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09-03-2001
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O seu peso conta-se por gramas, por vezes, têm menos de seis meses de gestação e chamam-lhes prematuros, porque nascem antes das 37 semanas. Num Hospital Central, como o de Santa Maria, anualmente cerca de 8 em cada 100 bebés nascem antes do tempo, sendo cada vez maior o número dos que sobrevivem com menos de 28 semanas de gestação e alguns mesmo com apenas 24 semanas.

No nosso país, pelo menos desde 1992, o número anual de nascimentos prematuros tem-se mantido relativamente estável, sendo o seu aparente aumento devido ao facto de cada vez ser maior o número de crianças, nascidas antes do tempo, que conseguem sobreviver.

Para o aumento da sobrevivência das crianças prematuras tem contribuído, de maneira decisiva, o aumento crescente de grávidas que, regularmente, frequentam as consultas de vigilância pré-natal, onde podem ser detectados, precocemente, os sinais de alarme que levam ao seu encaminhamento, a tempo, para um Hospital Central.

Quanto mais cedo nascem, maiores são as possibilidades de complicações: «Uma criança que nasce com mais de 32 semanas não levanta, em geral, grandes problemas, a menos que existam complicações prévias importantes, como a presença de anomalias congénitas ou de infecção ou asfixia pré-natal graves. Por regra, fora estes problemas, o que é preciso nestes bebés é evitar o seu arrefecimento e alimentá-los, de modo a prevenir a hipoglicémia», explica a Dr.ª Ofélia Guerreiro, neonatologista do Hospital de Santa Maria.

Abaixo das 28 semanas a situação é complicada, necessitando estas crianças de grande ajuda. «São bébés que respiram com respiram com enorme dificuldade e, pelos seus próprios meios, não conseguem manter uma respiração adequada, porque lhes falta uma substância, o surfactante, que é normalmente, produzido pelas células do pulmão, e que eles, devido à sua imaturidade, não produzem em quantidade suficiente. Esta substância facilita a abertura dos alvéolos, estando esta, na sua ausência, muito dificultada, o que faz com que o bébé rapidamente fique exausto e páre de respirar. É preciso ajudá-lo através do recurso à ventilação artificial» explica esta médica. Actualmente é possível minorar este problema, mediante a administração directa de surfactante artificial, na árvore respiratória, o que permite que estas crianças estejam, durante menos tempo, dependentes do ventilador.

Com todas estas ajudas e muito mais, tem vindo a ser possível salvar um número progressivamente crescente de crianças com menos de 28 semanas. Abaixo das 26 semanas, contudo, o prognóstico agrava-se muito, embora seja possível a sobrevivência de algumas crianças de 24 semanas, inclusive sem sequelas. Esta especialista revela alguns números do Hospital onde trabalha, a partir dos quais é possível ficar com alguma ideia sobre o assunto: «Aqui no Hospital de Santa Maria, entre 1992 e 1997, a sobrevivência das crianças prematuras nascidas com 28 ou mais semanas de gestação, aproximou-se dos 100% e ultrapassou os 50% no grupo compreendido entre as 27 e as 24 semanas».

O relativamente elevado número de partos prematuros (8%), realizados no referido hospital, tem a ver com o facto de se tratar de um Hospital Central, para onde, normalmente, são referenciadas gravidezes de risco, nas quais se incluem as de risco prematuro.

Entre as causas mais frequentes de nascimento prematuro estão as infecções ginecológicas e urinárias, a hipertensão e a diabetes. Também o sofrimento fetal e a asfixia, relacionadas sobretudo com problemas da placenta (descolamento ou má posição) e a incompatibilidade sanguínea grave (mãe Rh-sensibilizada) são responsáveis pela antecipação do trabalho de parto.

A gravidez múltipla é também uma causa frequente de prematuridade.

Como contar a idade?

Quando um bebé nasce uns meses antes como vamos contar a idade?

