Não a um novo governo PS-PSD, sim a um pacto de regime

23-02-2002
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Não a Um Novo Governo PS-PSD, Sim a Um Pacto de Regime

Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2002 Em termos de solução política, o Bloco Central é, para Medina Carreira, "teoricamente possível, mas não a desejável, enquanto não se chegar a grandes aflições", isto pelo "desgaste" que implica para os dois partidos principais. Apesar de tudo, ele considera que a situação em Portugal "é de grande gravidade". "O Bloco Central tem o inconveniente de, desgastado por políticas impopulares, ser rejeitado pela sociedade, e não vejo o Presidente da República a chamar os que estão cá fora a fazer barulho, o PCP ou o Bloco de Esquerda", sublinhou. Rui Machete é igualmente contra essa solução no actual contexto. "As épocas são muito diferentes, um governo de Bloco Central justifica-se numa situação de crise gravíssima, como a que se vivia em 1983, mas tem efeitos perversos, enfraquece a oposição e isso é mau para a democracia". Para Vitor Ramalho, também o quadro actual é diferente "do ponto de vista político, económico e social". "Na época em que apareceu o Bloco Central, caminhava-se para a integração e era inevitável que houvesse um Governo com uma base alargada, ou a integração não podia ocorrer". Mas, na sua opinião, o mundo mudou: "Estamos no euro, os partidos não-centrais têm muito mais peso no Parlamento e a bipolaridade é prejudicial, porque forçada". Este socialista, que foi secretário de Estado adjunto do ministro da Economia entre 1997 e 2000, defende, em vez disso, a identificação, pelos partidos, dos "desígnios comuns do país" que são, afirma, "a resolução do nosso calcanhar de Aquiles que é a produtividade, a nossa posição face à Europa, o problema da lusofonia, a modernização da máquina do Estado, a inovação e a qualidade". "É preciso calendarizar os desígnios comuns que devem levar a um pacto de regime e estou convencido de que, se não o fizermos, corremos sérios riscos. Infelizmente, ninguém fala nisso, nem no PS nem nos outros partidos, apenas agora começo a sentir que nalgumas franjas mais esclarecidas essa ideia começa a aparecer. Infelizmente, há um défice grave de pensamento político em todos os partidos, incluindo o meu, e os partidos são os alicerces da democracia", acrescenta. Pacto para vencer resistências corporativas Rui Machete também fala em "pacto de regime", que define como "um consenso", mas entre os dois principais partidos, para "identificar soluções programáticas no que toca a questões como a União Europeia, as Forças Armadas, alguns aspectos da reforma da administração pública, da educação e da saúde". Explica porquê: "Seria a solução para vencer as resistências corporativas. Os partidos têm dificuldade em tomar medidas penalizadoras para não serem punidos por isso em eleições". Mas, para ultrapassar essas dificuldades, e "antes de levar o país a uma solução tipo Bloco Central", o presidente da FLAD acha que o Presidente da República pode desempenhar um papel: "Deve exercer a sua magistratura de influência para que os dois partidos da alternância cheguem a consensos nalgumas questões fundamentais". E lamenta que não o tenha feito no discurso em que anunciou a dissolução da Assembleia da República. "Teria sido uma boa oportunidade, mas ainda está a tempo". Medina Carrreira, que tem uma ideia catastrófica da actual situação do país, afirmou: "Se não fizermos um acordo de regime sobre aspectos limitados, estamos pendurados pelo pescoço". "Mesmo uma maioria absoluta deve tentar sempre um acordo de regime. É a única saída, quando o que há a fazer, para superar a crise, é tão desagradável e apertado". E dá um exemplo deste cenário negro: "Pelas minhas contas, para sanar a situação económica do país, será preciso congelar os salários da função pública até 2010". OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL PCP insiste em ser alternativa de poder

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Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2002 Em termos de solução política, o Bloco Central é, para Medina Carreira, "teoricamente possível, mas não a desejável, enquanto não se chegar a grandes aflições", isto pelo "desgaste" que implica para os dois partidos principais. Apesar de tudo, ele considera que a situação em Portugal "é de grande gravidade". "O Bloco Central tem o inconveniente de, desgastado por políticas impopulares, ser rejeitado pela sociedade, e não vejo o Presidente da República a chamar os que estão cá fora a fazer barulho, o PCP ou o Bloco de Esquerda", sublinhou. Rui Machete é igualmente contra essa solução no actual contexto. "As épocas são muito diferentes, um governo de Bloco Central justifica-se numa situação de crise gravíssima, como a que se vivia em 1983, mas tem efeitos perversos, enfraquece a oposição e isso é mau para a democracia". Para Vitor Ramalho, também o quadro actual é diferente "do ponto de vista político, económico e social". "Na época em que apareceu o Bloco Central, caminhava-se para a integração e era inevitável que houvesse um Governo com uma base alargada, ou a integração não podia ocorrer". Mas, na sua opinião, o mundo mudou: "Estamos no euro, os partidos não-centrais têm muito mais peso no Parlamento e a bipolaridade é prejudicial, porque forçada". Este socialista, que foi secretário de Estado adjunto do ministro da Economia entre 1997 e 2000, defende, em vez disso, a identificação, pelos partidos, dos "desígnios comuns do país" que são, afirma, "a resolução do nosso calcanhar de Aquiles que é a produtividade, a nossa posição face à Europa, o problema da lusofonia, a modernização da máquina do Estado, a inovação e a qualidade". "É preciso calendarizar os desígnios comuns que devem levar a um pacto de regime e estou convencido de que, se não o fizermos, corremos sérios riscos. Infelizmente, ninguém fala nisso, nem no PS nem nos outros partidos, apenas agora começo a sentir que nalgumas franjas mais esclarecidas essa ideia começa a aparecer. Infelizmente, há um défice grave de pensamento político em todos os partidos, incluindo o meu, e os partidos são os alicerces da democracia", acrescenta. Pacto para vencer resistências corporativas Rui Machete também fala em "pacto de regime", que define como "um consenso", mas entre os dois principais partidos, para "identificar soluções programáticas no que toca a questões como a União Europeia, as Forças Armadas, alguns aspectos da reforma da administração pública, da educação e da saúde". Explica porquê: "Seria a solução para vencer as resistências corporativas. Os partidos têm dificuldade em tomar medidas penalizadoras para não serem punidos por isso em eleições". Mas, para ultrapassar essas dificuldades, e "antes de levar o país a uma solução tipo Bloco Central", o presidente da FLAD acha que o Presidente da República pode desempenhar um papel: "Deve exercer a sua magistratura de influência para que os dois partidos da alternância cheguem a consensos nalgumas questões fundamentais". E lamenta que não o tenha feito no discurso em que anunciou a dissolução da Assembleia da República. "Teria sido uma boa oportunidade, mas ainda está a tempo". Medina Carrreira, que tem uma ideia catastrófica da actual situação do país, afirmou: "Se não fizermos um acordo de regime sobre aspectos limitados, estamos pendurados pelo pescoço". "Mesmo uma maioria absoluta deve tentar sempre um acordo de regime. É a única saída, quando o que há a fazer, para superar a crise, é tão desagradável e apertado". E dá um exemplo deste cenário negro: "Pelas minhas contas, para sanar a situação económica do país, será preciso congelar os salários da função pública até 2010". OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL PCP insiste em ser alternativa de poder

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