EXPRESSO: País

19-03-2002
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4/8/2001

Verão depois das autárquicas Jorge Simão Durão Barroso: apesar das constantes perturbações, entre os sociais-democratas ninguém assume que a sua liderança fique em causa nas autárquicas A ADESÃO de António Borges ao PSD e a disponibilidade manifestada por Manuel Monteiro de voltar a disputar a liderança do CDS/PP agitaram as águas, nos últimos tempos mais mansas, da direita. E, apesar das férias, dentro dos dois partidos não tardaram as reacções. No PSD, Pedro Santana Lopes escreveu um artigo, no «Diário de Notícias», afirmando que a hipótese Borges «não faz sentido nenhum» e, ao EXPRESSO, é significativa a declaração de Dias Loureiro: «Já era o tempo do sebastianismo; ninguém no PSD quer ser o D. Sebastião e penso que todos, e também António Borges, pensam o mesmo». A ADESÃO de António Borges ao PSD e a disponibilidade manifestada por Manuel Monteiro de voltar a disputar a liderança do CDS/PP agitaram as águas, nos últimos tempos mais mansas, da direita. E, apesar das férias, dentro dos dois partidos não tardaram as reacções. No PSD, Pedro Santana Lopes escreveu um artigo, no «Diário de Notícias», afirmando que a hipótese Borgese, ao EXPRESSO, é significativa a declaração de Dias Loureiro: E até os socialistas se ocuparam com a questão, na Comissão Permanente de terça-feira, embora afirmem que a discussão se limitou a «uma análise do que trazia a imprensa». Num cenário que já foi mais fácil para a «Nova Maioria», os dirigentes socialistas frisam a necessidade de «manter a afirmação própria do PS porque o quadro à direita não é estável». O desafio das autárquicas E diz o mesmo dirigente que se por alguma razão a liderança de Barroso fosse posta em causa, o partido estaria pronto, mas para «Santana Lopes». Curiosamente, também aqui parece haver consenso entre santanistas, barrosistas e marcelistas numa possibilidade que não parece absolutamente inverosímil: no caso de uma derrota do PSD no país e de uma vitória em Lisboa de Santana, dificilmente seria travada a vaga de fundo pró-«santanismo». Santana Lopes que, na quinta-feira, no «Diário de Notícias», reagiu às notícias sobre a eventual disponibilidade de António Borges. Começa por recordar que «há pouco mais de dois anos, Leonor Beleza foi escolhida por alguns para indicar o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa» na liderança do PSD, continuando que «há alguns dias» voltou «a ser escolhida, não sei se exactamente pelos mesmos, para fazer nova apresentação». E mais abaixo: «Dá que pensar o que se passou nestas últimas semanas (...). Não faz sentido nenhum!». Um artigo que foi lido por sectores sociais-democratas como um claro endosso de culpas a Rebelo de Sousa - que estaria a «promover Borges para desacreditar a liderança de Barroso» - escrevendo ainda Santana que «se querem que António Borges seja primeiro-ministro estão a dizer que Durão Barroso deve ser substituído no cargo de presidente do partido, embora o não estejam a afirmar de forma explícita». No domingo, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua crónica na TVI, dizia, a propósito de António Borges, que «muitas vezes os portugueses preferem o sonho do sebastianismo, para fugirem à realidade do dia-a-dia». E sobre esta guerra entre Santana e Marcelo, uma fonte próxima do ex-líder afirma que o candidato à Câmara de Lisboa «não entendeu nada do que disse Marcelo e, por outro lado, aparenta preocupação». E conclui, «seria muito original que querendo ele vir a ser o líder do PSD estivesse a promover outro candidato». Para este social-democrata foram «vários sectores económicos e sectores próximos de Cavaco Silva que lançaram a possibilidade de Borges, não para disputar a actual liderança mas para daqui a uns anos». Certo é que, cerca de duas semanas depois de ter aderido ao PSD, o nome do economista deixou, seguramente, de ser o de um desconhecido. No CDS/PP a situação é bem mais clara, havendo já uma alternativa à actual liderança. Manuel Monteiro que abandonou a presidência do partido precisamente após o desaire que sofreu nas últimas autárquicas, em 1997, assume-se claramente como alternativa. Para Paulo Portas a estratégia é «não valorizar, deixar que os adversários se mostrem», segundo um seu próximo. Portas, Monteiro... e Maria José E se há quem pense que esta posição de Monteiro «surge um bocadinho antes de tempo», há quem entenda que «os tempos que aí vêm são tudo menos para Manuel Monteiro». Diz a mesma fonte popular que após uma derrota de Portas o partido precisaria de «um 'upgrading'» e, que, nomeadamente tendo em conta o argumento de uma concretização da AD, mais do que Portas e Monteiro seria Maria José Nogueira Pinto - que perdeu o Congresso de Braga para o actual líder - quem «mais condições teria para a fazer». Do lado dos sociais-democratas, em relação à eventual AD, parece reinar o pragmatismo: esta será feita com quem estiver à frente dos destinos do CDS/PP.

