EXPRESSO: Opinião

26-07-2001
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12/5/2001 ALTOS...

PAULO PEDROSO O jovem ministro do Trabalho e da Solidariedade vem confirmando as qualidades políticas que lhe apontavam: clareza de ideias, vontade de mudança e capacidade de decisão. Avançou já com novas medidas para a reforma da Segurança Social, incluindo um fundo de reserva de 5% a partir de 2002 para evitar a bancarrota a prazo e um novo esquema para o cálculo das reformas do futuro. Ao mesmo tempo, anunciou o reforço dos abonos de família, a partir de Setembro, para os agregados mais pobres. Eis uma área do Governo que não se satisfaz com a gestão corrente e um ministro que dá a cara pelas suas opções, o que só reforça a sua imagem. Convinha era que moderasse o seu sectarismo aparelhístico, de que deu provas, mais uma vez, em intervenções no Congresso do PS.

JORGE COELHO Verdadeiramente, foi o único dirigente do PS que saiu reforçado do apagado Congresso do Pavilhão Atlântico. Se Guterres apenas desgastou a sua imagem no país, se Carrilho se expôs à ira do aparelho, se Fernando Gomes fugiu do palco e os potenciais sucessores do líder se resguardaram para o futuro, o ex-ministro do Equipamento foi consagrado como indiscutível chefe do partido e «número dois» do líder. O Congresso rendeu-se a seus pés e é reconhecida a sua energia de acção e a sua capacidade de mobilizar os militantes do partido. Corre, no entanto, dois riscos: o da superficialidade com que encara os problemas do país e da governação; e o de se fechar, a si e a Guterres, sobre o partido, não percebendo o crescente desencanto do eleitorado.

MANUEL MARIA CARRILHO Deram-lhe a honra de o converter à força na segunda figura da reunião magna do PS, quase a par de Guterres. À falta de inimigos internos e de qualquer movimento significativo de contestação à liderança, o «núcleo duro» guterrista elegeu-o como bode expiatório das dificuldades que o partido atravessa. Sem perceber que era um favor que faziam ao ex-ministro da Cultura, que não desperdiça estas oportunidades de protagonismo e exposição mediática. Ainda para mais quando lhe dão o papel de actor «a solo». Aproveitou bem a oportunidade, com múltiplas intervenções nas quais revelou coragem, inteligência política e mesmo algum humor. Continuará como corredor solitário, sem peso nas estruturas do partido. Mas ganhou o estatuto de político de primeiro plano aos olhos do país.

MANUEL VILARINHO Mesmo tendo sido o lóbi de construtores civis que salvou, com o reforço de investimento nos últimos dias, a venda de acções da SAD benfiquista, a verdade é que o presidente pode proclamar o êxito da operação. E começar a equilibrar as finanças da depauperada nau benfiquista. Revelou, por outro lado, lucidez ao decidir pela construção de um novo estádio da Luz, não permitindo que o clube perdesse esta oportunidade única e ficasse definitivamente para trás, relativamente a Sporting e FC Porto, na modernização e rentabilização das suas estruturas. Por tudo isto, já conquistou um lugar na história do Benfica. Os resultados e as exibições da equipa de futebol é que continuam a desmoralizar e a estragar o efeito das boas notícias.

...& BAIXOS

DURÃO BARROSO Quando mais precisava de um partido unido e mobilizado, vê a poderosa distrital do Porto desafiá-lo aberta e publicamente, marginalizando-o dos megafestejos do aniversário do partido. Enquanto o líder comemora a data num evento concelhio, no qual todos os ex-líderes primaram pela ausência. Como se não bastasse, só se ouvem recusas e reticências nos convites para as autárquicas: de Leonor Beleza a Marques Guedes ou Fernando Seara. E até as alianças locais com o PP estão em processo de regressão. É um líder combatente e resistente. Mas cada vez mais só e mais frágil.

ANTÓNIO GUTERRES Teve um Congresso aclamatório, mas do qual saiu claramente a perder. Para o partido, onde nada tinha a provar nem a ganhar, fez uma prova de força excessiva e de dureza desnecessária. Para o país deu a imagem de um primeiro-esgotado, sem ânimo de mudança, sem energia reformadora, sem ideias. Incontestado no PS, inventou inimigos que não existiam, impôs o unanimismo e ausência de debate (de que a moção da EDP foi de um simbolismo anedótico). Cada vez mais contestado no país, passou ao lado das preocupações dos portugueses com um discurso de generalidades e de continuidade. À falta de adversários à sua altura, quer no PS quer na Oposição, apresentou-se como um homem cheio de si próprio, convencido de que o país não tem outra alternativa. É um autismo perigoso, que traz à memória os Congressos do declínio cavaquista. E-mail: jalima@mail.expresso.pt

José António Lima

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

4 comentários 1 a 4

12 Maio 2001 às 21:27

Alexandre Pires de Matos

DURÃO BARROSO CADA VEZ MAIS SÓ???

