Cravinho Disponível para Qualquer Tarefa

03-03-2001
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Ministro garante "desencravar" a Figueira

Cravinho Disponível para Qualquer Tarefa

Segunda-feira, 1 de Março de 1999

João Cravinho esteve ontem na Figueira da Foz. Pressionado por Pedro Santana Lopes, que já se tinha insurgido contra sucessivos adiamentos da visita, o ministro do Planeamento lá se decidiu a rumar à Figueira.

Falou de projectos para a cidade, mas também de questões quentes que têm dominado a actualidade, como o caso JAE e o facto de, por isso, estar debaixo do fogo dos seus próprios colegas de Governo que, veladamente, o acusam de estar a gerir mal o "dossier". A certa altura alguém o questionou sobre a possibilidade de deixar a governação. Implicitamente, deixou claro que isso não está nos seus planos até às legislativas de Outubro, dizendo que cabe ao primeiro-ministro, depois das eleições, se as ganhar, "escolher o Governo como entender". Depois sinalizou quais são as suas disponibilidades. São todas: "Estou disponível para servir em qualquer parte". Cravinho, visto como um forte candidato à sucessão de João de Deus Pinheiro na Comissão Europeia, assinalou assim que se mantém nessa corrida.

Sobre o caso JAE - que, em Milão, António Guterres se recusou a comentar - reafirmou que o processo de investigações será "levado até ao fim". Logo a seguir passou ao contra-ataque, perguntando: "Quem tem medo da verdade?" E rematou garantindo, novamente, que tudo será investigado, "doa a quem doer". "O resto", concluiu, "é poeira para os olhos".

Pouco antes, ao usar da palavra nos Paços do Concelho, ao lado do presidente da autarquia, Cravinho disse que os portugueses "devem ser calmos e justos" perante a actividade governativa, tendo sobretudo em conta que "há imensa obra a fazer". "Devemos ser honestos e não inventar tricas e os portugueses não devem apoiar quem não trabalha".

Sem referir nomes, Cravinho denunciou a "invenção de factos ditos políticos" - que "já foi uma indústria" - e preconizou o seu fim: "Temos que acabar com isso".

Rejeitou ainda a acusação do líder do Partido Popular, proferida sábado em Coimbra, de que algumas figuras da oposição - como ele próprio e o anterior ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral - são actualmente alvo de uma campanha difamatória promovida por "sectores do Governo". "Não vejo nenhum fundamento", disse.

50 milhões e aplausos

A deslocação à Figueira revelou-se triunfal. No salão nobre da câmara municipal, o discurso do ministro foi, por duas vezes, interrompido por aplausos. Cravinho anunciou investimentos na ordem dos 50 milhões de contos para "desencravar a Figueira". "A Figueira foi encravada anos a fio por falta de infra-estruturas (...) e foi impedida de tirar partido do seu enorme potencial", afirmou.

Para João Cravinho, que antes tinha observado, de helicóptero, a rede de acessibilidades à cidade, a ligação da Figueira a Espanha "é fundamental" para o seu desenvolvimento. "Esta ilha em que se transformou a Figueira tem que explodir, pondo as coisas a marchar concretamente - e isto não são promessas", afirmou.

A imagem da Figueira da Foz enquanto ilha também foi usada pelo presidente da autarquia, Santana Lopes. "A Figueira não quer ser uma ilha esquecida, uma terra marginalizada", disse, manifestando ao mesmo tempo esperança de que "melhores condições de acessibilidades" venham "reforçar a procura turística local e pôr termo à angústia e frustração" que se fez sentir em sucessivas legislaturas.

Segundo João Cravinho, a Figueira vai passar a dispor de ligações privilegiadas para norte, sul e interior, prevendo-se também a reconversão do porto de mar. No capítulo das estradas, o Governo vai lançar a concessão centro-litoral, que inclui os itinerários Leiria-Figueira (IC1, com portagem) e entre esta via e a Auto-estrada do Norte (IC8, sem portagem). O investimento ronda os 45 milhões e abrange uma extensão de 65 quilómetros.

Hoje, João Cravinho vai presidir, no Porto, à assinatura de um contrato de financiamento de dez milhões de contos destinado a um conjunto de empreendimentos a desenvolver na cidade.

O contrato, que será assinado entre a Câmara do Porto, o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e a Agência para a Modernização do Porto (Apor), tem em vista a construção da Alameda de Cartes e da Avenida 25 de Abril, a reabilitação do Palácio do Freixo e a requalificação da marginal do Douro.

Este contrato de financiamento, no valor de 10 milhões de contos, resulta da comparticipação do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu para um conjunto de projectos cuja responsabilidade de execução cabe à Apor.

O investimento mais avultado, na ordem dos 3,1 milhões de contos (15,5 milhões de euros), prevê a construção da futura Avenida 25 de Abril, na zona de Campanhã, que ligará as praças das Flores e Corujeira. No âmbito deste contrato, está também prevista a construção da Alameda de Cartes, orçada em 2,2 milhões de contos (11 milhões de euros) e a reabilitação do Palácio do Freixo, que custará 2,6 milhões de contos (13 milhões de euros), cujo projecto implica o tratamento de toda a área envolvente e o desvio da Estrada Nacional 108.

