JORNAL PUBLICO: Guterres promete combater o fogo

12-11-1999
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28/08/95

Fim-de-semana pelo Norte começou em Viseu

Guterres promete combater o fogo

José Guilherme Lorena e Vítor de Sousa

Guterres esteve em Viseu, passeou-se pela feira de S. Mateus e acredita que o distrito tradicionalmente social-democrata vai votar no PS. Neste território adverso, o líder socialista esteve discreto. Já em Penafiel, ontem, sentiu-se em casa e disse que só há duas opções em Outubro: votar PS ou PSD. Os fogos florestais dominaram o seu discurso. Disse que um plano nacional de prevenção e combate aos fogos será uma das suas prioridades.

Um jantar e um passeio pela feira de S. Mateus, em Viseu, foram a primeira etapa da deslocação ao Norte que António Guterres empreendeu neste fim-de-semana. Foi mais um teste de pré-campanha, para cativar indecisos. O combate aos fogos florestais foi o tema forte, abordado por Guterres antes de fazer a sua batida pela feira de S. Mateus.

"É preciso criar um plano de combate aos incêndios sem que os gastos sirvam de desculpa para a falta de eficácia." O candidato socialista ao cargo de primeiro-ministro foi prudente na abordagem deste tema quente. Disse que os fogos florestais "nunca serão usados pelo PS como terrorismo político contra o Governo". Deixou a promessa: "Logo no primeiro dia de Governo socialista começará a ser delineado um programa de combate" em que serão envolvidos os bombeiros, as Forças Armadas, os ministérios do Emprego e da Agricultura e as associações de agricultores.

Seguiu-se o passeio pela feira, na caça ao voto. A tarefa aparentava ser difícil, tendo em conta que a região tem respondido positivamente aos apelos que o PSD tem feito desde há dez anos. E os emigrantes, que povoam o recinto até meados de Setembro, não se têm mostrado muito interessados em ouvir o candidato socialista.

O recinto começava a encher de gente atraída pelas diversões e espectáculos anunciados. Guterres foi cumprimentando afavelmente quem encontrava pela frente, em especial os proprietários de espaços de diversão e nas tendas de venda de farturas. A caravana parou numa barraca de lançamento de argolas para gargalos de garrafas. A proprietária satisfeita chamou Guterres e apressou-se a oferecer-lhe argolas para que tentasse a sorte. Mas ele falhou. À saída deste local, e após muitas manifestações de apoio, ouviu-se a primeira voz discordante: "Vai trabalhar, lambão." Guterres continuou, impassível. E ia comentando que espera obter um resultado "histórico" na região: "Viseu sempre apostou na estabilidade e espero que vote agora no PS." Estranha esta declaração de António Guterres.

E o passeio continuava em direcção ao sufocante pavilhão das actividades económicas. Ao cumprimentar um casal de simpáticos idosos, Guterres ouviu o que quis e o que não quis. "O senhor diz muitas verdades, mas também muitas mentiras. Guarde as mentiras", pediram-lhe.

De repente, um agitado apoiante socialista que seguia o grupo aborda o líder e pede-lhe: "Senhor primeiro-ministro, quando ganhar as eleições, entregue a pasta da Agricultura ao PCP. Olhe que eles percebem disso!" Guterres sorriu e continuou. À sua frente, aparece Santinho Pacheco (presidente da Câmara de Gouveia), em passeio pela feira. "Olá, venha daí connosco", diz Guterres, informando-o de que já tinha solução "para aquilo".

Imediatamente vieram à memória as "indisposições" dos notáveis socialistas do distrito da Guarda por terem sido ultrapassados na escolha do cabeça de lista socialista para o círculo, o também presente António José Seguro. Mas o "aquilo" era um cão Serra da Estrela que Santinho Pacheco lhe oferecera e que Guterres já tinha arranjado solução para alojar.

A visita continuou, com inusitados encontros pelo meio. Foram os casos do líder distrital de Viseu do PSD, José Cesário, a quem Guterres "não pediu, obviamente, o voto", e do cabeça de lista dos socialistas em Aveiro, Carlos Candal, que terá prestado contas ao seu líder sobre a difícil pré-campanha que está a fazer no seu círculo.

Não votem nos "pequenos"

Ontem, em Penafiel, onde se deslocou para visitar a Agrival - Feira Agrícola do Vale do Sousa, António Guterres voltou a defender a necessidade de "uma maioria estável" e sublinhou que a votação nos pequenos partidos - assim designou o PP e a CDU - resultará num voto sem significado, sendo por isso necessário fazer-se uma escolha entre o PS e o PSD: "Foi o próprio primeiro-ministro, Cavaco Silva, quem o disse: mais vale uma maioria PS que um Governo minoritário PSD."

Respondendo ao presidente da Câmara local, o socialista Agostinho Gonçalves - que disse que até 16 de Agosto todo o Vale do Sousa (seis concelhos) foi fustigado por 1755 incêndios, correspondentes a 1779 hectares de área ardida -, o líder do PS defendeu ser necessário direccionar as apostas para a prevenção: "A partir de 1 de Outubro, quando nós formos Governo, o combate aos fogos florestais será uma das nossas prioridades. Antes do combate aos incêndios, está a prevenção. Há que mobilizar a tropa para fiscalizar as matas, bem como outras forças de segurança."

