«Avante!» Nº 1244 de 2 de Outubro de 1997

12-11-1997
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Carlos Carvalhas em Gaia

PS e PSD com nota negativa

A CDU realizou, no passado domingo, no Jardim do Morro, em Vila Nova de Gaia, um grande comício-festa em que participaram centenas de pessoas. Para além de Carlos Carvalhas, que encerrou o comício, intervieram também na ocasião Antero Pires e David Soares, respectivamente candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal de Gaia.

Para Antero Pires, o PS e o PSD «merecem uma tremenda assobiadela», por não terem sabido transformar o concelho numa terra com qualidade de vida, que, de uma vez por todas, deixe de ser «um mero depósito de cidadãos».

Dá-lhes assim nota «claramente negativa», ao PSD pelo passado, ao PS por, na actual gestão, se ter limitado «a gerir casuisticamente o concelho», «esquecendo» a resolução dos grandes problemas do município.

A falta de espaços verdes e a poluição das praias, o mau estado de estradas e habitação social, o saneamento básico, a reduzida rede de pré-escolar e a degradação do parque escolar, a degradação do centro histórico, o mau funcionamento do serviço hospitalar de urgências, o elevado índice de desemprego, a falta de qualidade e operacionalidade dos transportes foram problemas levantados, para os quais Antero Pires apresentou as soluções defendidas pela CDU.

A não apresentação em tempo útil das propostas do município «no quadro do projecto do metro ligeiro de superfície e da nova ponte sobre o rio Douro», nem da candidatura do centro histórico de Gaia a património Mundial da Humanidade, são outros factos que reforçam a convicção de Antero Pires de que a gestão PS não serve e, «se os gaienses querem viver com dignidade e com qualidade de vida», é na CDU que têm a alternativa.

David Soares, por sua vez, garante que a CDU parte para as eleições «com muita confiança e determinação». Confiança no trabalho realizado, nas suas capacidades e nas suas propostas, determinação em demonstrar que essas propostas «assentam no conhecimento da realidade e não estão sujeitas a interesses escuros e duvidosos». Por isso, para este candidato, o voto útil é na CDU, cujos eleitos «não cedem a pressões de grupos económicos ou de especulação imobiliária», realizando uma política de desenvolvimento que tem em conta, «acima de tudo, as pessoas e o seu quotidiano».

A encerrar o comício, Carlos Carvalhas fez uma importante intervenção de fundo.

___

CDU - um justo prestígio

Na intervenção no comício de Vila Nova de Gaia - de que se seguem extractos - o Secretário-geral do PCP, considerando que o quadro político geral também influencia as eleições autárquicas, chamou a atenção para o crescente protesto gerado pela política do PS que, em dois anos de governação continua a gorar as expectativas dos portugueses que nele votaram.

«(...) A CDU granjeou um justo prestígio nas autarquias.

Aqueles que nos conhecem mais de perto, aqueles que conhecem a nossa gestão autárquica sabem que a CDU tem uma obra imensa realizada no Poder Local e, os seus eleitos, tanto em maioria como em minoria conquistaram merecidamente o respeito e um reconhecido prestígio assente no trabalho, honestidade e competência. Em todo o país desempenham um reconhecido papel na fiscalização, na gestão, na intervenção construtiva, isto é, na resolução dos problemas das populações.

O lema de que a CDU é obra traduz uma realidade que é reconhecida muito para além das fronteiras da coligação. Obra em relação à cultura, à defesa e valorização do património e do ambiente, obra em relação ao desenvolvimento, obra em relação à fiscalização, obra nas mais diversas esferas da intervenção autárquica, quer em maioria quer em minoria.

Nas eleições autárquicas o que conta no fundamental são os candidatos, o projecto, o conhecimento dos problemas, os programas e as garantias dadas para o seu cumprimento.

Mas o quadro político geral também influencia.

Passados dois anos de um governo PS em que tantos portugueses depositaram esperanças, o que temos é, no essencial, as mesmas respostas, as mesmas opções e até o mesmo estilo que o povo na sua grande maioria combateu e condenou.

O protesto, o desencanto e o desacordo já atingiu tal extensão que no governo, e no PS do que se fala agora é da remodelação governamental, de uma recauchutagem, antes ou após as eleições, de uma operação de cosmética que procure dar a ideia de que algo vai mudar, para que tudo fique na mesma em relação aos interesses instalados.

Remodelação de fachada

E fala-se de remodelação porque o Governo e muitos ministros já "estão queimados". É a tentativa de salvar e desculpabilizar o Primeiro-Ministro e todo um governo. Mas não é com operações de remodelação de fachada, mantendo a mesma política que se dá resposta aos graves problemas da sociedade portuguesa.

As mesmas políticas têm as mesmas consequências sejam elas concretizadas pelo PSD ou pelo PS.

A substituição crescente da produção nacional pela estrangeira, a acentuação das posições de dependência e de subcontratação têm conduzido muitas empresas a uma grave situação. E este quadro é ainda agravado pelo completo falhanço do chamado Plano Mateus, que o governo anunciou com trombetas mas que agora tudo faz para que os seus resultado sejam silenciados.

