JORNAL PUBLICO: A força do pragmatismo

05-10-1999
marcar artigo

11/07/95

Fernando Nogueira já escolheu todos os cabeças-de-lista do PSD

A força do pragmatismo

Áurea Sampaio

Na hora de pensar muito a sério nos votos de Outubro, Fernando Nogueira foi pragmático. Deixou de lado querelas passadas e cogitou nos nomes que lhe podem trazer mais-valia eleitoral. Com isso só marca pontos. Aparece como o grande unificador do partido e coresponsabiliza os críticos pelos resultados. São as primeiras ilacções a retirar depois de serem conhecidos os cabeças-de-lista do PSD. Com três mulheres e uma apreciável mudança.

Parece que não houve congresso, com várias listas, nem lutas internas, nem divisões. Provavelmente é esta a imagem - a mensagem - primeira que Fernando Nogueira quer fazer passar para o país com as escolhas feitas para encabeçar as listas do PSD às legislativas. Basta olhar para as opções em Aveiro, Bragança, Castelo Branco, Lisboa, Santarém, Beja, com os nomes de Pacheco Pereira, José Gama, Álvaro Barreto, Durão Barroso, Mira Amaral e Teresa Patrício Gouveia, respectivamente, para se perceber que o líder social-democrata não quer deixar margem para dúvidas de que os seus principais opositores no congresso não foram marginalizados. Ao agir assim, Nogueira dá de si a imagem de um líder cujo desígnio essencial é promover a unidade do partido, factor não negligenciável para a consolidação do seu poder interno. Por outro lado, Nogueira consegue um objectivo essencial em termos futuros: ao entregar lugares de destaque a figuras proeminentes do ex-barrosismo, o líder social-democrata não só os coresponsabiliza face aos resultados, como lhes retira grande dose de margem de manobra crítica no pós-Outubro.

Mas além destas congeminações, é também verdade que seria quase escandaloso se a liderança do PSD ignorasse as vantagens eleitorais que estas figuras lhe podem trazer. Sabe-se, por exemplo, que a escolha de Pacheco Pereira por Aveiro se deve a facto de haver indicadores sobre a forte percentagem de novos eleitores neste distrito. Na S. Caetano à Lapa (sede nacional do PSD) entende-se que o discurso de Pacheco potencia o voto juvenil. Álvaro Barreto vai enfrentar Guterres em Castelo Branco, desafio difícil, mas é inegável o acerto da escolha de uma personalidade que conhece tão bem os meandros do sector indústrial como do agrícola, num distrito que conjuga as duas facetas. Também não é novidade para ninguém que o dinâmico e popular presidente da câmara de Mirandela é "uma máquina eleitoral" e é isso que dá votos.

Apesar de há vários dias ser dado como certo em Lisboa, a verdade é que só ontem ao fim da tarde ficou definida a posição de Durão Barroso em Lisboa. Fernando Nogueira sondou-lhe a vontade, até porque no distrito também era bem-querida a presença de Ferreira do Amaral. Mas nem um nem outro quiseram ter o ónus da da decisão, que acabou por ser do próprio líder social-democrata. Durão e Ferreira são a dupla com que o PSD vai enfrentar a forte lista que o PP apresentou à direita. A distrital de Arlindo de Carvalho não pode estar mais feliz.

Além da inegável mudança nos cabeças de lista - excluindo as ilhas só cinco nomes se mantêm, sendo que Marques Mendes transita de Viana para Braga - há um ponto digno de registo. O PSD apresenta-se às urnas com três mulheres na liderança das listas, facto absolutamente inédito entre os outros partidos. Acontece em Beja, Évora e pelo círculo Fora da Europa, com os nomes de Teresa Patrício Gouveia, Manuela Ferreira Leite e Manuela Aguiar, respectivamente. A escolha da ministra do Ambiente deve-se ao desejo de que "o distrito seja representado por alguém sensível ao maior problema da região, que é a seca", soube o PÚBLICO junto de uma fonte da Comissão Permanente; o perfil de Manuela Ferreira Leite destina-se a "agradar ao eleitorado conservador" que os sociais-democratas reconhecem ter no distrito; quanto a Manuela Aguiar é bom recordar que já foi secretária de Estado da Emigração.

Mas a grande surpresa foi Lucas Pires. O deputado europeu foi o "coelho tirado da cartola" para Viana, um distrito que antes foi de Marques Mendes. A dança de nomes para este círculo foi enorme a partir do momento em que se soube da passagem do ministro adjunto para Braga. Entre outros, falou-se de de Duarte Silva e Azevedo Soares. Não se percebe a escolha do ex-presidente do CDS...a não ser por ter raízes no distrito. Mas será que Pires sai de Estrasburgo para ir para S. Bento?

