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20-05-2001
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1 - Cerco e tentativa de assalto às sedes do PCP e MDP/CDE em Famalicão. - Reunião de oficiais do Copcon com Vasco Gonçalves e Otelo Saraiva de Carvalho. Nove oficiais do Copcon são retirados da unidade após um plenário. 2 - Duas bombas explodem em Anha, Viana do Castelo - uma numa casa particular e outra num edifício onde estava marcada uma reunião do MDP/CDE. - Na margem sul registam-se disparos contra militantes de esquerda que distribuíam propaganda de apoio à luta dos operários do sector corticeiro. 3 de Agosto - São assaltadas as sedes do PCP e MDP/CDE na Póvoa do Lanhoso. "A multidão dirigiu-se primeiramente à sede do PCP, cujas portas arrombou, introduzindo-se nas instalações e dela retirando para a rua todo o recheio, incluindo mobiliário e material de propaganda, com o que se fez uma grande fogueira na rua, reduzindo a cinzas quanto apanharam à mão", in "Comércio do Porto", 4/8/75 - Em Coimbra realiza-se uma manifestação de apoio ao Episcopado. - Em Famalicão o MFA intervém para impedir o assalto à sede do PCP. 4 - Realiza-se no quartel-general da Região Militar de Lisboa uma reunião de militares em que estão presentes Otelo Saraiva de Carvalho, Costa Gomes, Vasco Gonçalves e os restantes conselheiros da revolução, além de representantes das diversas unidades de Lisboa. Vasco Gonçalves tenta formar um governo forte apoiado pelo Copcon, mas Otelo recusa-lhe esse apoio. - Explode um petardo junto à casa de um militante do MDP/CDE e uma bomba numa mercearia de um membro do PCP, em Fafe. No mesmo dia a sede do PCP em Porto de Espada, Monção, é destruída. 5 - Neste dia são parcialmente arrasadas as sedes do PCP, MDP/CDE e FEC/ML em Santo Tirso. É também devassado o centro de trabalho do PCP em Famalicão. "Ao princípio da madrugada a situação agravou-se, já que os manifestantes, notoriamente alimentados por outras pessoas que, entretanto, se tinham juntado, pretendiam entrar à força na sede. Na altura, as forças militares ali destacadas viram-se forçadas a disparar várias rajadas de metralhadora para o ar. Todavia, não se sabe bem como, dois dos manifestantes foram atingidos pelos tiros. Um morreu e o outro ficou ferido com gravidade", in "Comércio do Porto", 6/8/75. - Neste dia foram ainda registadas outras acções violentas. A explosão de uma bomba em Lisboa matou uma pessoa e uma outra bomba destruiu um camião do Exército. 6 - São destruídas as sedes do PCP e do MDP/CDE em Cantanhede e Bombarral; aqui a sede do MES foi igualmente atacada. Em Fafe, o centro de trabalho do PCP foi "reconquistado" pelos militantes deste partido, depois de graves confrontos físicos. "A vila de Fafe continua a viver momentos de tensão em consequência dos graves incidentes que se registaram junto à sede do PCP, sita na rua José Rodrigues Vieira de Castro, e dos quais há a lamentar, para já, um morto, quatro feridos graves e mais dois ligeiros, alvejados e atingidos por tiros disparados do interior das instalações daquele mesmo partido", in "Comércio do Porto", 8/8/75 - Costa Gomes dá posse ao V Governo Provisório e o Grupo dos Nove torna público o seu documento. 7 - Neste dia é divulgado o Documento Melo Antunes, apoiado pelo Grupo dos Nove, um grupo de militares que representava a facção moderada do MFA, e que se opõe às teses políticas do Documento Guia Povo/MFA, apresentado em 8 de Julho. Melo Antunes, Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves e Vítor Crespo entregam o documento a Costa Gomes, em que, recusando quer as vias totalitárias, quer as sociais-democratas, se afirmam "defensores de um projecto político de esquerda, onde a construção de uma sociedade socialista (...) se realize aos ritmos adequados à realidade social concreta portuguesa, por forma a que a transição se realize gradualmente, sem convulsões e pacificamente". 