JORNAL PUBLICO: Espectáculo, mas não tanto

22-01-2001
marcar artigo

04/09/95

Narana Coissoró

Espectáculo, mas não tanto

É inimaginável vê-lo a alinhar com Manuel Monteiro contra os "incendiários estrangeiros". Ou a simular um encontro inesperado com Manuela Moura Guedes numa esplanada lisboeta. Ou a visitar o Jardim Zoológico com um grupo de criancinhas, ainda por cima lado a lado com Luís Nobre Guedes. Para já não falar da dificuldade com que engoliria o teatral gesto de Paulo Portas quando se benze antes de subir ao púlpito.

Deputado-espectáculo por excelência, Narana Coissoró foi sempre, curiosamente, um clássico na sobriedade com que fez campanha e dificilmente se enquadraria na "popular" caça ao voto. Também por isso a sua ausência só será verdadeiramente notada na nova bancada parlamentar do PP, mas a ruptura com o partido teve razões mais profundas.

A guerra surda com a nova direcção de Manuel Monteiro começou cedo, passou por dificuldades várias na coabitação estratégica entre a bancada parlamentar que liderava e o Largo do Caldas e estoirou com a feitura das listas quando Monteiro o retirou do círculo de Lisboa, onde foi eleito desde sempre.

Ofereceram-lhe o lugar que acabaria por ser agarrado por Paulo Portas. Narana recusou. Já não estava disposto a continuar num partido que deu primazia a independentes de sucesso, que radicalizou o discurso e cujo Grupo Parlamentar perdeu algumas das figuras emblemáticas do velho CDS, como Nogueira de Brito ou Adriano Moreira.

Recolhido no seu refúgio da Foz do Arelho - a quinta do Monte Sinai -, Narana Coissoró acompanha à distância o frenético arranque deste Setembro eleitoral. Em Outubro, quando o "táxi" que liderou na Assembleia da República mudar de figura, será, independentemente das novas mais-valias, um ausente notado num hemiciclo onde o seu estilo próprio de combate deixou marcas.

Ângela Silva

04/09/95

Narana Coissoró

Espectáculo, mas não tanto

É inimaginável vê-lo a alinhar com Manuel Monteiro contra os "incendiários estrangeiros". Ou a simular um encontro inesperado com Manuela Moura Guedes numa esplanada lisboeta. Ou a visitar o Jardim Zoológico com um grupo de criancinhas, ainda por cima lado a lado com Luís Nobre Guedes. Para já não falar da dificuldade com que engoliria o teatral gesto de Paulo Portas quando se benze antes de subir ao púlpito.

Deputado-espectáculo por excelência, Narana Coissoró foi sempre, curiosamente, um clássico na sobriedade com que fez campanha e dificilmente se enquadraria na "popular" caça ao voto. Também por isso a sua ausência só será verdadeiramente notada na nova bancada parlamentar do PP, mas a ruptura com o partido teve razões mais profundas.

A guerra surda com a nova direcção de Manuel Monteiro começou cedo, passou por dificuldades várias na coabitação estratégica entre a bancada parlamentar que liderava e o Largo do Caldas e estoirou com a feitura das listas quando Monteiro o retirou do círculo de Lisboa, onde foi eleito desde sempre.

Ofereceram-lhe o lugar que acabaria por ser agarrado por Paulo Portas. Narana recusou. Já não estava disposto a continuar num partido que deu primazia a independentes de sucesso, que radicalizou o discurso e cujo Grupo Parlamentar perdeu algumas das figuras emblemáticas do velho CDS, como Nogueira de Brito ou Adriano Moreira.

Recolhido no seu refúgio da Foz do Arelho - a quinta do Monte Sinai -, Narana Coissoró acompanha à distância o frenético arranque deste Setembro eleitoral. Em Outubro, quando o "táxi" que liderou na Assembleia da República mudar de figura, será, independentemente das novas mais-valias, um ausente notado num hemiciclo onde o seu estilo próprio de combate deixou marcas.

Ângela Silva

marcar artigo