DN

01-09-2001
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Quando se esperava que as manchetes da rentrée continuassem a fritar em lume brando os socialistas, eis que todo o noticiário político gira à volta de um psicodrama alfacinha: irá Santana coligar-se com Portas? Irá Portas coligar-se com Santana? E qual o papel de Durão no meio disto tudo?

É impressionante como todo o discurso do PSD se vê manietado, enleado, dependente de Paulo Portas. Impressiona a necessidade que a actual direcção do PSD tem de arranjar inimigos (quais inimigos? fantasmas...) internos, ou pelo menos da sua área política. Cavaco, Marcelo, Santana, Portas (isto já para não falar de um senhor Borges que o Verão trouxe e o Verão levou)... tudo parece servir a Durão para se distrair do que é essencial. Tudo o que faz para criticar os socialistas parece condicionado pelo xadrez interno.

A novela da direita já cansa. O que para o comum dos mortais é de uma clareza meridiana parece escapar ao entendimento da direcção social-democrata. Paulo Portas é o político português mais odiado pelas bases do PSD e mais temido por Durão Barroso. Não se percebe, por isso, que o líder do PSD não diga, com toda a clareza: "Com aquele senhor na liderança do PP não há acordo possível. Conversa acabada. Ponto final."

Percebe-se que Santana Lopes diga, como o fez ontem, que não quer ficar responsável pela falta de acordo em Lisboa. Santana sonha que as estrelas lhe dirão um dia que, com ele à frente do PSD, Portas o acompanhará na luta pelo poder.

De Portas, Durão só pode esperar que desista. Que deixe a cadeira para Manuel Monteiro. Ó como seria bela a vida...

Os pares da direita estão, portanto, desencontrados. Durão só quer Monteiro. Portas só funcionaria com Santana. Lê-se a opinião publicada da direita e não se acredita. Insistem, insistem, na tese da aliança, da coligação, do entendimento. Mas que raio de Governo, que raio de programa comum, poderiam ter Portas e Durão para apresentar aos portugueses. Derrubar Guterres? E depois? Canibalizarem-se mutuamente?

A o ponto a que as coisas chegaram nos últimos meses, seria mais fácil a Durão derrubar Guterres sozinho do que acompanhado. Os próximos meses dirão se agarra a oportunidade, ou se se perde nos bilros urdidos por Portas.

Até porque, do lado do Governo, as coisas já não são hoje exactamente idênticas ao que eram há três ou quatro meses. Como Durão sabe, dá azar anunciar antecipadamente a morte política de alguém.

INTERSECÇÕES

Barrancos

E lá assistimos à farsa de Barrancos. Este ano, com novidades _ não houve conflito político, os defensores dos animais calaram-se... e os toureiros espanhóis baixaram muito de qualidade. De resto, tudo decorreu na maior das normalidades. O Governo deu ordens para que se cumprisse a lei, o povo e os toureiros estiveram-se nas tintas, os defensores dos animais queixaram-se, os juízes deram-lhes razão, as autoridades fizeram que não viram, a justiça vai deixar tudo na mesma...

Só não se percebe tanta indignação à volta da coisa. Há anos que tudo se passa assim, porque, verdadeiramente, só assim se pode passar. Parece que não há coragem política para fazer uma lei que contemple a excepção. Mas porque é que haveria de haver se não há para tantas outras coisas muito mais importantes? Parece que toda a gente _ poderes e autoridades _ colaboram numa ilegalidade. Mas não há a cada esquina ilegalidades consentidas, à vista de todos?

A realidade é que a actuação das várias entidades envolvidas tem sido, nos últimos anos, de um bom senso evidente. Porque se trata de um daqueles casos em que o bem comum está claramente acima de qualquer lei.

Polémicas

Com Camões e com a crítica literária, o DN fomenta o debate. Como antes já acontecera, na generalidade dos media, com a globalização. Numa sociedade adormecida, entorpecida pela televisão, é bom saber que há gente disponível para confrontar ideias. E, porque não?, vaidades.

Guterres e os media

Guterres caiu em desgraça nos media. Convém é não exagerar. O Independente resolveu dar à (sempre excelente) crónica de Miguel Gaspar, sobre o massacre de Fortaleza, o título: "O primeiro-ministro que perdeu as graças da televisão." Já é perseguição..

