PCP acusa Governo de instrumentalização dos emigrantes

14-02-2001
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PCP Acusa Governo de Instrumentalização dos Emigrantes

Por EUNICE LOURENÇO

Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 2001

Comunistas prometem agendar projectos sobre recenseamento eleitoral, apoio social e cooperantes

O PCP, pela voz do seu deputado Rodeia Machado, acusou ontem o Governo de instrumentalização do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e apelou à reposição da legalidade naquele que é o órgão representativo dos emigrantes portugueses.

Essa instrumentalização, segundo disse Rodeia Machado numa conferência de imprensa destinada a dar a conhecer várias iniciativas do PCP nesta área, é feita "pelo próprio PS" e também "a nível da Secretaria de Estado" das Comunidades e teve o seu ponto alto na "interferência" do então secretário de Estado José Lello nas eleições para o CCP, em 1997, que foram declaradas nulas pelo Supremo Tribunal Administrativo.

Com a substituição de Lello por João Rui de Almeida, ocorrida há três meses, "nada mudou". Este partido já pediu uma audição do secretário de Estado na comissão de Negócios Estrangeiros, para a qual o próprio já se disponibilizou.

O PCP considera que o momento é oportuno para agendar alguns dos seus projectos relativos a esta área. O primeiro diz que é uma alteração à lei do recenseamento, com vista a permitir que os emigrantes possam fazer prova de residência através de um documento emitido pela entidade competente do país onde vivem e não através do bilhete de identidade, como acontece actualmente.

O segundo projecto que o PCP promete agendar para breve visa a criação de um Fundo de Apoio Social aos Emigrantes Portugueses. Como explicou Rodeia Machado, este será um fundo alternativo ao Apoio Social a Idosos Carenciados (ASIC), pois situações como as que os portugueses têm vivido na Venezuela mostram a necessidade de um apoio social permanente. Esse fundo proposto pelo PCP deve ser constituído por transferência anual do Orçamento do Estado de uma verba não inferior a um quinto da receita dos impostos que o Estado arrecada sobre as contas bancárias dos emigrantes e deve ser gerido por um conselho de administração composto por representantes do CCP, da Segurança Social e da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares.

O terceiro projecto do PCP pretende dar corpo a um novo estatuto do cooperante.

Questionado sobre os problemas de insegurança dos emigrantes na África do Sul, o responsável do PCP pela área da emigração, João Armando, afirmou que "há um problema da sociedade sul-africana que não é específico da sociedade portuguesa", mas acrescentou que o seu partido "não achou muito bem" a forma como o ministro sul-africano da Segurança se exprimiu sobre este assunto. O PCP critica também a falta de colocação nos consulados de pessoal técnico especializado em serviços sociais para dar apoio às famílias vitimadas.

Eunice Lourenço

PCP Acusa Governo de Instrumentalização dos Emigrantes

Por EUNICE LOURENÇO

Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 2001

Comunistas prometem agendar projectos sobre recenseamento eleitoral, apoio social e cooperantes

O PCP, pela voz do seu deputado Rodeia Machado, acusou ontem o Governo de instrumentalização do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e apelou à reposição da legalidade naquele que é o órgão representativo dos emigrantes portugueses.

Essa instrumentalização, segundo disse Rodeia Machado numa conferência de imprensa destinada a dar a conhecer várias iniciativas do PCP nesta área, é feita "pelo próprio PS" e também "a nível da Secretaria de Estado" das Comunidades e teve o seu ponto alto na "interferência" do então secretário de Estado José Lello nas eleições para o CCP, em 1997, que foram declaradas nulas pelo Supremo Tribunal Administrativo.

Com a substituição de Lello por João Rui de Almeida, ocorrida há três meses, "nada mudou". Este partido já pediu uma audição do secretário de Estado na comissão de Negócios Estrangeiros, para a qual o próprio já se disponibilizou.

O PCP considera que o momento é oportuno para agendar alguns dos seus projectos relativos a esta área. O primeiro diz que é uma alteração à lei do recenseamento, com vista a permitir que os emigrantes possam fazer prova de residência através de um documento emitido pela entidade competente do país onde vivem e não através do bilhete de identidade, como acontece actualmente.

O segundo projecto que o PCP promete agendar para breve visa a criação de um Fundo de Apoio Social aos Emigrantes Portugueses. Como explicou Rodeia Machado, este será um fundo alternativo ao Apoio Social a Idosos Carenciados (ASIC), pois situações como as que os portugueses têm vivido na Venezuela mostram a necessidade de um apoio social permanente. Esse fundo proposto pelo PCP deve ser constituído por transferência anual do Orçamento do Estado de uma verba não inferior a um quinto da receita dos impostos que o Estado arrecada sobre as contas bancárias dos emigrantes e deve ser gerido por um conselho de administração composto por representantes do CCP, da Segurança Social e da Direcção-Geral dos Assuntos Consulares.

O terceiro projecto do PCP pretende dar corpo a um novo estatuto do cooperante.

Questionado sobre os problemas de insegurança dos emigrantes na África do Sul, o responsável do PCP pela área da emigração, João Armando, afirmou que "há um problema da sociedade sul-africana que não é específico da sociedade portuguesa", mas acrescentou que o seu partido "não achou muito bem" a forma como o ministro sul-africano da Segurança se exprimiu sobre este assunto. O PCP critica também a falta de colocação nos consulados de pessoal técnico especializado em serviços sociais para dar apoio às famílias vitimadas.

Eunice Lourenço

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