VOCÊ É QUE ESTÁ CADA VEZ MAIS REPETITIVO!!!

12 Maio 2001 às 17:48

Tribunus

O minisro Pedroso, já meteu golo

no Ferro!dois meses depois de ser ministro, o rapaz, faz um fundo de

reserva para as pensões. Onde andas

tu Ferro, ministro extra dos socialistas?

Aumento do abono de familia!....

pois,pois, a legenda da fotografia

procura onde o aspirina, encontra os 5 milhões? como secretário o

Sr. Pedroso, devia viver na abundancia. Mas a propósito do abono, a inteligencia, não seria

acabar com o abono de familia, uma coisa salazarenta, que este ainda foi aproveitar! As condições sociais são completamente diferentes do tempo do Dr. Salazar.

Não resolve nehum problema e seria

mais interessante canalizar este valor para uma medida social que

tenha a ver com a juventude, que

ãnda ao deus dará.

12 Maio 2001 às 12:25

O Ministro P. Pedroso não podia deixar as coisas como estão, dado o balanço real da Segurança Social.

Mas o problema são os resultados das alterações propostas. Mais injustos seria, ou será, impossível.

Por outro lado, não se deveria tentar aproximar seriamente o sistema de segurança social com o sistema do Estado (Caixa Geral de Aposentações)?

As injustiças são tantas e de grande vulto. Há quem beneficie injustamente de reformas fabulosas para as quais pouco contribuiu, e de acordo com a lei, enquanto outro que contribuem muito para o sistema nada dele retirem nem deverão pretender retirar de futuro - dadas as fragilidades e ausência de «capitalização» (o que é hoje descontado é hoje distribuído para outros).

12 Maio 2001 às 10:51

é verdade e é muito preocupante...Para quem não quer ser Marreta, não podia fazer mais inveja a Miss Piggy: gorda e rosa, patética...

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PAULO PEDROSO O jovem ministro do Trabalho e da Solidariedade vem confirmando as qualidades políticas que lhe apontavam: clareza de ideias, vontade de mudança e capacidade de decisão. Avançou já com novas medidas para a reforma da Segurança Social, incluindo um fundo de reserva de 5% a partir de 2002 para evitar a bancarrota a prazo e um novo esquema para o cálculo das reformas do futuro. Ao mesmo tempo, anunciou o reforço dos abonos de família, a partir de Setembro, para os agregados mais pobres. Eis uma área do Governo que não se satisfaz com a gestão corrente e um ministro que dá a cara pelas suas opções, o que só reforça a sua imagem. Convinha era que moderasse o seu sectarismo aparelhístico, de que deu provas, mais uma vez, em intervenções no Congresso do PS.

JORGE COELHO Verdadeiramente, foi o único dirigente do PS que saiu reforçado do apagado Congresso do Pavilhão Atlântico. Se Guterres apenas desgastou a sua imagem no país, se Carrilho se expôs à ira do aparelho, se Fernando Gomes fugiu do palco e os potenciais sucessores do líder se resguardaram para o futuro, o ex-ministro do Equipamento foi consagrado como indiscutível chefe do partido e «número dois» do líder. O Congresso rendeu-se a seus pés e é reconhecida a sua energia de acção e a sua capacidade de mobilizar os militantes do partido. Corre, no entanto, dois riscos: o da superficialidade com que encara os problemas do país e da governação; e o de se fechar, a si e a Guterres, sobre o partido, não percebendo o crescente desencanto do eleitorado.

MANUEL MARIA CARRILHO Deram-lhe a honra de o converter à força na segunda figura da reunião magna do PS, quase a par de Guterres. À falta de inimigos internos e de qualquer movimento significativo de contestação à liderança, o «núcleo duro» guterrista elegeu-o como bode expiatório das dificuldades que o partido atravessa. Sem perceber que era um favor que faziam ao ex-ministro da Cultura, que não desperdiça estas oportunidades de protagonismo e exposição mediática. Ainda para mais quando lhe dão o papel de actor «a solo». Aproveitou bem a oportunidade, com múltiplas intervenções nas quais revelou coragem, inteligência política e mesmo algum humor. Continuará como corredor solitário, sem peso nas estruturas do partido. Mas ganhou o estatuto de político de primeiro plano aos olhos do país.

