Governo instado a salvar indústria de Coimbra

07-05-2001
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Governo Instado a Salvar Indústria de Coimbra

Por NELSON MORAIS

Quarta-feira, 25 de Abril de 2001

Projecto de resolução do PCP

Em 17 anos fecharam as portas 74 empresas do distrito. 5296 trabalhadores lançados no desemprego

O PCP vai apresentar na Assembleia da República um projecto de resolução que pretende obrigar o Governo a elaborar um plano integrado de desenvolvimento económico para o distrito de Coimbra. O objectivo é inverter o processo de desmantelamento do tecido produtivo que, desde 1983, levou ao encerramento de 74 empresas deste distrito, deixando no desemprego 5296 trabalhadores. O recurso do PCP foi decidido e anunciado ontem pelo deputado comunista Vicente Merendas, num encontro para o qual a União de Sindicatos de Coimbra convidou todos os grupos parlamentares para debater o tema.

A proposta comunista foi a única medida concreta que saiu do encontro, em que PSD e CDS/PP não se fizeram representar. Na opinião de Vicente Merendas, aquele será o meio mais adequado para forçar o Governo a intervir sobre o sector industrial de Coimbra, fiscalizando as empresas e apoiando-as, de acordo com um plano integrado que tenha em conta as potencialidades económicas da região.

A fiscalização das contas das empresas foi, aliás, uma das ideias que marcaram as intervenções de deputados e sindicalistas. A este propósito, Carvalho da Silva, coordenador da CGTP-Intersindical Nacional, justificaria muitas das falências com a desatenção e desresponsabilização do Estado. Segundo explicou, "quando é dado o alerta", já as empresas estão endividadas para com a segurança social, por exemplo, pelo que, nessa altura, "já não há nada a fazer".

Mas, para a generalidade dos oradores, à intervenção fiscalizadora do Governo têm de se associar, necessariamente, algumas medidas da Câmara de Coimbra. Designadamente os cuidados a ter com eventuais revisões do Plano Director Municipal (PDM). É que, segundo insinuaram, algumas falências, nomeadamente as verificadas na Zona Industrial da Pedrulha, poderão ter sido provocadas deliberadamente. Nesta perspectiva, o objectivo dos industriais terá sido o de libertar os terrenos onde estavam instaladas as empresas para, futuramente, os urbanizarem. Isto numa cidade onde o mercado imobiliário chega a ser mais especulativo do que em Lisboa e Porto.

Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, foi um dos que enfatizaram este aspecto, alertando para a necessidade de garantir que certas zonas não possam ser urbanizáveis, mediante revisões do PDM. Ricardo Castanheira, mais optimista do que o sindicalista António Moreira, disse ter garantias do presidente da câmara, o socialista Manuel Machado, de que a possível intencionalidade de algumas falências não terá o resultado esperado pelos seus responsáveis. E mostrou-se igualmente confiante perante a eventual mudança de partido na liderança daquela autarquia, dizendo que "o PDM não deve depender de partidos políticos".

Luís Fazenda considerou ainda necessário diminuir os custos de distribuição de mercadorias, dando conta de uma das causas frequentemente apontadas para explicar a deslocalização de empresas de Coimbra para zonas de maior consumo. O caso mais recente terá sido o da Triunfo. Esta empresa - que há cerca de um mês fechou as portas em Coimbra, depois de aí laborar durante 87 anos - transferiu-se para a zona de Lisboa, onde já possuía uma unidade de fabrico.

Governo Instado a Salvar Indústria de Coimbra

Por NELSON MORAIS

Quarta-feira, 25 de Abril de 2001

Projecto de resolução do PCP

Em 17 anos fecharam as portas 74 empresas do distrito. 5296 trabalhadores lançados no desemprego

O PCP vai apresentar na Assembleia da República um projecto de resolução que pretende obrigar o Governo a elaborar um plano integrado de desenvolvimento económico para o distrito de Coimbra. O objectivo é inverter o processo de desmantelamento do tecido produtivo que, desde 1983, levou ao encerramento de 74 empresas deste distrito, deixando no desemprego 5296 trabalhadores. O recurso do PCP foi decidido e anunciado ontem pelo deputado comunista Vicente Merendas, num encontro para o qual a União de Sindicatos de Coimbra convidou todos os grupos parlamentares para debater o tema.

A proposta comunista foi a única medida concreta que saiu do encontro, em que PSD e CDS/PP não se fizeram representar. Na opinião de Vicente Merendas, aquele será o meio mais adequado para forçar o Governo a intervir sobre o sector industrial de Coimbra, fiscalizando as empresas e apoiando-as, de acordo com um plano integrado que tenha em conta as potencialidades económicas da região.

A fiscalização das contas das empresas foi, aliás, uma das ideias que marcaram as intervenções de deputados e sindicalistas. A este propósito, Carvalho da Silva, coordenador da CGTP-Intersindical Nacional, justificaria muitas das falências com a desatenção e desresponsabilização do Estado. Segundo explicou, "quando é dado o alerta", já as empresas estão endividadas para com a segurança social, por exemplo, pelo que, nessa altura, "já não há nada a fazer".

Mas, para a generalidade dos oradores, à intervenção fiscalizadora do Governo têm de se associar, necessariamente, algumas medidas da Câmara de Coimbra. Designadamente os cuidados a ter com eventuais revisões do Plano Director Municipal (PDM). É que, segundo insinuaram, algumas falências, nomeadamente as verificadas na Zona Industrial da Pedrulha, poderão ter sido provocadas deliberadamente. Nesta perspectiva, o objectivo dos industriais terá sido o de libertar os terrenos onde estavam instaladas as empresas para, futuramente, os urbanizarem. Isto numa cidade onde o mercado imobiliário chega a ser mais especulativo do que em Lisboa e Porto.

Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, foi um dos que enfatizaram este aspecto, alertando para a necessidade de garantir que certas zonas não possam ser urbanizáveis, mediante revisões do PDM. Ricardo Castanheira, mais optimista do que o sindicalista António Moreira, disse ter garantias do presidente da câmara, o socialista Manuel Machado, de que a possível intencionalidade de algumas falências não terá o resultado esperado pelos seus responsáveis. E mostrou-se igualmente confiante perante a eventual mudança de partido na liderança daquela autarquia, dizendo que "o PDM não deve depender de partidos políticos".

Luís Fazenda considerou ainda necessário diminuir os custos de distribuição de mercadorias, dando conta de uma das causas frequentemente apontadas para explicar a deslocalização de empresas de Coimbra para zonas de maior consumo. O caso mais recente terá sido o da Triunfo. Esta empresa - que há cerca de um mês fechou as portas em Coimbra, depois de aí laborar durante 87 anos - transferiu-se para a zona de Lisboa, onde já possuía uma unidade de fabrico.

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