11/07/95

Fernando Nogueira já escolheu todos os cabeças-de-lista do PSD

A força do pragmatismo

Áurea Sampaio

Na hora de pensar muito a sério nos votos de Outubro, Fernando Nogueira foi pragmático. Deixou de lado querelas passadas e cogitou nos nomes que lhe podem trazer mais-valia eleitoral. Com isso só marca pontos. Aparece como o grande unificador do partido e coresponsabiliza os críticos pelos resultados. São as primeiras ilacções a retirar depois de serem conhecidos os cabeças-de-lista do PSD. Com três mulheres e uma apreciável mudança.

Parece que não houve congresso, com várias listas, nem lutas internas, nem divisões. Provavelmente é esta a imagem - a mensagem - primeira que Fernando Nogueira quer fazer passar para o país com as escolhas feitas para encabeçar as listas do PSD às legislativas. Basta olhar para as opções em Aveiro, Bragança, Castelo Branco, Lisboa, Santarém, Beja, com os nomes de Pacheco Pereira, José Gama, Álvaro Barreto, Durão Barroso, Mira Amaral e Teresa Patrício Gouveia, respectivamente, para se perceber que o líder social-democrata não quer deixar margem para dúvidas de que os seus principais opositores no congresso não foram marginalizados. Ao agir assim, Nogueira dá de si a imagem de um líder cujo desígnio essencial é promover a unidade do partido, factor não negligenciável para a consolidação do seu poder interno. Por outro lado, Nogueira consegue um objectivo essencial em termos futuros: ao entregar lugares de destaque a figuras proeminentes do ex-barrosismo, o líder social-democrata não só os coresponsabiliza face aos resultados, como lhes retira grande dose de margem de manobra crítica no pós-Outubro.

Mas além destas congeminações, é também verdade que seria quase escandaloso se a liderança do PSD ignorasse as vantagens eleitorais que estas figuras lhe podem trazer. Sabe-se, por exemplo, que a escolha de Pacheco Pereira por Aveiro se deve a facto de haver indicadores sobre a forte percentagem de novos eleitores neste distrito. Na S. Caetano à Lapa (sede nacional do PSD) entende-se que o discurso de Pacheco potencia o voto juvenil. Álvaro Barreto vai enfrentar Guterres em Castelo Branco, desafio difícil, mas é inegável o acerto da escolha de uma personalidade que conhece tão bem os meandros do sector indústrial como do agrícola, num distrito que conjuga as duas facetas. Também não é novidade para ninguém que o dinâmico e popular presidente da câmara de Mirandela é "uma máquina eleitoral" e é isso que dá votos.

Apesar de há vários dias ser dado como certo em Lisboa, a verdade é que só ontem ao fim da tarde ficou definida a posição de Durão Barroso em Lisboa. Fernando Nogueira sondou-lhe a vontade, até porque no distrito também era bem-querida a presença de Ferreira do Amaral. Mas nem um nem outro quiseram ter o ónus da da decisão, que acabou por ser do próprio líder social-democrata. Durão e Ferreira são a dupla com que o PSD vai enfrentar a forte lista que o PP apresentou à direita. A distrital de Arlindo de Carvalho não pode estar mais feliz.

Além da inegável mudança nos cabeças de lista - excluindo as ilhas só cinco nomes se mantêm, sendo que Marques Mendes transita de Viana para Braga - há um ponto digno de registo. O PSD apresenta-se às urnas com três mulheres na liderança das listas, facto absolutamente inédito entre os outros partidos. Acontece em Beja, Évora e pelo círculo Fora da Europa, com os nomes de Teresa Patrício Gouveia, Manuela Ferreira Leite e Manuela Aguiar, respectivamente. A escolha da ministra do Ambiente deve-se ao desejo de que "o distrito seja representado por alguém sensível ao maior problema da região, que é a seca", soube o PÚBLICO junto de uma fonte da Comissão Permanente; o perfil de Manuela Ferreira Leite destina-se a "agradar ao eleitorado conservador" que os sociais-democratas reconhecem ter no distrito; quanto a Manuela Aguiar é bom recordar que já foi secretária de Estado da Emigração.

Mas a grande surpresa foi Lucas Pires. O deputado europeu foi o "coelho tirado da cartola" para Viana, um distrito que antes foi de Marques Mendes. A dança de nomes para este círculo foi enorme a partir do momento em que se soube da passagem do ministro adjunto para Braga. Entre outros, falou-se de de Duarte Silva e Azevedo Soares. Não se percebe a escolha do ex-presidente do CDS...a não ser por ter raízes no distrito. Mas será que Pires sai de Estrasburgo para ir para S. Bento?

marcar artigo