Menezes acantonado na Câmara de Gaia

05-01-2002
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Menezes Acantonado na Câmara de Gaia

Por RUI BAPTISTA E FILOMENA FONTES

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

Junta Metropolitana do Porto pode continuar nas mãos de Vieira de Carvalho

Enquanto toda a gente festejava a vitória de Rui Rio no Porto, na margem contrária do Douro Luís Filipe Menezes reclamava o triunfo pessoal na freguesia piscatória da Afurada. O episódio é demonstrativo da posição delicada em que líder do PSD-Porto ficou após as eleições de domingo. Como referiu ontem ao PÚBLICO um dos principais colaboradores de Rio, a vitória do PSD na autarquia portuense reduziu Menezes "à sua mera dimensão paroquial". Ou seja, o homem que chamou frouxo a Durão Barroso e que ameaçava fazer do Porto o trampolim para chegar à liderança nacional do partido, viu-se de repente atirado para um papel secundário, sendo obrigado a assistir ao triunfo de Rio, seu arqui-inimigo, sem sequer poder rentabilizar para si a vitória social-democrata na segunda câmara do país.

O pecado mortal de Luís Filipe Menezes foi o de nunca ter acreditado que Rui Rio pudesse derrubar Fernando Gomes. Mais: Menezes contava com a derrota de Rio como um trunfo na sua escalada para discutir a liderança do PSD a curto prazo. Os planos saíram-lhe furados, e agora resta-lhe governar Vila Nova de Gaia.

"Fazer política com ódio é muito complicado", resume um elemento da direcção de Durão Barroso, referindo-se ao comportamento de Luís Filipe Menezes nestas eleições autárquicas. Menezes deixou de mostrar vontade de avançar para o Porto quando pressentiu que Fernando Gomes regressava depois de uma passagem frustrante pelo Governo. A partir desse momento começou uma novela que iria animar toda a pré-campanha, com Menezes a sondar diversos candidatos potenciais, mas sem nunca tomar uma decisão. Neste empatar de tempo foram queimados nomes como os de Silva Peneda, Valente de Oliveira e até Valentim Loureiro, que nunca perdoou a desfeita ao autarca de Gaia. O atraso na escolha levou a concelhia, em articulação com direcção nacional, a tomar em mãos o processo do Porto. A primeira grande afronta a Menezes consistiu na escolha do seu rival histórico, Rui Rio, decisão que provocou a fúria do aparelho de Menezes. Em consequência, Menezes avisou que não se responsabilizava pelo resultado no Porto e demitiu-se liminarmente de apoiar a candidatura de Rio, que teve dificuldades até para ser aprovada no seio da distrital. Isto, somado à confusão da escolha do candidato na Trofa, foi o o rastilho para que Menezes fosse a Lisboa, a um conselho nacional, chamar "frouxo" a Durão.

O líder distrital portuense tinha marcado o ajuste de contas para a noite das eleições, mas a marcha dos resultados obrigou-o a mudar os planos. Viu-se obrigado a reverenciar Durão Barroso, e de nada lhe valeu propagandear a esmagadora vitória em Gaia e a subida do PSD no distrito. A noite era de Rui Rio, e Menezes não conseguiu sacudir a imagem de falta de coragem para enfrentar Gomes no Porto.

E agora? Acantonado em Gaia, Menezes vê nascer do outro lado do rio uma figura pronta para lhe ocupar o espaço político. Mesmo que faça uma acelerada reaproximação à direcção nacional, dificilmente recuperará a confiança de Durão, que já mostrou variadas vezes preferir outro estilo de fazer política, indo eleger Rui Rio como seu interlocutor no Porto. A primeira avaliação sobre o novo equilíbrio de forças no PSD portuense deverá ocorrer durante a eleição para a presidência da área metropolitana. Menezes já fez saber que cobiça o lugar, mas Vieira de Carvalho está na calha para manter a presidência.

Os novos rostos do Porto

Um das consequências da vitória de Rui Rio é precipitar a afirmação de novos protagonistas no PSD do Porto. Os dirigentes concelhios Sérgio Vieira e Agostinho Branquinho têm uma quota-parte muito grande na vitória de Rio e, logo, passam a ser incontornáveis. Tanto mais que têm uma excelente relação com a direcção nacional, com quem, aliás, acertaram todo o processo eleitoral à revelia de Luís Filipe Menezes.

José Pedro Aguiar-Branco volta à primeira linha, depois de um desaguisado com Durão por causa de Alberto João Jardim que parece estar ultrapassado. Dois nomes deram nas vistas na campanha de Rio: os professores universitários Paulo Rangel e Paulo Morais. O primeiro vai ser convidado a filiar-se no PSD, sendo considerado um dos futuros protagonistas a norte; o segundo é um dos homens de confiança de Rio, e será o seu provável número dois na Câmara do Porto.