E, por exemplo, o mesmo silêncio se vê depois de Daewoo Ter desmentido o Ministro da Economia sobre o seu interesse em investir na fábrica da Renault em Setúbal e depois da Toyota ter batido com a porta precisamente duas semanas antes da visita oficial deste Ministro ao Japão! Silêncio também sobre as ameaças que pesam o acesso futuro ao Fundo de Coesão e sobre as pesadas multas do chamado Pacto de Estabilidade.

Silêncios úteis, propaganda, manobrismo e eleitoralismo expresso também agora, em relação ao Orçamento de Estado.

O governo já afirmou que o próximo Orçamento vai continuar a navegar com a bandeira de Maastricht. E o PP que viabilizou os últimos Orçamentos feitos a régua e esquadro para abrirem a porta à moeda única vem agora dizer que não o votará porque está contra a moeda única. Grande coerência.

Por sua vez o PS defende a aprovação do Orçamento de Estado depois das eleições autárquicas, para não pagar as consequências do aumento de impostos e do aperto do cinto e o PSD, que no essencial está de acordo com a política económica, orçamental e europeia do governo opõe-se à sua aprovação após as eleições apenas por razões eleitoralistas...

Mas agora, segundo a comunicação social o Eng. Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa vão-se encontrar, a solo, para negociar a aprovação do Orçamento. Afinal sempre estão de acordo. Depois há que encenar as grandes divergências sobre o acessório, a grande gritaria oposicionista.

A demagogia soma e segue. Demagogia que também se evidencia no não cumprimento das promessas.

(...) É aliás significativo que tenha sido com um governo PS que define a sua política como "política de mercado com rigor social" que no ano passado, pela primeira vez desde 1989, o peso dos salários no PIB tenha sido menor do que os lucros! O que significa que os ganhos da produtividade têm revertido para o grande capital. Magnífico rigor social!

E agora o governo reincide na apresentação de uma tabela para os trabalhadores da Função Pública que é uma vergonha e uma afronta a quem tem vindo mês a mês a perder poder de compra. A taxa de inflação oficial é uma ficção. Cada um que faça contas.

Também as reformas que eram sagradas , no dizer do Primeiro-Ministro e que iam ter aumentos condignos, tiveram aumentos de 45$00 e 50$00 por dia, o que não dá sequer para mais um café diário!

Mas para a alta finança e para as actividades especulativas, os favores do governo e os benefícios fiscais estão sempre à mão. Vejam as inúmeras negociatas, todas de milhões que foram encher os cofres de meia dúzia de famílias.

E se a manta é curta para se cumprir os critérios de Maastricht – é aliás significativo que um membro do governo venha agora dizer que os ditos critérios «têm muito pouco a ver com a convergência real das economias», mais curto se torna para a saúde, a educação e a habitação social.

A desresponsabilização do estado das suas funções sociais, vai a par com o crescente negocismo nestas áreas e, com os interesses dos grandes senhores do dinheiro. Isto é inaceitável.

É assim em relação às políticas sectoriais como o é em relação às promessas, como o é em relação à Regionalização, bandeira que vai levantar até Dezembro, para depois com grande probabilidade entrar no jogo do "passa culpas" através da embrulhada e da trapalhada que deixou no articulado da vergonhosa revisão constitucional.

As voltas e reviravoltas são de tal ordem que as garantias e as juras do PS mesmo as formuladas a alto nível permitem ao PSD responder ironicamente "que quando o PS diz que qualquer questão é fechada, normalmente é fechada apenas por seis meses!"

Nós responsabilizamos o PS pelos obstáculos e manobras de diversão que o PSD e o PP venham a levantar à concretização da regionalização, como a que já se verificou em relação às percentagens relativas aos referendos "cozinhados" pelo PS com o PSD e também o PP.

Com este quadro pouco abonatório para o Governo que sofre a contestação crescente de militantes e até de dirigentes do próprio partido que o suporta e em que um ministro adjunto já diz publicamente que é preciso arrepiar caminho, o PS sentindo-se inseguro em vez de alterar o seu comportamento opta pela utilização de todos os meios para conservar o poder, mandando às «malvas» o que criticava e o que defendia quando era oposição.

Ao estilo cavaquista

Na verdade depois de tanto criticarem o PSD no governo pela utilização abusiva do aparelho de Estado aí temos agora o PS a ultrapassar tudo o que se podia imaginar.

Ele são as visitas e "visitinhas" de ministros e mais ministros e de secretários de Estado, numa roda viva, ele são os membros do governo, apresentados como membros do governo a abrilhantar a apresentação de candidatos, ele são os cheques e os sacos azuis utilizados pelos governadores civis em autêntica campanha do PS, ele são a lei do funil, veja-se por exemplo, o caso da Câmara da Amadora e o caso da Câmara de Almodôvar em que o ministro Cravinho reteve durante 14 meses no seu gabinete o relatório do IGAT sobre as ilegalidades desta Câmara, que poderão levar à sua dissolução...

Os títulos de imprensa: "meio governo a trabalhar para as autárquicas" diz tudo sobre o estilo e isenção do executivo em relação às eleições. A confusão entre aparelho de Estado é tal que não se sabe onde começa a comissão eleitoral do PS e acaba o governo, onde começa o orçamento eleitoral do PS e onde acaba o Orçamento de Estado.

