EXPRESSO: Opinião

01-02-2002
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21/7/2001 ALTOS...

LUÍS NAZARÉ A demissão do presidente do Conselho Fiscal do Benfica é uma avisada decisão pessoal e, ao mesmo tempo, um aviso público. Na Luz, o poder transfere-se dos legítimos representantes dos sócios para quem, não eleito, joga nos seus investimentos (de que é exemplo-mor o «investidor-decisor» que veio publicamente declarar — e disse-o! — que não declara impostos há anos porque os seus rendimentos declaráveis não são superiores ao ordenado mínimo). A rescisão do contrato com a SIC é mais um presságio: a primeira medida de Vale e Azevedo foi rescindir com a Olivedesportos — o que se lhe seguiu é conhecido. Já nem a ilusão de um plantel de jogadores que promete equipa para lugar cimeiro no futebol português disfarça a ameaça de o clube atolar numa crise cimentada a betão.

OCTÁVIO TEIXEIRA A Assembleia da República despediu-se do líder dos deputados do PCP com uma homenagem a que se associaram, sem excepção, a mesa da presidência e todas as bancadas parlamentares: do bloco sentado mais à esquerda aos populares do outro extremo do hemiciclo. Com comoção indisfarçada e imprópria aos ortodoxos comunistas, Octávio Teixeira deixa para trás uma vida de Parlamento e meia na direcção da bancada. O que fez — mas certamente muito mais o que deixa por fazer — será mais difícil de concretizar pelo grupo parlamentar que sem ele fica.

...& BAIXOS

JORGE COELHO O secretário nacional permanente do PS veio esta semana dar o seu contributo para a hemorragia de críticas dos socialistas à informação da RTP, acusando a televisão de que o Governo do seu partido tem a tutela de «falta de isenção». O PS, nas palavras de Jorge Coelho, é discriminado negativamente nos telejornais da 5 de Outubro. Queixa-se que as câmaras da televisão pública não o acompanham pelo país fora, a ele, Coelho, na apresentação dos candidatos do PS, ao contrário do que vai fazendo com os candidatos do PSD. Até pode ser que tenha as suas razões o coordenador autárquico dos socialistas. Bem pode até lembrar que isto no tempo de Cavaco não era assim. Mas vá ver ao tempo da decadência do cavaquismo que, se calhar, encontra mais semelhanças.

MORAIS CABRAL O chefe da Casa Civil do Presidente da República deu em falar por Jorge Sampaio. Vão os líderes partidários a Belém dizer de sua justiça e perorar sobre o estado da Nação e aparece, não o Presidente, mas o chefe da Casa Civil da Presidência a fazer a súmula do que o Presidente acha, pensa e... não diz. E é, afinal, o chefe da Casa Civil quem dita, de sua lavra, que não está em causa o regular funcionamento das instituições. Tratando-se o Presidente da República de órgão de natureza unipessoal, é caso para dizer que algo está a funcionar irregularmente nesta instituição democrática.

RUI GONÇALVES Veio o secretário de Estado do Ambiente defender o aumento dos combustíveis através de uma taxa ambiental para reduzir o tráfego automóvel e, consequentemente, desagravar as emissões de dióxido de carbono. Esquece-se o governante que o imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) já é uma ecotaxa? E que os efeitos de qualquer aumento no consumo não passam de um curtíssimo prazo? Ou pretende aumentos de tal ordem que passe a gasolina a ser luxo só suportável por poucos mais do que os servidores do Estado com direito a automóvel? Já agora, por que não aumentar também o tabaco, essa droga poluidora e mortífera, para, por exemplo, cinco contos o maço?

JOÃO SOARES A defesa de eleições antecipadas a tempo de não sair prejudicado pelo estado de desgraça de Guterres e do Governo cai mal vindo de quem diz que está com o líder do partido no poder e não teme por uma derrota nas autárquicas. É que só se percebe se for precisamente ao contrário. De quem, afinal, só voltaria a apoiar Guterres «se as circunstâncias se repetissem» e de quem, em Lisboa, já não conta «com o ovo no rabo de galinhas por depenar» — para usar expressões do próprio João Soares em artigo publicado no «DN». Passa a ideia de falta de solidariedade para com o líder do partido em fase difícil e de efectivo receio de perder a batalha na capital. «A ver vamos o que nos reserva o futuro» (sic).

