Gestores de topo invadidos por optimismo em tons laranja

31-01-2002
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Quase quatro em cada cinco acreditam numa vitória eleitoral do PSD

Gestores de Topo Invadidos por Optimismo em Tons Laranja

Por ARTUR NEVES

Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2002

Melhoraram as perspectivas quanto ao investimento, volume de negócios, situação financeira, emprego e evolução de preços das mais importantes empresas portuguesas. No campo político, Durão Barroso marca pontos, mas Ferro Rodrigues resiste ao descalabro guterrista.

Para os membros do Observatório PÚBLICO-Fórum de Administradores de Empresas (FAE), não há grandes dúvidas: o PSD será o partido mais votado nas eleições legislativas do próximo dia 16 de Março. Essa foi a opinião de 78 por cento dos inquiridos na terceira semana de Janeiro. A aparente dinâmica de vitória do partido laranja reflecte-se numa clara melhoria na avaliação do desempenho político do seu líder. Há três meses, apenas dez por cento o consideravam "bom" ou "excelente", valor que sobe agora para 21 por cento. E os 34 por cento que o avaliavam com um "suficiente" aumentaram para 45 por cento.

À falta de alterações favoráveis significativas nos fundamentos da economia mundial, europeia ou portuguesa, e continuando a apregoada retoma ainda com contornos sebastiânicos, a perspectiva de uma vitória laranja em Março parece ter-se traduzido num maior optimismo quanto à evolução económica, quer numa perspectiva micro quer numa perspectiva macro. Começando pela primeira, salta à vista que todos os indicadores de clima empresarial deram um salto positivo desde o final de Outubro. Em três meses, passaram de 56 para 72 por cento os que prevêem que o nível de investimentos da sua empresa no próximo trimestre será maior ou igual; de 69 para 77 por cento os que pensam que o volume de negócios será maior ou igual; de 69 para 74 por cento os que julgam que a situação financeira da sua empresa será melhor ou igual; de 62 para 66 por cento os que acreditam que será maior ou igual o número de postos de trabalho nas suas empresas; e de 66 para 70 por cento os que opinam que, na perspectiva dos seus negócios, a evolução dos preços será favorável ou igual.

Em termos macroeconómicos, quase três quartos dos membros do painel estão agora convictos de que a zona euro atravessará esta conjuntura menos favorável sem passar por uma recessão, quando em relação ao conjunto dos Quinze eram apenas 48 por cento que acreditavam neste cenário mais positivo há três meses. Alteração ainda mais dramática regista-se quanto à possibilidade de a economia portuguesa entrar em estado recessivo. Em Outubro, só 38 por cento acreditavam que Portugal escaparia a dois trimestres consecutivos de contracção da actividade económica, valor que disparou entretanto para 61 por cento.

Esta súbita vaga de optimismo reflecte-se igualmente no julgamento da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Há três meses, 74 por cento dos membros do painel pensavam que no contexto de então o BCE deveria descer as taxas de juro. Agora, apenas 31 por cento são da opinião de que a instituição monetária de Frankfurt deveria seguir uma política mais agressiva de cortes nos juros. Aparentemente, o estímulo monetário já não é visto como tão determinante na animação da economia, pelo que será lícito pensar que as políticas económicas do governo que sair das próximas eleições são mais dignas de credibilidade para este estrato da sociedade portuguesa.

Ferro e Durão em empate técnico

O novo secretário-geral e candidato dos socialistas a primeiro-ministro é um dos políticos do partido rosa que escapa à derrocada da avaliação da actual governação, juntamente com o ministro da Saúde, Correia de Campos. Um quarto dos inquiridos continuam a classificar Ferro Rodrigues como "excelente" ou "bom", número ligeiramente superior ao dos que assim avaliam Durão Barroso. Nada mau, sobretudo quando se regista o aumento de 64 para 86 por cento na maré dos que consideram António Guterres "fraco" ou "mau", arrastando consigo ministros como Oliveira Martins ou Braga da Cruz.

António Costa, ministro da Justiça, vê a sua estrela brilhar mais forte, passando de 38 para 44 por cento os que o vêem como "excelente" ou "bom". Destaque também para o actual ministro do Emprego e da Solidariedade e novo porta-voz do PS, Paulo Pedroso, que se estreia com uma avaliação positiva e com o segundo maior número de notas "excelente", logo a seguir ao Presidente da República. A avaliação deste regista um ligeiro recuo em Janeiro.

A actual tendência para o voto útil à direita encontra eco neste inquérito, com a cotação de Paulo Portas a cair a pique.