A desvergonha e a desfaçatez é tal, ou talvez não, que até anunciam candidatos depois de os terem nomeado ou com a promessa de promoções ou de um "tacho" compensador. A não ser que seja tudo obra do acaso...

Algumas das nomeações e das promoções são tão próximas com a aceitação e o anúncio das candidaturas que qualquer insinuação, qualquer "semelhança com a realidade é mesmo, pura fantasia"!

Vejamos então:

A título de exemplo cito apenas alguns casos em que a aceitação de candidatura e a anterior nomeação ou promoção pelo governo PS, é apenas pura coincidência, puro acaso, puro cruzamento de linhas do destino e nada mais mesmo quando essas nomeações foram feitas já no segundo trimestre deste ano! Assim:

- Adérito Pires, cabeça de lista do PS à Câmara de Mirandela, foi nomeado em Julho deste ano, adjunto do Governo Civil de Bragança. Pura coincidência! (DR n.º 151, de 3/7/97)

– José Ernesto Oliveira, cabeça de lista do PS à Câmara de Évora, foi promovido em Julho, a Presidente da Comissão Coordenadora Regional do Alentejo. Não há dúvida que há nomeações e promoções que vêm mesmo a calhar! (D.R. n.º 156, de 9/7/97)

– João Ferreira, cabeça de lista do PS à Câmara de Silves, antigo funcionário do Ministério da Agricultura, foi promovido pelo novo governo do PS. É claro que aqui o que contou foi a antiguidade. Quando o PSD era governo ainda não tinha antiguidade suficiente. Assim em Agosto do ano passado foi nomeado subdirector do Algarve do Ministério da Agricultura e agora é candidato pelo PS. (DR n.º 183, de 8/8/96)

– Amílcar Santos, cabeça de lista do PS à Câmara de Portalegre, foi nomeado em Julho de 97, director do Instituto de Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) em Portalegre. Qualquer conexão com as autárquicas não há dúvida que só pode ser um processo de intenções... (D.R. n.º 159, de 11/7/96)

– José Miguel Leal da Silva, cabeça de lista do PS à Câmara do Barreiro, foi nomeado em Junho do ano passado, para a Comissão de Acompanhamento do Instituto Geológico e Mineiro. Nada estranho, nada de mais normal... (D.R. n.º 130, de 6/6/96)

– José Miguel Medeiros, cabeça de lista pelo PS à Câmara de Anciães, tinha sido nomeado pelo novo Governador Civil seu adjunto no fim do ano (12/12/96) o que é também, perfeitamente natural.

– Joaquim Ventura Leite, foi com o novo governo PS, nomeado em Julho de 96, director do Serviço sub-Regional de Setúbal da Segurança Social, agora é cabeça de lista pelo PS à Câmara de Grândola. (D.R. nº157, de 9/7/96)

E em Alcácer do Sal, coincidência das coincidências, praticamente ao mesmo tempo em que Duarte Lynce de Faria aceitava a candidatura pelo PS à Câmara Municipal, era nomeado adjunto do Governador Civil de Setúbal.

É um fartote de "boys candidatos!". Como se vê também neste estilo o PS parece não querer ficar atrás do PSD.

Deixamos estes exemplos, como poderíamos ter escolhido outros com situações e coincidências pouco abonatórias, porque entendemos que devemos continuar a pugnar pela democraticidade dos actos eleitorais e a condenar as várias instrumentalizações do aparelho de Estado ao serviço das candidaturas do PS.

Por uma intervenção séria e honesta

ao serviço das populações

A demagogia e a politiqueirice só afastam os portugueses e as portuguesas, da participação e do exercício dos direitos de cidadania.

As pessoas querem respostas concretas para os problemas e não o blá-blá de promessas e mais promessas.

As pessoas querem o debate sério das questões e não a política espectáculo ou a gritaria sobre o acessório para desviar as atenções dos problemas.

As pessoas querem que se honre os compromissos, que se preste contas e não que se meta na gaveta, tudo aquilo por que se disse ir lutar, logo no dia seguinte às eleições.

Contem connosco.

Não vos prometemos tachos mas trabalho, muito trabalho.

Não vos prometemos facilidades, mas sim empenho, persistência e perseverança.

Não vos prometemos uma fiscalização passiva e uma participação política remetida para a altura das eleições, mas sim uma acrescida intervenção quotidiana e convosco, uma intervenção participada quer no controlo, quer na proposta, quer na concretização de medidas.

Estamos aqui para avançar e para servir a população com a população.

Nós não precisamos das pré-campanhas eleitorais para nos lembramos e lutarmos pelas justas reivindicações das populações ou, para nos lembrarmos do caos urbanístico, ou das acessibilidades.

A solução para os problemas do concelho não está no rotativismo, não está em o PSD suceder ao PS e o PS suceder ao PSD, alterando-se as caras para que tudo o que é essencial se mantenha.

A solução está numa política alternativa, num projecto participado e humanizador da vida da cidade.

A solução não está em pretensos "braços de ferro mediáticos", numa teatral comédia acerca de quem é o candidato de tal ou tal força política, nem em quem tem mais "outdoors".

A opção não está em quem tem mais dinheiro para gastar na campanha eleitoral, que pela ostentação que alguns assumem é uma autêntica afronta às dificuldades do quotidiano de tantas e tantas famílias.

