa dificuldade permanente, da qual não se consegue livrar. Tem uma relação difícil com o ferro 2. Depois de ter oferecido um, que durante anos repousou em sua casa sem ser usado, acabou por comprar outro, ainda por estrear, já que «o mau tempo, o trabalho e as viagens...» lhe adiam constantemente uma visita ao campo de golfe mais próximo. Mas o livro também fala dos momentos de glória, esses que José Bento dos Santos garante «nos afagam o ego de forma evanescente e única». José Carlos Agrellos já experimentou alegrias tamanhas: «Depois, subitamente, a bola desapareceu, como que por encanto, ao mesmo tempo que se ouvia um som de embate contra metal - a bola saíra directa do ferro para o buraco, onde entrou sem tocar em mais nada».

Carlos Barbosa

No caso de Félix Naharro Pires, administrador do Jardim Zoológico, a memória do triunfo ainda se associa a um esforço suplementar, traduzido na conquista de um torneio depois de uma «directa» colectiva. «Fomos tomar um duche, trocámos de roupa e, em vinte minutos, conseguimos estar no 'tee' de saída». Em resumo, este é um documento que (também) procura explicar as causas para estas paixões. Certamente porque o golfe é «uma escola de disciplina, de humildade, de perseverança, de luta», como o considera Bento dos Santos; ou simplesmente porque ele proporciona «horas de gozo e prazer», na autodenominada visão «bucólica e poética» do administrador da Portugália, João Ribeiro da Fonseca. Memórias e superstições Nunca é tarde nem cedo para se começar a jogar. Há quem confesse a descoberta tardia da modalidade, há quem se lembre de a ter aprendido quase ao mesmo tempo que às primeiras letras. Com Patrícia Brito e Cunha foi assim.

António Galvão Lucas

«Comecei a jogar golfe em Luanda, onde nasci», recorda, «o meu primeiro taco era feito de um tronco de árvore. Tinha então oito anos». Com o tempo fez-se uma jogadora supersticiosa, que só gosta de jogar «com 'tees' brancos, a minha marca com estrela e a roupa que me parece dar sorte no dia do jogo». Isto apesar de, como bem recorda José Fonseca e Costa, o golfe não permitir jogar bem a quem não o souber jogar. A sorte é relativa e a batota interdita, «porque se descobre logo». O cineasta aproveita ainda para relembrar uma das velhas máximas desportivas: «A vida é um jogo, sério é o golfe».

José Fonseca e Costa

Com fotografias de José Santos, os testemunhos têm autoria de outras personalidades, como Francisco Pinto Balsemão, Jorge Sampaio, Stefano Saviotti e Pedro Norton de Matos, entre outros. As crónicas são antecedidas por um breve resumo com a história do golfe em Portugal e por um mapa cronológico que destaca os principais momentos da modalidade a nível mundial. Com uma edição reduzida, a ser posta à venda em algumas livrarias de Lisboa e do Porto, o livro será lançado num jantar privado no Belas Clube de Campo e será oferecido pela Unibanco a muitos dos seus melhores clientes. MAFALDA GANHÃO

José Carlos Agrellos

PAIXÕES: Histórias de Golfe na Primeira Pessoa não é bem um livro. Pela sua natureza, seria mais correcto chamar-lhe uma «colectânea», já que o volume a lançar pela Unibanco e pela Abril/Controljornal, no próximo dia 19 de Setembro, reúne trinta relatos de adeptos verdadeiramente apaixonados por este desporto. Muitos deles, figuras públicas a quem já era conhecido o «fraquinho». Os testemunhos estão cheios de expressões que só os entendidos conseguirão decifrar (como «tees», «swing» e «putt»), ainda que neles seja bem perceptível o gosto pela modalidade, que a Portugal chegou pelas mãos dos ingleses em 1890.

José Bento dos Santos

Ele há episódios caricatos: «Depois da oitava bola entrar na água, o infeliz jogador, que até então aparentara uma certa calma e alguma dignidade no meio de tanta humilhação, agarrou no saco e atirou-o para a água», recorda Mercedes Balsemão, a propósito de um japonês que viu jogar na Quinta da Marinha. Ou mesmo a prestação desastrosa que Carlos Barbosa menciona, e que aconteceu durante o Trophée Lancôme, em 1996, por causa de o profissional que jogava consigo ter entrado «num processo de divórcio litigioso», deprimindo toda a equipa ao falar o tempo todo da mulher e dos filhos. Um ferro por estrear

João Ribeiro da Fonseca

António Galvão Lucas vive numa dificuldade permanente, da qual não se consegue livrar. Tem uma relação difícil com o ferro 2. Depois de ter oferecido um, que durante anos repousou em sua casa sem ser usado, acabou por comprar outro, ainda por estrear, já que «o mau tempo, o trabalho e as viagens...» lhe adiam constantemente uma visita ao campo de golfe mais próximo. Mas o livro também fala dos momentos de glória, esses que José Bento dos Santos garante «nos afagam o ego de forma evanescente e única». José Carlos Agrellos já experimentou alegrias tamanhas: «Depois, subitamente, a bola desapareceu, como que por encanto, ao mesmo tempo que se ouvia um som de embate contra metal - a bola saíra directa do ferro para o buraco, onde entrou sem tocar em mais nada».

Carlos Barbosa

No caso de Félix Naharro Pires, administrador do Jardim Zoológico, a memória do triunfo ainda se associa a um esforço suplementar, traduzido na conquista de um torneio depois de uma «directa» colectiva. «Fomos tomar um duche, trocámos de roupa e, em vinte minutos, conseguimos estar no 'tee' de saída». Em resumo, este é um documento que (também) procura explicar as causas para estas paixões. Certamente porque o golfe é «uma escola de disciplina, de humildade, de perseverança, de luta», como o considera Bento dos Santos; ou simplesmente porque ele proporciona «horas de gozo e prazer», na autodenominada visão «bucólica e poética» do administrador da Portugália, João Ribeiro da Fonseca. Memórias e superstições Nunca é tarde nem cedo para se começar a jogar. Há quem confesse a descoberta tardia da modalidade, há quem se lembre de a ter aprendido quase ao mesmo tempo que às primeiras letras. Com Patrícia Brito e Cunha foi assim.

António Galvão Lucas

«Comecei a jogar golfe em Luanda, onde nasci», recorda, «o meu primeiro taco era feito de um tronco de árvore. Tinha então oito anos». Com o tempo fez-se uma jogadora supersticiosa, que só gosta de jogar «com 'tees' brancos, a minha marca com estrela e a roupa que me parece dar sorte no dia do jogo». Isto apesar de, como bem recorda José Fonseca e Costa, o golfe não permitir jogar bem a quem não o souber jogar. A sorte é relativa e a batota interdita, «porque se descobre logo». O cineasta aproveita ainda para relembrar uma das velhas máximas desportivas: «A vida é um jogo, sério é o golfe».

José Fonseca e Costa

Com fotografias de José Santos, os testemunhos têm autoria de outras personalidades, como Francisco Pinto Balsemão, Jorge Sampaio, Stefano Saviotti e Pedro Norton de Matos, entre outros. As crónicas são antecedidas por um breve resumo com a história do golfe em Portugal e por um mapa cronológico que destaca os principais momentos da modalidade a nível mundial. Com uma edição reduzida, a ser posta à venda em algumas livrarias de Lisboa e do Porto, o livro será lançado num jantar privado no Belas Clube de Campo e será oferecido pela Unibanco a muitos dos seus melhores clientes. MAFALDA GANHÃO

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