PS desafia Ordem dos Médicos

06-12-2000
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Germano de Sousa (bastonário da Ordem dos Médicos)

Ciente do território difícil que pisa, Paulo Pisco, rosto do projecto socialista, garante que um dos objectivos é, precisamente, fazer com que «a hostilidade entre a medicina convencional e a não-convencional passe à história». «Em muitos países europeus existe uma situação de perfeita complementaridade. Porque não pode existir o mesmo espírito em Portugal?», questiona o deputado.

Depois de idêntica iniciativa do Bloco de Esquerda ter sido discutida - e baixado à Comissão com os votos favoráveis dos proponentes e dos Verdes e com a abstenção dos restantes partidos - a 31 de Maio, as medicinas não-convencionais vão voltar a plenário, desta vez pela mão do partido do Governo, e com a assinatura do líder parlamentar do PS, Francisco Assis.

O projecto do PS pretende dar direitos e garantias aos utentes das medicinas alternativas («porque é uma questão de saúde pública», resume Pisco) e, ao mesmo tempo, «dignificar, credibilizar e responsabilizar as terapias e os terapeutas».

O projecto socialista merece «fortíssimas reservas» da parte dos sociais-democratas, disse ao EXPRESSO o deputado-coordenador da área da Saúde. O PSD mantém a sua posição de princípio de que esta é uma matéria a carecer de regulamentação urgente mas, defende Carlos Martins, a iniciativa deveria partir do Governo. A não ser assim, a proposta do BE, já em comissão, serviria perfeitamente como «alavanca para os partidos encontrarem uma solução consensual dentro e fora da AR», pelo que a iniciativa socialista é, no mínimo, «extemporânea».

«É de rir!»

«Este é um mau projecto». É assim que o bastonário da Ordem dos Médicos resume a sua posição relativamente à iniciativa socialista. Para Germano de Sousa, o projecto de Paulo Pisco é inaceitável, do primeiro ao último artigo. «Começa logo por chamar ''medicinas'' (não-convencionais) a algo que nada tem a ver com Medicina», acusa. Depois, «o projecto diz que as terapêuticas se distinguem por questões filosóficas. E isto só pode ser para nos rirmos!», acrescenta o bastonário. «Se isto for aprovado, o ministro da Ciência deve demitir-se, porque, afinal, estão postos em causa os fundamentos mais profundos daquilo que é a Ciência, a Universidade, o próprio Estado», conclui.

A Ordem nem sequer considera a possibilidade de, caso o diploma seja aprovado, vir a integrar a comissão de fiscalização das «medicinas não-convencionais»: «Recusamo-nos terminantemente! Isso está fora de questão», diz o bastonário, avisando: «O Governo não tem nada a ver com isto mas tem o PS. E, nessa medida, os socialistas compram uma guerra com os médicos».

CRISTINA FIGUEIREDO e GRAÇA ROSENDO

Germano de Sousa (bastonário da Ordem dos Médicos)

Ciente do território difícil que pisa, Paulo Pisco, rosto do projecto socialista, garante que um dos objectivos é, precisamente, fazer com que «a hostilidade entre a medicina convencional e a não-convencional passe à história». «Em muitos países europeus existe uma situação de perfeita complementaridade. Porque não pode existir o mesmo espírito em Portugal?», questiona o deputado.

Depois de idêntica iniciativa do Bloco de Esquerda ter sido discutida - e baixado à Comissão com os votos favoráveis dos proponentes e dos Verdes e com a abstenção dos restantes partidos - a 31 de Maio, as medicinas não-convencionais vão voltar a plenário, desta vez pela mão do partido do Governo, e com a assinatura do líder parlamentar do PS, Francisco Assis.

O projecto do PS pretende dar direitos e garantias aos utentes das medicinas alternativas («porque é uma questão de saúde pública», resume Pisco) e, ao mesmo tempo, «dignificar, credibilizar e responsabilizar as terapias e os terapeutas».

O projecto socialista merece «fortíssimas reservas» da parte dos sociais-democratas, disse ao EXPRESSO o deputado-coordenador da área da Saúde. O PSD mantém a sua posição de princípio de que esta é uma matéria a carecer de regulamentação urgente mas, defende Carlos Martins, a iniciativa deveria partir do Governo. A não ser assim, a proposta do BE, já em comissão, serviria perfeitamente como «alavanca para os partidos encontrarem uma solução consensual dentro e fora da AR», pelo que a iniciativa socialista é, no mínimo, «extemporânea».

«É de rir!»

«Este é um mau projecto». É assim que o bastonário da Ordem dos Médicos resume a sua posição relativamente à iniciativa socialista. Para Germano de Sousa, o projecto de Paulo Pisco é inaceitável, do primeiro ao último artigo. «Começa logo por chamar ''medicinas'' (não-convencionais) a algo que nada tem a ver com Medicina», acusa. Depois, «o projecto diz que as terapêuticas se distinguem por questões filosóficas. E isto só pode ser para nos rirmos!», acrescenta o bastonário. «Se isto for aprovado, o ministro da Ciência deve demitir-se, porque, afinal, estão postos em causa os fundamentos mais profundos daquilo que é a Ciência, a Universidade, o próprio Estado», conclui.

A Ordem nem sequer considera a possibilidade de, caso o diploma seja aprovado, vir a integrar a comissão de fiscalização das «medicinas não-convencionais»: «Recusamo-nos terminantemente! Isso está fora de questão», diz o bastonário, avisando: «O Governo não tem nada a ver com isto mas tem o PS. E, nessa medida, os socialistas compram uma guerra com os médicos».

CRISTINA FIGUEIREDO e GRAÇA ROSENDO

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