Daniel Campelo mantém tabu sobre candidatura

28-06-2001
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Daniel Campelo Mantém Tabu Sobre Candidatura

Por ANA PEIXOTO FERNANDES COM HELENA PEREIRA

Quarta-feira, 23 de Maio de 2001

PS ronda autarca do PP, na véspera de ser conhecida sanção dos populares

"Enquanto for membro de pleno direito do meu partido, não serei candidato por outro." Foi assim que o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, comentou ontem a hipótese de vir a trocar o seu partido, o PP, pelo PS nas eleições autárquicas. Ao sublinhar o facto de ser "membro de pleno direito", contudo, deixava antever a possibilidade de a decisão do conselho de jurisdição do PP, que estava reunido à hora de fecho desta edição, vir a alterar o seu futuro político.

O conselho de jurisdição, presidido por Diogo Feyo, reuniu-se ontem à noite na sede nacional do partido para determinar qual a sanção a aplicar a Campelo por este ter desrespeitado as regras do partido, ao ter viabilizado o Orçamento do Estado para 2001. Tal como o partido, estava também dividido sobre a sanção a aplicar a Daniel Campelo. O mais certo, tal como o PÚBLICO havia noticiado, é a suspensão do autarca por alguns meses. Ontem, a SIC Notícias relatava que Campelo poderá sofrer a pena mais dura antes da expulsão do partido: suspensão entre um ano a ano e meio.

Sobre a hipótese de expulsão, Daniel Campelo comentou ontem: "Logo veremos." De qualquer forma, já prometeu uma conferência de imprensa, em princípio para amanhã, para reagir à sanção disciplinar e talvez desvenda também aí o seu futuro enquanto candidato.

Ontem, o presidente do PP, Paulo Portas, que está decidido a manter a sua palavra - a "separação" de Campelo do partido -, recusou-se a prestar quaisquer declarações. Os populares desaprovaram a atitude do autarca, que viabilizou o Orçamento do Estado para 2001, mas muitos consideram que o PP não pode, por isso, perder o autarca mais valioso, aquele que mais votos colhe para o partido. A comissão directiva acha que Campelo devia fazer um acto de contrição, para que seja aceite novamente nas listas autárquicas. No entanto, muitos dirigentes não acreditam nesse acto, sublinhando que o autarca não tem dado quaisquer sinais de arrependimento.

Em vésperas de ser conhecido o desfecho do caso Campelo, a possibilidade de o presidente da Câmara de Ponte de Lima do CDS-PP concorrer às próximas eleições autárquicas por outro partido que não o seu, no caso da sua suspensão, vai ganhando alguma força apesar deste o negar. O compasso de espera em que algumas forças partidárias têm mantido as suas candidaturas naquele concelho e a hipótese de, pelo menos, os socialistas estarem a aguardar pela oportunidade para avançar com um convite formal a Campelo, para que este seja o candidato do PS naquele concelho, poderão ser indícios do que se irá passar. Contudo, Daniel Campelo diz que é "absolutamente falso" um eventual pré-acordo com o PS.

Anteontem à noite, o executivo da Federação Distrital (FD) do PS de Viana do Castelo, liderado por Rui Solheiro, reuniu-se, em Ponte de Lima, com os representantes de todas as comissões políticas concelhias (CPC) do distrito para definir estratégias para as próximas eleições autárquicas. Solheiro afirmou ao PÚBLICO que esta reunião, tida no único concelho do distrito onde os socialistas não têm representatividade (o executivo camarário presidido por Daniel Campelo é composto por quatro vereadores do CDS-PP e três do PSD) e numa altura em que se aguarda a decisão do Conselho de Jurisdição do CDS-PP sobre a eventual expulsão de Campelo do seu partido, "foi apenas uma coincidência".

Ontem e sem uma confirmação oficial sobre o castigo a que será sujeito, Campelo ainda era encarado por Rui Solheiro como "adversário político". "É uma questão que não está em cima da mesa, porque ele é militante e presidente de câmara pelo PP e é nessa situação que nós temos de olhar para o processo", comentou o presidente da federação socialista, recusando-se a tecer considerações sobre o que poderá acontecer depois de uma eventual suspensão ou expulsão do autarca. "Futurologia política eu não faço", ironizou, concluindo que, "ele, como militante do PP, não será candidato do PS".

O certo é que, mesmo depois da reunião no concelho onde estão concentradas todas as atenções do meio político, a candidatura do PS à Câmara de Ponte de Lima continua a ser uma das poucas do distrito que se mantém em aberto. O actual presidente da Segurança Social de Viana do Castelo, Agostinho de Freitas, foi indigitado como candidato, mas ele próprio já mostrou disponibilidade para abdicar da sua candidatura a favor de Campelo e há mesmo quem defenda que este, por sua vez, se terá mostrado disponível para aceitar a alegada proposta dos socialistas. Solheiro garante não ter estabelecido qualquer contacto com o autarca nesse sentido, mas confirmou que Ponte de Lima "é um dos casos em que falta uma deliberação formal" e em que, "até à decisão final, tudo pode acontecer".

O que o presidente da federação socialista de Viana não esconde é que aquele concelho, dominado pelo CDS-PP há vários anos, consiste numa "preocupação", pelo que o seu partido irá "procurar uma maior implantação", nomeadamente através da constituição de uma Comissão Técnica Eleitoral, que integra "gente que há longos anos deu a cara pelo PS e correspondia a algumas sensibilidades internas que agora foi possível unir". Quanto ao resto do distrito, Solheiro perspectiva que, após as eleições de Dezembro, as sete câmaras do Alto-Minho que se encontram sob o "domínio" socialista serão mantidas e que uma outra, Ponte da Barca, poderá ser conquistada ao PSD.

