JORNAL PUBLICO: Boa tarde, arrancou o PP

11-11-1999
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03/07/95

Manuela Moura Guedes brilhou na estreia como política

Boa tarde, arrancou o PP

São José Almeida

Com a lista eleitoral fechada, o PP-Lisboa almoçou ontem na FIL. Depois dos fados, vieram os discursos. Correia da Silva, Telmo Correia, Nobre Guedes e Manuel Monteiro não pouparam os adversários e as distritais. Mas a ribalta coube às independentes. Maria José Nogueira Pinto e Manuela Moura Guedes, que fez o número da tarde, na sua estreia política.

"Minhas senhoras e meus senhores, muito boa tarde eu sou a Manuela Moura Guedes! Saúdo-vos desta forma para deixar claro que sou exactamente a mesma pessoa". Com esta frase estreava-se na ribalta eleitoral a ex-jornalista e terceira candidata em Lisboa, como independente, pelo Partido Popular. Era a resposta à forma como foi recebida a sua entrada na política e o início de um discurso que surpreendeu, embora fosse visível o nervosismo da neófita perante uma plateia de cerca de 600 pessoas que se reuniram ontem num almoço organizado pela concelhia de Lisboa na FIL, para assinalar o arranque da campanha.

Uma sessão com direito a fados - ouviu-se mesmo o Fado Marialva e o Embuçado -, em que os militantes foram várias vezes ao rubro e em que, apesar de concelhia, se notou a ausência de responsáveis da distrital. Ressaltaram, aliás, dos discursos críticas às estruturas que fizeram exigências na elaboração de listas e os elogios ao presidente do PP alfacinha, Telmo Correia.

Mas a grande novidade foi, de facto, o primeiro discurso político de Manuela Moura Guedes, aplaudida de pé com o refrão "Manela, Manela". Depois de garantir que confiava em Manuel Monteiro, explicou que deixou o "comodismo" de ser neutral e de só se "expressar no voto", porque "há alturas em que é preciso dizer basta. (...) Basta a tacanhez dos que pensam que Portugal tem de continuar a ser um Portugal dos pequeninos".

Gritando "não à subserviência", aderiu às teses do PP sobre a União Europeia para criticar o consulado de Cavaco Silva, utilizando como exemplo a agricultura e as pescas - onde tem predominado "uma política de tiro ao alvo", cujo "lema é abater". Sem baixar as baterias, Moura Guedes atacou aqueles que só sabem "assumir o tema crise como álibi para a sua incompetência".

E interpelou a assistência: "Querem confissão mais aberta do reconhecimento do fracasso de dez anos de Governo do que os slogans de "mais e melhor para Portugal" que o PSD afixou em inúmeros cartazes pelo país fora? Será que o PSD esteve na oposição este tempo todo? Mais e melhor do que o quê? Do que aquilo que andaram a fazer durante uma década inteira? Nisso estamos todos de acordo".

Qual política tarimbada, Moura Guedes não deixou de fora o PS. Em estilo de concurso, propôs um "exercício" para descobrir as diferenças entre Fernando Nogueira e António Guterres. Colocar a cabeça de um no corpo do outro: "Notam diferenças? Não! Só se um ficar um pouco mais prolixo e o outro a saber fazer um pouco melhor contas de matemática?"

Foi então a vez da outra estrela independente do PP em Lisboa e segunda candidata, Maria José Nogueira Pinto. Recebida com um entusiasmo mais sóbrio, sem gritos. Advertiu que não sabia fazer discursos como a sua colega de lista e entrou naquilo que é o seu terreno, o discurso político-ideológico. Aceitou concorrer para São Bento para combater um sistema político que tem sido desde "há muitos anos" dominado "ideologicamente pela esquerda". Aposta na "conquista de espaço" pela direita, numa legislatura em que serão feitas " reformas" e "escolhas importantes" para a "sobrevivência de Portugal". E, garantindo que "são perigosas maiorias absolutas", fez uma profissão de fé monteirista: "Não tenho qualquer espécie de dúvida que o futuro vai passar por aqui!"