MARIA TERESA OLIVEIRA, com SOFIA RAINHO

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«Vou lançar um novo projecto em Janeiro»

Monteiro admite fundar novo partido

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

7 comentários 1 a 7

10 de Agosto de 2001 às 12:04

jp

O que faz falta ao PSD é o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.O Dr. Durão Barroso é uma autêntica desgraça como lider partidário.

Tem um discurso amorfo, não sabe falar e não consegue fazer com que acreditem nas suas ideias. Duvido que ele próprio acredite nelas , se é que as tem.

O cargo que exerceu no Governo de Cavaco Silva não lhe dá qq legitimidade para Governar o país, dado que é um cargo muito confortável, visto que não tem reflexos directos na vida dos portugueses. Os ministros do NE são sempre os mais populares.

Com o Dr. Durão Barroso não acredito que o país mude de rumo.

6 de Agosto de 2001 às 00:18

natália

Apoiado, Teresa de Seabra!

O Professor Marcelo Rebelo de Sousa não precisa de partidos, vale pelo que é!

Talvez um certo PSD precise do Professor, mas o contrário não acredito...

5 de Agosto de 2001 às 18:50

Teresa de Seabra

O lugar de Marcelo é na Presidência da República e não nos meandros do Partido. É inteligente q.b. para ser superior aos Partidos

5 de Agosto de 2001 às 18:31

natália

Se eu estivesse no lugar do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, PSD nunca mais!

O PSD está bem assim, sem lider, sem politica, sem força, sem poder para fazer oposição...

Afinal o poço ainda é fundo e o PSD ainda tem algum caminho a percorrer para baixo!

Eu não me fiava muito nos resultados das autárquicas, não são os partidos que ganham ou perdem este tipo de eleições, são os candidatos...

5 de Agosto de 2001 às 09:01

companheiro

Nesse dia, brindaremos com o melhor champagne francês! As autárquicas mostrar-nos-ão o crescendo do PSD e, na sua grande maioria, como em Cascais, teremos companheiros dignos e capazes à frente dos Municípios. Considero António Capucho, para Cascais, um óptimo dirigente com provas dadas na política. Outros capazes se candidatam. Marcelo Rebelo de Sousa é o FUTURO, na maior hierarquia superior!

4 de Agosto de 2001 às 22:36

Um militante do PSD

Perfeitamente de acordo com o Companheiro.

4 de Agosto de 2001 às 10:56

companheiro

Tantos medos! Santana Lopes que se fique pela Câmara de LISBOA. Marcelo Rebelo de Sousa é supeiormente inteligente e tem todas as condições para dignificar o País, mas como Presidente da República. É demasiado importante para simples 1ºministro e para andar em querelas partidárias!

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Verão depois das autárquicas Jorge Simão Durão Barroso: apesar das constantes perturbações, entre os sociais-democratas ninguém assume que a sua liderança fique em causa nas autárquicas A ADESÃO de António Borges ao PSD e a disponibilidade manifestada por Manuel Monteiro de voltar a disputar a liderança do CDS/PP agitaram as águas, nos últimos tempos mais mansas, da direita. E, apesar das férias, dentro dos dois partidos não tardaram as reacções. No PSD, Pedro Santana Lopes escreveu um artigo, no «Diário de Notícias», afirmando que a hipótese Borges «não faz sentido nenhum» e, ao EXPRESSO, é significativa a declaração de Dias Loureiro: «Já era o tempo do sebastianismo; ninguém no PSD quer ser o D. Sebastião e penso que todos, e também António Borges, pensam o mesmo». A ADESÃO de António Borges ao PSD e a disponibilidade manifestada por Manuel Monteiro de voltar a disputar a liderança do CDS/PP agitaram as águas, nos últimos tempos mais mansas, da direita. E, apesar das férias, dentro dos dois partidos não tardaram as reacções. No PSD, Pedro Santana Lopes escreveu um artigo, no «Diário de Notícias», afirmando que a hipótese Borgese, ao EXPRESSO, é significativa a declaração de Dias Loureiro: E até os socialistas se ocuparam com a questão, na Comissão Permanente de terça-feira, embora afirmem que a discussão se limitou a «uma análise do que trazia a imprensa». Num cenário que já foi mais fácil para a «Nova Maioria», os dirigentes socialistas frisam a necessidade de «manter a afirmação própria do PS porque o quadro à direita não é estável». O desafio das autárquicas E diz o mesmo dirigente que se por alguma razão a liderança de Barroso fosse posta em causa, o partido estaria pronto, mas para «Santana Lopes». Curiosamente, também aqui parece haver consenso entre santanistas, barrosistas e marcelistas numa possibilidade que não parece absolutamente inverosímil: no caso de uma derrota do PSD no país e de uma vitória em Lisboa de Santana, dificilmente seria travada a vaga de fundo pró-«santanismo». Santana Lopes que, na quinta-feira, no «Diário de Notícias», reagiu às notícias sobre a eventual disponibilidade de António Borges. Começa por recordar que «há pouco mais de dois anos, Leonor Beleza foi escolhida por alguns para indicar o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa» na liderança do PSD, continuando que «há alguns dias» voltou «a ser escolhida, não sei se exactamente pelos mesmos, para fazer nova apresentação». E mais abaixo: «Dá que pensar o que se passou nestas últimas semanas (...). Não faz sentido nenhum!». Um artigo que foi lido por sectores sociais-democratas como um claro endosso de culpas a Rebelo de Sousa - que estaria a «promover Borges para desacreditar a liderança de Barroso» - escrevendo ainda Santana que «se querem que António Borges seja primeiro-ministro estão a dizer que Durão Barroso deve ser substituído no cargo de presidente do partido, embora o não estejam a afirmar de forma explícita». No domingo, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua crónica na TVI, dizia, a propósito de António Borges, que «muitas vezes os portugueses preferem o sonho do sebastianismo, para fugirem à realidade do dia-a-dia». E sobre esta guerra entre Santana e Marcelo, uma fonte próxima do ex-líder afirma que o candidato à Câmara de Lisboa «não entendeu nada do que disse Marcelo e, por outro lado, aparenta preocupação». E conclui, «seria muito original que querendo ele vir a ser o líder do PSD estivesse a promover outro candidato». Para este social-democrata foram «vários sectores económicos e sectores próximos de Cavaco Silva que lançaram a possibilidade de Borges, não para disputar a actual liderança mas para daqui a uns anos». Certo é que, cerca de duas semanas depois de ter aderido ao PSD, o nome do economista deixou, seguramente, de ser o de um desconhecido. No CDS/PP a situação é bem mais clara, havendo já uma alternativa à actual liderança. Manuel Monteiro que abandonou a presidência do partido precisamente após o desaire que sofreu nas últimas autárquicas, em 1997, assume-se claramente como alternativa. Para Paulo Portas a estratégia é «não valorizar, deixar que os adversários se mostrem», segundo um seu próximo. Portas, Monteiro... e Maria José E se há quem pense que esta posição de Monteiro «surge um bocadinho antes de tempo», há quem entenda que «os tempos que aí vêm são tudo menos para Manuel Monteiro». Diz a mesma fonte popular que após uma derrota de Portas o partido precisaria de «um 'upgrading'» e, que, nomeadamente tendo em conta o argumento de uma concretização da AD, mais do que Portas e Monteiro seria Maria José Nogueira Pinto - que perdeu o Congresso de Braga para o actual líder - quem «mais condições teria para a fazer». Do lado dos sociais-democratas, em relação à eventual AD, parece reinar o pragmatismo: esta será feita com quem estiver à frente dos destinos do CDS/PP.