28/08/95

Fim-de-semana pelo Norte começou em Viseu

Guterres promete combater o fogo

José Guilherme Lorena e Vítor de Sousa

Guterres esteve em Viseu, passeou-se pela feira de S. Mateus e acredita que o distrito tradicionalmente social-democrata vai votar no PS. Neste território adverso, o líder socialista esteve discreto. Já em Penafiel, ontem, sentiu-se em casa e disse que só há duas opções em Outubro: votar PS ou PSD. Os fogos florestais dominaram o seu discurso. Disse que um plano nacional de prevenção e combate aos fogos será uma das suas prioridades.

Um jantar e um passeio pela feira de S. Mateus, em Viseu, foram a primeira etapa da deslocação ao Norte que António Guterres empreendeu neste fim-de-semana. Foi mais um teste de pré-campanha, para cativar indecisos. O combate aos fogos florestais foi o tema forte, abordado por Guterres antes de fazer a sua batida pela feira de S. Mateus.

"É preciso criar um plano de combate aos incêndios sem que os gastos sirvam de desculpa para a falta de eficácia." O candidato socialista ao cargo de primeiro-ministro foi prudente na abordagem deste tema quente. Disse que os fogos florestais "nunca serão usados pelo PS como terrorismo político contra o Governo". Deixou a promessa: "Logo no primeiro dia de Governo socialista começará a ser delineado um programa de combate" em que serão envolvidos os bombeiros, as Forças Armadas, os ministérios do Emprego e da Agricultura e as associações de agricultores.

Seguiu-se o passeio pela feira, na caça ao voto. A tarefa aparentava ser difícil, tendo em conta que a região tem respondido positivamente aos apelos que o PSD tem feito desde há dez anos. E os emigrantes, que povoam o recinto até meados de Setembro, não se têm mostrado muito interessados em ouvir o candidato socialista.

O recinto começava a encher de gente atraída pelas diversões e espectáculos anunciados. Guterres foi cumprimentando afavelmente quem encontrava pela frente, em especial os proprietários de espaços de diversão e nas tendas de venda de farturas. A caravana parou numa barraca de lançamento de argolas para gargalos de garrafas. A proprietária satisfeita chamou Guterres e apressou-se a oferecer-lhe argolas para que tentasse a sorte. Mas ele falhou. À saída deste local, e após muitas manifestações de apoio, ouviu-se a primeira voz discordante: "Vai trabalhar, lambão." Guterres continuou, impassível. E ia comentando que espera obter um resultado "histórico" na região: "Viseu sempre apostou na estabilidade e espero que vote agora no PS." Estranha esta declaração de António Guterres.

E o passeio continuava em direcção ao sufocante pavilhão das actividades económicas. Ao cumprimentar um casal de simpáticos idosos, Guterres ouviu o que quis e o que não quis. "O senhor diz muitas verdades, mas também muitas mentiras. Guarde as mentiras", pediram-lhe.

De repente, um agitado apoiante socialista que seguia o grupo aborda o líder e pede-lhe: "Senhor primeiro-ministro, quando ganhar as eleições, entregue a pasta da Agricultura ao PCP. Olhe que eles percebem disso!" Guterres sorriu e continuou. À sua frente, aparece Santinho Pacheco (presidente da Câmara de Gouveia), em passeio pela feira. "Olá, venha daí connosco", diz Guterres, informando-o de que já tinha solução "para aquilo".

Imediatamente vieram à memória as "indisposições" dos notáveis socialistas do distrito da Guarda por terem sido ultrapassados na escolha do cabeça de lista socialista para o círculo, o também presente António José Seguro. Mas o "aquilo" era um cão Serra da Estrela que Santinho Pacheco lhe oferecera e que Guterres já tinha arranjado solução para alojar.

A visita continuou, com inusitados encontros pelo meio. Foram os casos do líder distrital de Viseu do PSD, José Cesário, a quem Guterres "não pediu, obviamente, o voto", e do cabeça de lista dos socialistas em Aveiro, Carlos Candal, que terá prestado contas ao seu líder sobre a difícil pré-campanha que está a fazer no seu círculo.

Não votem nos "pequenos"

Ontem, em Penafiel, onde se deslocou para visitar a Agrival - Feira Agrícola do Vale do Sousa, António Guterres voltou a defender a necessidade de "uma maioria estável" e sublinhou que a votação nos pequenos partidos - assim designou o PP e a CDU - resultará num voto sem significado, sendo por isso necessário fazer-se uma escolha entre o PS e o PSD: "Foi o próprio primeiro-ministro, Cavaco Silva, quem o disse: mais vale uma maioria PS que um Governo minoritário PSD."

Respondendo ao presidente da Câmara local, o socialista Agostinho Gonçalves - que disse que até 16 de Agosto todo o Vale do Sousa (seis concelhos) foi fustigado por 1755 incêndios, correspondentes a 1779 hectares de área ardida -, o líder do PS defendeu ser necessário direccionar as apostas para a prevenção: "A partir de 1 de Outubro, quando nós formos Governo, o combate aos fogos florestais será uma das nossas prioridades. Antes do combate aos incêndios, está a prevenção. Há que mobilizar a tropa para fiscalizar as matas, bem como outras forças de segurança."

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