Pelo palanque, ladeado de uma bandeira nacional, passaram também Telmo Correia e Nuno Correia da Silva. O primeiro atacou aqueles que põem "a vaidade acima do partido" e jurou que "se há coisa que seja má é um socialista convencido de que consegue resolver as coisas". Pegando num copo de vinho, apelou: "Hoje com vinho, no dia 1 de Outubro com champagne. Vamos fazer um brinde à vitória." Correia da Silva lembrou indirectamente que a JC fora relegada para lugar de difícil eleição, mas prometeu tudo fazer para que os jovens populares tenham "voz no Parlamento".

Antes de Monteiro, o cabeça de lista, Luís Nobre Guedes explanou vários temas que integram o discurso do PP e saltando para a actualidade política, atirou: "Se calhar, nos tempos que correm, está por aí um agente do SIS. A esse agente do SIS o PP dirá: Caro amigo fique connosco. Somos uma casa aberta. Somos transparentes." Partiu então para um rasgado elogio a Manuel Monteiro que classificou de "sério", com "frontalidade", "maduro", capaz de "resistir a pressões" e que geriu a elaboração das listas "com respeito por tudo e por todos", com "lealdade total e sentido de responsabilidade".

A rematar: o líder dos populares. Prometeu continuar a mudança do PP: "A minha batalha para tirar algumas teias de aranha que restam ainda no nosso sótão não acabou". E que, "não há opinião, nem algumas linhas escritas", que o demovam dos seus "objectivos e convicções", ou ponham "em causa a honradez" dos que com ele estão desde o Altis. Jurou ainda que "nada nem ninguém" o impedirá de "alcançar a vitória" e que quer "trazer a alma, a coragem, a raça" para a política e fazer desta "uma acção e missão nobre".

Criticando também os que "só se lembram do partido para assegurar lugares", Monteiro partiu então para a reafirmação das ideias de força da campanha do PP: fim às reformas dos políticos e "moralização da classe política", reforma do ensino, penas mais fortes para conseguir mais segurança, mais trabalho e protecção da produção nacional, defesa da soberania e do referendo.

03/07/95

Manuela Moura Guedes brilhou na estreia como política

Boa tarde, arrancou o PP

São José Almeida

Com a lista eleitoral fechada, o PP-Lisboa almoçou ontem na FIL. Depois dos fados, vieram os discursos. Correia da Silva, Telmo Correia, Nobre Guedes e Manuel Monteiro não pouparam os adversários e as distritais. Mas a ribalta coube às independentes. Maria José Nogueira Pinto e Manuela Moura Guedes, que fez o número da tarde, na sua estreia política.

"Minhas senhoras e meus senhores, muito boa tarde eu sou a Manuela Moura Guedes! Saúdo-vos desta forma para deixar claro que sou exactamente a mesma pessoa". Com esta frase estreava-se na ribalta eleitoral a ex-jornalista e terceira candidata em Lisboa, como independente, pelo Partido Popular. Era a resposta à forma como foi recebida a sua entrada na política e o início de um discurso que surpreendeu, embora fosse visível o nervosismo da neófita perante uma plateia de cerca de 600 pessoas que se reuniram ontem num almoço organizado pela concelhia de Lisboa na FIL, para assinalar o arranque da campanha.

Uma sessão com direito a fados - ouviu-se mesmo o Fado Marialva e o Embuçado -, em que os militantes foram várias vezes ao rubro e em que, apesar de concelhia, se notou a ausência de responsáveis da distrital. Ressaltaram, aliás, dos discursos críticas às estruturas que fizeram exigências na elaboração de listas e os elogios ao presidente do PP alfacinha, Telmo Correia.

Mas a grande novidade foi, de facto, o primeiro discurso político de Manuela Moura Guedes, aplaudida de pé com o refrão "Manela, Manela". Depois de garantir que confiava em Manuel Monteiro, explicou que deixou o "comodismo" de ser neutral e de só se "expressar no voto", porque "há alturas em que é preciso dizer basta. (...) Basta a tacanhez dos que pensam que Portugal tem de continuar a ser um Portugal dos pequeninos".