Aliás estas forças partidárias o que demonstram no cinema que estão a fazer quanto ao anúncio de candidaturas e nos nomes que já chegaram a ser apontados para candidatos: Menezes/Cervan; Leonor Beleza; Torres Couto; Narciso; é que para estes, o que conta não é o conhecimento dos problemas de Gaia, nem o empenho na sua resolução, mas sim o estrelato, a escolha de uma figura conhecida que através da política espectáculo conquiste o poder. O poder não para servir o povo mas para dele se servirem.

Muitos cidadãos poderão cair no engodo de toda esta pressão mediática, mas serão também cada vez mais os que consideram que tudo isto é uma grande "fantochada", que não serve a população de Gaia, nem dá nenhuma saúde à democracia.

Pela nossa parte procuraremos fazer uma campanha digna, serena, de proposta e projecto, de debate de ideias, com grande determinação e confiança.

Os votos na CDU não cairão em cesto roto. Serão votos ao serviço do concelho, serão votos ao serviço de uma gestão com as populações e pelas populações.

Estas são umas eleições que exigem o empenho e a contribuição militante de todos e de cada um.

Há sólidas razões para partirmos para esta batalha com determinação e confiança e para reforçarmos a CDU em todo o país.

Porque o reforço da CDU é a direcção certa e segura para se ter uma outra política.

Porque o reforço da CDU significa dar força e voz a todos os que se indignaram com as prepotências e as injustiças sociais.

Porque o reforço da CDU significa dar mais força e voz aos ventos de mudança e da esperança, ou seja a todos os que entendem que é necessário por termo à degradação e à especulação da área urbana.

Porque o reforço da CDU significa dar força e voz a todos os que querem uma cidade de Gaia mais ordenada e mais bela e "para se fazer aquilo que é preciso"(...)».

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Na Maia

CDU junta vontades e esforços

Também na Maia, a CDU fez a apresentação pública dos seus candidatos aos órgãos municipais, num almoço-convívio que no fim de semana passado realizou no Forum de Maia, igualmente com a participação do Secretário-geral do PCP.

Durante o almoço, Serafim Nunes, candidato à presidência da Câmara Municipal da Maia, referiu que os objectivos que a CDU persegue, pela sua importância, e por algumas dificuldades que o processo eleitoral tem defrontado, exige que se juntem «todas as vontades» e «todos os esforços». «O que é fundamental», disse Serafim Nunes, «é fazer regressar à Câmara Municipal um vereador da CDU. É reforçar o número dos nosso eleitos na Assembleia Municipal. É fazer eleger candidatos da CDU no maior númerio possível de freguesias.» E, referindo-se à aliança PSD e PP - forçada pelos «sinais de erosão e angústia» que a maioria dirigida por Vieira de Carvalho apresenta -, disse ser esta uma aliança «sem princípios». Depois de oito anos a «zurzirem forte e feio uns nos outros», prosseguiu, «logo se unem quando sentem perigar o seu poder».

Depois de alertar para o «ridículo e patético frenesim deste fim de mandato», e de chamar a atenção para a candidatura do PS - demonstrativa da sua «incapacidade e fraqueza» no concelho -, Serafim Nunes denunciou o comportamento deste partido que «foi sempre cúmplice na política desenvolvida pelo dr. Vieira de Carvalho» e agora ensaia um processo de branqueamento com um candidato que não é da Maia.

César Príncipe, mandatário da CDU à Câmara da Maia, considerou, por sua vez, que «é tempo de repensar o poder continuado e centralizado exercido na Maia: um poder de cariz faraónico, com pirâmides, torres, esfinges escultóricas, marchas de exaltação ao imperador, lápides de bronze e mármores endeusando o sobreiro por estádios, pontes, colectividades, centros de saúde». Fenómeno que, em sua opinião, não se coaduna com «um modelo democrático adulto».

«À sombra de um poder totalizante, assente nalguma indiscutível obra, mas sobretudo numa propaganda intensa e intencional, à custa de dinheiros públicos e com o empenho de beneficiários do sistema, a Maia cresce sem equilíbrio urbanístico, sem brio paisagístico, sem programação cultural e sem paixão social», prosseguiu César Príncipe, lembrando que «a CDU tem sobre a Maia uma concepção avançada de política local, que se traduz num projecto que harmonize a eficácia dos serviços e dialogue permanentemente com os cidadãos.»

Entretanto, nas breves palavras que proferiu, Carlos Carvalhas disse crer que a CDU, «pela sua coerência, pelo seu projecto, pela sua intervenção construtiva e fiscalizadora» está em condições de travar com êxito a batalha das autárquicas. Uma batalha que «mesmo só como batalha política é da máxima importância pelas possibilidades que temos de contactar com milhares de cidadãos e de lançarmos sementes para o presente e para o futuro.»

«Nós não trabalhamos só com os olhos nos curto prazo», sublinhou Carvalhas. «Trabalhamos para hoje para amanhã com determinação e confiança. Tanto nos concelhos em que estamos em maioria como nos que estamos em minoria, devemos procurar fazer uma campanha voltada para fora.»