Oficialmente a partir da data de nascimento, como parece lógico. No entanto, em termos de avaliação do desenvolvimento, a contagem não se faz da mesma forma, uma vez que deve ser tomado em conta o tempo em que a criança foi concebida. Ela tem menos tempo. Foi por isso que foi introduzida a noção de «idade corrigida», que é contabilizada a partir da data da concepção e não do nascimento.

«A uma criança com 28 semanas faltam-lhe cerca de três meses para os nove meses de gestação e, assim, quando tiver três meses é como se tivesse acabado de nascer e quando tiver quatro tem um mês de idade corrigida», explica esta médica.

Esta noção é muito importante, porque o sistema neurológico da criança vai-se naturalmente desenvolver de acordo com a idade corrigida e não com a idade do nascimento. Esta criança nascida com 28 semanas deverá ser comparada, em termos de desenvolvimento, com as que nasceram na data em que concluir os nove meses de idade corrigida. Isto significa que este bebé, provavelmente, só se vai sentar à volta dos seis meses de idade corrigida, ou seja, se tiver nascido nascido com 28 semanas só se irá sentar à volta dos nove meses depois do nascimento.

A partir dos dois anos de idade corrigida, estes bebés já entram nos padrões de desenvolvimento das crianças que nasceram dentro do tempo», assegura a Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro.

Os prematuros são verdadeiros sobreviventes. Quando têm algum problema mais grave que os obriga a receber cuidados intensivos, concentram todas as energias para a sua recuperação física. Nessa altura o seu desenvolvimento é desacelarado e a sua recuperação far-se-á um pouco mais tarde. É o que, por exemplo, acontece quando um bebé está muito tempo em ventilação assistida.

A Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro desdramatiza a situação e diz que ter um bebé prematuro «não é necessariamente um desastre», mas é preferível que o bebé nasça de termo e deixa o conselho «às mães para frequentarem regularmente as consultas de vigilância pré-natal e cumprirem as indicações médicas, porque a redução da prematuridade passa, por exemplo, pela detecção e tratamento das infecções urinárias e ginecológicas, pelo controle da tensão arterial e da diabetes e pelo não consumo de substâncias nocivas, como por exemplo o tabaco.

Sinais de parto pré-termo

Contracções ou dores, com duração de cerca de 30 segundos, ocorrendo quatro a mais vezes por hora;

Sensação de estar no período pré-menstrual, isto é, de que a menstruação está para vir;

Alterações do corrimento vaginal, em maior quantidade e com vestígios de sangue;

Transtorno gastro-intestinal e/ou diarreia

Acompanhamento até aos dois anos

Os bebés que nascem com menos de 33 semanas devem ser seguidos numa Consulta de Desenvolvimento até aos dois anos de idade corrigida. «Nesta consulta, realizada por pediatras com treino especial, é avaliado o desenvolvimento psico-motor do bebé, pelo menos até aos 2 anos de idade corrigida. Este acompanhamento é muito importante, porque quando existe alguma deficiência, é rapidamente detectada e a criança é encaminhada precocemente para um programa de reabilitação», refere a Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro. O início precoce da recuperação pode determinar a probabilidade destas crianças ficarem bem ou de, pelo contrário, ficarem com algumas limitações.

«O sistema nervoso central do prematuro tem uma grande plasticidade e está provado que, se for trabalhado e estimulado precocemente, de uma forma adequada, as áreas não lesadas conseguem, dentro de certa medida, compensar as que foram afectadas», adianta esta médica.

Na Consulta do Hospital Santa Maria, entre 1990 e 1993, foi avaliado o desenvolvimento de 107 crianças com menos de 32 semanas de gestação (92,7%), sendo de realçar que quase 90% das crianças entre os 28 e 31 semanas e 67% das crianças com menos de 28 semanas tiveram um desenvolvimento normal. A pior consequência é a paralisia cerebral que, na enorme maioria dos casos afectados deste grupo, não foi muito grave», explica a Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro.