Gritando "não à subserviência", aderiu às teses do PP sobre a União Europeia para criticar o consulado de Cavaco Silva, utilizando como exemplo a agricultura e as pescas - onde tem predominado "uma política de tiro ao alvo", cujo "lema é abater". Sem baixar as baterias, Moura Guedes atacou aqueles que só sabem "assumir o tema crise como álibi para a sua incompetência".

E interpelou a assistência: "Querem confissão mais aberta do reconhecimento do fracasso de dez anos de Governo do que os slogans de "mais e melhor para Portugal" que o PSD afixou em inúmeros cartazes pelo país fora? Será que o PSD esteve na oposição este tempo todo? Mais e melhor do que o quê? Do que aquilo que andaram a fazer durante uma década inteira? Nisso estamos todos de acordo".

Qual política tarimbada, Moura Guedes não deixou de fora o PS. Em estilo de concurso, propôs um "exercício" para descobrir as diferenças entre Fernando Nogueira e António Guterres. Colocar a cabeça de um no corpo do outro: "Notam diferenças? Não! Só se um ficar um pouco mais prolixo e o outro a saber fazer um pouco melhor contas de matemática?"

Foi então a vez da outra estrela independente do PP em Lisboa e segunda candidata, Maria José Nogueira Pinto. Recebida com um entusiasmo mais sóbrio, sem gritos. Advertiu que não sabia fazer discursos como a sua colega de lista e entrou naquilo que é o seu terreno, o discurso político-ideológico. Aceitou concorrer para São Bento para combater um sistema político que tem sido desde "há muitos anos" dominado "ideologicamente pela esquerda". Aposta na "conquista de espaço" pela direita, numa legislatura em que serão feitas " reformas" e "escolhas importantes" para a "sobrevivência de Portugal". E, garantindo que "são perigosas maiorias absolutas", fez uma profissão de fé monteirista: "Não tenho qualquer espécie de dúvida que o futuro vai passar por aqui!"

Pelo palanque, ladeado de uma bandeira nacional, passaram também Telmo Correia e Nuno Correia da Silva. O primeiro atacou aqueles que põem "a vaidade acima do partido" e jurou que "se há coisa que seja má é um socialista convencido de que consegue resolver as coisas". Pegando num copo de vinho, apelou: "Hoje com vinho, no dia 1 de Outubro com champagne. Vamos fazer um brinde à vitória." Correia da Silva lembrou indirectamente que a JC fora relegada para lugar de difícil eleição, mas prometeu tudo fazer para que os jovens populares tenham "voz no Parlamento".

Antes de Monteiro, o cabeça de lista, Luís Nobre Guedes explanou vários temas que integram o discurso do PP e saltando para a actualidade política, atirou: "Se calhar, nos tempos que correm, está por aí um agente do SIS. A esse agente do SIS o PP dirá: Caro amigo fique connosco. Somos uma casa aberta. Somos transparentes." Partiu então para um rasgado elogio a Manuel Monteiro que classificou de "sério", com "frontalidade", "maduro", capaz de "resistir a pressões" e que geriu a elaboração das listas "com respeito por tudo e por todos", com "lealdade total e sentido de responsabilidade".

A rematar: o líder dos populares. Prometeu continuar a mudança do PP: "A minha batalha para tirar algumas teias de aranha que restam ainda no nosso sótão não acabou". E que, "não há opinião, nem algumas linhas escritas", que o demovam dos seus "objectivos e convicções", ou ponham "em causa a honradez" dos que com ele estão desde o Altis. Jurou ainda que "nada nem ninguém" o impedirá de "alcançar a vitória" e que quer "trazer a alma, a coragem, a raça" para a política e fazer desta "uma acção e missão nobre".

Criticando também os que "só se lembram do partido para assegurar lugares", Monteiro partiu então para a reafirmação das ideias de força da campanha do PP: fim às reformas dos políticos e "moralização da classe política", reforma do ensino, penas mais fortes para conseguir mais segurança, mais trabalho e protecção da produção nacional, defesa da soberania e do referendo.

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