MANUEL VILARINHO Mesmo tendo sido o lóbi de construtores civis que salvou, com o reforço de investimento nos últimos dias, a venda de acções da SAD benfiquista, a verdade é que o presidente pode proclamar o êxito da operação. E começar a equilibrar as finanças da depauperada nau benfiquista. Revelou, por outro lado, lucidez ao decidir pela construção de um novo estádio da Luz, não permitindo que o clube perdesse esta oportunidade única e ficasse definitivamente para trás, relativamente a Sporting e FC Porto, na modernização e rentabilização das suas estruturas. Por tudo isto, já conquistou um lugar na história do Benfica. Os resultados e as exibições da equipa de futebol é que continuam a desmoralizar e a estragar o efeito das boas notícias.

...& BAIXOS

DURÃO BARROSO Quando mais precisava de um partido unido e mobilizado, vê a poderosa distrital do Porto desafiá-lo aberta e publicamente, marginalizando-o dos megafestejos do aniversário do partido. Enquanto o líder comemora a data num evento concelhio, no qual todos os ex-líderes primaram pela ausência. Como se não bastasse, só se ouvem recusas e reticências nos convites para as autárquicas: de Leonor Beleza a Marques Guedes ou Fernando Seara. E até as alianças locais com o PP estão em processo de regressão. É um líder combatente e resistente. Mas cada vez mais só e mais frágil.

ANTÓNIO GUTERRES Teve um Congresso aclamatório, mas do qual saiu claramente a perder. Para o partido, onde nada tinha a provar nem a ganhar, fez uma prova de força excessiva e de dureza desnecessária. Para o país deu a imagem de um primeiro-esgotado, sem ânimo de mudança, sem energia reformadora, sem ideias. Incontestado no PS, inventou inimigos que não existiam, impôs o unanimismo e ausência de debate (de que a moção da EDP foi de um simbolismo anedótico). Cada vez mais contestado no país, passou ao lado das preocupações dos portugueses com um discurso de generalidades e de continuidade. À falta de adversários à sua altura, quer no PS quer na Oposição, apresentou-se como um homem cheio de si próprio, convencido de que o país não tem outra alternativa. É um autismo perigoso, que traz à memória os Congressos do declínio cavaquista. E-mail: jalima@mail.expresso.pt

José António Lima

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12 Maio 2001 às 21:27

Alexandre Pires de Matos

DURÃO BARROSO CADA VEZ MAIS SÓ???

VOCÊ É QUE ESTÁ CADA VEZ MAIS REPETITIVO!!!

12 Maio 2001 às 17:48

Tribunus

O minisro Pedroso, já meteu golo

no Ferro!dois meses depois de ser ministro, o rapaz, faz um fundo de

reserva para as pensões. Onde andas

tu Ferro, ministro extra dos socialistas?

Aumento do abono de familia!....

pois,pois, a legenda da fotografia

procura onde o aspirina, encontra os 5 milhões? como secretário o

Sr. Pedroso, devia viver na abundancia. Mas a propósito do abono, a inteligencia, não seria

acabar com o abono de familia, uma coisa salazarenta, que este ainda foi aproveitar! As condições sociais são completamente diferentes do tempo do Dr. Salazar.

Não resolve nehum problema e seria

mais interessante canalizar este valor para uma medida social que

tenha a ver com a juventude, que

ãnda ao deus dará.

12 Maio 2001 às 12:25

O Ministro P. Pedroso não podia deixar as coisas como estão, dado o balanço real da Segurança Social.

Mas o problema são os resultados das alterações propostas. Mais injustos seria, ou será, impossível.

Por outro lado, não se deveria tentar aproximar seriamente o sistema de segurança social com o sistema do Estado (Caixa Geral de Aposentações)?

As injustiças são tantas e de grande vulto. Há quem beneficie injustamente de reformas fabulosas para as quais pouco contribuiu, e de acordo com a lei, enquanto outro que contribuem muito para o sistema nada dele retirem nem deverão pretender retirar de futuro - dadas as fragilidades e ausência de «capitalização» (o que é hoje descontado é hoje distribuído para outros).

12 Maio 2001 às 10:51

é verdade e é muito preocupante...Para quem não quer ser Marreta, não podia fazer mais inveja a Miss Piggy: gorda e rosa, patética...

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