Quase quatro em cada cinco acreditam numa vitória eleitoral do PSD

Gestores de Topo Invadidos por Optimismo em Tons Laranja

Por ARTUR NEVES

Segunda-feira, 28 de Janeiro de 2002

Melhoraram as perspectivas quanto ao investimento, volume de negócios, situação financeira, emprego e evolução de preços das mais importantes empresas portuguesas. No campo político, Durão Barroso marca pontos, mas Ferro Rodrigues resiste ao descalabro guterrista.

Para os membros do Observatório PÚBLICO-Fórum de Administradores de Empresas (FAE), não há grandes dúvidas: o PSD será o partido mais votado nas eleições legislativas do próximo dia 16 de Março. Essa foi a opinião de 78 por cento dos inquiridos na terceira semana de Janeiro. A aparente dinâmica de vitória do partido laranja reflecte-se numa clara melhoria na avaliação do desempenho político do seu líder. Há três meses, apenas dez por cento o consideravam "bom" ou "excelente", valor que sobe agora para 21 por cento. E os 34 por cento que o avaliavam com um "suficiente" aumentaram para 45 por cento.

À falta de alterações favoráveis significativas nos fundamentos da economia mundial, europeia ou portuguesa, e continuando a apregoada retoma ainda com contornos sebastiânicos, a perspectiva de uma vitória laranja em Março parece ter-se traduzido num maior optimismo quanto à evolução económica, quer numa perspectiva micro quer numa perspectiva macro. Começando pela primeira, salta à vista que todos os indicadores de clima empresarial deram um salto positivo desde o final de Outubro. Em três meses, passaram de 56 para 72 por cento os que prevêem que o nível de investimentos da sua empresa no próximo trimestre será maior ou igual; de 69 para 77 por cento os que pensam que o volume de negócios será maior ou igual; de 69 para 74 por cento os que julgam que a situação financeira da sua empresa será melhor ou igual; de 62 para 66 por cento os que acreditam que será maior ou igual o número de postos de trabalho nas suas empresas; e de 66 para 70 por cento os que opinam que, na perspectiva dos seus negócios, a evolução dos preços será favorável ou igual.

Em termos macroeconómicos, quase três quartos dos membros do painel estão agora convictos de que a zona euro atravessará esta conjuntura menos favorável sem passar por uma recessão, quando em relação ao conjunto dos Quinze eram apenas 48 por cento que acreditavam neste cenário mais positivo há três meses. Alteração ainda mais dramática regista-se quanto à possibilidade de a economia portuguesa entrar em estado recessivo. Em Outubro, só 38 por cento acreditavam que Portugal escaparia a dois trimestres consecutivos de contracção da actividade económica, valor que disparou entretanto para 61 por cento.

Esta súbita vaga de optimismo reflecte-se igualmente no julgamento da política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Há três meses, 74 por cento dos membros do painel pensavam que no contexto de então o BCE deveria descer as taxas de juro. Agora, apenas 31 por cento são da opinião de que a instituição monetária de Frankfurt deveria seguir uma política mais agressiva de cortes nos juros. Aparentemente, o estímulo monetário já não é visto como tão determinante na animação da economia, pelo que será lícito pensar que as políticas económicas do governo que sair das próximas eleições são mais dignas de credibilidade para este estrato da sociedade portuguesa.

Ferro e Durão em empate técnico

O novo secretário-geral e candidato dos socialistas a primeiro-ministro é um dos políticos do partido rosa que escapa à derrocada da avaliação da actual governação, juntamente com o ministro da Saúde, Correia de Campos. Um quarto dos inquiridos continuam a classificar Ferro Rodrigues como "excelente" ou "bom", número ligeiramente superior ao dos que assim avaliam Durão Barroso. Nada mau, sobretudo quando se regista o aumento de 64 para 86 por cento na maré dos que consideram António Guterres "fraco" ou "mau", arrastando consigo ministros como Oliveira Martins ou Braga da Cruz.

António Costa, ministro da Justiça, vê a sua estrela brilhar mais forte, passando de 38 para 44 por cento os que o vêem como "excelente" ou "bom". Destaque também para o actual ministro do Emprego e da Solidariedade e novo porta-voz do PS, Paulo Pedroso, que se estreia com uma avaliação positiva e com o segundo maior número de notas "excelente", logo a seguir ao Presidente da República. A avaliação deste regista um ligeiro recuo em Janeiro.

A actual tendência para o voto útil à direita encontra eco neste inquérito, com a cotação de Paulo Portas a cair a pique.

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