PS-Madeira à deriva procura líder

12-02-2001
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PS-Madeira à Deriva Procura Líder

Por TOLENTINO DE NÓBREGA

Sábado, 3 de Fevereiro de 2001

CONGRESSO COMEÇA HOJE SEM VENCEDOR ANTECIPADO

O resultado da eleição do novo líder do PS-Madeira, marcada para amanhã, é uma incógnita, apesar de, pela primeira vez, concorrerem quatro candidatos à sucessão de Mota Torres

O autor da moção de estratégia global mais votada, Vítor Freitas, não se candidata, mas apoia o menos votado, José António Cardoso que, dado o peso dos delegados com inerência indicados por Mota Torres, poderá ser ultrapassado por João Carlos Gouveia, preferido pela direcção cessante e por Alberto João Jardim.

Tudo isto é confuso? Tanto como a situação actual do maior partido da oposição madeirense, incapaz de encontrar um líder para constituir uma alternativa ao poder "laranja" a atravessar também uma crise de consequências imprevisíveis, motivada pela remodelação governamental e

pela derrota do candidato presidencial do PSD na Madeira.

"Entrámos numa situação trágica", reconheceu Gouveia, o primeiro subscritor da segunda moção mais votada que, pelo teor antiautonomista, merece a preferência de Alberto João Jardim. "É o melhor que poderia acontecer a quem está no poder e seria uma boa prenda de anos", confessou o presidente do governo regional que, acabado de regressar de Bora Bora, com passagem por Dubai e Austrália, celebra amanhã o seu aniversário no Funchal.

O novo presidente socialista deverá ser eleito em lista uninominal, sob proposta de um décimo dos cerca de 400 delegados, o que abre as portas a André Escórcio ou outro "outsider" a surgir no próprio congresso. Nas primárias, o líder da JS, Vítor Freitas, fez eleger 138 delegados pela

moção "Congregar vontades, vencer desafios", enquanto o seu mais directo opositor, João Carlos Gouveia, reuniu 124 congressistas à volta da moção "Todos pelo PS", e Góis Mendonça unicamente oito. Com apenas 31 delegados, José António Cardoso recebeu o apoio do presidente da "jota", que abdicou da liderança a favor deste, mas poderá não sair vencedor por não contar com a maioria dos 100 delegados por inerência dos cargos partidários para os quais foram designados por Mota Torres, que abandonou o partido à deriva, após um mau resultado nas eleições regionais.

"Grande golpada", denuncia um candidato. "Fraude monumental", acusa outro. "Jogo de bastidores", reconhecem uns e outros. O ambiente em que a liderança está a ser disputada explica em parte a ausência dos "notáveis" e até do presidente ou secretário-geral nacional, habitualmente presentes. O intencional afastamento dos dirigentes nacionais, a pretexto do respeito pela autonomia da estrutura regional, tem sido criticado por socialistas madeirenses que acusam a direcção de falta de solidariedade e condenam o relacionamento preferencial de Lisboa com o governo de Jardim, elogiado por secretários de Estado e ministros socialistas.

Sob o lema "Unir para crescer, crescer para mudar", o X Congresso Regional do PS-Madeira, a acontecer hoje e amanhã, deverá acentuar as divisões internas que determinarão o carácter transitório do novo presidente, dificilmente eleito por uma maioria clara. As próximas eleições autárquicas, para as quais o PS ainda não traçou uma estratégia, constituem o primeiro teste do líder que, se for Cardoso, terá obviamente a oposição do novo grupo parlamentar, escolhido pelo líder cessante que saneou todos os deputados eleitos com o seu antecessor, Emanuel Jardim Fernandes, igualmente afastado pela minoria de então depois de conseguir uma subida percentual e em número de deputados nas regionais de 1996. Agora será a reedição dos anteriores confrontos, desta vez com os motistas entrincheirados no parlamento, de cujo orçamento sai a subvenção que financia o PS, tal como os restantes partidos na região.

"O partido não pode continuar a apostar nas velhas figuras em que os madeirenses já não acreditam", afirma Cardoso, apoiado por André Escórcio, antigo deputado regional que se demitiu de vice-presidente também em ruptura com Mota Torres. Defende ainda ser necessário uma "trabalho de concertação de um projecto de união do partido, com a indicação de uma nova geração para dar esperança ao partido". Uma missão quase impossível.