«Avante!» Nº 1244 de 2 de Outubro de 1997

Carlos Carvalhas em Gaia

PS e PSD com nota negativa

A CDU realizou, no passado domingo, no Jardim do Morro, em Vila Nova de Gaia, um grande comício-festa em que participaram centenas de pessoas. Para além de Carlos Carvalhas, que encerrou o comício, intervieram também na ocasião Antero Pires e David Soares, respectivamente candidatos à Câmara e à Assembleia Municipal de Gaia.

Para Antero Pires, o PS e o PSD «merecem uma tremenda assobiadela», por não terem sabido transformar o concelho numa terra com qualidade de vida, que, de uma vez por todas, deixe de ser «um mero depósito de cidadãos».

Dá-lhes assim nota «claramente negativa», ao PSD pelo passado, ao PS por, na actual gestão, se ter limitado «a gerir casuisticamente o concelho», «esquecendo» a resolução dos grandes problemas do município.

A falta de espaços verdes e a poluição das praias, o mau estado de estradas e habitação social, o saneamento básico, a reduzida rede de pré-escolar e a degradação do parque escolar, a degradação do centro histórico, o mau funcionamento do serviço hospitalar de urgências, o elevado índice de desemprego, a falta de qualidade e operacionalidade dos transportes foram problemas levantados, para os quais Antero Pires apresentou as soluções defendidas pela CDU.

A não apresentação em tempo útil das propostas do município «no quadro do projecto do metro ligeiro de superfície e da nova ponte sobre o rio Douro», nem da candidatura do centro histórico de Gaia a património Mundial da Humanidade, são outros factos que reforçam a convicção de Antero Pires de que a gestão PS não serve e, «se os gaienses querem viver com dignidade e com qualidade de vida», é na CDU que têm a alternativa.

David Soares, por sua vez, garante que a CDU parte para as eleições «com muita confiança e determinação». Confiança no trabalho realizado, nas suas capacidades e nas suas propostas, determinação em demonstrar que essas propostas «assentam no conhecimento da realidade e não estão sujeitas a interesses escuros e duvidosos». Por isso, para este candidato, o voto útil é na CDU, cujos eleitos «não cedem a pressões de grupos económicos ou de especulação imobiliária», realizando uma política de desenvolvimento que tem em conta, «acima de tudo, as pessoas e o seu quotidiano».

A encerrar o comício, Carlos Carvalhas fez uma importante intervenção de fundo.

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CDU - um justo prestígio

Na intervenção no comício de Vila Nova de Gaia - de que se seguem extractos - o Secretário-geral do PCP, considerando que o quadro político geral também influencia as eleições autárquicas, chamou a atenção para o crescente protesto gerado pela política do PS que, em dois anos de governação continua a gorar as expectativas dos portugueses que nele votaram.

«(...) A CDU granjeou um justo prestígio nas autarquias.

Aqueles que nos conhecem mais de perto, aqueles que conhecem a nossa gestão autárquica sabem que a CDU tem uma obra imensa realizada no Poder Local e, os seus eleitos, tanto em maioria como em minoria conquistaram merecidamente o respeito e um reconhecido prestígio assente no trabalho, honestidade e competência. Em todo o país desempenham um reconhecido papel na fiscalização, na gestão, na intervenção construtiva, isto é, na resolução dos problemas das populações.

O lema de que a CDU é obra traduz uma realidade que é reconhecida muito para além das fronteiras da coligação. Obra em relação à cultura, à defesa e valorização do património e do ambiente, obra em relação ao desenvolvimento, obra em relação à fiscalização, obra nas mais diversas esferas da intervenção autárquica, quer em maioria quer em minoria.

Nas eleições autárquicas o que conta no fundamental são os candidatos, o projecto, o conhecimento dos problemas, os programas e as garantias dadas para o seu cumprimento.

Mas o quadro político geral também influencia.

Passados dois anos de um governo PS em que tantos portugueses depositaram esperanças, o que temos é, no essencial, as mesmas respostas, as mesmas opções e até o mesmo estilo que o povo na sua grande maioria combateu e condenou.

O protesto, o desencanto e o desacordo já atingiu tal extensão que no governo, e no PS do que se fala agora é da remodelação governamental, de uma recauchutagem, antes ou após as eleições, de uma operação de cosmética que procure dar a ideia de que algo vai mudar, para que tudo fique na mesma em relação aos interesses instalados.

Remodelação de fachada

E fala-se de remodelação porque o Governo e muitos ministros já "estão queimados". É a tentativa de salvar e desculpabilizar o Primeiro-Ministro e todo um governo. Mas não é com operações de remodelação de fachada, mantendo a mesma política que se dá resposta aos graves problemas da sociedade portuguesa.

As mesmas políticas têm as mesmas consequências sejam elas concretizadas pelo PSD ou pelo PS.

A substituição crescente da produção nacional pela estrangeira, a acentuação das posições de dependência e de subcontratação têm conduzido muitas empresas a uma grave situação. E este quadro é ainda agravado pelo completo falhanço do chamado Plano Mateus, que o governo anunciou com trombetas mas que agora tudo faz para que os seus resultado sejam silenciados.

