JORNAL PUBLICO: As "primárias" de Menezes

13-11-1999
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09/07/95

PSD/Porto renova lista de deputados

As "primárias" de Menezes

Raposo Antunes

O controverso Luís Filipe Menezes fez ontem "história" no PSD, como lhe dizia, já de madrugada, um militante. Pela primeira vez no partido, as bases escolheram por sufrágio directo os deputados que irão integrar a lista do círculo do Porto. Foram as "primárias" de Menezes. A renovação de caras vem aí.

Houve vencedores e vencidos. À cabeça, Luís Filipe Menezes. Foi vencedor ao conseguir que 49 militantes do PSD, uns mais conhecidos do que outros, se candidatassem a deputados, sujeitando-se ao voto das bases. E só não obteve a coroa de glória porque a sua eleição - embora com cerca de 80 dos votos - foi das que menos mobilizaram o partido. O líder do PSD/Porto apresentou-se a sufrágio com mais dois outros candidatos na maior secção do PSD da cidade - a sua rival Joaquina Damas e Nuno Campilho. Dos mais de dois mil militantes, apenas votaram cerca de 200. Mesmo assim, Menezes, no rescaldo da noite eleitoral, garantia que a votação na sua secção quase duplicara comparativamente a anteriores actos.

Além do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que será provavelmente o número dois da lista do Porto, houve outros vencedores. O presidente da Câmara da Maia, Vieira de Carvalho, conseguiu 220 votos, enquanto cada um dos três outros candidatos da sua secção não obteve mais do que uma dezena. Este quadro de resultados repetiu-se em Amarante, com o actual deputado João Mota a bater largamente os outros três candidatos.

Renhidas, como aliás se previa, foram as eleições em Gaia e Santo Tirso. Desde as cinco da tarde até à meia-noite (hora do fecho das urnas), os principais candidatos destas duas secções não arredaram pé das mesas de voto, numa espécie de marcação cerrada, desfazendo-se em abraços, vigorosos apertos de mão e beijinhos aos eleitores que iam chegando. Manuel Moreira acabou por ganhar em Gaia, obtendo o apoio de 466 militantes, enquanto o seu rival Firmino Pereira atingiu 377 votos.

Impugnação em Santo Tirso

Em Santo Tirso, foi uma verdadeira festa. Nesta secção, a que teve uma maior percentagem de votantes em todo o distrito, o actual deputado Carlos Oliveira (322 votos) foi claramente derrotado por Bernardino Vasconcelos (617). A eleição foi levada tão a sério que apoiantes de Oliveira acusavam o outro candidato de ter andado a arregimentar votos e falavam mesmo em "chapelada" eleitoral. "Até trouxeram camionetas da Trofa com militantes", dizia um desses apoiantes, que levantou ainda dúvidas sobre o voto de cerca de 700 militantes inscritos à última hora. Por estas razões, admitiam impugnar as eleições na secção.

Abílio Costa, presidente da Concelhia, disse ao PÚBLICO que estas acusações não faziam qualquer sentido. "Ambos os candidatos sabiam que podiam votar todos os militantes inscritos no partido até 18 de Junho", afirmou, acrescentando ainda que não andou ninguém à última hora a inscrever-se no partido: "Desde Janeiro até agora, no máximo, inscreveram-se 80 pessoas".

Mais pacíficas foram as eleições do antigo ministro da Defesa Carlos Brito e do ex-secretário de Estado do Ambiente António Taveira e dos deputados Adriano Pinto, Alberto Araújo e José Puig. Até porque, no caso dos três primeiros, não tinham opositores nas secções por onde se candidataram.

Os vencidos destas "primárias" - além do deputado Carlos Oliveira e de Arlindo Moreira, que também passou já pelo Parlamento neste mandato - acabaram por ser as cerca de duas dezenas dos actuais deputados eleitos pelo círculo do Porto que preferiram não passar por este teste eleitoral interno. "Não foram às primárias porque, provavelmente, não estão interessados em ser deputados", esta foi pelo menos a explicação dada por Menezes para justificar essas ausências. O líder do PSD/Porto, no entanto, admitiu vir a convidar para as listas dois ou três dos actuais deputados, dizendo expressamente que um deles deveria ser Rui Rio, um dos seus principais adversários internos. Admitiu ainda que a lista do Porto terá um independente e que à inclusão de militantes exteriores ao distrito dirá "categoricamente não".

Com Nogueira cada vez mais certo como cabeça-de-lista, tudo indica assim que Menezes será o segundo, surgindo depois como mais prováveis para os primeiros lugares da lista os ministros Falcão e Cunha e Paulo Mendo e o autarca Vieira de Carvalho. Outros nomes apontados já como seguros são o médico do Futebol Clube do Porto Domingos Gomes e o líder distrital da JSD Sérgio Vieira. Quanto aos 23 militantes que ontem foram eleitos, o peso de cada secção será tido em consideração na hierarquização da lista que hoje deverá ser formalmente anunciada.

