Cartão amarelo ao cidadão Guterres

13-10-1999
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Cartão Amarelo ao Cidadão Guterres

Por SILVINO FIGUEIREDO (GONDOMAR)

Quarta-feira, 6 de Outubro de 1999 Não, não quero maiorias absolutas, seja PS, PSD, etc. Normalmente, voto PS, porque é o partido que tem merecido a minha confiança na prossecução de medidas políticas, vincadamente de maior justiça social e redução de assimetrias, ao mesmo tempo que é garante das liberdades fundamentais do ser humano. Porém no próximo acto eleitoral, vou votar em branco... como protesto! Porquê? Porque, acima de qualquer interesse partidário, coloco o superior interesse do regime republicano democrático. Por isso, defendo as virtudes do diálogo e concertação entre as diversas sensibilidades políticas portuguesas. Acho que o PS governou razoavelmente bem durante estes últimos quatro anos. Claro que, de vez em quando, teve de ceder às exigências ou sugestões de outras forças partidárias. Óptimo! Para mim, a virtude máxima da democracia é governar, bem, sem maioria. Não havendo maioria absoluta, as leis são aprovadas por maioria de diversos partidos, o que, à partida, oferece maior garantia de durabilidade, enquanto que, se forem aprovadas por um só partido com maioria absoluta, correm o risco de logo caírem no Governo seguinte! Não gosto que o cidadão Guterres peça, em democracia, maioria absoluta, mesmo que diga que garantirá a democraticidade da sociedade. O cidadão Guterres pode estar cheio de boas intenções (o Inferno está cheio delas!), mas, uma vez obtida a maioria absoluta, há o risco de os seus assessores e ministros ficarem com "o rei na barriga". Aí, o cidadão Guterres, então na pele de primeiro-ministro, terá de se armar em "ditador" para impor a ordem democrática. Ora, eu não quero correr esse risco, nem quero que o cidadão Guterres corra o risco de ter de ser ditador para com os seus! Não havendo maioria absoluta, não há esse perigo! Para terminar, o meu voto... em branco, que vale de amarelo, como protesto, deve-se, essencialmente, ao acima exposto e também ao facto de não ter gostado (é que não gostei mesmo nada) de ver o Governo a não cumprir as leis da República no caso de Barrancos. Irra! Foram dois anos seguidos a assistir ao espectáculo circense da voluntária abdicação do Governo no cumprimento da lei e na sua incapacidade de arranjar uma solução legal para o problema. Depois, o cidadão Guterres, ainda tem a "lata" de dizer que Portugal não é uma república de bananas! Se o PS tiver a maioria absoluta, logo serei do contra. Se tiver a maioria relativa, então, apoiá-lo-ei. Se a oposição, mais tarde, derrubar o Governo, isso não me preocupa, porque logo outro Governo, talvez PS, se levantará com a vontade do povo. Mais vale muitos a mandar em pequenos bocados, do que só um a mandar em tudo, e os outros... calados! A democracia deve ser o mais alargada e partilhada possível. Se eu quisesse um regime de partido único, votaria PCP. A propósito, o Paulo Portas parece que anda a disputar o lugar de secretário-geral do PCP, na defesa dos pobrezinhos, dos reformados, menos trabalho, menos impostos, etc. Como os extremos se tocam! Silvino Figueiredo (Gondomar) OUTROS TÍTULOS EM ESPAÇO PÚBLICO OPINIÃO

Dar força à esperança

CARTAS AO DIRECTOR

Antes o voto em branco

Cartão amarelo ao cidadão Guterres

"Agronomia também ganhou"

Citações

O PÚBLICO ERROU

Errata

Cartão Amarelo ao Cidadão Guterres

Por SILVINO FIGUEIREDO (GONDOMAR)

Quarta-feira, 6 de Outubro de 1999 Não, não quero maiorias absolutas, seja PS, PSD, etc. Normalmente, voto PS, porque é o partido que tem merecido a minha confiança na prossecução de medidas políticas, vincadamente de maior justiça social e redução de assimetrias, ao mesmo tempo que é garante das liberdades fundamentais do ser humano. Porém no próximo acto eleitoral, vou votar em branco... como protesto! Porquê? Porque, acima de qualquer interesse partidário, coloco o superior interesse do regime republicano democrático. Por isso, defendo as virtudes do diálogo e concertação entre as diversas sensibilidades políticas portuguesas. Acho que o PS governou razoavelmente bem durante estes últimos quatro anos. Claro que, de vez em quando, teve de ceder às exigências ou sugestões de outras forças partidárias. Óptimo! Para mim, a virtude máxima da democracia é governar, bem, sem maioria. Não havendo maioria absoluta, as leis são aprovadas por maioria de diversos partidos, o que, à partida, oferece maior garantia de durabilidade, enquanto que, se forem aprovadas por um só partido com maioria absoluta, correm o risco de logo caírem no Governo seguinte! Não gosto que o cidadão Guterres peça, em democracia, maioria absoluta, mesmo que diga que garantirá a democraticidade da sociedade. O cidadão Guterres pode estar cheio de boas intenções (o Inferno está cheio delas!), mas, uma vez obtida a maioria absoluta, há o risco de os seus assessores e ministros ficarem com "o rei na barriga". Aí, o cidadão Guterres, então na pele de primeiro-ministro, terá de se armar em "ditador" para impor a ordem democrática. Ora, eu não quero correr esse risco, nem quero que o cidadão Guterres corra o risco de ter de ser ditador para com os seus! Não havendo maioria absoluta, não há esse perigo! Para terminar, o meu voto... em branco, que vale de amarelo, como protesto, deve-se, essencialmente, ao acima exposto e também ao facto de não ter gostado (é que não gostei mesmo nada) de ver o Governo a não cumprir as leis da República no caso de Barrancos. Irra! Foram dois anos seguidos a assistir ao espectáculo circense da voluntária abdicação do Governo no cumprimento da lei e na sua incapacidade de arranjar uma solução legal para o problema. Depois, o cidadão Guterres, ainda tem a "lata" de dizer que Portugal não é uma república de bananas! Se o PS tiver a maioria absoluta, logo serei do contra. Se tiver a maioria relativa, então, apoiá-lo-ei. Se a oposição, mais tarde, derrubar o Governo, isso não me preocupa, porque logo outro Governo, talvez PS, se levantará com a vontade do povo. Mais vale muitos a mandar em pequenos bocados, do que só um a mandar em tudo, e os outros... calados! A democracia deve ser o mais alargada e partilhada possível. Se eu quisesse um regime de partido único, votaria PCP. A propósito, o Paulo Portas parece que anda a disputar o lugar de secretário-geral do PCP, na defesa dos pobrezinhos, dos reformados, menos trabalho, menos impostos, etc. Como os extremos se tocam! Silvino Figueiredo (Gondomar) OUTROS TÍTULOS EM ESPAÇO PÚBLICO OPINIÃO

Dar força à esperança

CARTAS AO DIRECTOR

Antes o voto em branco

Cartão amarelo ao cidadão Guterres

"Agronomia também ganhou"

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O PÚBLICO ERROU

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