E, por exemplo, o mesmo silêncio se vê depois de Daewoo Ter desmentido o Ministro da Economia sobre o seu interesse em investir na fábrica da Renault em Setúbal e depois da Toyota ter batido com a porta precisamente duas semanas antes da visita oficial deste Ministro ao Japão! Silêncio também sobre as ameaças que pesam o acesso futuro ao Fundo de Coesão e sobre as pesadas multas do chamado Pacto de Estabilidade.

Silêncios úteis, propaganda, manobrismo e eleitoralismo expresso também agora, em relação ao Orçamento de Estado.

O governo já afirmou que o próximo Orçamento vai continuar a navegar com a bandeira de Maastricht. E o PP que viabilizou os últimos Orçamentos feitos a régua e esquadro para abrirem a porta à moeda única vem agora dizer que não o votará porque está contra a moeda única. Grande coerência.

Por sua vez o PS defende a aprovação do Orçamento de Estado depois das eleições autárquicas, para não pagar as consequências do aumento de impostos e do aperto do cinto e o PSD, que no essencial está de acordo com a política económica, orçamental e europeia do governo opõe-se à sua aprovação após as eleições apenas por razões eleitoralistas...

Mas agora, segundo a comunicação social o Eng. Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa vão-se encontrar, a solo, para negociar a aprovação do Orçamento. Afinal sempre estão de acordo. Depois há que encenar as grandes divergências sobre o acessório, a grande gritaria oposicionista.

A demagogia soma e segue. Demagogia que também se evidencia no não cumprimento das promessas.

(...) É aliás significativo que tenha sido com um governo PS que define a sua política como "política de mercado com rigor social" que no ano passado, pela primeira vez desde 1989, o peso dos salários no PIB tenha sido menor do que os lucros! O que significa que os ganhos da produtividade têm revertido para o grande capital. Magnífico rigor social!

E agora o governo reincide na apresentação de uma tabela para os trabalhadores da Função Pública que é uma vergonha e uma afronta a quem tem vindo mês a mês a perder poder de compra. A taxa de inflação oficial é uma ficção. Cada um que faça contas.

Também as reformas que eram sagradas , no dizer do Primeiro-Ministro e que iam ter aumentos condignos, tiveram aumentos de 45$00 e 50$00 por dia, o que não dá sequer para mais um café diário!

Mas para a alta finança e para as actividades especulativas, os favores do governo e os benefícios fiscais estão sempre à mão. Vejam as inúmeras negociatas, todas de milhões que foram encher os cofres de meia dúzia de famílias.

E se a manta é curta para se cumprir os critérios de Maastricht – é aliás significativo que um membro do governo venha agora dizer que os ditos critérios «têm muito pouco a ver com a convergência real das economias», mais curto se torna para a saúde, a educação e a habitação social.

A desresponsabilização do estado das suas funções sociais, vai a par com o crescente negocismo nestas áreas e, com os interesses dos grandes senhores do dinheiro. Isto é inaceitável.

É assim em relação às políticas sectoriais como o é em relação às promessas, como o é em relação à Regionalização, bandeira que vai levantar até Dezembro, para depois com grande probabilidade entrar no jogo do "passa culpas" através da embrulhada e da trapalhada que deixou no articulado da vergonhosa revisão constitucional.

As voltas e reviravoltas são de tal ordem que as garantias e as juras do PS mesmo as formuladas a alto nível permitem ao PSD responder ironicamente "que quando o PS diz que qualquer questão é fechada, normalmente é fechada apenas por seis meses!"

Nós responsabilizamos o PS pelos obstáculos e manobras de diversão que o PSD e o PP venham a levantar à concretização da regionalização, como a que já se verificou em relação às percentagens relativas aos referendos "cozinhados" pelo PS com o PSD e também o PP.

Com este quadro pouco abonatório para o Governo que sofre a contestação crescente de militantes e até de dirigentes do próprio partido que o suporta e em que um ministro adjunto já diz publicamente que é preciso arrepiar caminho, o PS sentindo-se inseguro em vez de alterar o seu comportamento opta pela utilização de todos os meios para conservar o poder, mandando às «malvas» o que criticava e o que defendia quando era oposição.

Ao estilo cavaquista

Na verdade depois de tanto criticarem o PSD no governo pela utilização abusiva do aparelho de Estado aí temos agora o PS a ultrapassar tudo o que se podia imaginar.

Ele são as visitas e "visitinhas" de ministros e mais ministros e de secretários de Estado, numa roda viva, ele são os membros do governo, apresentados como membros do governo a abrilhantar a apresentação de candidatos, ele são os cheques e os sacos azuis utilizados pelos governadores civis em autêntica campanha do PS, ele são a lei do funil, veja-se por exemplo, o caso da Câmara da Amadora e o caso da Câmara de Almodôvar em que o ministro Cravinho reteve durante 14 meses no seu gabinete o relatório do IGAT sobre as ilegalidades desta Câmara, que poderão levar à sua dissolução...

Os títulos de imprensa: "meio governo a trabalhar para as autárquicas" diz tudo sobre o estilo e isenção do executivo em relação às eleições. A confusão entre aparelho de Estado é tal que não se sabe onde começa a comissão eleitoral do PS e acaba o governo, onde começa o orçamento eleitoral do PS e onde acaba o Orçamento de Estado.