Quando se esperava que as manchetes da rentrée continuassem a fritar em lume brando os socialistas, eis que todo o noticiário político gira à volta de um psicodrama alfacinha: irá Santana coligar-se com Portas? Irá Portas coligar-se com Santana? E qual o papel de Durão no meio disto tudo?

É impressionante como todo o discurso do PSD se vê manietado, enleado, dependente de Paulo Portas. Impressiona a necessidade que a actual direcção do PSD tem de arranjar inimigos (quais inimigos? fantasmas...) internos, ou pelo menos da sua área política. Cavaco, Marcelo, Santana, Portas (isto já para não falar de um senhor Borges que o Verão trouxe e o Verão levou)... tudo parece servir a Durão para se distrair do que é essencial. Tudo o que faz para criticar os socialistas parece condicionado pelo xadrez interno.

A novela da direita já cansa. O que para o comum dos mortais é de uma clareza meridiana parece escapar ao entendimento da direcção social-democrata. Paulo Portas é o político português mais odiado pelas bases do PSD e mais temido por Durão Barroso. Não se percebe, por isso, que o líder do PSD não diga, com toda a clareza: "Com aquele senhor na liderança do PP não há acordo possível. Conversa acabada. Ponto final."

Percebe-se que Santana Lopes diga, como o fez ontem, que não quer ficar responsável pela falta de acordo em Lisboa. Santana sonha que as estrelas lhe dirão um dia que, com ele à frente do PSD, Portas o acompanhará na luta pelo poder.

De Portas, Durão só pode esperar que desista. Que deixe a cadeira para Manuel Monteiro. Ó como seria bela a vida...

Os pares da direita estão, portanto, desencontrados. Durão só quer Monteiro. Portas só funcionaria com Santana. Lê-se a opinião publicada da direita e não se acredita. Insistem, insistem, na tese da aliança, da coligação, do entendimento. Mas que raio de Governo, que raio de programa comum, poderiam ter Portas e Durão para apresentar aos portugueses. Derrubar Guterres? E depois? Canibalizarem-se mutuamente?

A o ponto a que as coisas chegaram nos últimos meses, seria mais fácil a Durão derrubar Guterres sozinho do que acompanhado. Os próximos meses dirão se agarra a oportunidade, ou se se perde nos bilros urdidos por Portas.

Até porque, do lado do Governo, as coisas já não são hoje exactamente idênticas ao que eram há três ou quatro meses. Como Durão sabe, dá azar anunciar antecipadamente a morte política de alguém.

INTERSECÇÕES

Barrancos

E lá assistimos à farsa de Barrancos. Este ano, com novidades _ não houve conflito político, os defensores dos animais calaram-se... e os toureiros espanhóis baixaram muito de qualidade. De resto, tudo decorreu na maior das normalidades. O Governo deu ordens para que se cumprisse a lei, o povo e os toureiros estiveram-se nas tintas, os defensores dos animais queixaram-se, os juízes deram-lhes razão, as autoridades fizeram que não viram, a justiça vai deixar tudo na mesma...

Só não se percebe tanta indignação à volta da coisa. Há anos que tudo se passa assim, porque, verdadeiramente, só assim se pode passar. Parece que não há coragem política para fazer uma lei que contemple a excepção. Mas porque é que haveria de haver se não há para tantas outras coisas muito mais importantes? Parece que toda a gente _ poderes e autoridades _ colaboram numa ilegalidade. Mas não há a cada esquina ilegalidades consentidas, à vista de todos?

A realidade é que a actuação das várias entidades envolvidas tem sido, nos últimos anos, de um bom senso evidente. Porque se trata de um daqueles casos em que o bem comum está claramente acima de qualquer lei.

Polémicas

Com Camões e com a crítica literária, o DN fomenta o debate. Como antes já acontecera, na generalidade dos media, com a globalização. Numa sociedade adormecida, entorpecida pela televisão, é bom saber que há gente disponível para confrontar ideias. E, porque não?, vaidades.

Guterres e os media

Guterres caiu em desgraça nos media. Convém é não exagerar. O Independente resolveu dar à (sempre excelente) crónica de Miguel Gaspar, sobre o massacre de Fortaleza, o título: "O primeiro-ministro que perdeu as graças da televisão." Já é perseguição..

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