50 anos de Altamira a partir de hoje no CCB

06-07-2001
marcar artigo

50 Anos de Altamira a Partir de Hoje no CCB

Por CARLOS CÂMARA LEME

Sábado, 19 de Maio de 2001

Simultaneamente, é inaugurada a exposição do norte-americano Tony Oursler, que achou o espaço do CCB muito cinematográfico

"Altamira 50 Anos, 10 Olhares" é o título da mostra que abre hoje no Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. Apresentada ontem à imprensa, a exposição é comissariada por Pedro Pinto de Sousa.

À Altamira está associada toda uma história que começa quando o arquitecto Conceição Silva (1922-1982) integra nos seus trabalhos as diversas expressões do Movimento Moderno Europeu - vindo a riscar a emblemática loja Rampa (1956), no Chiado, em Lisboa. A mostra abre precisamente com o núcleo dedicado aos Anos 50/70

Cinco anos antes, surge pela primeira vez a palavra Altamira - uma evocação dos primórdios humanos da criação ibérica -, sob a denominação Móveis da Bela Vista (uma empresa instalada no Rego, criada por dois alunos da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Romão Pinto e José Maria Cruz de Carvalho).

O módulo Anos 70/90 está, do ponto de vista industrial e comercial, marcado pela impulso do industrial Nelson Reis - que comovidamente agradeceu a oportunidade de dar a conhecer o "trabalho de uma empresa que gosta das pessoas mesmo correndo riscos de natureza financeira" - e a sua imagem de marca está ligada ao português Pedro Emauz e à linha Living. Já os Anos 90 ficam assinalados sobretudo pelos trabalhos de Pedro Chaves, a par das linhas espanholas Abril e Terra.

Finalmente, os 10 Olhares querem riscar o futuro. Para o efeito, a Altamira convidou seis arquitectos, três designers e um decorador para desenharem protótipos que, num futuro próximo, poderão vir a ser comercializados, inclusive tentando parcerias internacionais para divulgar o que de melhor se faz em Portugal. "Este é o ponto de partida para o que a Altamira vai fazer nos próximos 50 anos", referiu Pinto de Sousa.

Há propostas arrojadas, mas a maioria dos criadores preferiu o sóbrio e o lado prático dos objectos apresentados: de um Filipe Alarcão que a apresenta um sofá, a Daciano Costa com uma cantoneira, passando pela dupla Manuel Graça Dias/José Egas Vieira, que apostaram num candeeiro "Resistence"; ou de um Pedro Guimarães com um aparador ou um Eduardo Souto Moura com um contentor até um Siza Vieira com uma secretária.

Fascinado, mas também crítico, pela civilização construída pela pequena caixa que mudou literalmente o mundo - ontem, durante a conferência de imprensa, o tema mais discutido era o que se tinha passado no Bar da TV, na SIC... -, o norte-americano Tony Oursler, de 44 anos, fica sempre fascinado com a possibilidade de montar as suas exposições. "É sempre diferente. Aqui no CCB, é magnífico. Os longos corredores permitem ter uma ideia da extensão de cada trabalho, é um espaço muito cinematográfico", disse, descontraidamente, o artista. Reunindo 20 anos de trabalhos do artista, os temas da obra de Oursler estão associados, segundo a comissária da mostra, Teresa Millet, "às desordens de personalidade mas também, e sobretudo, à contaminação que a TV tem no quotidiano dos EUA". Basta que nos lembremos que a maior parte dos lares norte-americanos têm em média três televisores.

50 Anos de Altamira a Partir de Hoje no CCB

Por CARLOS CÂMARA LEME

Sábado, 19 de Maio de 2001

Simultaneamente, é inaugurada a exposição do norte-americano Tony Oursler, que achou o espaço do CCB muito cinematográfico

"Altamira 50 Anos, 10 Olhares" é o título da mostra que abre hoje no Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. Apresentada ontem à imprensa, a exposição é comissariada por Pedro Pinto de Sousa.

À Altamira está associada toda uma história que começa quando o arquitecto Conceição Silva (1922-1982) integra nos seus trabalhos as diversas expressões do Movimento Moderno Europeu - vindo a riscar a emblemática loja Rampa (1956), no Chiado, em Lisboa. A mostra abre precisamente com o núcleo dedicado aos Anos 50/70

Cinco anos antes, surge pela primeira vez a palavra Altamira - uma evocação dos primórdios humanos da criação ibérica -, sob a denominação Móveis da Bela Vista (uma empresa instalada no Rego, criada por dois alunos da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Romão Pinto e José Maria Cruz de Carvalho).

O módulo Anos 70/90 está, do ponto de vista industrial e comercial, marcado pela impulso do industrial Nelson Reis - que comovidamente agradeceu a oportunidade de dar a conhecer o "trabalho de uma empresa que gosta das pessoas mesmo correndo riscos de natureza financeira" - e a sua imagem de marca está ligada ao português Pedro Emauz e à linha Living. Já os Anos 90 ficam assinalados sobretudo pelos trabalhos de Pedro Chaves, a par das linhas espanholas Abril e Terra.

Finalmente, os 10 Olhares querem riscar o futuro. Para o efeito, a Altamira convidou seis arquitectos, três designers e um decorador para desenharem protótipos que, num futuro próximo, poderão vir a ser comercializados, inclusive tentando parcerias internacionais para divulgar o que de melhor se faz em Portugal. "Este é o ponto de partida para o que a Altamira vai fazer nos próximos 50 anos", referiu Pinto de Sousa.

Há propostas arrojadas, mas a maioria dos criadores preferiu o sóbrio e o lado prático dos objectos apresentados: de um Filipe Alarcão que a apresenta um sofá, a Daciano Costa com uma cantoneira, passando pela dupla Manuel Graça Dias/José Egas Vieira, que apostaram num candeeiro "Resistence"; ou de um Pedro Guimarães com um aparador ou um Eduardo Souto Moura com um contentor até um Siza Vieira com uma secretária.

Fascinado, mas também crítico, pela civilização construída pela pequena caixa que mudou literalmente o mundo - ontem, durante a conferência de imprensa, o tema mais discutido era o que se tinha passado no Bar da TV, na SIC... -, o norte-americano Tony Oursler, de 44 anos, fica sempre fascinado com a possibilidade de montar as suas exposições. "É sempre diferente. Aqui no CCB, é magnífico. Os longos corredores permitem ter uma ideia da extensão de cada trabalho, é um espaço muito cinematográfico", disse, descontraidamente, o artista. Reunindo 20 anos de trabalhos do artista, os temas da obra de Oursler estão associados, segundo a comissária da mostra, Teresa Millet, "às desordens de personalidade mas também, e sobretudo, à contaminação que a TV tem no quotidiano dos EUA". Basta que nos lembremos que a maior parte dos lares norte-americanos têm em média três televisores.

marcar artigo