09/07/95

PSD/Porto renova lista de deputados

As "primárias" de Menezes

Raposo Antunes

O controverso Luís Filipe Menezes fez ontem "história" no PSD, como lhe dizia, já de madrugada, um militante. Pela primeira vez no partido, as bases escolheram por sufrágio directo os deputados que irão integrar a lista do círculo do Porto. Foram as "primárias" de Menezes. A renovação de caras vem aí.

Houve vencedores e vencidos. À cabeça, Luís Filipe Menezes. Foi vencedor ao conseguir que 49 militantes do PSD, uns mais conhecidos do que outros, se candidatassem a deputados, sujeitando-se ao voto das bases. E só não obteve a coroa de glória porque a sua eleição - embora com cerca de 80 dos votos - foi das que menos mobilizaram o partido. O líder do PSD/Porto apresentou-se a sufrágio com mais dois outros candidatos na maior secção do PSD da cidade - a sua rival Joaquina Damas e Nuno Campilho. Dos mais de dois mil militantes, apenas votaram cerca de 200. Mesmo assim, Menezes, no rescaldo da noite eleitoral, garantia que a votação na sua secção quase duplicara comparativamente a anteriores actos.

Além do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que será provavelmente o número dois da lista do Porto, houve outros vencedores. O presidente da Câmara da Maia, Vieira de Carvalho, conseguiu 220 votos, enquanto cada um dos três outros candidatos da sua secção não obteve mais do que uma dezena. Este quadro de resultados repetiu-se em Amarante, com o actual deputado João Mota a bater largamente os outros três candidatos.

Renhidas, como aliás se previa, foram as eleições em Gaia e Santo Tirso. Desde as cinco da tarde até à meia-noite (hora do fecho das urnas), os principais candidatos destas duas secções não arredaram pé das mesas de voto, numa espécie de marcação cerrada, desfazendo-se em abraços, vigorosos apertos de mão e beijinhos aos eleitores que iam chegando. Manuel Moreira acabou por ganhar em Gaia, obtendo o apoio de 466 militantes, enquanto o seu rival Firmino Pereira atingiu 377 votos.

Impugnação em Santo Tirso

Em Santo Tirso, foi uma verdadeira festa. Nesta secção, a que teve uma maior percentagem de votantes em todo o distrito, o actual deputado Carlos Oliveira (322 votos) foi claramente derrotado por Bernardino Vasconcelos (617). A eleição foi levada tão a sério que apoiantes de Oliveira acusavam o outro candidato de ter andado a arregimentar votos e falavam mesmo em "chapelada" eleitoral. "Até trouxeram camionetas da Trofa com militantes", dizia um desses apoiantes, que levantou ainda dúvidas sobre o voto de cerca de 700 militantes inscritos à última hora. Por estas razões, admitiam impugnar as eleições na secção.

Abílio Costa, presidente da Concelhia, disse ao PÚBLICO que estas acusações não faziam qualquer sentido. "Ambos os candidatos sabiam que podiam votar todos os militantes inscritos no partido até 18 de Junho", afirmou, acrescentando ainda que não andou ninguém à última hora a inscrever-se no partido: "Desde Janeiro até agora, no máximo, inscreveram-se 80 pessoas".

Mais pacíficas foram as eleições do antigo ministro da Defesa Carlos Brito e do ex-secretário de Estado do Ambiente António Taveira e dos deputados Adriano Pinto, Alberto Araújo e José Puig. Até porque, no caso dos três primeiros, não tinham opositores nas secções por onde se candidataram.

Os vencidos destas "primárias" - além do deputado Carlos Oliveira e de Arlindo Moreira, que também passou já pelo Parlamento neste mandato - acabaram por ser as cerca de duas dezenas dos actuais deputados eleitos pelo círculo do Porto que preferiram não passar por este teste eleitoral interno. "Não foram às primárias porque, provavelmente, não estão interessados em ser deputados", esta foi pelo menos a explicação dada por Menezes para justificar essas ausências. O líder do PSD/Porto, no entanto, admitiu vir a convidar para as listas dois ou três dos actuais deputados, dizendo expressamente que um deles deveria ser Rui Rio, um dos seus principais adversários internos. Admitiu ainda que a lista do Porto terá um independente e que à inclusão de militantes exteriores ao distrito dirá "categoricamente não".

Com Nogueira cada vez mais certo como cabeça-de-lista, tudo indica assim que Menezes será o segundo, surgindo depois como mais prováveis para os primeiros lugares da lista os ministros Falcão e Cunha e Paulo Mendo e o autarca Vieira de Carvalho. Outros nomes apontados já como seguros são o médico do Futebol Clube do Porto Domingos Gomes e o líder distrital da JSD Sérgio Vieira. Quanto aos 23 militantes que ontem foram eleitos, o peso de cada secção será tido em consideração na hierarquização da lista que hoje deverá ser formalmente anunciada.

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