PS-Madeira à Deriva Procura Líder

Por TOLENTINO DE NÓBREGA

Sábado, 3 de Fevereiro de 2001

CONGRESSO COMEÇA HOJE SEM VENCEDOR ANTECIPADO

O resultado da eleição do novo líder do PS-Madeira, marcada para amanhã, é uma incógnita, apesar de, pela primeira vez, concorrerem quatro candidatos à sucessão de Mota Torres

O autor da moção de estratégia global mais votada, Vítor Freitas, não se candidata, mas apoia o menos votado, José António Cardoso que, dado o peso dos delegados com inerência indicados por Mota Torres, poderá ser ultrapassado por João Carlos Gouveia, preferido pela direcção cessante e por Alberto João Jardim.

Tudo isto é confuso? Tanto como a situação actual do maior partido da oposição madeirense, incapaz de encontrar um líder para constituir uma alternativa ao poder "laranja" a atravessar também uma crise de consequências imprevisíveis, motivada pela remodelação governamental e

pela derrota do candidato presidencial do PSD na Madeira.

"Entrámos numa situação trágica", reconheceu Gouveia, o primeiro subscritor da segunda moção mais votada que, pelo teor antiautonomista, merece a preferência de Alberto João Jardim. "É o melhor que poderia acontecer a quem está no poder e seria uma boa prenda de anos", confessou o presidente do governo regional que, acabado de regressar de Bora Bora, com passagem por Dubai e Austrália, celebra amanhã o seu aniversário no Funchal.

O novo presidente socialista deverá ser eleito em lista uninominal, sob proposta de um décimo dos cerca de 400 delegados, o que abre as portas a André Escórcio ou outro "outsider" a surgir no próprio congresso. Nas primárias, o líder da JS, Vítor Freitas, fez eleger 138 delegados pela

moção "Congregar vontades, vencer desafios", enquanto o seu mais directo opositor, João Carlos Gouveia, reuniu 124 congressistas à volta da moção "Todos pelo PS", e Góis Mendonça unicamente oito. Com apenas 31 delegados, José António Cardoso recebeu o apoio do presidente da "jota", que abdicou da liderança a favor deste, mas poderá não sair vencedor por não contar com a maioria dos 100 delegados por inerência dos cargos partidários para os quais foram designados por Mota Torres, que abandonou o partido à deriva, após um mau resultado nas eleições regionais.

"Grande golpada", denuncia um candidato. "Fraude monumental", acusa outro. "Jogo de bastidores", reconhecem uns e outros. O ambiente em que a liderança está a ser disputada explica em parte a ausência dos "notáveis" e até do presidente ou secretário-geral nacional, habitualmente presentes. O intencional afastamento dos dirigentes nacionais, a pretexto do respeito pela autonomia da estrutura regional, tem sido criticado por socialistas madeirenses que acusam a direcção de falta de solidariedade e condenam o relacionamento preferencial de Lisboa com o governo de Jardim, elogiado por secretários de Estado e ministros socialistas.

Sob o lema "Unir para crescer, crescer para mudar", o X Congresso Regional do PS-Madeira, a acontecer hoje e amanhã, deverá acentuar as divisões internas que determinarão o carácter transitório do novo presidente, dificilmente eleito por uma maioria clara. As próximas eleições autárquicas, para as quais o PS ainda não traçou uma estratégia, constituem o primeiro teste do líder que, se for Cardoso, terá obviamente a oposição do novo grupo parlamentar, escolhido pelo líder cessante que saneou todos os deputados eleitos com o seu antecessor, Emanuel Jardim Fernandes, igualmente afastado pela minoria de então depois de conseguir uma subida percentual e em número de deputados nas regionais de 1996. Agora será a reedição dos anteriores confrontos, desta vez com os motistas entrincheirados no parlamento, de cujo orçamento sai a subvenção que financia o PS, tal como os restantes partidos na região.

"O partido não pode continuar a apostar nas velhas figuras em que os madeirenses já não acreditam", afirma Cardoso, apoiado por André Escórcio, antigo deputado regional que se demitiu de vice-presidente também em ruptura com Mota Torres. Defende ainda ser necessário uma "trabalho de concertação de um projecto de união do partido, com a indicação de uma nova geração para dar esperança ao partido". Uma missão quase impossível.

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