Um partido em angústia permanente

26-01-2002
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Um Partido em Angústia Permanente

Por EUNICE LOURENÇO

Sexta-feira, 11 de Janeiro de 2002 "Virar" congressos é possível num partido onde um terço das estruturas são nomeadas O CDS-PP é um partido sem estruturas, em permanente crise de implantação, que até tem militantes, mas pouca militância, sempre a precisar de se reorganizar - tudo isto é verdade e tudo isto é dito nas vésperas de cada congresso deste partido e em cada momento autárquico. Mas, apesar de ser uma realidade conhecida, nada nem ninguém a tem conseguido alterar. O CDS está em extinção permanente. Está, aliás, ameaçado de extinção desde que começou. Contudo, vai-se mantendo graças a momentos eleitorais que, ciclicamente, o reanimam. A seguir volta a angústia porque não tem uma implantação no território nacional que lhe permita dar continuidade a esses momentos. Momentos que além disso estão ligados a líderes e à dinâmica de poder do PSD, o partido que lhe está mais próximo, mas que é como que o seu fantasma. Veja-se o actual momento: o CDS-PP teve uma pesada derrota autárquica, em que caiu para os 3,5 por cento de votos; contudo, o seu líder, em Lisboa, duplicou a votação do partido. Com o PSD a entrar numa dinâmica de poder, o CDS cai nas sondagens para dois por cento de intenções de voto (ver página 14). Recorde-se que foi nas maiorias absolutas do PSD que este partido viveu os seus piores momentos em termos de votos e mandatos de deputados. Depois, quando o país, em 1995, virou para o PS, o então PP de Manuel Monteiro triplicou os votos. Mas, passados apenas dois anos, Monteiro acabou por deixar o partido depois de ter nas autárquicas um terço do que tinha tido nas legislativas. As autárquicas são, aliás, péssimos momentos para este partido, pois é aí que mais acaba por se reflectir a sua falta de implantação nacional. Quando chega a hora de fazer não listas distritais nem nacionais, mas locais, o CDS-PP entra num drama, que geralmente acaba em tragédia eleitoral. Foi assim este ano, mais uma vez, apesar de a actual direcção apresentar um aumento de militantes e de estruturas. Um aumento de que os monteiristas duvidam e têm vindo a pôr em causa na organização deste congresso. De acordo com os números fornecidos pela actual direcção, o CDS-PP tem estruturas (comissões políticas concelhias) eleitas em pouco mais de metade dos concelhos do país. Um terço das suas estruturas são nomeadas pela direcção. Um terço dos delegados vão ao congresso por inerência (porque são dirigentes, autarcas, deputados, etc.). Os restantes são eleitos por candidaturas uninominais (ver texto nestas páginas). Com uma organização assim, pareceria impossível alguém de fora da estrutura aparecer e ganhar um congresso contra um candidato da estrutura. Mas isso já aconteceu por duas vezes na história deste partido: em 1983, com Lucas Pires contra Luís Barbosa; em 1992 com Monteiro a ganhar o partido a Basílio. Agora, os monteiristas queixam-se de ir disputar um congresso dominado pela direcção de Paulo Portas. Mas também há quem diga que, se conseguir eleger 30 por cento dos delegados, Monteiro conseguirá virar o congresso. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Acerto de contas no CDS-PP

Um partido a votos

CDS-PP "esquece" questão europeia

Portas insiste na AD

As moções

Regresso ao Altis

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