Pedro Duarte e companhia

20-11-2000
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E as dúvidas sobre a participação de Marcelo no Congresso provocaram evidente inquietação entre os novos dirigentes da JSD. «Seria muito grave para o partido que o seu líder não comparecesse», disse ao EXPRESSO Pedro Duarte, o jovem de 24 anos que será hoje eleito novo presidente da JSD. Pedro Duarte recordou que líderes como Sá Carneiro ou Cavaco Silva não se dispensavam de estar presentes nestes eventos.

O «folhetim» da presença ou não de Marcelo na Figueira começou há algumas semanas, quando o líder do PSD ameaçou não dar dinheiro para o Congresso da Jota se ele se realizasse na cidade de Pedro Santana Lopes. Pedro Duarte fez finca-pé e disse que o Congresso se realizaria com ou sem a ajuda do partido. Marcelo cedeu, mas sempre mantendo as reservas iniciais ao local.

Pedro Duarte garante que a escolha da Figueira da Foz nada tem a ver com propósitos regionalistas, até porque a JSD fará campanha pelos «não», em plena sintonia com a posição oficial do partido.

Por outro lado, Santana Lopes garantiu antecipadamente que não estaria presente no encerramento, reduzindo a sua participação à abertura do Congresso (ontem), com um discurso de circunstância, na qualidade de presidente da Câmara da cidade acolhedora dos congressistas, tal como é tradição.

O que já não é tradição é um elemento não ligado ao PSD ou à sua estrutura de juventude falar no encerramento do Congresso. Mas os jovens militantes laranja pensam que as tradições também são para quebrar e convidaram o prémio Nobel da Paz Ramos-Horta para fazer uma breve alocução na parte final do Congresso. «Queremos fugir à tradicional lógica partidária e mostrar que somos capazes de fazer coisas diferentes», explica Pedro Duarte.

Quanto à substituição de Jorge Moreira da Silva por Pedro Duarte na presidência da JSD, não constitui qualquer motivo de preocupação para o líder do partido. Esta é não só a solução natural dentro da estrutura juvenil do partido, como é também a solução «abençoada» por Marcelo. De resto, o líder do PSD chegou mesmo a propor que a transição fosse feita de forma automática, sem necessidade de um congresso. E este foi o primeiro desentendimento dos dirigentes da JSD com Marcelo, que culminou com o braço-de-ferro sobre a localização do Congresso. Contudo, a próxima Direcção da JSD mostra-se solidária com o presidente do partido e diz que está disposta a esquecer o episódio da preparação do Congresso, sobretudo porque quer estar unida à volta do líder nos próximos embates eleitorais. «O presidente do PSD sabe que poderá contar com uma Jota coesa e solidária», afirma Pedro Duarte.

Porém, Pedro Duarte também já avisou que não será um «yesman» de Marcelo. A prova está na forma como desafiou o líder do partido sobre a preparação do Congresso da Figueira, que, segundo fontes da Comissão Política do PSD, chegou a «irritar profundamente» Marcelo.

Mas Pedro Duarte tem outra pequena provocação preparada para Marcelo Rebelo de Sousa. Numa altura em que o actual líder do PSD parece preocupado em varrer os vestígios do cavaquismo, a moção que Pedro Duarte apresenta a este Congresso abre com uma citação de Cavaco Silva: «O futuro de Portugal será o que for a sua juventude.»

Juntar gregos e troianos

A coesão interna da JSD é um dos trunfos que Pedro Duarte apresenta na sua candidatura. No último mandato de Jorge Moreira da Silva, a Jota viveu sob o manto da divisão, desde a sua vitória no Congresso de Viseu, por apenas 13 votos sobre Pedro Duarte. Logo ali, com esse resultado, se começaram a desenhar os problemas que desembocaram no abandono antecipado do líder da JSD.

Para evitar uma situação semelhante, Pedro Duarte teve o cuidado de assegurar o apoio de Jorge Moreira da Silva e de colocar na sua lista vários dos apoiantes do presidente cessante. E o seu primeiro vice-presidente é Nuno Freitas, um jovem dirigente de Coimbra conhecido por fazer a ponte entre as duas facções até agora rivais.

Pedro Duarte aposta na revitalização da estrutura de juventude do PSD, acusando o seu antecessor de ter deixado a Jota «adormecida». Por isso, a sua moção preconiza um conjunto de propostas de oposição activa ao Governo socialista. Uma dessas propostas é a criação de um gabinete de acompanhamento da acção governativa, relativamente a quatro vertentes: assuntos sociais, economia e emprego, educação e juventude. Na sequência do trabalho deste gabinete, a JSD realizará uma convenção subordinada ao tema «os estados gerais de uma governação».

O futuro líder da organização promete ainda uma festa anual da JSD, que será conhecida por Jota Viva e que será realizada nos moldes da Festa do «Avante!» comunista, com a duração de três dias.

A JSD ficará também fortemente mobilizada para a campanha do «não» no referendo da regionalização. No Congresso foi mesmo exibido uma caricatura do cartaz utilizado pelo PS para defender a criação das regiões, com várias mãos unidas. E para que não se diga que a JSD não tem uma alternativa ao projecto de regionalização, Pedro Duarte propõe uma nova divisão político-administrativa do país, com um novo mapa de concelhos e freguesias.