A desvergonha e a desfaçatez é tal, ou talvez não, que até anunciam candidatos depois de os terem nomeado ou com a promessa de promoções ou de um "tacho" compensador. A não ser que seja tudo obra do acaso...

Algumas das nomeações e das promoções são tão próximas com a aceitação e o anúncio das candidaturas que qualquer insinuação, qualquer "semelhança com a realidade é mesmo, pura fantasia"!

Vejamos então:

A título de exemplo cito apenas alguns casos em que a aceitação de candidatura e a anterior nomeação ou promoção pelo governo PS, é apenas pura coincidência, puro acaso, puro cruzamento de linhas do destino e nada mais mesmo quando essas nomeações foram feitas já no segundo trimestre deste ano! Assim:

- Adérito Pires, cabeça de lista do PS à Câmara de Mirandela, foi nomeado em Julho deste ano, adjunto do Governo Civil de Bragança. Pura coincidência! (DR n.º 151, de 3/7/97)

– José Ernesto Oliveira, cabeça de lista do PS à Câmara de Évora, foi promovido em Julho, a Presidente da Comissão Coordenadora Regional do Alentejo. Não há dúvida que há nomeações e promoções que vêm mesmo a calhar! (D.R. n.º 156, de 9/7/97)

– João Ferreira, cabeça de lista do PS à Câmara de Silves, antigo funcionário do Ministério da Agricultura, foi promovido pelo novo governo do PS. É claro que aqui o que contou foi a antiguidade. Quando o PSD era governo ainda não tinha antiguidade suficiente. Assim em Agosto do ano passado foi nomeado subdirector do Algarve do Ministério da Agricultura e agora é candidato pelo PS. (DR n.º 183, de 8/8/96)

– Amílcar Santos, cabeça de lista do PS à Câmara de Portalegre, foi nomeado em Julho de 97, director do Instituto de Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT) em Portalegre. Qualquer conexão com as autárquicas não há dúvida que só pode ser um processo de intenções... (D.R. n.º 159, de 11/7/96)

– José Miguel Leal da Silva, cabeça de lista do PS à Câmara do Barreiro, foi nomeado em Junho do ano passado, para a Comissão de Acompanhamento do Instituto Geológico e Mineiro. Nada estranho, nada de mais normal... (D.R. n.º 130, de 6/6/96)

– José Miguel Medeiros, cabeça de lista pelo PS à Câmara de Anciães, tinha sido nomeado pelo novo Governador Civil seu adjunto no fim do ano (12/12/96) o que é também, perfeitamente natural.

– Joaquim Ventura Leite, foi com o novo governo PS, nomeado em Julho de 96, director do Serviço sub-Regional de Setúbal da Segurança Social, agora é cabeça de lista pelo PS à Câmara de Grândola. (D.R. nº157, de 9/7/96)

E em Alcácer do Sal, coincidência das coincidências, praticamente ao mesmo tempo em que Duarte Lynce de Faria aceitava a candidatura pelo PS à Câmara Municipal, era nomeado adjunto do Governador Civil de Setúbal.

É um fartote de "boys candidatos!". Como se vê também neste estilo o PS parece não querer ficar atrás do PSD.

Deixamos estes exemplos, como poderíamos ter escolhido outros com situações e coincidências pouco abonatórias, porque entendemos que devemos continuar a pugnar pela democraticidade dos actos eleitorais e a condenar as várias instrumentalizações do aparelho de Estado ao serviço das candidaturas do PS.

Por uma intervenção séria e honesta

ao serviço das populações

A demagogia e a politiqueirice só afastam os portugueses e as portuguesas, da participação e do exercício dos direitos de cidadania.

As pessoas querem respostas concretas para os problemas e não o blá-blá de promessas e mais promessas.

As pessoas querem o debate sério das questões e não a política espectáculo ou a gritaria sobre o acessório para desviar as atenções dos problemas.

As pessoas querem que se honre os compromissos, que se preste contas e não que se meta na gaveta, tudo aquilo por que se disse ir lutar, logo no dia seguinte às eleições.

Contem connosco.

Não vos prometemos tachos mas trabalho, muito trabalho.

Não vos prometemos facilidades, mas sim empenho, persistência e perseverança.

Não vos prometemos uma fiscalização passiva e uma participação política remetida para a altura das eleições, mas sim uma acrescida intervenção quotidiana e convosco, uma intervenção participada quer no controlo, quer na proposta, quer na concretização de medidas.

Estamos aqui para avançar e para servir a população com a população.

Nós não precisamos das pré-campanhas eleitorais para nos lembramos e lutarmos pelas justas reivindicações das populações ou, para nos lembrarmos do caos urbanístico, ou das acessibilidades.

A solução para os problemas do concelho não está no rotativismo, não está em o PSD suceder ao PS e o PS suceder ao PSD, alterando-se as caras para que tudo o que é essencial se mantenha.

A solução está numa política alternativa, num projecto participado e humanizador da vida da cidade.

A solução não está em pretensos "braços de ferro mediáticos", numa teatral comédia acerca de quem é o candidato de tal ou tal força política, nem em quem tem mais "outdoors".

A opção não está em quem tem mais dinheiro para gastar na campanha eleitoral, que pela ostentação que alguns assumem é uma autêntica afronta às dificuldades do quotidiano de tantas e tantas famílias.

