Os homens de Bilderberg (5)

16-03-2002
marcar artigo

Os homens de Bilderberg (5)

RELIGIÕES • Jorge Messias

C uriosamente - ou talvez nem tanto! - a relação das individualidades citadas pelo Grupo de Bilderberg não compreende muitas das personalidades activas na área político-religiosa portuguesa. São expressamente omitidos nomes que os próprios órgãos da comunicação social acima de qualquer suspeita informam cruzarem-se constantemente nos planos religioso, financeiro, político e cultural. Como, por exemplo, os de D. José Policarpo, do cónego Melo e dos padres Melícias e Maia. Ou os de leigos importantes que minimamente mereceriam ser citados: Maria de Lurdes Pintasilgo, Ramalho Eanes, Maria de Belém, Luís Paixão Martins, Raul Capela, Vera Jardim. É justo não deixar cair no esquecimento nomes de homens e mulheres a quem a igreja católica tanto deve. Todos têm larga aceitação nos círculos do capitalismo mundial. Todos participam em esmagadores «lobbies» e em grupos de pressão. Todos apadrinham extensos segmentos da sociedade, que vão dos intelectuais à classe tecnocrática, da reflexão mística aos interesses financeiros, da defesa da paz aos projectos armamentistas.

É por via sinuosa que o poder da igreja se expande. E assim se torna claramente perverso. Nos seus percursos promove inevitavelmente os interesses dos seus aliados financeiros. O que elimina, automaticamente, a possibilidade de regresso à elaborada «questão religiosa». Que se saiba, ninguém já ataca a igreja por ser igreja. Na realidade, a igreja católica actual nada mais é que um extenso e poderoso «lobby» político e financeiro.

6 . Personalidades pertencentes ou «próximas» do Opus Dei (Público, Expresso, Visão, Rumo) - António Guterres, Mota Amaral, Jardim Gonçalves, Oliveira Dias, Ernâni Lopes, Xavier Pintado, Ferrer Correia, Messias Bento, Magalhães Crespo, Adriano Moreira, Maria Barroso, Castro Caldas, Barbosa de Melo, Sousa Franco, Maldonado Gonelha, José Maximiano, Morais Leitão, António Pinto Leite, Sousa Gomes, Murteira Nabo, Purificação Monteiro, Vasco de Mello, Eurico Nogueira, Carlos Magno, João César das Neves, Alípio Dias, José Roquette , Barrilaro Ruas, Maria Manuela Silva, Isabel Mota, Vítor Wengourovius, João Salgueiro, D. Jorge Ortiga, Germano Marques da Silva, Sousa Lara, Mons. António Barbosa, Rui Pena, P. João Seabra, Guilherme de Oliveira Martins, Bagão Félix, Ramalho Eanes, D. Cosme do Amaral, Pedro Roseta, Bordallo Silva, Teixeira Duarte, prof. Jorge Tavares, prof. Mário Pacheco, prof. Luísa Couto Soares, prof. Carlos Pontes Leça, Rui Leão Martinho e tantos outros notáveis da vida política, universitária e empresarial que integram e dirigem a vida da nossa sociedade.

Importância do Grupo de Bilderberg

Como é evidente, Bilderberg apenas representa uma peça da engrenagem capitalista. Mas é uma peça importante colocada no centro da área vital das relações entre o dinheiro e o poder. Um plano onde Bilderberg coexiste com outras formações poderosas e de composição igualmente complexa, como o G-8 ou o FMI. Mas Bilderberg distingue-se das demais formações por reunir em si mesma o público e o privado, o laico e o confessional, o intelectual e o pragmático. Tem, além disto, uma vertente ideológica que consiste no retalhar das realidades e na sua reconstituição à imagem dos interesses dos mais ricos. Basta pensar-se que menos de metade dos grupos económicos citados reúnem mais capital que o produto que um país como Portugal algum dia poderá obter. É essa a sede de todas as filosofias da riqueza e do poder. Roubar aos pobres para dar aos ricos.

Então, que laços poderão prender a igreja a esta gente? Razões relativamente simples podem responder a esta questão central. Diz Sofia de Mello Breyner, uma mulher de fé, num dos seus magníficos poemas: «Os deuses que existiram extinguiram-se há muito e aquilo que adoramos é apenas a cinza do divino ...». É só por isto que a igreja católica se encontra no centro de Bilderberg, sem horizontes de esperança.