MARIA TERESA OLIVEIRA, com SOFIA RAINHO

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«Vou lançar um novo projecto em Janeiro»

Monteiro admite fundar novo partido

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7 comentários 1 a 7

10 de Agosto de 2001 às 12:04

jp

O que faz falta ao PSD é o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.O Dr. Durão Barroso é uma autêntica desgraça como lider partidário.

Tem um discurso amorfo, não sabe falar e não consegue fazer com que acreditem nas suas ideias. Duvido que ele próprio acredite nelas , se é que as tem.

O cargo que exerceu no Governo de Cavaco Silva não lhe dá qq legitimidade para Governar o país, dado que é um cargo muito confortável, visto que não tem reflexos directos na vida dos portugueses. Os ministros do NE são sempre os mais populares.

Com o Dr. Durão Barroso não acredito que o país mude de rumo.

6 de Agosto de 2001 às 00:18

natália

Apoiado, Teresa de Seabra!

O Professor Marcelo Rebelo de Sousa não precisa de partidos, vale pelo que é!

Talvez um certo PSD precise do Professor, mas o contrário não acredito...

5 de Agosto de 2001 às 18:50

Teresa de Seabra

O lugar de Marcelo é na Presidência da República e não nos meandros do Partido. É inteligente q.b. para ser superior aos Partidos

5 de Agosto de 2001 às 18:31

natália

Se eu estivesse no lugar do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, PSD nunca mais!

O PSD está bem assim, sem lider, sem politica, sem força, sem poder para fazer oposição...

Afinal o poço ainda é fundo e o PSD ainda tem algum caminho a percorrer para baixo!

Eu não me fiava muito nos resultados das autárquicas, não são os partidos que ganham ou perdem este tipo de eleições, são os candidatos...

5 de Agosto de 2001 às 09:01

companheiro

Nesse dia, brindaremos com o melhor champagne francês! As autárquicas mostrar-nos-ão o crescendo do PSD e, na sua grande maioria, como em Cascais, teremos companheiros dignos e capazes à frente dos Municípios. Considero António Capucho, para Cascais, um óptimo dirigente com provas dadas na política. Outros capazes se candidatam. Marcelo Rebelo de Sousa é o FUTURO, na maior hierarquia superior!

4 de Agosto de 2001 às 22:36

Um militante do PSD

Perfeitamente de acordo com o Companheiro.

4 de Agosto de 2001 às 10:56

companheiro

Tantos medos! Santana Lopes que se fique pela Câmara de LISBOA. Marcelo Rebelo de Sousa é supeiormente inteligente e tem todas as condições para dignificar o País, mas como Presidente da República. É demasiado importante para simples 1ºministro e para andar em querelas partidárias!

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