MÁRIO RAMIRES

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LUÍS NAZARÉ A demissão do presidente do Conselho Fiscal do Benfica é uma avisada decisão pessoal e, ao mesmo tempo, um aviso público. Na Luz, o poder transfere-se dos legítimos representantes dos sócios para quem, não eleito, joga nos seus investimentos (de que é exemplo-mor o «investidor-decisor» que veio publicamente declarar — e disse-o! — que não declara impostos há anos porque os seus rendimentos declaráveis não são superiores ao ordenado mínimo). A rescisão do contrato com a SIC é mais um presságio: a primeira medida de Vale e Azevedo foi rescindir com a Olivedesportos — o que se lhe seguiu é conhecido. Já nem a ilusão de um plantel de jogadores que promete equipa para lugar cimeiro no futebol português disfarça a ameaça de o clube atolar numa crise cimentada a betão.

OCTÁVIO TEIXEIRA A Assembleia da República despediu-se do líder dos deputados do PCP com uma homenagem a que se associaram, sem excepção, a mesa da presidência e todas as bancadas parlamentares: do bloco sentado mais à esquerda aos populares do outro extremo do hemiciclo. Com comoção indisfarçada e imprópria aos ortodoxos comunistas, Octávio Teixeira deixa para trás uma vida de Parlamento e meia na direcção da bancada. O que fez — mas certamente muito mais o que deixa por fazer — será mais difícil de concretizar pelo grupo parlamentar que sem ele fica.

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JORGE COELHO O secretário nacional permanente do PS veio esta semana dar o seu contributo para a hemorragia de críticas dos socialistas à informação da RTP, acusando a televisão de que o Governo do seu partido tem a tutela de «falta de isenção». O PS, nas palavras de Jorge Coelho, é discriminado negativamente nos telejornais da 5 de Outubro. Queixa-se que as câmaras da televisão pública não o acompanham pelo país fora, a ele, Coelho, na apresentação dos candidatos do PS, ao contrário do que vai fazendo com os candidatos do PSD. Até pode ser que tenha as suas razões o coordenador autárquico dos socialistas. Bem pode até lembrar que isto no tempo de Cavaco não era assim. Mas vá ver ao tempo da decadência do cavaquismo que, se calhar, encontra mais semelhanças.

MORAIS CABRAL O chefe da Casa Civil do Presidente da República deu em falar por Jorge Sampaio. Vão os líderes partidários a Belém dizer de sua justiça e perorar sobre o estado da Nação e aparece, não o Presidente, mas o chefe da Casa Civil da Presidência a fazer a súmula do que o Presidente acha, pensa e... não diz. E é, afinal, o chefe da Casa Civil quem dita, de sua lavra, que não está em causa o regular funcionamento das instituições. Tratando-se o Presidente da República de órgão de natureza unipessoal, é caso para dizer que algo está a funcionar irregularmente nesta instituição democrática.

RUI GONÇALVES Veio o secretário de Estado do Ambiente defender o aumento dos combustíveis através de uma taxa ambiental para reduzir o tráfego automóvel e, consequentemente, desagravar as emissões de dióxido de carbono. Esquece-se o governante que o imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP) já é uma ecotaxa? E que os efeitos de qualquer aumento no consumo não passam de um curtíssimo prazo? Ou pretende aumentos de tal ordem que passe a gasolina a ser luxo só suportável por poucos mais do que os servidores do Estado com direito a automóvel? Já agora, por que não aumentar também o tabaco, essa droga poluidora e mortífera, para, por exemplo, cinco contos o maço?

JOÃO SOARES A defesa de eleições antecipadas a tempo de não sair prejudicado pelo estado de desgraça de Guterres e do Governo cai mal vindo de quem diz que está com o líder do partido no poder e não teme por uma derrota nas autárquicas. É que só se percebe se for precisamente ao contrário. De quem, afinal, só voltaria a apoiar Guterres «se as circunstâncias se repetissem» e de quem, em Lisboa, já não conta «com o ovo no rabo de galinhas por depenar» — para usar expressões do próprio João Soares em artigo publicado no «DN». Passa a ideia de falta de solidariedade para com o líder do partido em fase difícil e de efectivo receio de perder a batalha na capital. «A ver vamos o que nos reserva o futuro» (sic).

MÁRIO RAMIRES

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