O seu peso conta-se por gramas, por vezes, têm menos de seis meses de gestação e chamam-lhes prematuros, porque nascem antes das 37 semanas. Num Hospital Central, como o de Santa Maria, anualmente cerca de 8 em cada 100 bebés nascem antes do tempo, sendo cada vez maior o número dos que sobrevivem com menos de 28 semanas de gestação e alguns mesmo com apenas 24 semanas.

No nosso país, pelo menos desde 1992, o número anual de nascimentos prematuros tem-se mantido relativamente estável, sendo o seu aparente aumento devido ao facto de cada vez ser maior o número de crianças, nascidas antes do tempo, que conseguem sobreviver.

Para o aumento da sobrevivência das crianças prematuras tem contribuído, de maneira decisiva, o aumento crescente de grávidas que, regularmente, frequentam as consultas de vigilância pré-natal, onde podem ser detectados, precocemente, os sinais de alarme que levam ao seu encaminhamento, a tempo, para um Hospital Central.

Quanto mais cedo nascem, maiores são as possibilidades de complicações: «Uma criança que nasce com mais de 32 semanas não levanta, em geral, grandes problemas, a menos que existam complicações prévias importantes, como a presença de anomalias congénitas ou de infecção ou asfixia pré-natal graves. Por regra, fora estes problemas, o que é preciso nestes bebés é evitar o seu arrefecimento e alimentá-los, de modo a prevenir a hipoglicémia», explica a Dr.ª Ofélia Guerreiro, neonatologista do Hospital de Santa Maria.

Abaixo das 28 semanas a situação é complicada, necessitando estas crianças de grande ajuda. «São bébés que respiram com respiram com enorme dificuldade e, pelos seus próprios meios, não conseguem manter uma respiração adequada, porque lhes falta uma substância, o surfactante, que é normalmente, produzido pelas células do pulmão, e que eles, devido à sua imaturidade, não produzem em quantidade suficiente. Esta substância facilita a abertura dos alvéolos, estando esta, na sua ausência, muito dificultada, o que faz com que o bébé rapidamente fique exausto e páre de respirar. É preciso ajudá-lo através do recurso à ventilação artificial» explica esta médica. Actualmente é possível minorar este problema, mediante a administração directa de surfactante artificial, na árvore respiratória, o que permite que estas crianças estejam, durante menos tempo, dependentes do ventilador.

Com todas estas ajudas e muito mais, tem vindo a ser possível salvar um número progressivamente crescente de crianças com menos de 28 semanas. Abaixo das 26 semanas, contudo, o prognóstico agrava-se muito, embora seja possível a sobrevivência de algumas crianças de 24 semanas, inclusive sem sequelas. Esta especialista revela alguns números do Hospital onde trabalha, a partir dos quais é possível ficar com alguma ideia sobre o assunto: «Aqui no Hospital de Santa Maria, entre 1992 e 1997, a sobrevivência das crianças prematuras nascidas com 28 ou mais semanas de gestação, aproximou-se dos 100% e ultrapassou os 50% no grupo compreendido entre as 27 e as 24 semanas».

O relativamente elevado número de partos prematuros (8%), realizados no referido hospital, tem a ver com o facto de se tratar de um Hospital Central, para onde, normalmente, são referenciadas gravidezes de risco, nas quais se incluem as de risco prematuro.

Entre as causas mais frequentes de nascimento prematuro estão as infecções ginecológicas e urinárias, a hipertensão e a diabetes. Também o sofrimento fetal e a asfixia, relacionadas sobretudo com problemas da placenta (descolamento ou má posição) e a incompatibilidade sanguínea grave (mãe Rh-sensibilizada) são responsáveis pela antecipação do trabalho de parto.

A gravidez múltipla é também uma causa frequente de prematuridade.

Como contar a idade?

Quando um bebé nasce uns meses antes como vamos contar a idade?