«Avante!» Nº 1452 - 27.Setembro.2001

Os homens de Bilderberg (5)

RELIGIÕES • Jorge Messias

C uriosamente - ou talvez nem tanto! - a relação das individualidades citadas pelo Grupo de Bilderberg não compreende muitas das personalidades activas na área político-religiosa portuguesa. São expressamente omitidos nomes que os próprios órgãos da comunicação social acima de qualquer suspeita informam cruzarem-se constantemente nos planos religioso, financeiro, político e cultural. Como, por exemplo, os de D. José Policarpo, do cónego Melo e dos padres Melícias e Maia. Ou os de leigos importantes que minimamente mereceriam ser citados: Maria de Lurdes Pintasilgo, Ramalho Eanes, Maria de Belém, Luís Paixão Martins, Raul Capela, Vera Jardim. É justo não deixar cair no esquecimento nomes de homens e mulheres a quem a igreja católica tanto deve. Todos têm larga aceitação nos círculos do capitalismo mundial. Todos participam em esmagadores «lobbies» e em grupos de pressão. Todos apadrinham extensos segmentos da sociedade, que vão dos intelectuais à classe tecnocrática, da reflexão mística aos interesses financeiros, da defesa da paz aos projectos armamentistas.

É por via sinuosa que o poder da igreja se expande. E assim se torna claramente perverso. Nos seus percursos promove inevitavelmente os interesses dos seus aliados financeiros. O que elimina, automaticamente, a possibilidade de regresso à elaborada «questão religiosa». Que se saiba, ninguém já ataca a igreja por ser igreja. Na realidade, a igreja católica actual nada mais é que um extenso e poderoso «lobby» político e financeiro.

6 . Personalidades pertencentes ou «próximas» do Opus Dei (Público, Expresso, Visão, Rumo) - António Guterres, Mota Amaral, Jardim Gonçalves, Oliveira Dias, Ernâni Lopes, Xavier Pintado, Ferrer Correia, Messias Bento, Magalhães Crespo, Adriano Moreira, Maria Barroso, Castro Caldas, Barbosa de Melo, Sousa Franco, Maldonado Gonelha, José Maximiano, Morais Leitão, António Pinto Leite, Sousa Gomes, Murteira Nabo, Purificação Monteiro, Vasco de Mello, Eurico Nogueira, Carlos Magno, João César das Neves, Alípio Dias, José Roquette , Barrilaro Ruas, Maria Manuela Silva, Isabel Mota, Vítor Wengourovius, João Salgueiro, D. Jorge Ortiga, Germano Marques da Silva, Sousa Lara, Mons. António Barbosa, Rui Pena, P. João Seabra, Guilherme de Oliveira Martins, Bagão Félix, Ramalho Eanes, D. Cosme do Amaral, Pedro Roseta, Bordallo Silva, Teixeira Duarte, prof. Jorge Tavares, prof. Mário Pacheco, prof. Luísa Couto Soares, prof. Carlos Pontes Leça, Rui Leão Martinho e tantos outros notáveis da vida política, universitária e empresarial que integram e dirigem a vida da nossa sociedade.

Importância do Grupo de Bilderberg

Como é evidente, Bilderberg apenas representa uma peça da engrenagem capitalista. Mas é uma peça importante colocada no centro da área vital das relações entre o dinheiro e o poder. Um plano onde Bilderberg coexiste com outras formações poderosas e de composição igualmente complexa, como o G-8 ou o FMI. Mas Bilderberg distingue-se das demais formações por reunir em si mesma o público e o privado, o laico e o confessional, o intelectual e o pragmático. Tem, além disto, uma vertente ideológica que consiste no retalhar das realidades e na sua reconstituição à imagem dos interesses dos mais ricos. Basta pensar-se que menos de metade dos grupos económicos citados reúnem mais capital que o produto que um país como Portugal algum dia poderá obter. É essa a sede de todas as filosofias da riqueza e do poder. Roubar aos pobres para dar aos ricos.

Então, que laços poderão prender a igreja a esta gente? Razões relativamente simples podem responder a esta questão central. Diz Sofia de Mello Breyner, uma mulher de fé, num dos seus magníficos poemas: «Os deuses que existiram extinguiram-se há muito e aquilo que adoramos é apenas a cinza do divino ...». É só por isto que a igreja católica se encontra no centro de Bilderberg, sem horizontes de esperança.

«Avante!» Nº 1452 - 27.Setembro.2001

marcar artigo