Suplemento Economia

10-02-2001
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Nasceu nos escaldantes tempos do PREC

CAP Celebra 25 Anos

Por JOSÉ MANUEL ROCHA

Segunda-feira, 27 de Novembro de 2000

Nos idos de 1975, quando a reforma agrária defendida pelo PCP avançava no Alentejo, milhares de agricultores reuniram-se em Rio Maior em oposição a este rumo. Começava a nascer a CAP.

Há 25 anos, os acontecimentos sucediam-se em turbilhão na sociedade portuguesa. A reforma agrária avançava ao ritmo da ocupação de herdades no Alentejo - muitas delas em terras deixadas ao mais completo abandono -, as ruas eram palco praticamente diário de manifestações e contramanifestações, a luta política estava ao rubro e em vésperas de conhecer uma profunda ruptura.

A 25 de Novembro, o país saiu à rua, dividido entre os projectos de sociedade que se digladiavam para terem direito a tomar as rédeas do futuro. Por entre as centenas de acções políticas que marcaram a data, houve uma que acabaria por ditar uma alteração profunda no que, então, era o movimento associativo agrícola. Liderados por homens que há muito lutavam contra a Reforma Agrária - Rosado Fernandes, José Manuel Casqueiro, Tomás Estêvão e outros -, milhares de agricultores juntaram-se em Rio Maior. Ansiosos para tomarem partido na representação do golpe que estava em marcha - o do 25 de Novembro; armados de argumentos contra a reforma agrária que o Partido Comunista Português queria impor e da famosa "moca" que passaria a estar associada à memória colectiva da localidade.

Pode dizer-se, assim, que foi nas trincheiras de Rio Maior que se começaram a moldar as fundações da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Embora a escritura pública da associação só tivesse sido lavrada a 22 de Janeiro de 1976, foi a 25 de Novembro do ano anterior que o improvisado plenário de Rio Maior ditou os fundamentos dos estatutos da confederação que, ao longo do último quarto de século, tem influenciado, para o bem e para o mal, o curso da política agrícola nacional.

Os antecedentes da CAP podem situar-se na constituição, em pleno PREC (Processo Revolucionário Em Curso), da Associação Livre dos Agricultores (ALA) - uma entidade que, obviamente, integrava representantes dos grandes proprietários mais afectados pelo curso que a Reforma Agrária estava a levar. Nas escaldantes curvas do processo revolucionário, a ALA chegou a estar "clandestinizada", mas o trabalho de organização e captação de adesões não parou de circular pelos bastidores do Portugal rural. Até que se criaram as condições para que a confederação nascesse.

Hoje com 300 organizações filiadas - no Continente e nas Ilhas -, a CAP é, sem dúvida, a mais importante entidade do associativismo agrícola. Dispõe de um corpo técnico formado para que nenhum "dossier" lhe passe ao lado, representa os agricultores junto de entidades oficiais nacionais e da União Europeia, onde está em 23 comités. Por outro lado, presta apoio a todos os profissionais que o solicitem junto dos 18 centros de informação rural, criados com ajuda comunitária.

Possui, para além disso, um corpo dirigente que sabe influenciar os corredores do poder. Ao avançar para um modelo de agricultura que não era o que a CAP defendia e que até punha em causa os interesses que a confederação prossegue - uma defesa acérrima da iniciativa privada e daquilo que se convencionou chamar como a "grande agricultura" -, Gomes da Silva traçou o caminho que haveria de conduzir à sua demissão do Governo.

Hoje, nas cerimónias que vão marcar o 25º aniversário da CAP, Rio Maior foi a cidade escolhida para erguer o Monumento ao Agricultor, cerimónia a que Jaime Gama, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, vai presidir.

Nasceu nos escaldantes tempos do PREC

CAP Celebra 25 Anos

Por JOSÉ MANUEL ROCHA

Segunda-feira, 27 de Novembro de 2000

Nos idos de 1975, quando a reforma agrária defendida pelo PCP avançava no Alentejo, milhares de agricultores reuniram-se em Rio Maior em oposição a este rumo. Começava a nascer a CAP.

Há 25 anos, os acontecimentos sucediam-se em turbilhão na sociedade portuguesa. A reforma agrária avançava ao ritmo da ocupação de herdades no Alentejo - muitas delas em terras deixadas ao mais completo abandono -, as ruas eram palco praticamente diário de manifestações e contramanifestações, a luta política estava ao rubro e em vésperas de conhecer uma profunda ruptura.

A 25 de Novembro, o país saiu à rua, dividido entre os projectos de sociedade que se digladiavam para terem direito a tomar as rédeas do futuro. Por entre as centenas de acções políticas que marcaram a data, houve uma que acabaria por ditar uma alteração profunda no que, então, era o movimento associativo agrícola. Liderados por homens que há muito lutavam contra a Reforma Agrária - Rosado Fernandes, José Manuel Casqueiro, Tomás Estêvão e outros -, milhares de agricultores juntaram-se em Rio Maior. Ansiosos para tomarem partido na representação do golpe que estava em marcha - o do 25 de Novembro; armados de argumentos contra a reforma agrária que o Partido Comunista Português queria impor e da famosa "moca" que passaria a estar associada à memória colectiva da localidade.

Pode dizer-se, assim, que foi nas trincheiras de Rio Maior que se começaram a moldar as fundações da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Embora a escritura pública da associação só tivesse sido lavrada a 22 de Janeiro de 1976, foi a 25 de Novembro do ano anterior que o improvisado plenário de Rio Maior ditou os fundamentos dos estatutos da confederação que, ao longo do último quarto de século, tem influenciado, para o bem e para o mal, o curso da política agrícola nacional.

Os antecedentes da CAP podem situar-se na constituição, em pleno PREC (Processo Revolucionário Em Curso), da Associação Livre dos Agricultores (ALA) - uma entidade que, obviamente, integrava representantes dos grandes proprietários mais afectados pelo curso que a Reforma Agrária estava a levar. Nas escaldantes curvas do processo revolucionário, a ALA chegou a estar "clandestinizada", mas o trabalho de organização e captação de adesões não parou de circular pelos bastidores do Portugal rural. Até que se criaram as condições para que a confederação nascesse.

Hoje com 300 organizações filiadas - no Continente e nas Ilhas -, a CAP é, sem dúvida, a mais importante entidade do associativismo agrícola. Dispõe de um corpo técnico formado para que nenhum "dossier" lhe passe ao lado, representa os agricultores junto de entidades oficiais nacionais e da União Europeia, onde está em 23 comités. Por outro lado, presta apoio a todos os profissionais que o solicitem junto dos 18 centros de informação rural, criados com ajuda comunitária.

Possui, para além disso, um corpo dirigente que sabe influenciar os corredores do poder. Ao avançar para um modelo de agricultura que não era o que a CAP defendia e que até punha em causa os interesses que a confederação prossegue - uma defesa acérrima da iniciativa privada e daquilo que se convencionou chamar como a "grande agricultura" -, Gomes da Silva traçou o caminho que haveria de conduzir à sua demissão do Governo.

Hoje, nas cerimónias que vão marcar o 25º aniversário da CAP, Rio Maior foi a cidade escolhida para erguer o Monumento ao Agricultor, cerimónia a que Jaime Gama, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, vai presidir.

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