Disciplina de Voto Pode Ser Quebrada
Por HELENA PEREIRA
Quarta-feira, 4 de Abril de 2001
Ricardo Gonçalves não vai votar a favor da lei da paridade
O líder parlamentar do PS, Francisco Assis, reafirmou ontem que vai haver disciplina de voto na apreciação proposta de lei do Governo que estabelece a introdução de quotas de 33 por cento de mulheres nas listas partidárias. Isto quando o mesmo texto não é consensual na bancada socialista.
À saída de uma reunião da direcção da bancada do PS, Assis sublinhou que "todos têm a obrigação de votar a proposta do Governo, porque resulta de um compromisso do Governo e do PS e, nessa matéria, há também um compromisso do grupo parlamentar".
O presidente do grupo parlamentar não acredita que "alguém quebre essa disciplina", mostrando-se convicto de que, "se for necessário, todos estarão lá para votar" a proposta de lei que será submetida a votação na quinta-feira.
No entanto, o deputado Ricardo Gonçalves, eleito pelo círculo de Braga, afirmou ao PÚBLICO que mesmo com disciplina de voto não vai votar a favor da lei da paridade.
"Sei muito bem quando devo votar a favor ou não", afirmou, acrescentando, contudo, que ainda não decidiu se vai abandonar o plenário na altura da votação.
O deputado socialista não compreende como é que o PS, que não consegue cumprir a quota de 25 por cento de mulheres que impôs a si próprio na formação de listas eleitorais, vem falar numa fasquia de 33 por cento. "É uma contradição", defende Ricardo Gonçalves, criticando o PS por ter poucas mulheres tanto nos órgãos partidários como no Governo.
"Para uma mulher chegar a um determinado lugar é preciso um trabalho de base e não assentar praça como um general", acrescentou o deputado, que apenas admite quotas para as mulheres numa situação "passageira".
Além de Ricardo Gonçalves, também o deputado de Coimbra Ricardo Castanheira levantou a questão da paridade na última reunião do grupo parlamentar, afirmando-se contra a proposta socialista. Assis, que não esteve presente na última reunião, afirmou ontem que "nunca ninguém colocou qualquer óbice a esta matéria", mas perante as críticas mostrou-se disponível para marcar uma reunião adicional para debater a questão da paridade.
Dentro da JS, Jamila Madeira e Afonso Candal também não concordam com a introdução de quotas. Ontem, Jamila Madeira limitou-se a afirmar que a posição dentro do PS "não é consensual" e que a JS nunca promoveu quotas. Afonso Candal também se mostrou contra as introduções que o Governo quer impor, mas não revelou o que tenciona fazer no dia da votação.
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Disciplina de Voto Pode Ser Quebrada
Por HELENA PEREIRA
Quarta-feira, 4 de Abril de 2001
Ricardo Gonçalves não vai votar a favor da lei da paridade
O líder parlamentar do PS, Francisco Assis, reafirmou ontem que vai haver disciplina de voto na apreciação proposta de lei do Governo que estabelece a introdução de quotas de 33 por cento de mulheres nas listas partidárias. Isto quando o mesmo texto não é consensual na bancada socialista.
À saída de uma reunião da direcção da bancada do PS, Assis sublinhou que "todos têm a obrigação de votar a proposta do Governo, porque resulta de um compromisso do Governo e do PS e, nessa matéria, há também um compromisso do grupo parlamentar".
O presidente do grupo parlamentar não acredita que "alguém quebre essa disciplina", mostrando-se convicto de que, "se for necessário, todos estarão lá para votar" a proposta de lei que será submetida a votação na quinta-feira.
No entanto, o deputado Ricardo Gonçalves, eleito pelo círculo de Braga, afirmou ao PÚBLICO que mesmo com disciplina de voto não vai votar a favor da lei da paridade.
"Sei muito bem quando devo votar a favor ou não", afirmou, acrescentando, contudo, que ainda não decidiu se vai abandonar o plenário na altura da votação.
O deputado socialista não compreende como é que o PS, que não consegue cumprir a quota de 25 por cento de mulheres que impôs a si próprio na formação de listas eleitorais, vem falar numa fasquia de 33 por cento. "É uma contradição", defende Ricardo Gonçalves, criticando o PS por ter poucas mulheres tanto nos órgãos partidários como no Governo.
"Para uma mulher chegar a um determinado lugar é preciso um trabalho de base e não assentar praça como um general", acrescentou o deputado, que apenas admite quotas para as mulheres numa situação "passageira".
Além de Ricardo Gonçalves, também o deputado de Coimbra Ricardo Castanheira levantou a questão da paridade na última reunião do grupo parlamentar, afirmando-se contra a proposta socialista. Assis, que não esteve presente na última reunião, afirmou ontem que "nunca ninguém colocou qualquer óbice a esta matéria", mas perante as críticas mostrou-se disponível para marcar uma reunião adicional para debater a questão da paridade.
Dentro da JS, Jamila Madeira e Afonso Candal também não concordam com a introdução de quotas. Ontem, Jamila Madeira limitou-se a afirmar que a posição dentro do PS "não é consensual" e que a JS nunca promoveu quotas. Afonso Candal também se mostrou contra as introduções que o Governo quer impor, mas não revelou o que tenciona fazer no dia da votação.