Agostinho Lopes
«Vamos de derrota em derrota, até à derrota final», ironiza amargamente um militante da ala renovadora, que evita «por enquanto» dar a cara, lançando mão do «slogan» truncado com que os comunistas glosavam a extrema-esquerda na segunda metade da década de 70. Para os seguidores desta tendência, que «não é tão minoritária como se julga», a escolha de Ilda Figueiredo foi «desastrosa». E explica porquê: «O eleitorado de Lisboa e Porto, onde se decide tudo, é cada vez mais burguês e culto e não se deixa arrastar por uma ilustre desconhecida que ainda está na fase obreirista».
Carvalhas «farto»
Carvalho da Silva
Nos bastidores dá-se já como certo o abandono de Carlos Carvalhas a seguir às legislativas, na perspectiva de uma perda de influência dos «duros». «Carvalhas nunca quis o poder», assegura um dirigente que lhe está próximo, garantindo que o economista «está farto de fazer o frete» e que só se manterá em funções «se os velhos ficarem com mais força do que os renovadores, para evitar a radicalização».
Sem nunca se definir claramente, o actual secretário-geral do PCP foi «empurrado» para o lugar para evitar a «guerra» e a radicalização dos seguidores de Cunhal - e sobretudo as perseguições, expulsões e abandonos que lhe seriam associadas -, acabando a conciliação por, afinal, só adiar o problema.
Representada com crescente protagonismo no Comité Central por Agostinho Lopes, a «linha dura» vai ao ponto de criticar Octávio Teixeira e João Amaral (as faces mais visíveis da renovação) pela maneira como se vestem. E a análise é subscrita pela Juventude Comunista, liderada por Luísa Araújo, que insiste na pureza dos conceitos marxistas-leninistas. E é dessa intolerância que Carvalhas tem «medo».
A vez do sindicalista
Octávio Teixeira
Licenciado entretanto - como compete a um secretário-geral, mesmo comunista -, Carvalho da Silva, o líder da CGTP, é um dos mais sérios candidatos à sucessão. Apesar da sua ascensão à liderança não passar de «renovação na continuidade», ele poderá vir a entrincheirar-se entre Agostinho Lopes e Octávio Teixeira ou João Amaral, dada a força da sua ligação ao mundo laboral e o peso mediático. Mas os «homens da mudança» têm dois trunfos na manga: Sérgio Ribeiro e Helena Medina, mulher de Edgar Correia.
«Pela dinâmica e discursos da Festa do 'Avante!' se perceberá em que ponto estamos e quem é o 'inimigo principal'», adverte um dirigente renovador, no jeito de quem garante que antes do Outono nenhuma ruptura será consumada.
ORLANDO RAIMUNDO
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Agostinho Lopes
«Vamos de derrota em derrota, até à derrota final», ironiza amargamente um militante da ala renovadora, que evita «por enquanto» dar a cara, lançando mão do «slogan» truncado com que os comunistas glosavam a extrema-esquerda na segunda metade da década de 70. Para os seguidores desta tendência, que «não é tão minoritária como se julga», a escolha de Ilda Figueiredo foi «desastrosa». E explica porquê: «O eleitorado de Lisboa e Porto, onde se decide tudo, é cada vez mais burguês e culto e não se deixa arrastar por uma ilustre desconhecida que ainda está na fase obreirista».
Carvalhas «farto»
Carvalho da Silva
Nos bastidores dá-se já como certo o abandono de Carlos Carvalhas a seguir às legislativas, na perspectiva de uma perda de influência dos «duros». «Carvalhas nunca quis o poder», assegura um dirigente que lhe está próximo, garantindo que o economista «está farto de fazer o frete» e que só se manterá em funções «se os velhos ficarem com mais força do que os renovadores, para evitar a radicalização».
Sem nunca se definir claramente, o actual secretário-geral do PCP foi «empurrado» para o lugar para evitar a «guerra» e a radicalização dos seguidores de Cunhal - e sobretudo as perseguições, expulsões e abandonos que lhe seriam associadas -, acabando a conciliação por, afinal, só adiar o problema.
Representada com crescente protagonismo no Comité Central por Agostinho Lopes, a «linha dura» vai ao ponto de criticar Octávio Teixeira e João Amaral (as faces mais visíveis da renovação) pela maneira como se vestem. E a análise é subscrita pela Juventude Comunista, liderada por Luísa Araújo, que insiste na pureza dos conceitos marxistas-leninistas. E é dessa intolerância que Carvalhas tem «medo».
A vez do sindicalista
Octávio Teixeira
Licenciado entretanto - como compete a um secretário-geral, mesmo comunista -, Carvalho da Silva, o líder da CGTP, é um dos mais sérios candidatos à sucessão. Apesar da sua ascensão à liderança não passar de «renovação na continuidade», ele poderá vir a entrincheirar-se entre Agostinho Lopes e Octávio Teixeira ou João Amaral, dada a força da sua ligação ao mundo laboral e o peso mediático. Mas os «homens da mudança» têm dois trunfos na manga: Sérgio Ribeiro e Helena Medina, mulher de Edgar Correia.
«Pela dinâmica e discursos da Festa do 'Avante!' se perceberá em que ponto estamos e quem é o 'inimigo principal'», adverte um dirigente renovador, no jeito de quem garante que antes do Outono nenhuma ruptura será consumada.
ORLANDO RAIMUNDO