Menezes Acantonado na Câmara de Gaia

Por RUI BAPTISTA E FILOMENA FONTES

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

Junta Metropolitana do Porto pode continuar nas mãos de Vieira de Carvalho

Enquanto toda a gente festejava a vitória de Rui Rio no Porto, na margem contrária do Douro Luís Filipe Menezes reclamava o triunfo pessoal na freguesia piscatória da Afurada. O episódio é demonstrativo da posição delicada em que líder do PSD-Porto ficou após as eleições de domingo. Como referiu ontem ao PÚBLICO um dos principais colaboradores de Rio, a vitória do PSD na autarquia portuense reduziu Menezes "à sua mera dimensão paroquial". Ou seja, o homem que chamou frouxo a Durão Barroso e que ameaçava fazer do Porto o trampolim para chegar à liderança nacional do partido, viu-se de repente atirado para um papel secundário, sendo obrigado a assistir ao triunfo de Rio, seu arqui-inimigo, sem sequer poder rentabilizar para si a vitória social-democrata na segunda câmara do país.

O pecado mortal de Luís Filipe Menezes foi o de nunca ter acreditado que Rui Rio pudesse derrubar Fernando Gomes. Mais: Menezes contava com a derrota de Rio como um trunfo na sua escalada para discutir a liderança do PSD a curto prazo. Os planos saíram-lhe furados, e agora resta-lhe governar Vila Nova de Gaia.

"Fazer política com ódio é muito complicado", resume um elemento da direcção de Durão Barroso, referindo-se ao comportamento de Luís Filipe Menezes nestas eleições autárquicas. Menezes deixou de mostrar vontade de avançar para o Porto quando pressentiu que Fernando Gomes regressava depois de uma passagem frustrante pelo Governo. A partir desse momento começou uma novela que iria animar toda a pré-campanha, com Menezes a sondar diversos candidatos potenciais, mas sem nunca tomar uma decisão. Neste empatar de tempo foram queimados nomes como os de Silva Peneda, Valente de Oliveira e até Valentim Loureiro, que nunca perdoou a desfeita ao autarca de Gaia. O atraso na escolha levou a concelhia, em articulação com direcção nacional, a tomar em mãos o processo do Porto. A primeira grande afronta a Menezes consistiu na escolha do seu rival histórico, Rui Rio, decisão que provocou a fúria do aparelho de Menezes. Em consequência, Menezes avisou que não se responsabilizava pelo resultado no Porto e demitiu-se liminarmente de apoiar a candidatura de Rio, que teve dificuldades até para ser aprovada no seio da distrital. Isto, somado à confusão da escolha do candidato na Trofa, foi o o rastilho para que Menezes fosse a Lisboa, a um conselho nacional, chamar "frouxo" a Durão.

O líder distrital portuense tinha marcado o ajuste de contas para a noite das eleições, mas a marcha dos resultados obrigou-o a mudar os planos. Viu-se obrigado a reverenciar Durão Barroso, e de nada lhe valeu propagandear a esmagadora vitória em Gaia e a subida do PSD no distrito. A noite era de Rui Rio, e Menezes não conseguiu sacudir a imagem de falta de coragem para enfrentar Gomes no Porto.

E agora? Acantonado em Gaia, Menezes vê nascer do outro lado do rio uma figura pronta para lhe ocupar o espaço político. Mesmo que faça uma acelerada reaproximação à direcção nacional, dificilmente recuperará a confiança de Durão, que já mostrou variadas vezes preferir outro estilo de fazer política, indo eleger Rui Rio como seu interlocutor no Porto. A primeira avaliação sobre o novo equilíbrio de forças no PSD portuense deverá ocorrer durante a eleição para a presidência da área metropolitana. Menezes já fez saber que cobiça o lugar, mas Vieira de Carvalho está na calha para manter a presidência.

Os novos rostos do Porto

Um das consequências da vitória de Rui Rio é precipitar a afirmação de novos protagonistas no PSD do Porto. Os dirigentes concelhios Sérgio Vieira e Agostinho Branquinho têm uma quota-parte muito grande na vitória de Rio e, logo, passam a ser incontornáveis. Tanto mais que têm uma excelente relação com a direcção nacional, com quem, aliás, acertaram todo o processo eleitoral à revelia de Luís Filipe Menezes.

José Pedro Aguiar-Branco volta à primeira linha, depois de um desaguisado com Durão por causa de Alberto João Jardim que parece estar ultrapassado. Dois nomes deram nas vistas na campanha de Rio: os professores universitários Paulo Rangel e Paulo Morais. O primeiro vai ser convidado a filiar-se no PSD, sendo considerado um dos futuros protagonistas a norte; o segundo é um dos homens de confiança de Rio, e será o seu provável número dois na Câmara do Porto.

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