Rui Rio "namora" Rui Sá

03-02-2002
marcar artigo

Rui Rio "Namora" Rui Sá

Por MARGARIDA GOMES

Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2002

Câmara do Porto

Vereador da CDU pode vir a assumir pelouro da Habitação

Ao contrário de Pedro Santana Lopes, em Lisboa, que afasta liminarmente a possibilidade de vir a estabelecer quaisquer acordos pós-eleitorais com o líder do PP, Paulo Portas, no Porto, Rui Rio admite vir a entregar pelouros ao vereador da CDU, Rui Sá, que nesta gestão vai funcionar como um verdadeiro fiel da balança. Ao que o PÚBLICO apurou, Rio já fez diligências pessoais no sentido de perceber se há receptividade por parte de Sá com vista a atribuir-lhe um pelouro.

Em termos concretos ainda não está nada decidido, mas Rio já sabe o que pode esperar de Rui Sá, que só admite vir a aceitar desempenhar funções executivas se o futuro presidente aceitar as condições que colocou em cima da mesa, logo num dos primeiros contactos que teve com Rui Rio. "Já tivemos alguns contactos na perspectiva de o PSD saber qual é a minha disponibilidade para aceitar responsabilidades e as negociações ainda não estão fechadas. Penso que deverão prosseguir nos próximos dias", adiantou ontem, em declarações ao PÚBLICO, o vereador. Mas Rui Sá foi cauteloso nas palavras, disse que ainda não lhe foi formalmente oferecido nenhum pelouro, mas não deixou de dizer que se o PSD quiser contar com a sua participação terá de lhe entregar "um pelouro que lhe permita desenvolver uma actividade equivalente à influência que a CDU tem na cidade". "Habitação?". "Esse é um dos pelouros de que mais se tem falado, mas não passa disso", resumiu, evitando, desta forma, adiantar mais detalhes sobre os contactos com o futuro líder presidente da autarquia.

O único vereador que a CDU tem na autarquia portuense considera, no entanto, que no caso de vir a desempenhar funções executivas na gestão de Rio, essa responsabilidade terá de ser necessariamente acompanhada de meios financeiros e humanos para trabalhar. E esta, sublinha, é outra condição da qual promete não abdicar para assumir tarefas a tempo inteiro.

Uma outra contrapartida que pode levar Sá a dizer "sim" a Rio tem a ver com os compromissos que assumiu com os portuenses. Ou seja, sempre que esteja em causa a votação de uma matéria que o vereador considere que viola aquilo a que se comprometeu perante a cidade é muito provável que Rui Sá não vote ao lado do PSD. "Não tenho que votar sempre ao lado do PSD!", adverte.

Esta questão é considerada pelo autarca como uma contrapartida importante e que pode, de resto, esgrimir, dada a correlação de forças (políticas) que as eleições autárquicas de Dezembro ditaram.

Como a margem de manobra é curta para Rio - uma vez que PSD e PS têm o mesmo número de vereadores eleitos -, Rui Sá considera que "toda a gente deve ceder um pouco para que a cidade não fique ingovernável", algo que, a acontecer, seria preocupante. Apesar de tentar passar uma mensagem optimista, Rui Sá tem consciência de que a posição que os socialistas possam vir a tomar é importante e provavelmente decisiva para o futuro da cidade: "Se for uma posição de guerrilha política pura e dura, destrutiva, então a cidade pode, de facto, tornar-se ingovernável. É um cenário que não desejo, mas não o afasto", adverte.

No caso de as negociações com Rui Rio chegarem a bom porto, e Rui Sá ficar com a responsabilidade da pasta da Habitação - "um problema que não se resolve num único mandato", diz - o vereador tem já definidas algumas áreas de intervenção. Uma das primeiras medidas é acabar com as últimas barracas e ilhas municipais, diz Rui Sá, ao mesmo tempo que assegura que "há habitação suficiente para realojar as pessoas que habitam esses locais e, desta forma, acabar de vez com essas duas chagas sociais". Depois defende a necessidade de se fazerem intervenções imediatas em todos os bairros municipais" porque há situações, como o Bairro de Santa Luzia, na freguesia de Paranhos, um aglomerado habitacional inaugurado há quatro anos por Fernando Gomes, que é um autêntico poço de problemas, onde as infiltrações de água criam diariamente dores de cabeças aos moradores.

PS "estranha silêncio" de Rio

A seis dias da instalação dos novos órgãos autárquicos, o PS portuense "estranha o silêncio" do novo inquilino da Câmara do Porto, Rui Rio, mas, ao mesmo tempo, mostra-se "tranquilo" e assegura que nada fará para pressionar o futuro presidente a tomar qualquer atitude. Quem o afirma é o histórico presidente da comissão política concelhia dos socialistas portuenses, Orlando Gaspar, que ontem, ao PÚBLICO, disse não compreender "como é que o PS pode ficar arredado de tudo no que diz respeito à gestão da cidade". "Se ele souber ganhar terá de se lembrar que a cidade não quis que ele governasse sozinho", observa Gaspar, lembrando que qualquer contacto entre as duas forças políticas teria de passar por ele. "Era comigo que o dr. Rui Rio, que é uma pessoa sensata, deveria falar na qualidade de dirigente político concelhio, mas até hoje [ontem] não o fez", disse.