8 - Os centros de trabalho do PCP e do MDP/CDE em Penafiel são arrombados e desmantelados. "De madrugada, grupos de indivíduos, depois de arrombarem as portas da sede do PCP de Penafiel, sita na Praça da República, entraram nas instalações daquele partido político, tendo destruído material de propaganda, documentos, etc. Em seguida trouxeram tudo para a praça e fizeram uma fogueira", in "Comércio do Porto", 9/8/75 - Toma posse o V Governo Provisório chefiado por Vasco Gonçalves. - Reunião dos chefes de Estado-Maior dos três ramos das Forças Armadas para discutir o castigo a aplicar aos nove oficiais autores do "Documento dos Nove". - O "Jornal Novo" publica o Documento dos Nove. - "O Jornal" publica uma carta aberta de Mário Soares a Costa Gomes em que o líder do PS pede a demissão de Vasco Gonçalves e nega categoricamente que a opção da política portuguesa fosse entre revolução ou reacção, o que é entendido como sendo um claro apoio ao Documento dos Nove. - Otelo e Carlos Fabião denunciam a vaga de assaltos às sedes dos partidos de esquerda que ocorre no Norte em nome do anticomunismo. - O Conselho de Ministros aprova as nacionalizações da CUF, Setenave, Sogefi e Sociedade Geral do Comércio, bem como as indústrias de transportes e de cervejas. 9 - Vasco Gonçalves apela à construção de uma frente que englobe os "portugueses interessados no socialismo". - O Conselho Mundial da Paz denuncia a existência de uma "conspiração imperialista contra Portugal". - É registada uma tentativa de assalto à Câmara Municipal de São João da Pesqueira. Ocorre também uma tentativa de assalto à sede local do PCP, depois de um comício do MRPP. 10 - O comité central do PCP reúne-se de emergência e Álvaro Cunhal solicita ao plenário autorização para "tomar iniciativas para (...) uma reconsideração de todo o problema da revolução portuguesa". - Em Timor, a UDT desencadeia um golpe armado, ocupando o quartel da polícia e outros pontos estratégicos da cidade de Díli. - Um pavilhão de vendas do PCP é incendiado no Porto e a sede de Monção assaltada, tal como a de Penafiel, o que sucede pela segunda vez. O mesmo acontece em Trofa.

1 - Cerco e tentativa de assalto às sedes do PCP e MDP/CDE em Famalicão. - Reunião de oficiais do Copcon com Vasco Gonçalves e Otelo Saraiva de Carvalho. Nove oficiais do Copcon são retirados da unidade após um plenário. 2 - Duas bombas explodem em Anha, Viana do Castelo - uma numa casa particular e outra num edifício onde estava marcada uma reunião do MDP/CDE. - Na margem sul registam-se disparos contra militantes de esquerda que distribuíam propaganda de apoio à luta dos operários do sector corticeiro. 3 de Agosto - São assaltadas as sedes do PCP e MDP/CDE na Póvoa do Lanhoso. "A multidão dirigiu-se primeiramente à sede do PCP, cujas portas arrombou, introduzindo-se nas instalações e dela retirando para a rua todo o recheio, incluindo mobiliário e material de propaganda, com o que se fez uma grande fogueira na rua, reduzindo a cinzas quanto apanharam à mão", in "Comércio do Porto", 4/8/75 - Em Coimbra realiza-se uma manifestação de apoio ao Episcopado. - Em Famalicão o MFA intervém para impedir o assalto à sede do PCP. 4 - Realiza-se no quartel-general da Região Militar de Lisboa uma reunião de militares em que estão presentes Otelo Saraiva de Carvalho, Costa Gomes, Vasco Gonçalves e os restantes conselheiros da revolução, além de representantes das diversas unidades de Lisboa. Vasco Gonçalves tenta formar um governo forte apoiado pelo Copcon, mas Otelo recusa-lhe esse apoio. - Explode um petardo junto à casa de um militante do MDP/CDE e uma bomba numa mercearia de um membro do PCP, em Fafe. No mesmo dia a sede do PCP em Porto de Espada, Monção, é destruída. 