Nacional

04-05-2001
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Quinta-feira, 19 de Abril de 2001

Recrutamento em curso

A política de recursos humanos do sector da saúde foi um dos principais temas no período de perguntas à ministra Manuela Arcanjo. A deputada do PCP Natália Filipe lembrou que a Assembleia da República aprovou há cerca de um ano um plano de acção urgente para o aumento de profissionais de saúde. Na mesma linha, a deputada de "Os Verdes" Isabel de Castro puxou de números para afirmar que falta preencher metade das vagas para médicos, um terço das vagas para enfermeiros e um quarto dos lugares destinados a auxiliares de saúde e diagnóstico. Daqui a dez anos, acrescentou, mais de 70 por cento do pessoal médico entra na idade da reforma.

Na resposta, Manuela Arcanjo reconheceu que há uma "má distribuição de médicos" pelo país e que há também uma "insuficiência de profissionais", mas que o Ministério da Saúde está empenhado em resolver os problemas. Afirmou que vai duplicar a capacidade formativa na enfermagem, que estão a ser regularizados os contratos a prazo que existem no sector, que os quadros hospitalares estão a ser redimensionados. Quanto à "agilização do recrutamento", não foi muito específica. Disse apenas que "é uma das preocupações" do seu ministério.

Recorde de dívidas

O debate em torno das dívidas crescentes da saúde foi animado. O deputado do PSD Vieira de Castro trouxe o assunto à discussão, felicitando a ministra Manuela Arcanjo por ter o recorde do montante em dívida na história dos ministérios da Saúde. "A dívida aos fornecedores do Serviço Nacional de Saúde [SNS] é de 320 milhões de contos", afirmou o deputado, referindo que o valor respeitante às farmácias é da ordem dos 168,7 milhões. "É só o maior valor de sempre, desde que existe SNS. A senhora ministra perdeu o controlo do orçamento da Saúde, se é que algumas vez teve esse controlo nas mãos", acrescentou. Num tom condescendente, Manuela Arcanjo afirmou que Vieira de Castro utilizou um discurso "mais sofrido e pungente" do que os próprios presidentes das associações representantes das farmácias e acrescentou que "o verdadeiro recorde em relação à dívida situa-se em 1995, no culminar de dez anos em que o PS ainda não tinha assumido o Governo". No entanto, explicou que há seis anos o valor ascendeu a 210 milhões de contos, o que equivalia a 1,3 por cento do PIB, enquanto hoje esse valor é 1,4 - ou seja, acabou por assumir o recorde de que o PSD tanto falou.

Política do medicamento

A política do medicamento foi um assunto transversal no debate. Quase todos os partidos se referiram a este tema, embora em perspectivas diferentes. A esquerda, pela voz do PCP, "Os Verdes" e o Bloco de Esquerda, pediu clareza na aplicação dos genéricos, para que haja "racionalidade e poupança". Manuela Arcanjo respondeu sempre com muito optimismo, recorrendo a indicadores que demonstram "maior dinamismo no mercado", o que se traduziu num aumento do número de medicamentos genéricos, de prescrições, comparticipações e venda. Prometeu ainda o redimensionamento das embalagens de medicamentos para diminuir o desperdício. Basílio Horta, líder parlamentar do PP, centrou a intervenção sobre medicamentos no controlo e fiscalização do receituário para "acabar com as ligações perigosas" entre médicos e indústria farmacêutica. A ministra apenas respondeu que o CDS-PP não pode "confundir o comportamento de alguns com a classe médica".

H.P./E.L.

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Quinta-feira, 19 de Abril de 2001

Recrutamento em curso

A política de recursos humanos do sector da saúde foi um dos principais temas no período de perguntas à ministra Manuela Arcanjo. A deputada do PCP Natália Filipe lembrou que a Assembleia da República aprovou há cerca de um ano um plano de acção urgente para o aumento de profissionais de saúde. Na mesma linha, a deputada de "Os Verdes" Isabel de Castro puxou de números para afirmar que falta preencher metade das vagas para médicos, um terço das vagas para enfermeiros e um quarto dos lugares destinados a auxiliares de saúde e diagnóstico. Daqui a dez anos, acrescentou, mais de 70 por cento do pessoal médico entra na idade da reforma.

Na resposta, Manuela Arcanjo reconheceu que há uma "má distribuição de médicos" pelo país e que há também uma "insuficiência de profissionais", mas que o Ministério da Saúde está empenhado em resolver os problemas. Afirmou que vai duplicar a capacidade formativa na enfermagem, que estão a ser regularizados os contratos a prazo que existem no sector, que os quadros hospitalares estão a ser redimensionados. Quanto à "agilização do recrutamento", não foi muito específica. Disse apenas que "é uma das preocupações" do seu ministério.

Recorde de dívidas

O debate em torno das dívidas crescentes da saúde foi animado. O deputado do PSD Vieira de Castro trouxe o assunto à discussão, felicitando a ministra Manuela Arcanjo por ter o recorde do montante em dívida na história dos ministérios da Saúde. "A dívida aos fornecedores do Serviço Nacional de Saúde [SNS] é de 320 milhões de contos", afirmou o deputado, referindo que o valor respeitante às farmácias é da ordem dos 168,7 milhões. "É só o maior valor de sempre, desde que existe SNS. A senhora ministra perdeu o controlo do orçamento da Saúde, se é que algumas vez teve esse controlo nas mãos", acrescentou. Num tom condescendente, Manuela Arcanjo afirmou que Vieira de Castro utilizou um discurso "mais sofrido e pungente" do que os próprios presidentes das associações representantes das farmácias e acrescentou que "o verdadeiro recorde em relação à dívida situa-se em 1995, no culminar de dez anos em que o PS ainda não tinha assumido o Governo". No entanto, explicou que há seis anos o valor ascendeu a 210 milhões de contos, o que equivalia a 1,3 por cento do PIB, enquanto hoje esse valor é 1,4 - ou seja, acabou por assumir o recorde de que o PSD tanto falou.

Política do medicamento

A política do medicamento foi um assunto transversal no debate. Quase todos os partidos se referiram a este tema, embora em perspectivas diferentes. A esquerda, pela voz do PCP, "Os Verdes" e o Bloco de Esquerda, pediu clareza na aplicação dos genéricos, para que haja "racionalidade e poupança". Manuela Arcanjo respondeu sempre com muito optimismo, recorrendo a indicadores que demonstram "maior dinamismo no mercado", o que se traduziu num aumento do número de medicamentos genéricos, de prescrições, comparticipações e venda. Prometeu ainda o redimensionamento das embalagens de medicamentos para diminuir o desperdício. Basílio Horta, líder parlamentar do PP, centrou a intervenção sobre medicamentos no controlo e fiscalização do receituário para "acabar com as ligações perigosas" entre médicos e indústria farmacêutica. A ministra apenas respondeu que o CDS-PP não pode "confundir o comportamento de alguns com a classe médica".

H.P./E.L.

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