Suplemento Economia

04-10-2001
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Empurrar Défices

Segunda-feira, 17 de Setembro de 2001

A proliferação de "mini CPs" e respectivos défices motivada pelas concessões regionais é um dos principais receios do Governo, que prefere, para já, tomar como exemplo o projecto em curso na linha do Tua, onde deverá ser criada a sociedade Comboios do Tua, com a participação da CP e das três autarquias servidas por aquela via férrea.

O secretário de Estado dos Transportes, Rui Cunha, tem insistido em que esta é uma experiência-piloto, cujo resultado poderá determinar futuras concessões, não querendo deste modo que uma empresa por si tutelada dê prioridade a um "dossier" que se adivinha polémico, para mais em ano de eleições autárquicas.

É que, além da resistência dos sindicatos ferroviários (tradicionalmente corporativistas e que deverão manifestar-se contra a concessão a privados), as próprias autarquias só deverão aceitar este negócio se tiverem a garantia de que não pagarão o seu défice, deixando ao Governo a decisão sobre quem o pagará. E se alguns milhares de contos negativos num défice de dezenas de milhões, como o da CP, podem passar despercebidos, o mesmo não acontece com os prejuízos de uma dezena de operadores ferroviários de capitais públicos, sujeitos a maior visibilidade.

Para a CP, porém, esta é uma questão crucial, tendo em conta a situação financeira dramática em que se encontra - não prevista, há dois anos, pelo seu presidente, Crisóstomo Teixeira, que num suplemento publicado no "Expresso", dizia haver mesmo a possibilidade de "comprar capacidade aos operadores rodoviários" ou comprar quotas em empresas desse sector.

Além disso, dizia também ser a sua empresa "um modo de transporte que garante coesão nacional", orgulhando-se de cobrir quase todo o território do país. Agora a estratégia é o emagrecimento e o abandono de linhas regionais.

C. C.

Empurrar Défices

Segunda-feira, 17 de Setembro de 2001

A proliferação de "mini CPs" e respectivos défices motivada pelas concessões regionais é um dos principais receios do Governo, que prefere, para já, tomar como exemplo o projecto em curso na linha do Tua, onde deverá ser criada a sociedade Comboios do Tua, com a participação da CP e das três autarquias servidas por aquela via férrea.

O secretário de Estado dos Transportes, Rui Cunha, tem insistido em que esta é uma experiência-piloto, cujo resultado poderá determinar futuras concessões, não querendo deste modo que uma empresa por si tutelada dê prioridade a um "dossier" que se adivinha polémico, para mais em ano de eleições autárquicas.

É que, além da resistência dos sindicatos ferroviários (tradicionalmente corporativistas e que deverão manifestar-se contra a concessão a privados), as próprias autarquias só deverão aceitar este negócio se tiverem a garantia de que não pagarão o seu défice, deixando ao Governo a decisão sobre quem o pagará. E se alguns milhares de contos negativos num défice de dezenas de milhões, como o da CP, podem passar despercebidos, o mesmo não acontece com os prejuízos de uma dezena de operadores ferroviários de capitais públicos, sujeitos a maior visibilidade.

Para a CP, porém, esta é uma questão crucial, tendo em conta a situação financeira dramática em que se encontra - não prevista, há dois anos, pelo seu presidente, Crisóstomo Teixeira, que num suplemento publicado no "Expresso", dizia haver mesmo a possibilidade de "comprar capacidade aos operadores rodoviários" ou comprar quotas em empresas desse sector.

Além disso, dizia também ser a sua empresa "um modo de transporte que garante coesão nacional", orgulhando-se de cobrir quase todo o território do país. Agora a estratégia é o emagrecimento e o abandono de linhas regionais.

C. C.

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