Rui Rio "Namora" Rui Sá

Por MARGARIDA GOMES

Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2002

Câmara do Porto

Vereador da CDU pode vir a assumir pelouro da Habitação

Ao contrário de Pedro Santana Lopes, em Lisboa, que afasta liminarmente a possibilidade de vir a estabelecer quaisquer acordos pós-eleitorais com o líder do PP, Paulo Portas, no Porto, Rui Rio admite vir a entregar pelouros ao vereador da CDU, Rui Sá, que nesta gestão vai funcionar como um verdadeiro fiel da balança. Ao que o PÚBLICO apurou, Rio já fez diligências pessoais no sentido de perceber se há receptividade por parte de Sá com vista a atribuir-lhe um pelouro.

Em termos concretos ainda não está nada decidido, mas Rio já sabe o que pode esperar de Rui Sá, que só admite vir a aceitar desempenhar funções executivas se o futuro presidente aceitar as condições que colocou em cima da mesa, logo num dos primeiros contactos que teve com Rui Rio. "Já tivemos alguns contactos na perspectiva de o PSD saber qual é a minha disponibilidade para aceitar responsabilidades e as negociações ainda não estão fechadas. Penso que deverão prosseguir nos próximos dias", adiantou ontem, em declarações ao PÚBLICO, o vereador. Mas Rui Sá foi cauteloso nas palavras, disse que ainda não lhe foi formalmente oferecido nenhum pelouro, mas não deixou de dizer que se o PSD quiser contar com a sua participação terá de lhe entregar "um pelouro que lhe permita desenvolver uma actividade equivalente à influência que a CDU tem na cidade". "Habitação?". "Esse é um dos pelouros de que mais se tem falado, mas não passa disso", resumiu, evitando, desta forma, adiantar mais detalhes sobre os contactos com o futuro líder presidente da autarquia.

O único vereador que a CDU tem na autarquia portuense considera, no entanto, que no caso de vir a desempenhar funções executivas na gestão de Rio, essa responsabilidade terá de ser necessariamente acompanhada de meios financeiros e humanos para trabalhar. E esta, sublinha, é outra condição da qual promete não abdicar para assumir tarefas a tempo inteiro.

Uma outra contrapartida que pode levar Sá a dizer "sim" a Rio tem a ver com os compromissos que assumiu com os portuenses. Ou seja, sempre que esteja em causa a votação de uma matéria que o vereador considere que viola aquilo a que se comprometeu perante a cidade é muito provável que Rui Sá não vote ao lado do PSD. "Não tenho que votar sempre ao lado do PSD!", adverte.

Esta questão é considerada pelo autarca como uma contrapartida importante e que pode, de resto, esgrimir, dada a correlação de forças (políticas) que as eleições autárquicas de Dezembro ditaram.

Como a margem de manobra é curta para Rio - uma vez que PSD e PS têm o mesmo número de vereadores eleitos -, Rui Sá considera que "toda a gente deve ceder um pouco para que a cidade não fique ingovernável", algo que, a acontecer, seria preocupante. Apesar de tentar passar uma mensagem optimista, Rui Sá tem consciência de que a posição que os socialistas possam vir a tomar é importante e provavelmente decisiva para o futuro da cidade: "Se for uma posição de guerrilha política pura e dura, destrutiva, então a cidade pode, de facto, tornar-se ingovernável. É um cenário que não desejo, mas não o afasto", adverte.

No caso de as negociações com Rui Rio chegarem a bom porto, e Rui Sá ficar com a responsabilidade da pasta da Habitação - "um problema que não se resolve num único mandato", diz - o vereador tem já definidas algumas áreas de intervenção. Uma das primeiras medidas é acabar com as últimas barracas e ilhas municipais, diz Rui Sá, ao mesmo tempo que assegura que "há habitação suficiente para realojar as pessoas que habitam esses locais e, desta forma, acabar de vez com essas duas chagas sociais". Depois defende a necessidade de se fazerem intervenções imediatas em todos os bairros municipais" porque há situações, como o Bairro de Santa Luzia, na freguesia de Paranhos, um aglomerado habitacional inaugurado há quatro anos por Fernando Gomes, que é um autêntico poço de problemas, onde as infiltrações de água criam diariamente dores de cabeças aos moradores.

PS "estranha silêncio" de Rio

A seis dias da instalação dos novos órgãos autárquicos, o PS portuense "estranha o silêncio" do novo inquilino da Câmara do Porto, Rui Rio, mas, ao mesmo tempo, mostra-se "tranquilo" e assegura que nada fará para pressionar o futuro presidente a tomar qualquer atitude. Quem o afirma é o histórico presidente da comissão política concelhia dos socialistas portuenses, Orlando Gaspar, que ontem, ao PÚBLICO, disse não compreender "como é que o PS pode ficar arredado de tudo no que diz respeito à gestão da cidade". "Se ele souber ganhar terá de se lembrar que a cidade não quis que ele governasse sozinho", observa Gaspar, lembrando que qualquer contacto entre as duas forças políticas teria de passar por ele. "Era comigo que o dr. Rui Rio, que é uma pessoa sensata, deveria falar na qualidade de dirigente político concelhio, mas até hoje [ontem] não o fez", disse.

marcar artigo