Oficialmente a partir da data de nascimento, como parece lógico. No entanto, em termos de avaliação do desenvolvimento, a contagem não se faz da mesma forma, uma vez que deve ser tomado em conta o tempo em que a criança foi concebida. Ela tem menos tempo. Foi por isso que foi introduzida a noção de «idade corrigida», que é contabilizada a partir da data da concepção e não do nascimento.

«A uma criança com 28 semanas faltam-lhe cerca de três meses para os nove meses de gestação e, assim, quando tiver três meses é como se tivesse acabado de nascer e quando tiver quatro tem um mês de idade corrigida», explica esta médica.

Esta noção é muito importante, porque o sistema neurológico da criança vai-se naturalmente desenvolver de acordo com a idade corrigida e não com a idade do nascimento. Esta criança nascida com 28 semanas deverá ser comparada, em termos de desenvolvimento, com as que nasceram na data em que concluir os nove meses de idade corrigida. Isto significa que este bebé, provavelmente, só se vai sentar à volta dos seis meses de idade corrigida, ou seja, se tiver nascido nascido com 28 semanas só se irá sentar à volta dos nove meses depois do nascimento.

A partir dos dois anos de idade corrigida, estes bebés já entram nos padrões de desenvolvimento das crianças que nasceram dentro do tempo», assegura a Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro.

Os prematuros são verdadeiros sobreviventes. Quando têm algum problema mais grave que os obriga a receber cuidados intensivos, concentram todas as energias para a sua recuperação física. Nessa altura o seu desenvolvimento é desacelarado e a sua recuperação far-se-á um pouco mais tarde. É o que, por exemplo, acontece quando um bebé está muito tempo em ventilação assistida.

A Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro desdramatiza a situação e diz que ter um bebé prematuro «não é necessariamente um desastre», mas é preferível que o bebé nasça de termo e deixa o conselho «às mães para frequentarem regularmente as consultas de vigilância pré-natal e cumprirem as indicações médicas, porque a redução da prematuridade passa, por exemplo, pela detecção e tratamento das infecções urinárias e ginecológicas, pelo controle da tensão arterial e da diabetes e pelo não consumo de substâncias nocivas, como por exemplo o tabaco.

Sinais de parto pré-termo

Contracções ou dores, com duração de cerca de 30 segundos, ocorrendo quatro a mais vezes por hora;

Sensação de estar no período pré-menstrual, isto é, de que a menstruação está para vir;

Alterações do corrimento vaginal, em maior quantidade e com vestígios de sangue;

Transtorno gastro-intestinal e/ou diarreia

Acompanhamento até aos dois anos

Os bebés que nascem com menos de 33 semanas devem ser seguidos numa Consulta de Desenvolvimento até aos dois anos de idade corrigida. «Nesta consulta, realizada por pediatras com treino especial, é avaliado o desenvolvimento psico-motor do bebé, pelo menos até aos 2 anos de idade corrigida. Este acompanhamento é muito importante, porque quando existe alguma deficiência, é rapidamente detectada e a criança é encaminhada precocemente para um programa de reabilitação», refere a Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro. O início precoce da recuperação pode determinar a probabilidade destas crianças ficarem bem ou de, pelo contrário, ficarem com algumas limitações.

«O sistema nervoso central do prematuro tem uma grande plasticidade e está provado que, se for trabalhado e estimulado precocemente, de uma forma adequada, as áreas não lesadas conseguem, dentro de certa medida, compensar as que foram afectadas», adianta esta médica.

Na Consulta do Hospital Santa Maria, entre 1990 e 1993, foi avaliado o desenvolvimento de 107 crianças com menos de 32 semanas de gestação (92,7%), sendo de realçar que quase 90% das crianças entre os 28 e 31 semanas e 67% das crianças com menos de 28 semanas tiveram um desenvolvimento normal. A pior consequência é a paralisia cerebral que, na enorme maioria dos casos afectados deste grupo, não foi muito grave», explica a Dr.ª Maria Ofélia Guerreiro.

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