J.P.H., com Lusa

Ministro garante "desencravar" a Figueira

Cravinho Disponível para Qualquer Tarefa

Segunda-feira, 1 de Março de 1999

João Cravinho esteve ontem na Figueira da Foz. Pressionado por Pedro Santana Lopes, que já se tinha insurgido contra sucessivos adiamentos da visita, o ministro do Planeamento lá se decidiu a rumar à Figueira.

Falou de projectos para a cidade, mas também de questões quentes que têm dominado a actualidade, como o caso JAE e o facto de, por isso, estar debaixo do fogo dos seus próprios colegas de Governo que, veladamente, o acusam de estar a gerir mal o "dossier". A certa altura alguém o questionou sobre a possibilidade de deixar a governação. Implicitamente, deixou claro que isso não está nos seus planos até às legislativas de Outubro, dizendo que cabe ao primeiro-ministro, depois das eleições, se as ganhar, "escolher o Governo como entender". Depois sinalizou quais são as suas disponibilidades. São todas: "Estou disponível para servir em qualquer parte". Cravinho, visto como um forte candidato à sucessão de João de Deus Pinheiro na Comissão Europeia, assinalou assim que se mantém nessa corrida.

Sobre o caso JAE - que, em Milão, António Guterres se recusou a comentar - reafirmou que o processo de investigações será "levado até ao fim". Logo a seguir passou ao contra-ataque, perguntando: "Quem tem medo da verdade?" E rematou garantindo, novamente, que tudo será investigado, "doa a quem doer". "O resto", concluiu, "é poeira para os olhos".

Pouco antes, ao usar da palavra nos Paços do Concelho, ao lado do presidente da autarquia, Cravinho disse que os portugueses "devem ser calmos e justos" perante a actividade governativa, tendo sobretudo em conta que "há imensa obra a fazer". "Devemos ser honestos e não inventar tricas e os portugueses não devem apoiar quem não trabalha".

Sem referir nomes, Cravinho denunciou a "invenção de factos ditos políticos" - que "já foi uma indústria" - e preconizou o seu fim: "Temos que acabar com isso".

Rejeitou ainda a acusação do líder do Partido Popular, proferida sábado em Coimbra, de que algumas figuras da oposição - como ele próprio e o anterior ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral - são actualmente alvo de uma campanha difamatória promovida por "sectores do Governo". "Não vejo nenhum fundamento", disse.

50 milhões e aplausos

A deslocação à Figueira revelou-se triunfal. No salão nobre da câmara municipal, o discurso do ministro foi, por duas vezes, interrompido por aplausos. Cravinho anunciou investimentos na ordem dos 50 milhões de contos para "desencravar a Figueira". "A Figueira foi encravada anos a fio por falta de infra-estruturas (...) e foi impedida de tirar partido do seu enorme potencial", afirmou.

Para João Cravinho, que antes tinha observado, de helicóptero, a rede de acessibilidades à cidade, a ligação da Figueira a Espanha "é fundamental" para o seu desenvolvimento. "Esta ilha em que se transformou a Figueira tem que explodir, pondo as coisas a marchar concretamente - e isto não são promessas", afirmou.

A imagem da Figueira da Foz enquanto ilha também foi usada pelo presidente da autarquia, Santana Lopes. "A Figueira não quer ser uma ilha esquecida, uma terra marginalizada", disse, manifestando ao mesmo tempo esperança de que "melhores condições de acessibilidades" venham "reforçar a procura turística local e pôr termo à angústia e frustração" que se fez sentir em sucessivas legislaturas.

Segundo João Cravinho, a Figueira vai passar a dispor de ligações privilegiadas para norte, sul e interior, prevendo-se também a reconversão do porto de mar. No capítulo das estradas, o Governo vai lançar a concessão centro-litoral, que inclui os itinerários Leiria-Figueira (IC1, com portagem) e entre esta via e a Auto-estrada do Norte (IC8, sem portagem). O investimento ronda os 45 milhões e abrange uma extensão de 65 quilómetros.

Hoje, João Cravinho vai presidir, no Porto, à assinatura de um contrato de financiamento de dez milhões de contos destinado a um conjunto de empreendimentos a desenvolver na cidade.

O contrato, que será assinado entre a Câmara do Porto, o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e a Agência para a Modernização do Porto (Apor), tem em vista a construção da Alameda de Cartes e da Avenida 25 de Abril, a reabilitação do Palácio do Freixo e a requalificação da marginal do Douro.

Este contrato de financiamento, no valor de 10 milhões de contos, resulta da comparticipação do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu para um conjunto de projectos cuja responsabilidade de execução cabe à Apor.

O investimento mais avultado, na ordem dos 3,1 milhões de contos (15,5 milhões de euros), prevê a construção da futura Avenida 25 de Abril, na zona de Campanhã, que ligará as praças das Flores e Corujeira. No âmbito deste contrato, está também prevista a construção da Alameda de Cartes, orçada em 2,2 milhões de contos (11 milhões de euros) e a reabilitação do Palácio do Freixo, que custará 2,6 milhões de contos (13 milhões de euros), cujo projecto implica o tratamento de toda a área envolvente e o desvio da Estrada Nacional 108.

J.P.H., com Lusa

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