Mota Amaral defende que PS cumpra legislatura

26-04-2001
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Mota Amaral Defende Que PS Cumpra Legislatura

Quinta-feira, 26 de Abril de 2001

Ex-deputado da Ala Liberal homenageou as vítimas da "ditadura opressora"

Foi de Mota Amaral o mais bonito e melhor discurso desta sessão solene que assinalou os 27 anos do 25 de Abril. Um discurso que gerou mesmo o maior bruá na sala, quando este deputado defendeu a "estabilidade dos mandatos electivos". Ou seja, "devido à capacidade política do PSD, inaugurou-se, em 1987, um precedente duradouro de integral cumprimento do período das legislaturas, que vale a pena manter respeitado", afirmou Mota Amaral, o que fez com que os deputados socialistas se virassem para a bancada do PSD, perguntando se o presidente daquele partido, Durão Barroso, quer que o PS se mantenha no Governo até 2003.

Mota Amaral, que fazia uma apreciação da Constituição e das suas revisões, foi também claro no que toca à eleição directa do Presidente da República. "Dela não devemos de maneira nenhuma prescindir, a fim de se manter evidente a existência, no topo da organização do Estado, de uma pessoa, legitimada democraticamente, responsável pelo funcionamento da democracia e pela independência nacional, para quem nos viraremos em caso de crise grave", declarou o deputado social-democrata, que lançava assim também um recado para o interior do seu partido, onde, antes das últimas presidenciais, algumas vozes chegaram a lançar a ideia do fim da eleição directa.

Deputado do PSD e vice-presidente da Assembleia da República, Mota Amaral era deputado à Assembleia Nacional quando se deu a revolução e um ano depois foi eleito à Assembleia Constituinte. Um passado que o levou a lembrar os seus companheiros da Ala Liberal, mas a prestar a sua homenagem aos que se sacrificaram pela liberdade. "Não ignoro o superior merecimento dos que sofreram perseguição e foram presos, torturados, desterrados e até mortos pelos esbirros da ditadura opressora - e curvo-me, reverente, perante o seu heróico sacrifício", afirmou, arrancando palmas no PCP.

O ex-presidente do governo regional dos Açores terminou o seu discurso virado para o futuro, mas exortando os seus pares a terem calma no que toca a novos instrumentos de democracia e a olharem para o passado, para os constituintes que deixaram "um exemplo de grande exigência ética" que todos ganhariam em vivificar. "Em vez de aguardarmos a regeneração do Estado dele próprio - quando o poder institucional se apresenta enfraquecido e é tantas vezes objecto de desconsideração e desprezo, senão mesmo de zombaria - tratemos todos de contribuir, com um grande sobressalto cívico, para a regeneração da sociedade portuguesa", concluiu Mota Amaral, num desafio que, disse, toca a todos, políticos ou não.

Das outras bancadas do hemiciclo, os discursos não animaram a sala, que se mostrou bastante parca em aplausos. O BE, pela voz de Fernando Rosas, alertou para a "pressão dos interesses e do conservadorismo ideológico" sobre o governo PS. Heloísa Apolónia, de "Os Verdes", disse "basta" ao que considera tem vindo a ser o branqueamento de Salazar e Marcello Caetano. O PCP centrou o discurso nas críticas às revisões constitucionais e o CDS-PP limitou-se a falar das FP-25. José Lamego, pelo PS, lembrou que foi o primeiro preso político a ser libertado a seguir à revolução, e elencou os três tempos fundadores do Portugal contemporâneo: o 25 de Abril, a aprovação da Constituição e a adesão à União Europeia. Agora, disse, o desafio "é colocar Portugal no patamar médio da União Europeia".

E.L./ S.J.A.

Mota Amaral Defende Que PS Cumpra Legislatura

Quinta-feira, 26 de Abril de 2001

Ex-deputado da Ala Liberal homenageou as vítimas da "ditadura opressora"

Foi de Mota Amaral o mais bonito e melhor discurso desta sessão solene que assinalou os 27 anos do 25 de Abril. Um discurso que gerou mesmo o maior bruá na sala, quando este deputado defendeu a "estabilidade dos mandatos electivos". Ou seja, "devido à capacidade política do PSD, inaugurou-se, em 1987, um precedente duradouro de integral cumprimento do período das legislaturas, que vale a pena manter respeitado", afirmou Mota Amaral, o que fez com que os deputados socialistas se virassem para a bancada do PSD, perguntando se o presidente daquele partido, Durão Barroso, quer que o PS se mantenha no Governo até 2003.

Mota Amaral, que fazia uma apreciação da Constituição e das suas revisões, foi também claro no que toca à eleição directa do Presidente da República. "Dela não devemos de maneira nenhuma prescindir, a fim de se manter evidente a existência, no topo da organização do Estado, de uma pessoa, legitimada democraticamente, responsável pelo funcionamento da democracia e pela independência nacional, para quem nos viraremos em caso de crise grave", declarou o deputado social-democrata, que lançava assim também um recado para o interior do seu partido, onde, antes das últimas presidenciais, algumas vozes chegaram a lançar a ideia do fim da eleição directa.

Deputado do PSD e vice-presidente da Assembleia da República, Mota Amaral era deputado à Assembleia Nacional quando se deu a revolução e um ano depois foi eleito à Assembleia Constituinte. Um passado que o levou a lembrar os seus companheiros da Ala Liberal, mas a prestar a sua homenagem aos que se sacrificaram pela liberdade. "Não ignoro o superior merecimento dos que sofreram perseguição e foram presos, torturados, desterrados e até mortos pelos esbirros da ditadura opressora - e curvo-me, reverente, perante o seu heróico sacrifício", afirmou, arrancando palmas no PCP.

O ex-presidente do governo regional dos Açores terminou o seu discurso virado para o futuro, mas exortando os seus pares a terem calma no que toca a novos instrumentos de democracia e a olharem para o passado, para os constituintes que deixaram "um exemplo de grande exigência ética" que todos ganhariam em vivificar. "Em vez de aguardarmos a regeneração do Estado dele próprio - quando o poder institucional se apresenta enfraquecido e é tantas vezes objecto de desconsideração e desprezo, senão mesmo de zombaria - tratemos todos de contribuir, com um grande sobressalto cívico, para a regeneração da sociedade portuguesa", concluiu Mota Amaral, num desafio que, disse, toca a todos, políticos ou não.

Das outras bancadas do hemiciclo, os discursos não animaram a sala, que se mostrou bastante parca em aplausos. O BE, pela voz de Fernando Rosas, alertou para a "pressão dos interesses e do conservadorismo ideológico" sobre o governo PS. Heloísa Apolónia, de "Os Verdes", disse "basta" ao que considera tem vindo a ser o branqueamento de Salazar e Marcello Caetano. O PCP centrou o discurso nas críticas às revisões constitucionais e o CDS-PP limitou-se a falar das FP-25. José Lamego, pelo PS, lembrou que foi o primeiro preso político a ser libertado a seguir à revolução, e elencou os três tempos fundadores do Portugal contemporâneo: o 25 de Abril, a aprovação da Constituição e a adesão à União Europeia. Agora, disse, o desafio "é colocar Portugal no patamar médio da União Europeia".

E.L./ S.J.A.

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