5 - Neste dia são parcialmente arrasadas as sedes do PCP, MDP/CDE e FEC/ML em Santo Tirso. É também devassado o centro de trabalho do PCP em Famalicão. "Ao princípio da madrugada a situação agravou-se, já que os manifestantes, notoriamente alimentados por outras pessoas que, entretanto, se tinham juntado, pretendiam entrar à força na sede. Na altura, as forças militares ali destacadas viram-se forçadas a disparar várias rajadas de metralhadora para o ar. Todavia, não se sabe bem como, dois dos manifestantes foram atingidos pelos tiros. Um morreu e o outro ficou ferido com gravidade", in "Comércio do Porto", 6/8/75. - Neste dia foram ainda registadas outras acções violentas. A explosão de uma bomba em Lisboa matou uma pessoa e uma outra bomba destruiu um camião do Exército. 6 - São destruídas as sedes do PCP e do MDP/CDE em Cantanhede e Bombarral; aqui a sede do MES foi igualmente atacada. Em Fafe, o centro de trabalho do PCP foi "reconquistado" pelos militantes deste partido, depois de graves confrontos físicos. "A vila de Fafe continua a viver momentos de tensão em consequência dos graves incidentes que se registaram junto à sede do PCP, sita na rua José Rodrigues Vieira de Castro, e dos quais há a lamentar, para já, um morto, quatro feridos graves e mais dois ligeiros, alvejados e atingidos por tiros disparados do interior das instalações daquele mesmo partido", in "Comércio do Porto", 8/8/75 - Costa Gomes dá posse ao V Governo Provisório e o Grupo dos Nove torna público o seu documento. 7 - Neste dia é divulgado o Documento Melo Antunes, apoiado pelo Grupo dos Nove, um grupo de militares que representava a facção moderada do MFA, e que se opõe às teses políticas do Documento Guia Povo/MFA, apresentado em 8 de Julho. Melo Antunes, Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves e Vítor Crespo entregam o documento a Costa Gomes, em que, recusando quer as vias totalitárias, quer as sociais-democratas, se afirmam "defensores de um projecto político de esquerda, onde a construção de uma sociedade socialista (...) se realize aos ritmos adequados à realidade social concreta portuguesa, por forma a que a transição se realize gradualmente, sem convulsões e pacificamente". 8 - Os centros de trabalho do PCP e do MDP/CDE em Penafiel são arrombados e desmantelados. "De madrugada, grupos de indivíduos, depois de arrombarem as portas da sede do PCP de Penafiel, sita na Praça da República, entraram nas instalações daquele partido político, tendo destruído material de propaganda, documentos, etc. Em seguida trouxeram tudo para a praça e fizeram uma fogueira", in "Comércio do Porto", 9/8/75 - Toma posse o V Governo Provisório chefiado por Vasco Gonçalves. - Reunião dos chefes de Estado-Maior dos três ramos das Forças Armadas para discutir o castigo a aplicar aos nove oficiais autores do "Documento dos Nove". - O "Jornal Novo" publica o Documento dos Nove. - "O Jornal" publica uma carta aberta de Mário Soares a Costa Gomes em que o líder do PS pede a demissão de Vasco Gonçalves e nega categoricamente que a opção da política portuguesa fosse entre revolução ou reacção, o que é entendido como sendo um claro apoio ao Documento dos Nove. - Otelo e Carlos Fabião denunciam a vaga de assaltos às sedes dos partidos de esquerda que ocorre no Norte em nome do anticomunismo. - O Conselho de Ministros aprova as nacionalizações da CUF, Setenave, Sogefi e Sociedade Geral do Comércio, bem como as indústrias de transportes e de cervejas. 9 - Vasco Gonçalves apela à construção de uma frente que englobe os "portugueses interessados no socialismo". - O Conselho Mundial da Paz denuncia a existência de uma "conspiração imperialista contra Portugal". - É registada uma tentativa de assalto à Câmara Municipal de São João da Pesqueira. Ocorre também uma tentativa de assalto à sede local do PCP, depois de um comício do MRPP. 10 - O comité central do PCP reúne-se de emergência e Álvaro Cunhal solicita ao plenário autorização para "tomar iniciativas para (...) uma reconsideração de todo o problema da revolução portuguesa". - Em Timor, a UDT desencadeia um golpe armado, ocupando o quartel da polícia e outros pontos estratégicos da cidade de Díli. - Um pavilhão de vendas do PCP é incendiado no Porto e a sede de Monção assaltada, tal como a de Penafiel, o que sucede pela segunda vez. O mesmo acontece em Trofa.

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