Rui Rio critica abandono da Viela do Anjo

14-08-2001
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Rui Rio Critica Abandono da Viela do Anjo

Por JORGE MARMELO

Sexta, 20 de Julho de 2001

Visita ao bairro da Sé

Candidato do PSD/PP à Câmara do Porto ficou chocado com o que viu na Rua de Pena Ventosa

O candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, andou ontem a visitar o histórico bairro da Sé. Tinha a intenção de mostrar como um projecto interessante como o da reabilitação da Viela do Anjo foi "abandonado a meio" pela autarquia, mas acabou por ver e ouvir pedaços da realidade para os quais não vinha preparado. Das críticas ao "mamarracho" da Casa dos 24, em construção a pouco metros da Sé Catedral, ao projecto de Siza Vieira para a Avenida da Ponte, passando pela dispersão dos naturais do bairro por bairros camarários e pelo drama do tráfico de droga e da insegurança, muitas foram as queixas que foi coleccionando ao longo do percurso. E, na Rua de Pena Ventosa, acabou por ficar "chocado" com as condições em que ali vivem quatro pessoas (ver caixa).

Ainda à sombra do templo que domina o morro, Rui Rio escutou do candidato à presidência da junta de freguesia, o conhecido barbeiro Carlos Bessa, críticas aos prédios que Siza Vieira quer fazer na Avenida da Ponte, tendo comentado, irónico, que o arquitecto "não tem interesses imobiliários". "Tudo o que tem é para dar aos pobres", disse, acrescentando que é cada vez mais difícil "distinguir um arquitecto de um promotor imobiliário". Depois vieram as críticas ao memorial da Casa dos 24 (a antiga câmara), à política de recuperação da autarquia (que cobra preços "exorbitantes" pelos espaços comerciais criados, o que motiva o seu abandono) e à recuperação de fachadas na Rua das Aldas, quando, por dentro, as casas "continuam em ruína".

Descendo a Rua Escura, Rui Rio foi confrontado por duas ex-moradoras que se insurgiam contra o facto de terem sido realojadas em bairros sociais: "Eu fui prà terra da cona!", disse aquela que é conhecida pela alcunha de Sílvia da Maria Preta, acrescentando que "o que a gente quer é que quem é daqui aqui fique". "Somos corridos para bairros onde não conhecemos ninguém e para cá só vem quem não é daqui".

Após várias queixas, Rio chegou finalmente ao largo da Viela do Anjo, onde disse, enfim, ser "uma pena" que o projecto tenha sido "deixado a meio", estando a área abandonada e os estabelecimentos comerciais fechados (mesmo a sucursal da Adega Vila Meã fechou as portas). O candidato disse ser necessário "dinamizar" o local, considerando até "antieconómico" que ali se tenha gasto tanto dinheiro para ficar tudo na mesma. E disse que, estando provado que o mercado não funciona, se impõe que a câmara ceda aqueles espaços a preços simbólicos pelo menos numa fase inicial, até que a vida regresse.

Rui Rio considerou ainda que aquele local é exemplar do "show off" que tem norteado a actuação da autarquia, que "não resolve os problemas mas apenas mostra que os resolve". "É indigno para o país que um local destes esteja incluído no mapa da arquitectura da cidade, que se atraiam aqui os turistas e que, depois, eles vejam isto", concluiu. Aliás, o candidato acabou por considerar que, mais do que construir intensamente na cidade, as empresas têm na reabilitação da zona histórica uma grande oprotunidade de negócio, contribuindo, simultaneamente, para preservar a identidade de locais que ainda preservam uma cultura muito própria.

Rui Rio Critica Abandono da Viela do Anjo

Por JORGE MARMELO

Sexta, 20 de Julho de 2001

Visita ao bairro da Sé

Candidato do PSD/PP à Câmara do Porto ficou chocado com o que viu na Rua de Pena Ventosa

O candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, andou ontem a visitar o histórico bairro da Sé. Tinha a intenção de mostrar como um projecto interessante como o da reabilitação da Viela do Anjo foi "abandonado a meio" pela autarquia, mas acabou por ver e ouvir pedaços da realidade para os quais não vinha preparado. Das críticas ao "mamarracho" da Casa dos 24, em construção a pouco metros da Sé Catedral, ao projecto de Siza Vieira para a Avenida da Ponte, passando pela dispersão dos naturais do bairro por bairros camarários e pelo drama do tráfico de droga e da insegurança, muitas foram as queixas que foi coleccionando ao longo do percurso. E, na Rua de Pena Ventosa, acabou por ficar "chocado" com as condições em que ali vivem quatro pessoas (ver caixa).

Ainda à sombra do templo que domina o morro, Rui Rio escutou do candidato à presidência da junta de freguesia, o conhecido barbeiro Carlos Bessa, críticas aos prédios que Siza Vieira quer fazer na Avenida da Ponte, tendo comentado, irónico, que o arquitecto "não tem interesses imobiliários". "Tudo o que tem é para dar aos pobres", disse, acrescentando que é cada vez mais difícil "distinguir um arquitecto de um promotor imobiliário". Depois vieram as críticas ao memorial da Casa dos 24 (a antiga câmara), à política de recuperação da autarquia (que cobra preços "exorbitantes" pelos espaços comerciais criados, o que motiva o seu abandono) e à recuperação de fachadas na Rua das Aldas, quando, por dentro, as casas "continuam em ruína".

Descendo a Rua Escura, Rui Rio foi confrontado por duas ex-moradoras que se insurgiam contra o facto de terem sido realojadas em bairros sociais: "Eu fui prà terra da cona!", disse aquela que é conhecida pela alcunha de Sílvia da Maria Preta, acrescentando que "o que a gente quer é que quem é daqui aqui fique". "Somos corridos para bairros onde não conhecemos ninguém e para cá só vem quem não é daqui".

Após várias queixas, Rio chegou finalmente ao largo da Viela do Anjo, onde disse, enfim, ser "uma pena" que o projecto tenha sido "deixado a meio", estando a área abandonada e os estabelecimentos comerciais fechados (mesmo a sucursal da Adega Vila Meã fechou as portas). O candidato disse ser necessário "dinamizar" o local, considerando até "antieconómico" que ali se tenha gasto tanto dinheiro para ficar tudo na mesma. E disse que, estando provado que o mercado não funciona, se impõe que a câmara ceda aqueles espaços a preços simbólicos pelo menos numa fase inicial, até que a vida regresse.

Rui Rio considerou ainda que aquele local é exemplar do "show off" que tem norteado a actuação da autarquia, que "não resolve os problemas mas apenas mostra que os resolve". "É indigno para o país que um local destes esteja incluído no mapa da arquitectura da cidade, que se atraiam aqui os turistas e que, depois, eles vejam isto", concluiu. Aliás, o candidato acabou por considerar que, mais do que construir intensamente na cidade, as empresas têm na reabilitação da zona histórica uma grande oprotunidade de negócio, contribuindo, simultaneamente, para preservar a identidade de locais que ainda preservam uma cultura muito própria.

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