Daniel Campelo Mantém Tabu Sobre Candidatura

Por ANA PEIXOTO FERNANDES COM HELENA PEREIRA

Quarta-feira, 23 de Maio de 2001

PS ronda autarca do PP, na véspera de ser conhecida sanção dos populares

"Enquanto for membro de pleno direito do meu partido, não serei candidato por outro." Foi assim que o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Daniel Campelo, comentou ontem a hipótese de vir a trocar o seu partido, o PP, pelo PS nas eleições autárquicas. Ao sublinhar o facto de ser "membro de pleno direito", contudo, deixava antever a possibilidade de a decisão do conselho de jurisdição do PP, que estava reunido à hora de fecho desta edição, vir a alterar o seu futuro político.

O conselho de jurisdição, presidido por Diogo Feyo, reuniu-se ontem à noite na sede nacional do partido para determinar qual a sanção a aplicar a Campelo por este ter desrespeitado as regras do partido, ao ter viabilizado o Orçamento do Estado para 2001. Tal como o partido, estava também dividido sobre a sanção a aplicar a Daniel Campelo. O mais certo, tal como o PÚBLICO havia noticiado, é a suspensão do autarca por alguns meses. Ontem, a SIC Notícias relatava que Campelo poderá sofrer a pena mais dura antes da expulsão do partido: suspensão entre um ano a ano e meio.

Sobre a hipótese de expulsão, Daniel Campelo comentou ontem: "Logo veremos." De qualquer forma, já prometeu uma conferência de imprensa, em princípio para amanhã, para reagir à sanção disciplinar e talvez desvenda também aí o seu futuro enquanto candidato.

Ontem, o presidente do PP, Paulo Portas, que está decidido a manter a sua palavra - a "separação" de Campelo do partido -, recusou-se a prestar quaisquer declarações. Os populares desaprovaram a atitude do autarca, que viabilizou o Orçamento do Estado para 2001, mas muitos consideram que o PP não pode, por isso, perder o autarca mais valioso, aquele que mais votos colhe para o partido. A comissão directiva acha que Campelo devia fazer um acto de contrição, para que seja aceite novamente nas listas autárquicas. No entanto, muitos dirigentes não acreditam nesse acto, sublinhando que o autarca não tem dado quaisquer sinais de arrependimento.

Em vésperas de ser conhecido o desfecho do caso Campelo, a possibilidade de o presidente da Câmara de Ponte de Lima do CDS-PP concorrer às próximas eleições autárquicas por outro partido que não o seu, no caso da sua suspensão, vai ganhando alguma força apesar deste o negar. O compasso de espera em que algumas forças partidárias têm mantido as suas candidaturas naquele concelho e a hipótese de, pelo menos, os socialistas estarem a aguardar pela oportunidade para avançar com um convite formal a Campelo, para que este seja o candidato do PS naquele concelho, poderão ser indícios do que se irá passar. Contudo, Daniel Campelo diz que é "absolutamente falso" um eventual pré-acordo com o PS.

Anteontem à noite, o executivo da Federação Distrital (FD) do PS de Viana do Castelo, liderado por Rui Solheiro, reuniu-se, em Ponte de Lima, com os representantes de todas as comissões políticas concelhias (CPC) do distrito para definir estratégias para as próximas eleições autárquicas. Solheiro afirmou ao PÚBLICO que esta reunião, tida no único concelho do distrito onde os socialistas não têm representatividade (o executivo camarário presidido por Daniel Campelo é composto por quatro vereadores do CDS-PP e três do PSD) e numa altura em que se aguarda a decisão do Conselho de Jurisdição do CDS-PP sobre a eventual expulsão de Campelo do seu partido, "foi apenas uma coincidência".

Ontem e sem uma confirmação oficial sobre o castigo a que será sujeito, Campelo ainda era encarado por Rui Solheiro como "adversário político". "É uma questão que não está em cima da mesa, porque ele é militante e presidente de câmara pelo PP e é nessa situação que nós temos de olhar para o processo", comentou o presidente da federação socialista, recusando-se a tecer considerações sobre o que poderá acontecer depois de uma eventual suspensão ou expulsão do autarca. "Futurologia política eu não faço", ironizou, concluindo que, "ele, como militante do PP, não será candidato do PS".

O certo é que, mesmo depois da reunião no concelho onde estão concentradas todas as atenções do meio político, a candidatura do PS à Câmara de Ponte de Lima continua a ser uma das poucas do distrito que se mantém em aberto. O actual presidente da Segurança Social de Viana do Castelo, Agostinho de Freitas, foi indigitado como candidato, mas ele próprio já mostrou disponibilidade para abdicar da sua candidatura a favor de Campelo e há mesmo quem defenda que este, por sua vez, se terá mostrado disponível para aceitar a alegada proposta dos socialistas. Solheiro garante não ter estabelecido qualquer contacto com o autarca nesse sentido, mas confirmou que Ponte de Lima "é um dos casos em que falta uma deliberação formal" e em que, "até à decisão final, tudo pode acontecer".

O que o presidente da federação socialista de Viana não esconde é que aquele concelho, dominado pelo CDS-PP há vários anos, consiste numa "preocupação", pelo que o seu partido irá "procurar uma maior implantação", nomeadamente através da constituição de uma Comissão Técnica Eleitoral, que integra "gente que há longos anos deu a cara pelo PS e correspondia a algumas sensibilidades internas que agora foi possível unir". Quanto ao resto do distrito, Solheiro perspectiva que, após as eleições de Dezembro, as sete câmaras do Alto-Minho que se encontram sob o "domínio" socialista serão mantidas e que uma outra, Ponte da Barca, poderá ser conquistada ao PSD.

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