EXPRESSO

10-04-2000
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«Queixa-se Patinha Antão que o esmaguei com os 319km. Vai daí esmaga-me ele com a sua erudição, com conselhos, com reptos para grandes debates. Chega mesmo a versejar com fino gosto.»

A verdade pode ser incómoda

AO QUE um cidadão se arrisca quando vem a público corrigir uns números. Senão vejamos. Fazendo humor, Patinha Antão havia escrito, aqui no EXPRESSO, que no governo de Cavaco Silva se haviam construído 119km de auto-estrada para o Algarve (até Grândola). Limitei-me a dizer que errara, que só haviam construído 17km e tinha sido este governo que havia posto a concurso e aberto ao tráfego 102km. Mais à frente afirmava que o presente governo só tinha construído 84km de auto-estrada. Mais uma vez limitei-me a mostrar-lhe que se enganara pois, adjudicados e abertos ao tráfego por este Governo, eram 319km. Como pode ver-se, esta comparação nada tem de complicado; até uma criança a podia fazer. Um assunto menor como afirma Patinha Antão? Então porque o trouxe à baila? Queixa-se Patinha Antão que o esmaguei com os 319km. Vai daí esmaga-me ele com a sua erudição, com conselhos, com reptos para grandes debates. Chega mesmo a versejar com fino gosto. Começa por considerar que é um atropelo às Finanças Públicas a decisão de não alargar a praça da portagem de Grândola de modo a evitar qualquer engarrafamento naquela saída, nos dias de maior movimento, até 2001. Mas sempre lhe vou dizendo que qualquer que seja a dimensão da portagem terá sempre engarrafamentos nesses dias porque a capacidade de escoamento da actual estrada para o Algarve é muito menor do que a da auto-estrada. E aí está Patinha Antão, e não eu, a atropelar as Finanças Públicas. Depois, é uma lição sobre questões ambientais e as estradas. Para quê preocupações desta natureza? E vêm os exemplos dos túneis na Suíça e nos Apeninos. Não se está mesmo a ver que são casos semelhantes ao da Serra do Caldeirão? Façam-se túneis através de todas as serras de Portugal e está tudo resolvido. Como temos andado distraídos Seguidamente é a chacota com as «estradas património». Que disparate requalificar a EN2 entre Barranco do Velho e São Brás dotando-a de um bom pavimento e adequada sinalização horizontal e vertical mas simultaneamente conservando todos os aspectos que constituem património da engenharia rodoviária bem como envolventes paisagísticas próximas potenciando assim o valor turístico da estrada repercutindo-o nos aglomerados que ela serve. Para Patinha Antão tudo isto é fútil: faça-se uma estrada nova (uma auto-estrada?) destruam-se as velharias. É o progresso meus senhores, é o progresso. Finalmente o desafio para os grandes debates. Ah! Os grandes debates! O TGV para Madrid, o novo aeroporto Quanto ao que chama o crime económico deste Governo propondo um TGV para Madrid, acho que, face ao programa de governo do PSD, debata tal proposta com o Dr. Durão Barroso. Sempre lhe está mais à mão. De qualquer modo não me ocupo institucionalmente de tais áreas, não sou nem quero ser colunista de opinião no EXPRESSO nem acredito que, em debates nestas condições, se possa ir mais além do que dizer se se está a favor ou contra. Termino voltando às razões que me motivaram a escrever há duas semanas um mero artigo de rectificação - não de opinião, como o classificou - de matéria que você diz ser pouco importante. Acontece simplesmente que aquelas razões se prendem com a verdade e a não verdade. Ora a verdade é muito importante. Maranha das Neves

Secretário de Estado das Obras Públicas

«Queixa-se Patinha Antão que o esmaguei com os 319km. Vai daí esmaga-me ele com a sua erudição, com conselhos, com reptos para grandes debates. Chega mesmo a versejar com fino gosto.»

A verdade pode ser incómoda

AO QUE um cidadão se arrisca quando vem a público corrigir uns números. Senão vejamos. Fazendo humor, Patinha Antão havia escrito, aqui no EXPRESSO, que no governo de Cavaco Silva se haviam construído 119km de auto-estrada para o Algarve (até Grândola). Limitei-me a dizer que errara, que só haviam construído 17km e tinha sido este governo que havia posto a concurso e aberto ao tráfego 102km. Mais à frente afirmava que o presente governo só tinha construído 84km de auto-estrada. Mais uma vez limitei-me a mostrar-lhe que se enganara pois, adjudicados e abertos ao tráfego por este Governo, eram 319km. Como pode ver-se, esta comparação nada tem de complicado; até uma criança a podia fazer. Um assunto menor como afirma Patinha Antão? Então porque o trouxe à baila? Queixa-se Patinha Antão que o esmaguei com os 319km. Vai daí esmaga-me ele com a sua erudição, com conselhos, com reptos para grandes debates. Chega mesmo a versejar com fino gosto. Começa por considerar que é um atropelo às Finanças Públicas a decisão de não alargar a praça da portagem de Grândola de modo a evitar qualquer engarrafamento naquela saída, nos dias de maior movimento, até 2001. Mas sempre lhe vou dizendo que qualquer que seja a dimensão da portagem terá sempre engarrafamentos nesses dias porque a capacidade de escoamento da actual estrada para o Algarve é muito menor do que a da auto-estrada. E aí está Patinha Antão, e não eu, a atropelar as Finanças Públicas. Depois, é uma lição sobre questões ambientais e as estradas. Para quê preocupações desta natureza? E vêm os exemplos dos túneis na Suíça e nos Apeninos. Não se está mesmo a ver que são casos semelhantes ao da Serra do Caldeirão? Façam-se túneis através de todas as serras de Portugal e está tudo resolvido. Como temos andado distraídos Seguidamente é a chacota com as «estradas património». Que disparate requalificar a EN2 entre Barranco do Velho e São Brás dotando-a de um bom pavimento e adequada sinalização horizontal e vertical mas simultaneamente conservando todos os aspectos que constituem património da engenharia rodoviária bem como envolventes paisagísticas próximas potenciando assim o valor turístico da estrada repercutindo-o nos aglomerados que ela serve. Para Patinha Antão tudo isto é fútil: faça-se uma estrada nova (uma auto-estrada?) destruam-se as velharias. É o progresso meus senhores, é o progresso. Finalmente o desafio para os grandes debates. Ah! Os grandes debates! O TGV para Madrid, o novo aeroporto Quanto ao que chama o crime económico deste Governo propondo um TGV para Madrid, acho que, face ao programa de governo do PSD, debata tal proposta com o Dr. Durão Barroso. Sempre lhe está mais à mão. De qualquer modo não me ocupo institucionalmente de tais áreas, não sou nem quero ser colunista de opinião no EXPRESSO nem acredito que, em debates nestas condições, se possa ir mais além do que dizer se se está a favor ou contra. Termino voltando às razões que me motivaram a escrever há duas semanas um mero artigo de rectificação - não de opinião, como o classificou - de matéria que você diz ser pouco importante. Acontece simplesmente que aquelas razões se prendem com a verdade e a não verdade. Ora a verdade é muito importante. Maranha das Neves

Secretário de Estado das Obras Públicas

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