Assembleia da República elogia administrador da ONU em Timor-Leste

12-05-2001
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Assembleia da República Elogia Administrador da ONU em Timor-Leste

Por INÊS ESCOBAR DE LIMA

Sábado, 12 de Maio de 2001 Discussão do relatório da visita a Timor Depois da fúria de Sérgio Vieira de Mello, os deputados portugueses preocuparam-se em salvaguardar o papel do chefe da UNTAET A Assembleia da República discutiu ontem de manhã o relatório dos deputados portugueses que visitaram Timor-Leste entre Fevereiro e Março deste ano e esforçou-se por excluir Sérgio Vieira de Mello, o administrador da ONU, das críticas à burocracia das Nações Unidas. Arménio Santos, do PSD, elogiou o trabalho da UNTAET (Administração Transitória de Timor), que "partiu do zero" e fez um trabalho que "nenhum país ou grupo de países isoladamente podia realizar". O deputado disse que Sérgio Vieira de Mello tem sido competente à frente da administração da ONU e "incansável na sensibilização de doadores internacionais para concretizarem a solidariedade para com Timor". Recorde-se que Sérgio Vieira de Mello, depois de saber que os parlamentares portugueses concluiam que a administração era lenta e burocrática, irritou-se e disse que podia "entregar o cargo já amanhã". Mas o deputado do PSD, em consonância com o relatório, não deixou de apontar a burocratização da UNTAET e a lentidão na preparação de timorenses para lugares de responsabilidade. Referindo-se ao "presidente Xanana Gusmão" (que, além da presidência do CNRT, não ocupa qualquer cargo político, tendo-se demitido da presidência do Conselho Nacional, o embrionário parlamento), o social-democrata lembrou que cabe aos responsáveis timorenses estarem unidos. Por fim, Arménio Santos louvou a cooperação portuguesa, mas disse que esta "poderia ter outros resultados se tivesse uma melhor coordenação entre si e com as autoridades de Timor-Leste". Miguel Anacoreta Correia, do CDS-PP, exaltou a acção da UNTAET, dos militares portugueses e da GNR, que classificou de "exemplar". Mas também considerou que a administração tem sido lenta e pouco eficaz na formação de quadros timorenses e acusou-a de deixar os jovens "demasiado à margem". O deputado considerou desejável que "os timorenses ultrapassem as legítimas divergências ideológicas". O deputado do Bloco de Esquerda (BE), Luís Fazenda, referiu a importância de reforçar a acção portuguesa em Timor-Leste, bem como a relação com as potências Indonésia e Austrália. "Mas isso não impede uma visão crítica da cooperação da Austrália", disse o deputado, que apontou o dedo a "quem tem aspiração a ganhos ilegítimos, a espaços de soberania, a divisão das águas e ao petróleo". O deputado do BE recomendou que Portugal não se demita de cooperar com Timor, embora sem uma postura neocolonial, e que seja "mais activo no desenvolvimento do português", nomeadamente através da "difusão dos meios de comunicação de massa". O deputado Rodeia Machado, do PCP, manifestou-se preocupado com a situação dos refugiados em Timor Ocidental. Os deputados portugueses visitaram o campo de refugiados de Kupang, onde, segundo Rodeia Machado, "muitos timorenses continuam prisioneiros das milícias que são apoiados por militares indonésios". "As milícias continuam activas e gozam de protecção em Timor Ocidental", disse o deputado do PCP. Carlos Santos, do PS, congratulou-se também com a cooperação: "É sempre reconfortante ouvir falar português tão longe e tão perto". Considerou que Timor-Leste é "o último reduto e a última hipótese que temos para impor a nossa lusofonia". José Magalhães, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ficou satisfeito da Assembleia reconhecer o esforço diplomático do Governo na cooperação com Timor. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Deputados criticam descoordenação portuguesa

Principais conclusões

Data das eleições divide irmãos Carrascalão

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