EXPRESSO: País

28-02-2002
marcar artigo

Rangel, um convertido e um «canalha»

SE EMÍDIO Rangel, 54 anos, se tornar director-geral da RTP, após a recusa do cargo por nomes como José Nuno Martins, Luís Nazaré, Luís Marques, Luís Ribeiro e Lopes Araújo, certamente muita coisa vai mudar na 5 de Outubro. A primeira e mais espectacular mudança é, aliás, a do secretário de Estado da Comunicação Social, Alberto Arons de Carvalho, com quem Rangel manteve acesa troca de argumentos no passado.

Em Janeiro de 98, Rangel escrevia no «Diário de Notícias»: «O dr. Arons de Carvalho veio, pressurosamente, no domingo passado, desmentir o conteúdo da minha última crónica sobre a Lei da Televisão. É preciso ter lata (...) Não fosse António Guterres e José Sócrates emendarem os dislates que denunciei e o país teria hoje uma Lei da Televisão desastrada». Em Janeiro de 2001, Rangel interpelava directamente o secretário de Estado: «Onde estava quando a RTP violou a Lei da Televisão? Apresentou queixa ao Ministério Público? Veio para os jornais falar do caso? Defendeu os interesses postergados das empresas privadas? O senhor é secretário de Estado da Comunicação de Portugal? Serve todo o país e todas as instituições?». Contudo, Arons parece ter esquecido as polémicas - e surge agora como um dos entusiastas da ida de Rangel para a televisão pública, com o argumento de que a RTP precisa de uma liderança forte e que falharam todas as outras vias tentadas até agora.

Curioso será também saber o que pensa José Rodrigues dos Santos, director de informação da RTP, que ainda não se quis pronunciar. A pergunta é se lhe será possível conviver com Rangel depois da crónica que este escreveu em 19 de Dezembro de 1998, com o título «Os três canalhas»: «Há gestos que revelam para sempre o carácter das pessoas. Quem viu José Rodrigues dos Santos, histérico, teatral, despropositado, babado com uma eventual falha da SIC (...). A interpelação ao Presidente da República, na expectativa de ouvir uma condenação oficial que corroborasse o seu comportamento canalha sobre a suposta falha de Victor Moura Pinto, é o cúmulo desta acção ridícula que ficará na história do jornalismo português».

Rangel funciona em grupo. Por isso, não será de admirar que leve para a RTP não só a sua mulher, Margarida Marante, mas também outros profissionais que convidou para a SIC. Em contrapartida, não é de excluir a saída de vários jornalistas da RTP e mesmo graves tensões no Governo a propósito desta polémica escolha.

Rangel, um convertido e um «canalha»

SE EMÍDIO Rangel, 54 anos, se tornar director-geral da RTP, após a recusa do cargo por nomes como José Nuno Martins, Luís Nazaré, Luís Marques, Luís Ribeiro e Lopes Araújo, certamente muita coisa vai mudar na 5 de Outubro. A primeira e mais espectacular mudança é, aliás, a do secretário de Estado da Comunicação Social, Alberto Arons de Carvalho, com quem Rangel manteve acesa troca de argumentos no passado.

Em Janeiro de 98, Rangel escrevia no «Diário de Notícias»: «O dr. Arons de Carvalho veio, pressurosamente, no domingo passado, desmentir o conteúdo da minha última crónica sobre a Lei da Televisão. É preciso ter lata (...) Não fosse António Guterres e José Sócrates emendarem os dislates que denunciei e o país teria hoje uma Lei da Televisão desastrada». Em Janeiro de 2001, Rangel interpelava directamente o secretário de Estado: «Onde estava quando a RTP violou a Lei da Televisão? Apresentou queixa ao Ministério Público? Veio para os jornais falar do caso? Defendeu os interesses postergados das empresas privadas? O senhor é secretário de Estado da Comunicação de Portugal? Serve todo o país e todas as instituições?». Contudo, Arons parece ter esquecido as polémicas - e surge agora como um dos entusiastas da ida de Rangel para a televisão pública, com o argumento de que a RTP precisa de uma liderança forte e que falharam todas as outras vias tentadas até agora.

Curioso será também saber o que pensa José Rodrigues dos Santos, director de informação da RTP, que ainda não se quis pronunciar. A pergunta é se lhe será possível conviver com Rangel depois da crónica que este escreveu em 19 de Dezembro de 1998, com o título «Os três canalhas»: «Há gestos que revelam para sempre o carácter das pessoas. Quem viu José Rodrigues dos Santos, histérico, teatral, despropositado, babado com uma eventual falha da SIC (...). A interpelação ao Presidente da República, na expectativa de ouvir uma condenação oficial que corroborasse o seu comportamento canalha sobre a suposta falha de Victor Moura Pinto, é o cúmulo desta acção ridícula que ficará na história do jornalismo português».

Rangel funciona em grupo. Por isso, não será de admirar que leve para a RTP não só a sua mulher, Margarida Marante, mas também outros profissionais que convidou para a SIC. Em contrapartida, não é de excluir a saída de vários jornalistas da RTP e mesmo graves tensões no Governo a propósito desta polémica escolha.

marcar artigo