«Saneamento» na RTP em Bruxelas

09-12-2000
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JOSÉ Rui Cunha, correspondente da RTP em Bruxelas, está a ser alvo de «uma perseguição política por parte da televisão pública estatal», afirmou ao EXPRESSO Miguel Reis, advogado do jornalista. Uma situação que já foi denunciada à Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) na semana passada, avançou Miguel Reis referindo que o procedimento da RTP neste processo «se enquadra numa tentativa de saneamento ilícito e constitui um grave atentado à liberdade de imprensa». Em causa estão, por um lado, «o afastamento de Rui Cunha da chefia da delegação em Bruxelas, depois do jornalista ter sido pressionado a colocar o seu lugar à disposição» e, por outro, «a imposição de assinar um novo contrato com cortes significativos no ordenado, ou então ser transferido para Lisboa». Alternativas que, segundo Miguel Reis, «em nada honram a RTP e a boa fé de José Rui Cunha ao aceitar, em 1998, um contrato da exclusiva autoria da RTP e que enformava de alguns vícios negociais, entre os quais o facto de constar Lisboa como residência do correspondente, quando Rui Cunha, além de residir há oito anos em Bruxelas, ter habitação própria, facto que foi determinante para a sua contratação, já que, na altura, nenhuma das partes equacionou a hipótese do jornalista trabalhar em Lisboa». RTP desconhece queixa Contactado pelo EXPRESSO, o conselho de administração da RTP alegou desconhecer a queixa apresentada à AACS, recusando-se a prestar declarações sobre a situação laboral do ex-chefe da delegação da RTP em Bruxelas. Jornalista há mais de 30 anos, José Rui Cunha tem exercido a sua profissão em Bruxelas há cerca de 11 anos como correspondente de vários órgãos de comunicação social. Em 1998 era correspondente da SIC, TSF e da Deutesche Welle, quando foi convidado a chefiar a delegação da RTP em Bruxelas, cargo que aceitou, substituindo Carlos Fino. Segundo o advogado de José Rui Cunha, as pressões sobre o seu cliente ganharam expressão desde o momento em que a nova administração da RTP tomou posse, em Junho passado. E exemplifica: «Ele recebeu um telefonema do recém-subdirector de Informação da estação, Carlos Fino, destituindo-o das suas funções como chefe da delegação de Bruxelas», revelou Miguel Reis, adiantando que a RTP fundamentou o afastamento de José Rui Cunha, no passado dia 31 de Agosto (termo do contrato), porque pretendia dar enfoque a outras questões menos técnicas sobre a União Europeia, uma das especialidades de José Rui Cunha, cujos contactos em matérias comunitárias são privilegiados. Mesmo não tendo assinado o novo contrato proposto pela administração da RTP, Miguel Reis acrescenta que «o ordenado processado a José Rui Cunha correspondeu, em Setembro, ao vencimento atribuído aos jornalista da sua categoria sedeados em Lisboa, tendo-lhe ainda sido cortados os subsídios de deslocação habitualmente pagos aos correspondentes». Para substituir José Rui Cunha na chefia da delegação da RTP em Bruxelas foi convidado António Esteves Martins, que se encontra já a exercer as suas funções.

SOFIA SANTOS, com ISABEL VICENTE

JOSÉ Rui Cunha, correspondente da RTP em Bruxelas, está a ser alvo de «uma perseguição política por parte da televisão pública estatal», afirmou ao EXPRESSO Miguel Reis, advogado do jornalista. Uma situação que já foi denunciada à Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) na semana passada, avançou Miguel Reis referindo que o procedimento da RTP neste processo «se enquadra numa tentativa de saneamento ilícito e constitui um grave atentado à liberdade de imprensa». Em causa estão, por um lado, «o afastamento de Rui Cunha da chefia da delegação em Bruxelas, depois do jornalista ter sido pressionado a colocar o seu lugar à disposição» e, por outro, «a imposição de assinar um novo contrato com cortes significativos no ordenado, ou então ser transferido para Lisboa». Alternativas que, segundo Miguel Reis, «em nada honram a RTP e a boa fé de José Rui Cunha ao aceitar, em 1998, um contrato da exclusiva autoria da RTP e que enformava de alguns vícios negociais, entre os quais o facto de constar Lisboa como residência do correspondente, quando Rui Cunha, além de residir há oito anos em Bruxelas, ter habitação própria, facto que foi determinante para a sua contratação, já que, na altura, nenhuma das partes equacionou a hipótese do jornalista trabalhar em Lisboa». RTP desconhece queixa Contactado pelo EXPRESSO, o conselho de administração da RTP alegou desconhecer a queixa apresentada à AACS, recusando-se a prestar declarações sobre a situação laboral do ex-chefe da delegação da RTP em Bruxelas. Jornalista há mais de 30 anos, José Rui Cunha tem exercido a sua profissão em Bruxelas há cerca de 11 anos como correspondente de vários órgãos de comunicação social. Em 1998 era correspondente da SIC, TSF e da Deutesche Welle, quando foi convidado a chefiar a delegação da RTP em Bruxelas, cargo que aceitou, substituindo Carlos Fino. Segundo o advogado de José Rui Cunha, as pressões sobre o seu cliente ganharam expressão desde o momento em que a nova administração da RTP tomou posse, em Junho passado. E exemplifica: «Ele recebeu um telefonema do recém-subdirector de Informação da estação, Carlos Fino, destituindo-o das suas funções como chefe da delegação de Bruxelas», revelou Miguel Reis, adiantando que a RTP fundamentou o afastamento de José Rui Cunha, no passado dia 31 de Agosto (termo do contrato), porque pretendia dar enfoque a outras questões menos técnicas sobre a União Europeia, uma das especialidades de José Rui Cunha, cujos contactos em matérias comunitárias são privilegiados. Mesmo não tendo assinado o novo contrato proposto pela administração da RTP, Miguel Reis acrescenta que «o ordenado processado a José Rui Cunha correspondeu, em Setembro, ao vencimento atribuído aos jornalista da sua categoria sedeados em Lisboa, tendo-lhe ainda sido cortados os subsídios de deslocação habitualmente pagos aos correspondentes». Para substituir José Rui Cunha na chefia da delegação da RTP em Bruxelas foi convidado António Esteves Martins, que se encontra já a exercer as suas funções.

SOFIA SANTOS, com ISABEL VICENTE

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