A queda de Arcanjo

07-05-2001
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A Queda de Arcanjo

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Sábado, 28 de Abril de 2001 Sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO, Antena 1 e RTP Os números da economia portuguesa castigaram os ministros dessa área, mas o destaque vai para a a titular da pasta da Saúde que, para além de se manter na cauda do pelotão, vê aumentar a distância para os restantes governantes Era previsível. Se a ministra da Saúde já era o membro do Governo mais mal visto em Janeiro, com a semana que teve imediatamente antes a esta sondagem, só poderia ter-se afundado ainda mais. Um debate parlamentar violento para além de uma entrevista onde a governante reconhecia que a Saúde estava uma "vergonha" e as dívidas tinham disparado. Manuela Arcanjo manteve a tendência de descida. Na auscultação realizada em Setembro do ano passado, pela Universidade Católica para o PÚBLICO, ficara nos 8,3 valores, tendo depois caído para os 7,8 no princípio do ano e escorregando agora até aos 7,1. Ainda assim, não deixa de ser uma descida abrupta, apesar de já se adivinhar há algum tempo. É de assinalar que a ministra da Saúde foi a primeira deste Governo a descer a barreira dos oito valores. Já o tinha feito em Janeiro deste ano, mas desta vez aproximou-se perigosamente dos seis. Sintomático é o facto de ser na área da Economia que se encontra um ministro que promete seguir as pisadas de Manuela Arcanjo. Afinal, a avaliação que os portugueses parecem fazer da actual situação económica não é famosa. É assinalável que o número de entrevistados que consideram "muito má" o estado da economia portuguesa tenha subido de forma considerável. Estes 16,4 pontos, somados à percentagem de quase quarenta por cento de inquiridos que responderam de forma negativa à pergunta, traçam um quadro maioritariamente negro neste aspecto. Para tal terão contribuído as notícias vindas a público na semana anterior à realização da sondagem, quando foram anunciadas as subidas da inflação, previsões mais pessimistas, para além da semana ter ficado marcada pela revisão das taxas de juro do Banco Central Europeu. Não é portanto surpreendente que os ministros responsáveis por esta área se encontrem nos últimos lugares em termos de popularidade. Mas, curiosamente, é o titular da pasta de Economia, Mário de Cristina de Sousa, e não o ministro das Finanças, que acaba mais penalizado pelos inquiridos. A sua queda até aos 7,9 valores não foi seguida por Pina Moura, que se manteve com os mesmos 8,3 pontos de Janeiro, e assim subiu um lugar no "ranking" de popularidade do Governo. No extremo oposto parece estar o ministro da Agricultura Capoulas Santos, que de Setembro para cá recuperou bem, aterrando confortavelmente na metade superior do "ranking" deste mês. Nada mau para quem em Setembro de 2000 era o segundo ministro mais mal visto. Uma recuperação, contudo, que não chega para ameaçar os eternos quatro grandes. Ferro Rodrigues, o novo ministro do Equipamento Social, não acusou a transferência de pasta, mantendo-se como o líder das preferências dos portugueses. O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros segue-o, desta vez, mais de perto. Jaime Gama parece atravessar a crise de Cabinda sem problemas de maior, apesar de na semana anterior à sondagem ter surgido mais um episódio da saga dos portugueses no enclave. Na semana em que veio a público dizer que não existia qualquer risco de contaminação nos militares portugueses enviados para os Balcãs, Mariano Gago por pouco não caiu na negativa, ficando lado a lado com o ministro do Ambiente José Sócrates. Valores que ficam longe dos alcançados pelo novo ministro que substitui Ferro Rodrigues à frente do Trabalho e da Solidariedade. Paulo Pedroso estreia-se na tabela de forma discreta, se se tiver em conta que com esta pasta Ferro Rodrigues andava pelos lugares cimeiros. Apesar disso, a maneira como os inquiridos olham para a política parece não se ter alterado de forma significativa. Os valores que resultam desta sondagem estão próximos dos revelados em Setembro do ano passado. No entanto, não deixa de ser importante reparar que a percentagem dos que consideram "razoável" a "actual situação política" desceu dos mais de 53 para os 46,2. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE É a economia, estúpido!

As medidas imediatas

Guterres demarca-se do terrorismo e da amnistia

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Ficha Técnica

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