Ricardo Jorge Pinto

E as dúvidas sobre a participação de Marcelo no Congresso provocaram evidente inquietação entre os novos dirigentes da JSD. «Seria muito grave para o partido que o seu líder não comparecesse», disse ao EXPRESSO Pedro Duarte, o jovem de 24 anos que será hoje eleito novo presidente da JSD. Pedro Duarte recordou que líderes como Sá Carneiro ou Cavaco Silva não se dispensavam de estar presentes nestes eventos.

O «folhetim» da presença ou não de Marcelo na Figueira começou há algumas semanas, quando o líder do PSD ameaçou não dar dinheiro para o Congresso da Jota se ele se realizasse na cidade de Pedro Santana Lopes. Pedro Duarte fez finca-pé e disse que o Congresso se realizaria com ou sem a ajuda do partido. Marcelo cedeu, mas sempre mantendo as reservas iniciais ao local.

Pedro Duarte garante que a escolha da Figueira da Foz nada tem a ver com propósitos regionalistas, até porque a JSD fará campanha pelos «não», em plena sintonia com a posição oficial do partido.

Por outro lado, Santana Lopes garantiu antecipadamente que não estaria presente no encerramento, reduzindo a sua participação à abertura do Congresso (ontem), com um discurso de circunstância, na qualidade de presidente da Câmara da cidade acolhedora dos congressistas, tal como é tradição.

O que já não é tradição é um elemento não ligado ao PSD ou à sua estrutura de juventude falar no encerramento do Congresso. Mas os jovens militantes laranja pensam que as tradições também são para quebrar e convidaram o prémio Nobel da Paz Ramos-Horta para fazer uma breve alocução na parte final do Congresso. «Queremos fugir à tradicional lógica partidária e mostrar que somos capazes de fazer coisas diferentes», explica Pedro Duarte.

Quanto à substituição de Jorge Moreira da Silva por Pedro Duarte na presidência da JSD, não constitui qualquer motivo de preocupação para o líder do partido. Esta é não só a solução natural dentro da estrutura juvenil do partido, como é também a solução «abençoada» por Marcelo. De resto, o líder do PSD chegou mesmo a propor que a transição fosse feita de forma automática, sem necessidade de um congresso. E este foi o primeiro desentendimento dos dirigentes da JSD com Marcelo, que culminou com o braço-de-ferro sobre a localização do Congresso. Contudo, a próxima Direcção da JSD mostra-se solidária com o presidente do partido e diz que está disposta a esquecer o episódio da preparação do Congresso, sobretudo porque quer estar unida à volta do líder nos próximos embates eleitorais. «O presidente do PSD sabe que poderá contar com uma Jota coesa e solidária», afirma Pedro Duarte.

Porém, Pedro Duarte também já avisou que não será um «yesman» de Marcelo. A prova está na forma como desafiou o líder do partido sobre a preparação do Congresso da Figueira, que, segundo fontes da Comissão Política do PSD, chegou a «irritar profundamente» Marcelo.

Mas Pedro Duarte tem outra pequena provocação preparada para Marcelo Rebelo de Sousa. Numa altura em que o actual líder do PSD parece preocupado em varrer os vestígios do cavaquismo, a moção que Pedro Duarte apresenta a este Congresso abre com uma citação de Cavaco Silva: «O futuro de Portugal será o que for a sua juventude.»

Juntar gregos e troianos

A coesão interna da JSD é um dos trunfos que Pedro Duarte apresenta na sua candidatura. No último mandato de Jorge Moreira da Silva, a Jota viveu sob o manto da divisão, desde a sua vitória no Congresso de Viseu, por apenas 13 votos sobre Pedro Duarte. Logo ali, com esse resultado, se começaram a desenhar os problemas que desembocaram no abandono antecipado do líder da JSD.

Para evitar uma situação semelhante, Pedro Duarte teve o cuidado de assegurar o apoio de Jorge Moreira da Silva e de colocar na sua lista vários dos apoiantes do presidente cessante. E o seu primeiro vice-presidente é Nuno Freitas, um jovem dirigente de Coimbra conhecido por fazer a ponte entre as duas facções até agora rivais.

Pedro Duarte aposta na revitalização da estrutura de juventude do PSD, acusando o seu antecessor de ter deixado a Jota «adormecida». Por isso, a sua moção preconiza um conjunto de propostas de oposição activa ao Governo socialista. Uma dessas propostas é a criação de um gabinete de acompanhamento da acção governativa, relativamente a quatro vertentes: assuntos sociais, economia e emprego, educação e juventude. Na sequência do trabalho deste gabinete, a JSD realizará uma convenção subordinada ao tema «os estados gerais de uma governação».

O futuro líder da organização promete ainda uma festa anual da JSD, que será conhecida por Jota Viva e que será realizada nos moldes da Festa do «Avante!» comunista, com a duração de três dias.

A JSD ficará também fortemente mobilizada para a campanha do «não» no referendo da regionalização. No Congresso foi mesmo exibido uma caricatura do cartaz utilizado pelo PS para defender a criação das regiões, com várias mãos unidas. E para que não se diga que a JSD não tem uma alternativa ao projecto de regionalização, Pedro Duarte propõe uma nova divisão político-administrativa do país, com um novo mapa de concelhos e freguesias.

Ricardo Jorge Pinto

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