Aliás estas forças partidárias o que demonstram no cinema que estão a fazer quanto ao anúncio de candidaturas e nos nomes que já chegaram a ser apontados para candidatos: Menezes/Cervan; Leonor Beleza; Torres Couto; Narciso; é que para estes, o que conta não é o conhecimento dos problemas de Gaia, nem o empenho na sua resolução, mas sim o estrelato, a escolha de uma figura conhecida que através da política espectáculo conquiste o poder. O poder não para servir o povo mas para dele se servirem.

Muitos cidadãos poderão cair no engodo de toda esta pressão mediática, mas serão também cada vez mais os que consideram que tudo isto é uma grande "fantochada", que não serve a população de Gaia, nem dá nenhuma saúde à democracia.

Pela nossa parte procuraremos fazer uma campanha digna, serena, de proposta e projecto, de debate de ideias, com grande determinação e confiança.

Os votos na CDU não cairão em cesto roto. Serão votos ao serviço do concelho, serão votos ao serviço de uma gestão com as populações e pelas populações.

Estas são umas eleições que exigem o empenho e a contribuição militante de todos e de cada um.

Há sólidas razões para partirmos para esta batalha com determinação e confiança e para reforçarmos a CDU em todo o país.

Porque o reforço da CDU é a direcção certa e segura para se ter uma outra política.

Porque o reforço da CDU significa dar força e voz a todos os que se indignaram com as prepotências e as injustiças sociais.

Porque o reforço da CDU significa dar mais força e voz aos ventos de mudança e da esperança, ou seja a todos os que entendem que é necessário por termo à degradação e à especulação da área urbana.

Porque o reforço da CDU significa dar força e voz a todos os que querem uma cidade de Gaia mais ordenada e mais bela e "para se fazer aquilo que é preciso"(...)».

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Na Maia

CDU junta vontades e esforços

Também na Maia, a CDU fez a apresentação pública dos seus candidatos aos órgãos municipais, num almoço-convívio que no fim de semana passado realizou no Forum de Maia, igualmente com a participação do Secretário-geral do PCP.

Durante o almoço, Serafim Nunes, candidato à presidência da Câmara Municipal da Maia, referiu que os objectivos que a CDU persegue, pela sua importância, e por algumas dificuldades que o processo eleitoral tem defrontado, exige que se juntem «todas as vontades» e «todos os esforços». «O que é fundamental», disse Serafim Nunes, «é fazer regressar à Câmara Municipal um vereador da CDU. É reforçar o número dos nosso eleitos na Assembleia Municipal. É fazer eleger candidatos da CDU no maior númerio possível de freguesias.» E, referindo-se à aliança PSD e PP - forçada pelos «sinais de erosão e angústia» que a maioria dirigida por Vieira de Carvalho apresenta -, disse ser esta uma aliança «sem princípios». Depois de oito anos a «zurzirem forte e feio uns nos outros», prosseguiu, «logo se unem quando sentem perigar o seu poder».

Depois de alertar para o «ridículo e patético frenesim deste fim de mandato», e de chamar a atenção para a candidatura do PS - demonstrativa da sua «incapacidade e fraqueza» no concelho -, Serafim Nunes denunciou o comportamento deste partido que «foi sempre cúmplice na política desenvolvida pelo dr. Vieira de Carvalho» e agora ensaia um processo de branqueamento com um candidato que não é da Maia.

César Príncipe, mandatário da CDU à Câmara da Maia, considerou, por sua vez, que «é tempo de repensar o poder continuado e centralizado exercido na Maia: um poder de cariz faraónico, com pirâmides, torres, esfinges escultóricas, marchas de exaltação ao imperador, lápides de bronze e mármores endeusando o sobreiro por estádios, pontes, colectividades, centros de saúde». Fenómeno que, em sua opinião, não se coaduna com «um modelo democrático adulto».

«À sombra de um poder totalizante, assente nalguma indiscutível obra, mas sobretudo numa propaganda intensa e intencional, à custa de dinheiros públicos e com o empenho de beneficiários do sistema, a Maia cresce sem equilíbrio urbanístico, sem brio paisagístico, sem programação cultural e sem paixão social», prosseguiu César Príncipe, lembrando que «a CDU tem sobre a Maia uma concepção avançada de política local, que se traduz num projecto que harmonize a eficácia dos serviços e dialogue permanentemente com os cidadãos.»

Entretanto, nas breves palavras que proferiu, Carlos Carvalhas disse crer que a CDU, «pela sua coerência, pelo seu projecto, pela sua intervenção construtiva e fiscalizadora» está em condições de travar com êxito a batalha das autárquicas. Uma batalha que «mesmo só como batalha política é da máxima importância pelas possibilidades que temos de contactar com milhares de cidadãos e de lançarmos sementes para o presente e para o futuro.»

«Nós não trabalhamos só com os olhos nos curto prazo», sublinhou Carvalhas. «Trabalhamos para hoje para amanhã com determinação e confiança. Tanto nos concelhos em que estamos em maioria como nos que estamos em minoria, devemos procurar fazer uma campanha voltada para fora.»

«Avante!» Nº 1244 de 2 de Outubro de 1997

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